The White Lotus te convida para mais uma temporada de férias, aceita?

DESCRIÇÃO: Cena da segunda temporada da série The White Lotus. A imagem é uma cena da série em que todos os funcionários do hotel estão acenando para os hóspedes que chegam em um barco. Valentina está no primeiro plano da imagem, é uma mulher branca de cabelo castanho escuro que usa um terno rosa e acena para o oceano. Atrás dela estão Isabella, uma mulher branca com cabelo castanho claro, e Rocco, um homem branco com cabelo encaracolado e grisalho. Além deles, também há, no segundo plano da imagem, quatro funcionários homens com paletós amarelos, calças pretas e luvas brancas.
Agora na Itália, a série premiada de Mike White retorna com novos personagens e dinâmicas (Foto: HBO Max)

Gabriel Saez

Se a primeira temporada de The White Lotus não foi o suficiente para entender que Mike White domina a arte de contar histórias, o seu retorno com certeza é. Com uma forma incomum de desenvolver seus personagens, o segundo ano da série da HBO Max reforçou as qualidades do diretor. Agora na Itália, o resort White Lotus recebe mais uma vez um grupo de turistas que, com toda a certeza, irá desfrutar de sua hospitalidade, deixando uma marca única em Sicília e seus residentes. 

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Hacks é bi

Após competir o Emmy 2021 apenas com Ted Lasso, a segunda temporada de Hacks têm a antiga rival, Abbott Elementary, Only Murders in the Building e Barry para disputar os prêmios da noite (Foto: HBO Max)

Ana Júlia Trevisan

Desde sua estreia, Hacks é consciente da potência de seu material e da estrela que tem em mãos, usando dos artifícios em favor da própria produção para alavancar a comédia dentro da comédia. Em sua primeira temporada, a série pautou a figura feminina na indústria cômica de Hollywood. Seu humor ferrenho nos trouxe Deborah Vance (Jean Smart), uma veterana dos stand-ups e cara dos programas de vendas de leggings, e Ava Daniels (Hannah Einbinder) uma jovem roteirista cômica, cancelada no Twitter. E foi entre esse morde e assopra de personalidades que Hacks se concretizou uma das melhores comédias da década, falando sobre mulheres, trabalho, dinheiro, sacrifício e amizade. Se o primeiro ano tem intenção de escancarar a indústria, sua sucessora faz um trabalho mais introspectivo, mostrando as percepções de Deborah sobre o mundo.

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Eles podem até ser os presidentes, mas quem manda são as primeiras-damas!

Foto da série The First Lady. Na imagem está a personagem Michelle Obama, interpretada pela atriz Viola Davis. Michelle é uma mulher negra, tem cabelos pretos ondulados de comprimento médio e está usando um vestido frente única com estampas geométricas em preto e branco. Ela está sentada com uma mão sob o queixo e a outra segurando a perna, seu rosto é sério com um leve bico nos lábios. Ao fundo, há uma parede branca e bege com textura listrada.
Mesmo com o elenco de peso, The First Lady não chegou a ser citada nas categorias principais do Emmy de 2022 (Foto: Showtime)

Jamily Rigonatto

Trazer figuras importantes diretamente do cenário político-social norte-americano para os holofotes dos palcos do audiovisual tem sido uma estratégia explorada pelos roteiristas e diretores da indústria cinematográfica. Seguindo a linha de produções como Mrs. América e Gaslit, The First Lady escolhe retratar os eventos de três presidências dos Estados Unidos pelo outro lado da moeda. Na antologia lançada em 2022 pela emissora Showtime, a Casa Branca abre os portões para visitas com anfitriãs que não poderiam ser mais ilustres. 

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Gaslit: 50 anos depois do escândalo Watergate, a política ainda é um homem branco

Foto da série Gaslit. Na imagem, o rosto da atriz Julia Roberts no papel de Martha Mitchell. A personagem tem pele branca com algumas rugas aparentes, seus cabelos são loiros e estão presos em um coque alto com topete na frente. O semblante do rosto é triste, com os olhos cheios de lágrimas. Ela veste um vestido de gola média que aparece só até a altura dos ombros e é coberto de brilhos e pequenos cristais.
Em seu ano de estreia, Gaslit recebeu 4 indicações ao Emmy, mas passou longe de brilhar nas duas primeiras noites da premiação (Foto: STARZ)

Jamily Rigonatto 

Na década de 1970, a política estadunidense foi marcada por burburinhos e manipulação. Durante a reeleição de Richard Nixon, o Partido Republicano tinha a vitória nas mãos com uma larga escala de vantagem, mas ainda assim resolveu usar de artifícios que favorecessem seu representante. A ideia era invadir os escritórios do Partido Democrata no Complexo de Edifícios de Watergate, e grampear telefones para captar informações confidenciais, além de plantar fotos e montagens comprometedoras que seriam usadas  como uma espécie de chantagem para garantir o sucesso na corrida eleitoral.

