Cry Baby mostra que a ausência de afeto machuca

Lançado no dia 14 de agosto de 2015, Cry Baby impulsionou a carreira de Melanie Martinez, que conquistou milhares de fãs pelo mundo (Foto: Reprodução)

Jamily Rigonatto 

Em agosto de 2015, Melanie Adele Martinez lançou seu primeiro grande trabalho de estúdio. O álbum indie pop Cry Baby é um conjunto de treze faixas principais que contam a trágica história da personagem de mesmo nome a partir de um ponto de vista lúdico e assustador. Recheado de críticas sociais e metáforas, o álbum é um conto sobre negligência e abandono afetivo.

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Mesmo 25 anos depois, Sussurros do Coração consegue dialogar e emocionar o público atual

“A pedra bruta está dentro de você. É seu dever achar e poli-la. Leva tempo e esforço.” – Shiro (Foto: Reprodução)

Anna Clara Leandro Candido

Os filmes do estúdio Ghibli são bem conhecidos por suas histórias cercadas de detalhes, reflexões sobre a vida e, principalmente, sobre os sentimentos que a compõem. Seja a trama sobre uma guerreira loba, um castelo animado ou o peculiar vizinho de duas garotinhas, é quase certeza de que, ao fim de cada filme, o espectador saia com um sentimento de paz e felicidade dentro de si. Segundo seu cofundador Hayao Miyazaki, o estúdio tem como principal objetivo demonstrar a beleza da vida através das pequenas coisas de nosso cotidiano. É por esse motivo que as obras marcam tão profundamente o espectador e os fazem carregá-las consigo por tantos anos. Com Sussurros do Coração não é diferente. Continue lendo “Mesmo 25 anos depois, Sussurros do Coração consegue dialogar e emocionar o público atual”

folklore: o melhor dos muitos mundos de Taylor Swift

“No isolamento, minha imaginação disparou e este álbum é o resultado, uma coleção de canções e histórias que fluíram como um fluxo de consciência. Pegar uma caneta foi minha maneira de escapar para a fantasia, história e memória” (Foto: Beth Garrabrant)

Raquel Dutra

Visuais rústicos e paisagens bucólicas fotografadas em preto e branco mas que ocasionalmente revelam verdes úmidos e marrons aconchegantes. Foi com essa serenidade que Taylor Swift surgiu nas redes sociais no dia 24 de julho para anunciar seu novo álbum, folklore, apenas 24 horas antes de seu lançamento. 

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Expresso do Amanhã: série retorna com distopia moderna e conserta furos do passado 

Em uma discussão sobre direitos básicos, a série apresenta diversos momentos de tensão (Foto: Reprodução)

Letícia Machado

Adaptado da graphic novel de 1982, Le Transperceneige de Jacques Lob, Benjamin Legrand e Jean-Marc Rochette, não é a primeira vez que O Expresso do Amanhã, ou Snowpiercer, ganha uma adaptação audiovisualBaseado no filme de mesmo nome, com direção de Bong Joon-ho (Parasita) – vencedor do Oscar de Melhor Diretor e Melhor Filme –, a história se passa em um mundo pós-apocalíptico, onde após um experimento falhar na tentativa de conter o aquecimento global, a humanidade é praticamente extinta em um congelamento massivo do globo terrestre. 

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As Boas Mulheres da China é o retrato universal de uma realidade penosa

As Boas Mulheres da China, publicado em 2007 pela Companhia das Letras, é marcado pelo caráter de denúncia que muitas das obras de Xinran compartilham (Foto: Reprodução)

Bianca Penteado

No processo de consumo cultural e midiático, temos a tendência de acatar meias verdades sobre um cenário ou de deixar de lado os cotidianos pouco destacados. Há 26 anos, essa era a realidade chinesa. Enquanto assistíamos a seriados de sucesso como Friends (1994) surgirem na TV, com mulheres independentes em uma cidade grande e moderna, esquecíamos-nos de uma China que, no Oriente, se encontrava em uma situação oposta. O atraso e o choque proporcionados pelos anos antecedentes ainda tinham participação ativa na sociedade. Esse pano, sujo do sofrimento e do resto de pólvora carregados, principalmente, pela Revolução Cultural Chinesa, é o que serve de fundo para As Boas Mulheres da China (2002).

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Mesmo antes da interatividade, Unbreakable Kimmy Schmidt tomava decisões aleatórias

Lançado em maio nos EUA, o filme só chegou no catálogo nacional da Netflix em agosto, tudo isso pelo atraso da dublagem, consequência da pandemia que vivemos (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista 

Unbreakable Kimmy Schmidt é uma série de lunáticos. Seus criadores Tina Fey e Robert Carlock são filhos do Saturday Night Live, o maior laboratório de malucos que a América filma e televisiona por mais de quatro décadas. De tão extravagante, a trama de Kimmy foi recusada pela NBC e achou casa na Netflix, lar aberto à visões distorcidas e um afinco pelo humor não-convencional. Lançada em 2015, a primeira sitcom da ‘emissora’ rendeu 4 temporadas, finalizando as aventuras da trupe nova iorquina ano passado. 

