Gêmeas – Mórbida Semelhança: uma Rachel Weisz é boa, duas é melhor

Cena da série Gêmeas - Mórbida Semelhança.
Além de dar vida às duas protagonistas da minissérie, Rachel Weisz também é produtora (Foto: Prime Video)

Vitória Gomez

Rachel Weisz nunca pode ser demais e Gêmeas – Mórbida Semelhança sabe disso. Com a atriz britânica na pele das gêmeas Beverly e Elliot Mantle, a releitura do filme (quase) homônimo de David Cronenberg vira do avesso para explorar o outro lado da moeda: o longa original se torna uma minissérie e os irmãos, irmãs. No entanto, a obsessão e a relação doentia um pelo outro se mantém e a produção leva os limites médicos ao extremo, ao mesmo tempo que lida com duas figuras opostas presas em uma só.

Na série, Beverly e Elliot são médicas obstetras insatisfeitas com a maneira como o sistema de saúde lida com mulheres grávidas. Juntas, elas buscam investimento para abrir seu próprio centro de maternidade. A perfeita harmonia das duas beira a insanidade, mas a simbiose funciona no âmbito profissional e pessoal – até a chegada de Genevieve (Britne Oldford). Quando a atriz se envolve com uma das irmãs e elas se veem obrigadas a não mais viver uma para outra, o desequilíbrio leva desde a convivência doméstica até os bastidores da medicina ao extremo.

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Em Rye Lane, o amor é urbano

O longa foi um dos destaques do Festival de Sundance 2023, de onde saiu com os direitos de distribuição adquiridos pela Disney (Foto: Searchlight Pictures)

Nathan Nunes

Três personagens movem a trama de Rye Lane: Um Amor Inesperado, disponível no catálogo da Star+ (em breve Disney+). O primeiro é Dom (David Jonsson), um contador que, nos minutos iniciais, se encontra desolado pela traição da ex-namorada Gia (Karene Peter) com Eric (Benjamin Sarpong-Broni), melhor amigo do rapaz. A segunda é Yas (Vivian Oparah), uma aspirante a figurinista também recém-saída de um término com o pretensioso artista plástico Jules (Malcolm Atobrah). A situação dos dois parece a mesma, mas as personalidades são completamente diferentes. Ele é um ‘filhinho de mamãe’ introvertido, neurótico e com problemas de autoconfiança. Ela é extrovertida, de espírito leve e carisma imbatível. 

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Yeehaw…Beyoncé coloca o cavalo na chuva no maior estilo COWBOY CARTER

Capa do disco COWBOY CARTER. A arte se trata de uma fotografia de Beyoncé sentada em cima de um cavalo em movimento enquanto segura a bandeira dos Estados Unidos. A cantora é uma mulher negra de cabelos platinados longos que são fotografados balançando junto a bandeira do país. Ela está de frente para a câmera e veste um chapéu branco com uma vestimenta tradicional de cowboys nas cores branco, azul e vermelho. O cavalo é branco e é representado em movimento. Ao fundo, o cenário é um vazio preto com um chão desértico estilo faroeste.
“Este não é um álbum country. Este é um álbum ‘Beyoncé’.” (Foto: Blair Caldwell)

Nathalia Tetzner

Quando Beyoncé idealiza um projeto, dá adeus aos limites e insiste até funcionar. Em sua nova empreitada, COWBOY CARTER, ela definitivamente não chega de ‘mansinho’ para cavalgar pelo country. Diante de um gênero musical financiado por uma indústria conservadora que já a alertou para ‘tirar o cavalinho da chuva’, a texana se aventura enquanto, pelo bem e mal, deixa a sua marca registrada em todas as 27 faixas. 

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Nem tudo está conectado às teias de Madame Teia

Cena de Madame Teia. Quatro mulheres estão paradas em uma plataforma entre metrôs, todas estão olhando para a frente, assustadas. Da esquerda para a direita: a primeira mulher é uma jovem negra de cabelos presos, fone de ouvido em volta do pescoço e mochila pendurada no ombro direito; ela veste uma calça cinza com bolsos e cós azul claro com um cinto preto, uma camiseta curta com decote em V branca e um casaco esportivo azul com listras vermelhas. A segunda personagem, uma mulher branca e mais velha que as outras, veste uma calça jeans com cinto preto, camisa preta e jaqueta de couro vermelho enquanto segura um skate com a mão direita, ela tem cabelo preto liso e franjas. A terceira figura presente é uma jovem latina de cabelos castanhos longos e lisos, ela veste uma calça jeans de lavagem escura, uma camiseta curta amarela, um casaco curto de veludo marrom claro e um colar e argolas pratas; ela segura uma mochila no ombro direito. A quarta e última mulher veste uma saia com pregas azul, camisa cinza com botões e detalhes pretos e um casaco de moletom cinza; a personagem é branca, loira e usa óculos de grau.
Um vilão, três adolescentes e uma mulher capaz de prever um futuro (quase) incerto fazem parte da teia de Cassandra Webb [Foto: Sony Pictures]
Agata Bueno