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A fábula de Atlanta é real

Cena do seriado de televisão Atlanta. Imagem retangular e colorida. Nela, o ator Bryan Tyree Henry, intérprete do personagem Alfred, encontra-se no centro, em foco. Ele é um homem negro, usando cordões de ouro no pescoço e uma camisa branca com detalhes em vermelho, verde e amarelo. O cenário é uma sala de jantar luxuosa de paredes douradas e, atrás dele, dois garçons brancos, um homem e outro mulher, estão virados para a parede, com as costas para a câmera.
A terceira temporada de Atlanta aparece tímida no Emmy 2022, indicada somente a três categorias – o que reflete sua recepção mista pela audiência e crítica (Foto: FX Productions)

Enrico Souto

Muita coisa mudou nos quatro anos que separam a segunda e a terceira temporada da aclamada e assustadoramente relevante série do multiartista Donald Glover. Hoje, vivemos em um mundo pós-This Is America, em que racismo nunca foi um assunto tão comentado, simultaneamente que, divididos por uma pandemia implacável e a eclosão de protestos contra a violência policial, as tensões raciais dos nossos tempos se transformaram e, sobretudo, se amplificaram. Dentro desse contexto caótico e indubitavelmente distinto de 2018, Atlanta inverte a lógica e, para transpor a realidade às telas, aguça o que a produção tem de mais fantasioso.

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O que realmente aconteceu com as Yellowjackets?

Sete vezes indicada ao Emmy, Yellowjackets chegou ao Brasil pelo Paramount+ (Foto: Showtime)

Vitória Gomez

O que você acha que realmente aconteceu lá?”. Filmada de costas e sem nunca mostrar seu rosto, uma menina corre ofegante por entre as árvores de uma floresta gelada. O silêncio do cenário é preenchido somente por sua respiração pesada, e o sangue que pinga de sua carne colore o chão coberto de neve. Gritos alheios passam a ser ouvidos: o motivo da fuga vem logo atrás da garota sem identidade. Até que ela, também, para. Presa em uma armadilha, seu corpo empalado chegou ao destino final. Enquanto os adolescentes de Euphoria ensaiavam para o início de mais uma temporada de substâncias sintéticas, figurinos coloridos e pele à mostra, as jovens de Yellowjackets estavam abandonadas à selvageria.

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Você sabe a razão das Cenas de um Casamento

Sete anos após atuarem juntos no filme O Ano Mais Violento, Jessica Chastain e Oscar Isaac esbanjaram química no tapete vermelho do Festival de Veneza (Foto: HBO)

Ana Júlia Trevisan

Da música à literatura, da pintura ao audiovisual, o amor é um dos temas mais explorados pela Arte. Sua complexidade inerente ao ser humano emerge artista e receptor da obra num invólucro que envolve desde a primeira instância. Da clássica à teen, as óticas para retratar a paixão mudam de acordo com seu público-alvo, mas todas se encontram no ponto de conversão do momento em que a vida e a arte se mesclam. Várias são as tramas que podem ser seguidas a partir do tema base e, ciente de seu potencial, Cenas de um Casamento escolhe seguir o caminho mais tortuoso para esgotar o assunto. 

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The Great: Com elegância e estratégia, Catarina molda seu império

Fotografia da série The Great. A imagem é retangular e mostra a personagem Catherine da cintura para cima, centralizada. Ela está em um salão fechado, com paredes detalhadas e douradas. Catherine é interpretada por Elle Fanning. Elle é uma mulher jovem, loira, branca com um nariz pequeno e traços delicados. Ela usa um vestido dourado, de época. Em sua cabeça há uma coroa grande, de rainha. Ao fundo só há uma parede atrás de si.
I am terrifying” (“Eu sou aterrorizante”) – Catherine, A Grande (Foto: Hulu)

Mariana Nicastro

HUZZAH! A Rússia é de Catherine na segunda temporada de The Great (ou A Grande, em seu título original). Proveniente do Hulu e disponibilizada no Brasil pelo Starzplay, a série chegou de mansinho, sem muito alarde. Porém, basta uma olhadinha na premissa instigante da ascensão do poder feminino na monarquia russa do século dezoito somada a um tom satírico, divertido e muito atual para conquistar o público com um equilíbrio incrível entre Comédia e Drama, e atuações dignas de um Emmy.

