Vingadores – Guerra Infinita: o auge e o começo do fim

Os heróis enfrentam a maior ameaça do universo. (Foto: Reprodução)

Pedro Fonseca

Dez anos após o início de sua jornada nos cinemas, o Marvel Studios entrega em Vingadores: Guerra Infinita sua maior obra e define o ponto de virada  para o que vem a seguir. O filme representa o auge de toda a construção do universo de heróis e proporciona ao  público um reencontro com um vasto panteão repleto de seus astros. Porém, em meio a uma história repleta de heróis, é o vilão que toma a cena nessa saga.

Depois de partir pessoalmente em sua busca pelas Joias do Infinito, Thanos decidi que nada nem ninguém impedirá ele de cumprir sua maior missão: trazer o equilíbrio para o universo. E agora que o Titã louco e seu exército estão a caminho, ninguém será capaz de enfrentá-lo sozinho. Portanto, cabe aos heróis mais poderosos da Terra e seus aliados a batalha que irá decidir o destino do universo.

Para realizar a sua empreitada mais ousada, a Marvel precisou reunir um grupo repleto de suas estrelas. O elenco contou com muitos dos maiores nomes que já passaram pelo MCU. A lista é gigante. Entre alguns membros da equipe estão Robert Downey Jr., Chris Evans, Chris Hemsworth, Chadwick Boseman, Tom Holland, Scarlett Johansson, Elizabeth Olsen, Chris Pratt, Zoe Saldana, Benedict Cumberbatch, Tom Hiddleston, entre muitos outros grandes atores. Vale lembrar que o filme não é apenas mais uma história, ele também é uma celebração a tudo que foi construído até agora. Por isso, rever tantos rostos conhecidos deu ao espetáculo uma sensação mais extraordinária ainda.

Muitos fãs especulam a morte de algum dos principais personagens da Marvel nos cinemas. (Foto: Reprodução)

Na verdade, muitos temiam que a interação entre tantos atores pudesse prejudicar suas atuações. Além disso, ninguém sabia se os personagens poderiam se desenvolver tão bem tendo que dividir o papel de protagonistas com outros. No entanto, isso definitivamente não é o que acontece durante o filme. O trabalho dos diretores, os irmãos Russo, e dos roteiristas conseguiu conservar a essência de cada personagem e os fez atuar perfeitamente em sincronia com seus papéis dentro da trama. Esse tato da equipe de produção e filmagem tornou completamente plausível o encontro de tantos heróis.

Além disso, é inegável a química entre os atores, tanto aqueles que já se conheciam quanto os que acabaram de se conhecer. O exemplo mais claro disso está na dupla Robert Downey Jr. e Benedict Cumberbatch. O contato entre os dois ex- Sherlock Holmes era um dos mais aguardados entre os fãs e rendeu uma grande parceria no trabalho final.

No entanto, ficou óbvio que alguns personagens tomaram um tempo de tela muito maior em detrimento de outros, uma consequência  compreensível em uma produção que precisa dividir o foco entre tantos rostos, sendo o Capitão América um dos personagens mais deslocados nesse contexto. A expectativa era de que ele e Tony Stark seriam a maior frente de defesa contra a ameaça espacial. Porém, mesmo após os eventos de Guerra Civil (2016) e com toda a promoção feita, ele não ganhou o destaque esperado e serviu muito mais como uma grande referência para agradar os fãs.

Dentro desse contexto, vale a pena ressaltar que muito do material apresentado na promoção do filme sofreu um corte na versão final. Isso pode gerar uma reação negativa dos fãs ao perceberem que algumas das grandes cenas prometidas podem não estar presentes ou terem sido alteradas.

Isso não significa que a decisão de Anthony e Joe Russo não trouxe pontos benéficos. Ela permitiu que outros personagens pudessem se desenvolver mais  em meio a uma trama que já era densa. Entre eles, quem ocupa uma maior porção de tempo é o Thor. Ele continua a sua jornada que foi iniciada em Thor: Ragnarok (2017) e finalmente consegue consolidar sua figura nos cinemas. Enfim o personagem assume a postura badass dos quadrinhos que muitos esperavam.

Wakanda também retorna para fazer frente a ameaça. (Foto: Reprodução)

Outro momento muito aguardado veio do encontro entre os heróis da Terra com os Guardiões da Galáxia. Ambos, grandes sucessos da Marvel, os Guardiões surpreenderam o público com sua estreia no cinema em 2013. Desde então, a possibilidade de um encontro entre as duas equipes sempre despertou interesse nos fãs. É em Guerra Infinita que nós finalmente podemos vê-los  lado a lado. Fica claro que os atores conseguiram muito bem se adaptar uns aos outros e criaram uma grande harmonia entre os personagens. As personalidades distintas de cada um se encaixaram muito bem e fizeram a história fluir mais naturalmente.

O desempenho do elenco foi mais uma vez incrível em cada entrada triunfante ou em cada cena de ação épica. Os sentimentos dos fãs só podem ser realmente descritos através dos aplausos do público nas salas de cinema. No entanto, talvez reforçar o trabalho de um elenco já reconhecido não seja o melhor critério para avaliar o filme. Por isso, vale a pena tocar em um outro ponto, um mais importante e que pode influenciar o futuro do MCU.