O thriller que nos apresenta uma das heroínas mais enigmáticas da Marvel não nos leva a lugar nenhum. Entre os segredos do passado e um futuro que envolve todos na teia de Cassandra Webb, lugar nenhum é um eufemismo perto do abismo em que o filme deixa o espectador. Afinal, Madame Teia prometeu uma viagem tão transcendental assim?

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Entre os mais rasos, Asteroid City é o mais belo

 Imagem do filme Asteroid City. A atriz Scarlett Johansson, interpretando a personagem Midge Campbell. Ela está com os braços apoiados na janela de um banheiro, e apoia o rosto na mão esquerda. A atriz é uma mulher branca, possui cabelos curtos e castanhos, olhos azuis e lábios corados, e olha para frente com sobrancelhas levemente curvadas. Ao fundo, dentro do banheiro, ve-se uma banheira na cor azul tiffany, que está em partes cobertas por um biombo de madeira. A moldura da janela é branca e é possível ver a paisagem do pôr do sol, no canto esquerdo da imagem.
Asteroid City é uma comédia, quase romântica, de ficção científica (Foto: Universal Pictures)

Costanza Guerriero

No primeiro semestre de 2023, as redes sociais foram invadidas por vídeos de composições simétricas, cores pastéis, filtros saturados e rostos inexpressivos. Ao som de Obituary, do compositor Alexandre Desplat, os internautas retratavam  os  seus dias cotidianos, no que parecia ser uma viralização do estilo característico do diretor Wes Anderson. O fascínio da mídia espontânea pelo visual característico do cineasta prova o encantamento que suas produções podem causar no telespectador, por meio da intrínseca relação que suas  narrativas encontram com sua estética. Asteroid City, a última obra de Anderson, entrega um pouco desse fascínio. 

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Do parque para as telas, a Mansão Mal-Assombrada está de volta

Cena do filme. Cinco personagens do filme, na esquerda vemos uma criança, ao lado uma mulher de roupão rosa segurando uma lanterna, o personagem principal um pouco atrás, um homem de pijama e gorro vermelho e uma mulher que também segura uma lanterna e veste pijamas. Todos com feição de preocupação em uma casa escura.
Em um clima menos cômico que o do filme anterior, os personagens voltam a explorar uma casa cheia de fantasmas (Foto: Disney+)

Laura Sipoli

Em 2003, Mansão Mal-Assombrada foi dos parques para os cinemas estrelando o icônico Eddie Murphy, no que viria a se tornar um dos clássicos do Halloween infanto-juvenil. No filme, que foi baseado em uma das atrações mais famosas dos parques da Disney, o protagonista fica preso em uma casa mal-assombrada com a família e tenta quebrar a maldição que prende fantasmas no local, enquanto lutam para sobreviver. Para os personagens que a adentram, uma mensagem assustadora; para quem assiste ou vai aos parques, um ingresso para diversão.

Duas décadas depois da estreia, temos o prazer de vivenciar o comeback nostálgico da mansão cheia de espíritos nas telas do cinema, com o remake de Mansão Mal-Assombrada. Nesta versão, a comédia de horror carrega o mesmo nome de seu antecessor e conta com uma história completamente diferente. Apesar de cheia de referências na tentativa de despertar a memória afetiva dos fãs do original, a narrativa não tem conexão com o anterior, mas a proposta permanece a mesma: uma casa com 999 fantasmas procura mais almas para aprisionar.

