Persona Entrevista: Bahman Tavoosi

Diretor de “Os Nomes das Flores” detalha a importância da memória e do legado da arte e ainda revela o segredo da sopa da professora

Arte vermelha retangular. No canto superior direito, há o nome do entrevistado, Bahman Tavoosi. A foto dele está na parte inferior central da arte e ele é um homem iraniano, com cabelo curto e barba. Ele está vestindo uma jaqueta de couro e está com a mão no queixo e a fotografia está em preto e branco. Ao lado direito dele, o pôster de seu filme, Os Nomes das Flores, que mostra uma senhora de idade em tom desbotado, e flores ao redor dela. Do lado esquerdo da imagem, foi adicionado o texto "Persona Entrevista" várias vezes, de forma perpendicular à orientação da imagem.
O Persona recebe o iraniano-canadense Bahman Tavoosi, responsável pelo tocante Os Nomes das Flores, presente na Mostra de SP (Foto: Reprodução)

Caroline Campos e Vitor Evangelista

Como é que um diretor nascido no Irã e atual residente do Canadá acabou estreando na ficção fazendo um filme em espanhol na Bolívia? Bahman Tavoosi, o tal cineasta, esbanja talento e versatilidade. Ainda na leva de entrevistas provindas da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Tavoosi é o foco do texto de hoje.

Realizador do estupendo Os Nomes das Flores, filme sensível que usa a figura de Che Guevara para debater legado e memória, Bahman conversou com o Persona sobre as influências que angariou ao longo de sua jornada na área, além de revelar, com exclusividade, qual o sabor da quase mítica sopa que Che provou antes de sua morte.

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Call: eu avisei para não desconectar o telefone

A imagem é o cartaz de divulgação do filme. No canto superior esquerdo, há o rosto de uma mulher de traços asiáticos e cabelo curto, ela aparenta estar assustada. Do lado superior direito, há o rosto de uma mulher, também de traços orientais, mas com uma feição séria, com o olhar voltado para a direita. Abaixo dela, no canto inferior direito, há o rosto de uma mulher de traços orientais, ela usa batom vermelho e está com um olhar sério voltado para a esquerda.  No lado inferior esquerdo, há o rosto de uma mulher de traços orientais, com cabelos castanhos claros e que está olhando assustada para a esquerda, ela tem algumas manchas de sangue no rosto. Em cima de cada rosto há uma das letras que formam a palavra CALL, que é o nome do filme.
“Call não envolve homens e mulheres. É um filme centrado em personagens femininas e suas relações, e um bem feito”, disse a atriz Park Shin Hye sobre o longa (Foto: Reprodução)

Bianca Penteado

O silêncio absoluto. As respirações baixas. Os movimentos lentos. O súbito toque de telefone.

Todos os amantes do terror já contemplaram essa cena. Desde O Chamado (2002), com a Samara prenunciando sua morte em ‘sete dias’, passando por Pânico (1996), que sabe muito bem como nos arrepiar com o vagaroso e intenso ‘hello, Sidney’. E, finalmente, a corrida genérica pela busca do aparelho enquanto alguém o persegue. Convenhamos, as ligações no terror já decaíram ao título de clichê. Porém, sempre existindo a exceção, vamos concordar em discordar de Call (2020).

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Não dá para adorar Elis Regina pelo avesso

Capa do álbum Te Adorando Pelo Avesso de Illy Gouveia (Foto: Reprodução)

Ana Júlia Trevisan

Cantar Elis com certeza não é para qualquer um. Reconhecida até hoje como uma das maiores vozes da Música Popular Brasileira, as regravações de seu repertório não devem ser vistas a título de comparação, mas sempre são como forma de homenagear a cantora falecida em 1982. No entanto, a cantora baiana Illy, uma das novas vozes da MPB estava em bom voo com sua carreira até dar um tiro no próprio pé, falhando friamente na homenagem à Pimentinha em Te Adorando Pelo Avesso.