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Uni, duni, tê, o sucessor de Logan Roy não é você

Cena da série Succession. Na imagem, Roman e Siobhan Roy consolam o irmão Kendall. Da esquerda para a direita: Roman, um homem branco e de cabelos pretos, veste uma camiseta de manga longa e botões na cor rosa com uma calça na cor azul escuro, ele usa um óculos de sol preto enquanto apoia as duas mãos nos ombros de Kendall; o irmão consolado está sentado no chão arenoso, ele é um homem branco de cabelos raspados e veste uma camiseta de manga longa com botões na cor branca, Kendall usa um relógio dourado enquanto apoia a cabeça abaixada em seus braços cruzados; Siobhan é uma mulher branca de cabelos ruivos e olhos claros, ela veste um vestido de manga curta que acaba na altura do joelho, o tecido é na cor branca com estampado de flores em cores pastéis, a irmã usa um chapéu branco enquanto olha para baixo onde uma de suas mãos repousa no topo da cabeça de Kendall. Ao fundo da fotografia, o cenário é composto por construções antigas em cores barrosas, as árvores arredores são verdes, o chão é arenoso e o céu está azul com nuvens brancas.
A terceira temporada de Succession está no topo da lista de indicações ao Emmy 2022 (Foto: HBO Max)

Nathalia Tetzner

Succession somente existe porque os filhos de Logan Roy, dono de um conglomerado de mídia, tiveram uma infância em que os jogos de poder ultrapassaram os tabuleiros e a imaginação. Como se ditasse a parlenda brasileira Uni, duni, tê, o patriarca da família sempre brincou com as ambições de Kendall, Siobhan e Roman, mas, depois do salamê, do minguê e do sorvete colorê, o escolhido para assumir o controle da Waystar Royco nunca é batizado. Em sua terceira temporada, a série do HBO Max finalmente une os irmãos e alonga a sua aclamação com 25 indicações ao Emmy 2022, sendo a líder absoluta da noite de premiações.

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Arregace a manga e tome essa fabulosa vacina, porque Queer Eye é muito mais eficaz do que cloroquina

Imagem da série Queer Eye. Nela, 5 pessoas estão paradas a frente de uma placa em que está escrito o nome do estabelecimento El Arroyo ao lado do mapa do estado do Texas em letras vermelhas e fundo branco. Mais abaixo, está escrito em letras pretas "Queer Eye, a coisa mais fabulosa no Texas desde Chaps", também em fundo branco. Três homens estão fazendo pose do lado direito da placa, um deles está mais perto da placa, ele é um homem preto que usa boné azul e camisa jeans. Ao seu lado, um homem branco de camisa xadrez e colete marrom de franjas faz pose, e, agachado embaixo deles, um homem branco de jeans e casaco listrado colorido também posa. Do lado esquerdo da placa um homem indiano está de braços cruzados, encostando na placa. Ele veste camisa com estrelas vermelhas. Sentado no ferro inferior da placa, uma pessoa não binária branca está sorrindo com o rosto encostado nos braços, a pessoa veste saia preta e camisa azul.
Lá vem os Cinco Fabulosos novamente: Queer Eye arrebata o prêmio de Melhor Reality Estruturado no Emmy 2022 e comemora a quinta vez consecutiva ganhando na categoria (Foto: Netflix)

Nathália Mendes

Lá pela 3ª temporada, Queer Eye já fazia mais do mesmo: replicava sua receita de sucesso, espalhando o valor do autocuidado com alegria e empatia. Mas se em time que está ganhando não se mexe (sim, o contexto merece uma piada do meio futebolístico heteronormativo), uma pandemia de coronavírus desafiou o reality da Netflix a fazer ainda mais pelo amor próprio dos outros. E foi assim, abraçando a fragilidade de seus participantes recém vacinados, que Antoni Porowski, Bobby Berk, Karamo Brown, Jonathan Van Ness e Tan France entregaram uma 6ª temporada para se engasgar de tanto chorar.

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