Reality shows são uma mentira – e Jury Duty é uma muito engraçada

Cena da série Jury Duty.
Depois de arrancar risadas, Jury Duty abocanhou quatro indicações ao Emmy (Foto: Prime Video)

Vitória Gomez

12 jurados participam de um julgamento relativamente simples nos Estados Unidos. Um funcionário versus uma empregadora que o acusa de destruir o patrimônio de sua empresa. Por lá, o júri é formado apenas por civis e é dever constitucional de cada um comparecer quando for convocado – então por que não filmar o processo? É assim que Ronald Gladden acaba entre o grupo de 12 pessoas da vez, com a promessa de participar de um documentário sobre esse rito da justiça no país. O que ele não sabe é que ele é o único que está lá com esse propósito: todo o resto, incluindo os outros 11 jurados, os agentes federais, o juiz, a acusadora e até o réu são uma mera armação para emboscá-lo nas situações mais constrangedoras possíveis.

Jury Duty já deixa o público ciente da grande pegadinha acontecendo ali desde o primeiro momento. Apesar de algo realmente estar sendo gravado naquela corte, não é nada parecido com um documentário. No entanto, ao invés de se escorar em um mero programa de chacotas que caçoa do protagonista desavisado, a série cresce justamente por causa da humanidade de Ronald. No estilo mockumentary, a estrela da produção (que sequer sabe que é o centro das atenções) encara o dia a dia do julgamento com a certeza de que tudo está sendo registrado, mas ignorante às reais intenções das câmeras.

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Marcel the Shell with Shoes On: Nos menores frascos, estão os maiores corações

Cena do filme Marcel the Shell With Shoes On. Nela, vemos um personagem Marcel, uma concha do tamanho de uma polegada em cor nude com um olho onde era para ser sua abertura, uma boca e sapatos com a ponta vermelha. Ele está sobre um computador, olhando para a tela e boquiaberto.
Marcel the Shell with Shoes On é o resultado de mais de 10 anos de amor pelo personagem mais amoroso do audiovisual recente (Foto: A24)

Guilherme Veiga

Desde que o gênero mockumentary caiu nas graças do público, a vertente buscou explorar os contextos mais improváveis, indo de uma empresa de papel da Filadélfia, passando por um grupo de vampiros em Staten Island e chegando na vida de um excêntrico repórter cazaque aterrissando nos Estados Unidos. Naturalmente vinculado à comédia, é de praxe que falsos-documentários abracem o nonsense e joguem fora toda a busca por credibilidade. Porém, é da premissa mais absurda que o produto é tratado de forma mais séria.

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What We Do in the Shadows ainda bebe do sangue mais fresco da comédia

Foto de uma das cenas do seriado. Nela os personagens estão enfileirados em um ambiente externo com uma névoa no fundo esquerdo e uma casa no fundo direito. Da esquerda para a direita: Guillermo, um homem latino, baixo e de cabelos pretos, veste um terno com camisa branca e calça social e usa um óculos redondo. Nandor, um homem branco com feições persas, alto, de cabelos e barba longos e pretos. Ele usa uma túnica e chapéu remetentes ao império persa. Colin Robinson, um homem branco e careca, usa sobretudo bege, colete e gravata borboleta marrons, camisa branca e boina cinza. Nadja, uma mulher caucasiana e de cabelos pretos usa vestido longo preto, luvas pretas e chapéu com véu também preto. Lazlo, um homem mediano e branco, usa sobretudo, camisa, calça e chapéu também pretos. Os cincos olham para o canto superior direito.
O terceiro ano do mockumentary tem um punchline que te acerta direto na jugular (Foto: FX)

Guilherme Veiga

Feche as cortinas, esconda as cabeças de alho e cubra os crucifixos. Os vampiros mais excêntricos de Staten Island pedem permissão para entrar em sua casa mais uma vez. Depois de uma grande aceitação da crítica, que rendeu oito indicações ao Emmy no segundo ano, a série retorna para dar continuidade à trama, além de expandir o universo criado em 2014 por Taika Waititi e Jemaine Clement com o filme homônimo.

Em um período de indecisão quanto ao gênero de comédia na TV com os fins de grandes produções como Modern Family e The Good Place, e de queridinhas da crítica que vão de Fleabag à Schitt’s Creek, WWDITS figura na forma de um respiro para o segmento, ao lado de novas surpresas dessa entressafra como, por exemplo, Ted Lasso. Sendo uma das poucas que ainda funciona no formato de falso-documentário, a obra prova que tal escopo ainda está estabelecido no mercado, além de se consolidar como uma das melhores comédias da atualidade.

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A série de High School Musical é mais que o começo de algo novo

Cena da série High School Musical: The Musical: The Series. Vemos 6 alunos pulando no palco do teatro, atrás deles está um letreiro amarelo com as palavras High School Musical. Ao redor dos 6, vemos holofotes acesos. Na extrema esquerda, vemos E.J. Um adolescente branco e alto. Ele está pulando com a mão direita pro alto, no mesmo braço onde usa uma munhequeira branca. Ele usa blusa azul e calça jeans. Ao lado dele está Gina, mulher negra de blusa rosa. Ao lado dela está Ricky, sorrindo e apontando pra frente enquanto pula. Ele usa jaqueta verde, calça jeans e uma peruca castanha. Ao seu lado está Nini, garota de ascendência asiática, pele clara e cabelos escuros. Ela pula com os dois braços pra cima e com a boca aberta. Ela usa calça azul, camiseta verde e uma blusa laranja de manga longa por cima. Ao seu lado, está Seb. Um jovem branco e loiro, com a mão direita no queixo e a esquerda para cima. Ele usa calça jeans clara e uma camiseta rosa com bolero cinza. Na ponta direita está o intérprete de Ryan, pulando com os braços para os lados, de calça caqui e blusa azul de botão. Ele usa uma boina, tem pele clara e sorri.
No original, a série recebeu a sigla HSMTMTS, e, no Brasil, o título foi invertido para High School Musical: A Série: O Musical (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

O negócio é o seguinte: High School Musical virou série. Mas nada de reboots preguiçosos ou remakes nada inspirados, High School Musical: The Musical: The Series vai além do comum na hora de dar sequência à trilogia de filmes dos anos 2000. Cheia de metalinguagem, recursos de pseudodocumentários e um humor afiado na bobeira, a produção original do Disney+ é diferente de todos os revivals sem graça que pipocam toda semana na Netflix.

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