Junto do anúncio do fim, Fey revelou que desenvolvia um filme interativo que daria continuidade à história. E então Unbreakable Kimmy Schmidt: Kimmy vs. The Reverend chegou com a promessa de colocar quem assiste no controle das decisões dos personagens. Algo que, como o roteiro do seriado cansou de mostrar, já era recorrente da trama: Kimmy Schmidt sempre procurou o caminho mais louco e desmiolado para guiar sua protagonista. A única diferença é que agora temos a ilusão de que nós mesmos apertamos os botões decisivos. 

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Boca a Boca e seus vírus: série combina cor com beijo de língua e epidemia

(Foto: Netflix/Divulgação)

Victória Rangel

Línguas, línguas e mais línguas… É o que você vai ver logo no primeiro episódio de Boca a Boca. A série fala de um grupo que, como bons jovens de cidade pequena, tem que escapar atrás de diversão para uma região próxima, mas proibida pelos pais – a chamada Vila, cujos habitantes são tão diferenciados que existe até uma versão brasileira do cantor Will.i.am (do Black Eyed Peas) morando lá. Dá para imaginar uma festa regada a drogas e luzes psicodélicas acontecendo? É nesse contexto mesmo que aparece a principal motivação da série – por meio de muitos e muitos beijos no calor dessa aglomeração, começa a se espalhar a doença misteriosa.

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The Umbrella Academy: heróis diferentes pedem histórias diferentes

A nova temporada de The Umbrella Academy traz personagens mais bem resolvidos num ritmo ideal para a narrativa (Foto: Reprodução)

Vitória Silva

Não há uma fórmula perfeita para contar histórias de super-heróis. Desde que os quadrinhos passaram a ter suas narrativas adaptadas para as telas de cinema e da TV, diversas foram as tentativas de abordagem. Nas séries da DC, como Flash e Legends Of Tomorrow, vemos a presença de um tom mais leve e cômico para retratar suas histórias, enquanto as produções da Marvel optam pela seriedade e morbidez, explicitado em Jessica Jones e Demolidor. Já The Umbrella Academy, da Dark Horse, prefere não escolher radicalmente nenhum desses lados, e é a melhor coisa que ela faz.

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Pixels não se sustenta mesmo com a nostalgia dos jogos

Uma equipe de jogadores, um tanto quanto engraçada (Foto: Reprodução)

Gustavo Alexandreli

Desde sua criação, os videogames sempre foram muito populares entre os jovens. Nas décadas de 80 e 90, o sucesso eram os fliperamas, locais onde era possível jogar os clássicos de Arcade. Essa época ficou marcada por jogos como Pac Man (1980), Galaga (1981), Donkey Kong (1981) entre outros. Pixels, longa lançado em 23 de julho de 2015, traz ao espectador uma lembrança do nostálgico mundo dos games clássicos. Sob a direção do famoso Chris Columbus, o filme que mistura ação e ficção científica é animador, mas nada como uma piada sem graça para estragar o clima. A produção, que utiliza de muitos efeitos especiais para dar vida aos jogos, é formada pelas companhias Happy Madison, 1492 e Columbia Pictures com distribuição da Sony Pictures.

Pixels é baseado no curta-metragem – de mesmo nome – do francês Patrick Jean. Em sua adaptação para o cinema, a trama tem início no ano de 1982, quando Sam Brenner (Adam Sandler) e seu amigo William Cooper (Kevin James) vão ao fliperama, e Sam se descobre um grande jogador. A dupla então vai ao 1° Campeonato de Jogos de Fliperama, onde conhecem Ludlow Lamonsoff (Josh Gad) – um louco por teorias da conspiração – e o sempre confiante e debochado Eddie Plant (Peter Dinklage). A disputa entre os jogadores é gravada por agentes da NASA e agrupada com outros eventos e elementos da cultura pop de 1982, que então é lançada em uma sonda ao espaço em busca de contato com vida extraterrestre.

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HEX triunfa sobre a atemporalidade do ser humano

A vertiginosa capa de HEX, em tons de verde neon, preto e branco (Foto: Reprodução)

Caroline Campos

“Isto é o quanto basta para as pessoas
mergulharem na insanidade: uma noite a sós
consigo mesmas e o que mais temem.”

Desde que o primeiro homem condenou a primeira mulher por bruxaria, as bruxas são personagens constantes nas histórias de terror e seus mitos apavoram crianças há gerações. As mulheres condenadas por serem, supostamente, seguidoras de Satã e assassinas de bebês eram queimadas, afogadas ou enforcadas ao som de aplausos e vivas, mas juravam vingança a seus inquisidores enquanto suas almas deixavam o corpo já apodrecido. Mais recentemente, a História nos mostrou que as verdadeiras bruxas não eram tão más assim, mas o estigma continua a existir.

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