“Temam, fujam, o destino sempre chega”. (Foto: Reprodução)

É em Guerra Infinita que o público finalmente recebe uma visão mais sombria do universo, que a Marvel há tanto prometia. Também é aqui que os fãs são surpreendidos com um fim completamente inesperado. Isso não significa que o abandono da famosa “Fórmula Marvel”, repleta de momentos descontraídos. Porém, a visão que temos é de que o futuro dos heróis já não está tão certo e que o temor é justificável. E a principal razão para este temor está em Thanos.

Por muito tempo o posto de maior vilão da Marvel foi ocupado por Loki. O irmão de Thor tinha uma personalidade única que foi combinada ao carisma de seu intérprete, Tom Hiddleston. No entanto, a mudança de personalidade do personagem e a chegada de novos vilões como Hela (Cate Blanchett),  de Thor: Ragnarok, e Killmonger (Michael B. Jordan), de Pantera Negra (2018) mostraram que algo novo estava chegando. E foi então que finalmente nos deparamos com Thanos em toda sua glória.

Está não é aprimeira vez que vemos Thanos. Sua primeira aparição foi em uma cena pós- créditos ao final de Vingadores (2012). Os fãs mais aficcionados perceberam de cara o rumo que o universo Marvel estava prestes a tomar. O cinema adaptaria a clássica saga dos quadrinhos Desafio Infinito. A ideia foi confirmada ao longo dos anos após uma série de cenas pós-créditos e aparições do personagem em outras produções do estúdio.

Para trazer Thanos ao cinema a produção precisou alterar alguns pontos em relação à obra original. Nos quadrinhos, a maior motivação de Thanos para conseguir as Jóias é o seu amor pela Morte, uma das entidades mais poderosas que compõem o universo Marvel. Trazer essa  abordagem para as telonas seria muito complicado, principalmente levando em conta que já existe uma personagem que representa a morte, a Hela. Já nos cinemas, Thanos recebe um propósito mais compreensível e que até desperta um sentimento de empatia nos fãs: trazer “equilíbrio” ao universo.

Thanos é o astro do filme.(Foto: Reprodução)

O personagem foi o que ganhou maior destaque dentro do longa. Após vários anos observando-o através de cenas curtas, nós finalmente podemos conhecer a sua verdadeira história. Para contá-la, a produção escolheu Josh Brolin como intérprete do personagem.

Thanos não é como os outros vilões da Marvel. Primordialmente ele é a maior ameaça do universo, sem escrúpulos e nem piedade. Porém, o personagem também deixa transparecer a ideia de que é apenas uma figura tentando cumprir o seu papel para o bem do universo -o clássico “mal necessário”. E é essa dualidade que torna a figura do personagem tão marcante e poderosa. Em meio às cenas podemos vê-lo cruzar limites que nenhum outro vilão jamais cruzou e impor silêncio ao campo de batalha. A figura dele muito se assemelha a uma visão distorcida de Tony Stark, um dos principais contrapontos do personagem. Um homem tentando fazer o que acredita ser necessário, independentemente das consequências.

O poder de Thanos é ainda ressaltado com a presença de outro grupo de vilões, a “Ordem Negra”, grupo formado pelos autoproclamados “Filhos de Thanos”. Eles são seguidores fiéis do Titã Louco e servem como mais um obstáculo à frente dos heróis. Também é através da “Ordem Negra” e de Gamora e Nebula que vemos um ar mais  “humano” na jornada de Thanos.

O Titã vai atrás dos poderes de um Deus. (Foto: Reprodução)

Com o intuito de representar toda a grandiosidade desse evento, foram necessários incríveis recursos visuais. Embora possamos perceber que alguns deles se tornaram cada vez mais computadorizados, o resultado final ainda é muito bom. Podemos ver isso desde a representação de Thanos e seus “filhos” até as cenas de batalhas épicas, que conseguem representar o máximo potencial dos personagens.

Complementando a questão visual está a trilha sonora. Os grupos de super-heróis da Marvel são marcados pelo uso das trilhas sonoras, seja uma música própria ou um estilo mais retrô, como é caso dos Guardiões da Galáxia. Nesse filme não é diferente. A produção utiliza as músicas para trazer um ar de emoção e nostalgia, além de destacar as cenas dramáticas.

Também é importante ressaltar que mais uma vez a Marvel mimou seus fãs com vários fan services. O resultado de todo esse esforço pode ser visto na movimentação do mercado. O filme alcançou o primeiro lugar nas pré-estreias em produções da Marvel e quebrou o recorde de maior dia de pré-estreia nos Estados Unidos.

Em suma, Vingadores: Guerra Infinita cumpre o papel a que se propôs, alcançando as expectativas dos fãs e surpreendendo com uma visão mais madura. Visão esta que pode servir como base para o futuro da Marvel nos anos que estão por vir.

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