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Spill Your GUTS! Olivia Rodrigo convida você a uma viagem pela juventude contemporânea

Capa do CD Guts. Fotografia quadrada com o fundo roxo. Na capa, está Olivia Rodrigo, mulher de descendência filipina. Ela está deitada e coloca o dedão na boca, enquanto os outros quatro dedos possuem cada um a letra do seu álbum, formando a palavra Guts. Ela usa um batom vermelho e delineado preto.
Olivia Rodrigo retornou ao mundo da Música com o poderoso GUTS (Foto: Larissa Hofmann)

Guilherme Machado Leal

Um artista, ao lançar o seu primeiro álbum de estúdio, possui a difícil tarefa de se superar no trabalho seguinte. Isso porque a mídia, quando encontra alguém novo na indústria, tende a se perguntar ‘será ele(a) one hit wonder?’ ou afirmar ‘o sucesso dele(a) é passageiro’. Nesse sentido, exceções mais recentes – como o Future Nostalgia, de Dua Lipa, e o Vício Inerente, de Marina Sena –, são bons exemplos de que um cantor pode ampliar a bagagem de mundo do fã que o acompanha. O ano de 2021, por esse lado, foi um divisor de águas para Olivia Rodrigo; ao mesmo tempo em que a colocou no estrelato, também testemunhou o seu íntimo, a levando para outro patamar. 

Quando lançou o SOUR, o seu primeiro ‘filho’, a ex-Disney deu voz às inseguranças que assolam os adolescentes. Coração partido, sentimento de inveja e a desconexão com o mundo que os cerca foram temas abordados no seu lado azedo. Agora, dois anos depois, ela retorna ainda mais autêntica e ‘segura com o seu taco’ com GUTS. Entendendo que a sua unicidade é um porto-seguro para que os jovens se sintam à vontade de expressar as emoções mais excêntricas, o período de transição entre o Ensino Médio e a vida adulta consegue ser compreendido de uma forma menos dolorosa através da Arte. 

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Depois da Morte é um guia turístico do além-otimismo religioso

Cena do filme Depois da Morte. Na imagem está um homem branco por volta de seus quarenta anos com cabelo preto liso e bigode espesso sem barba. Ele está vestindo uma camisola hospitalar branca. Sua cabeça está inclinada para cima enquanto encara a luz amarela de uma cortina à sua frente.
Após sofrer um acidente de carro que inspirou o filme 90 Minutos no Paraíso (2015), o pastor Don Piper relata a experiência que o fez encontrar a religião [Foto: Synapse Distribution]
Henrique Marinhos

Para morrer, basta estar vivo. Essa é, até então, a única certeza que temos. Entre cientistas, céticos e religiosos, a experiência de quase-morte é o mais próximo que estamos da noção do pós-vida, cenário em que qualquer metodologia que aproxima a maior dúvida da humanidade de uma resposta é válida. Depois da Morte procura explicitar de um jeito simples, acessível e dinâmico várias experiências em um documentário com uma ótima abordagem, no entanto, nada característica ao gênero e enviesada em sua construção.

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Ariana Grande passa por todos os estágios do fim de um ciclo em eternal sunshine

Na imagem de capa, Ariana Grande, uma mulher branca com os cabelos loiros em um rabo de cavalo, usando uma camisa branca e com uma tatuagem no pescoço, está de costas, apoiando sua cabeça no ombro de uma outra Ariana Grande.
Em eternal sunshine, Ariana Grande descobre que, na superação, sua principal companhia é ela mesma (Foto: Katia Temkin)

Arthur Caires

Em Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, Joel e Clementine, interpretados por Jim Carrey e Kate Winslet, embarcam em um romance intenso, porém marcado por turbulências. Após um término doloroso, ambos optam por apagar as memórias um do outro através de um procedimento inovador. Essa busca por um recomeço emocional ecoa no sétimo álbum de estúdio de Ariana Grande, eternal sunshine, lançado sete meses após seu divórcio. Inspirado diretamente no filme, o disco é uma jornada introspectiva em que a artista explora a dor da perda, a esperança de cura e a busca por um novo amanhecer.

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1989 (Taylor’s Version): A consolidação do inesquecível

apa do CD 1989 (Taylor’s Version). Fotografia quadrada com uma margem bege. No centro da imagem está Taylor Swift, uma mulher branca, cabelos louros, curtos na altura do ombro e em movimento usando batom vermelho e sorrindo. Ao redor, há algumas gaivotas e acima de sua cabeça está escrito o título do álbum, onde 1989 está em bege e Taylor’s Version em preto.
“As melhores pessoas na vida são livres” (Foto: Beth Garrabrant/Republic Records)

Guilherme Barbosa

Não é por acaso que Taylor Swift é considerada a indústria da Música. A cantora, que acumula mais de 100 milhões de ouvintes mensais no Spotify, lançou em Outubro de 2023 a regravação de uma de suas maiores obras musicais, o álbum 1989 agora intitulado 1989 (Taylor’s Version). Após o anúncio da remasterização de seus seis primeiros discos, a intérprete tem se mostrado muito engajada em apresentar ao público novas versões que se mostrem atuais, mas ao mesmo tempo, preservem sua essência original.

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