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A sombra de Shadow of the Colossus continua gigantesca

Um gigante parecido com uma montanha segura um porrete na mão direita e está prestes a enfrentar um humano, que segura uma lança. A cena do jogo é escuro e sombreada, vemos apenas o contorno dos personagens, sem muitos detalhes
O clássico do PS2 completou 15 anos em outubro (Foto: Reprodução)

Gabriel Oliveira F. Arruda

Lançado inicialmente para o PlayStation 2 em 2005 e mais tarde remasterizado para o PlayStation 3 e inteiramente refeito para o PlayStation 4, Shadow of the Colossus possui um legado especial na história dos videogames. Estreando próximo de jogos clássicos de mundo aberto como Grand Theft Auto: San Andreas, considerado um dos formadores do gênero, a obra prima de Fumito Ueda e do Team Ico permanece tão influente hoje quanto foi 15 anos atrás. Inspirando incontáveis análises de sua narrativa trágica e de seu game design que vai de contrapartida a muitas tendências atuais.

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Happiest Season é um presente de Natal adiantado

Na imagem, todo o núcleo familiar reunido para uma foto, com as protagonistas no centro.
Happiest Season, lançado no final novembro, estreou diretamente na plataforma streaming da Hulu (Foto: Reprodução)

Vitória Lopes Gomez

Dezembro chegou e a época mais bonita do ano pede as suas tradições. É a hora de tirar a árvore da caixa, desembrulhar os enfeites, comprar o chocotone e escolher a comédia romântica natalina da vez. Mas nada melhor que um Natal atípico para deixar algumas tradições de lado: chega dos romances heterossexuais repetidos. Happiest Season, a primeira produção do gênero com um casal lésbico protagonista, chegou para mostrar que é mais do que possível unir a representatividade aos clichês natalinos que amamos.

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Wonder revela o maravilhoso mundo de Shawn Mendes

A imagem mostra Shawn Mendes submerso na água. Ele usa uma camisa branca que contrasta com o fundo azul da imagem.
“Então eu acho que terei a chance de/Me perder no País das Maravilhas” (Foto: Island Records)

Ana Laura Ferreira

Talvez seja muito clichê dizer que o álbum mais recente de um artista é o mais pessoal ou no qual ele entrega sua melhor performance. Mas de que outro modo poderíamos conversar sobre Wonder senão como o ápice da carreira de Shawn Mendes até o momento? Intimista, pessoal e romântico como qualquer um dos demais trabalhos do cantor, o recém chegado traz consigo mais uma camada de construção. Se rendendo à volta do pop dos anos 1980 – que caiu nas graças do público com The Weeknd e Dua Lipa -, Mendes pende para o lado mais apaixonado da longínqua década.

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Traições, liberalismo e Lady Di abalam a quarta temporada de The Crown

Na imagem, Lady Di, jovem de cabelos curtos e loiros, usa um vestido de noiva branco, volumoso.
Emma Corrin, aos 24 anos, estreia na Netflix como a jovem Diana Spencer; a produção não recriou a cerimônia do casamento real, mas exibiu Corrin no vestido icônico da princesa (Foto: Reprodução)

Vanessa Marques

Com o fardo e a glória de narrar uma história real, The Crown chega ao seu quarto ano na Netflix. Em novo ciclo, a realeza é ofuscada pela entrada de duas mulheres no elenco: a lendária Lady Di (Emma Corrin), futura ex-esposa do Príncipe Charles, o cara que até hoje aguarda sentado para ser rei, e a irredutível Margaret Thatcher (Gillian Anderson), primeira-ministra do Reino Unido entre 1979 e 1990. Mais uma vez, a produção de Peter Morgan não peca em qualidade, coroando uma narrativa delicada, rica em beleza visual, de modo a unir aspectos de ficção, história e biografia.

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Tenet: infelizmente, humildade não paga as contas

Elizabeth Debicki, uma mulher loira e branca, está usando um traje de mergulho verde e uma colete preto com detalhes laranjas no ombro. Ela está numa lancha, vemos o mar ao fundo. Seu cabelo loiro está preso num coque e ela olha para a esquerda, num lugar que a câmera não vê.
Por mais que os personagens nunca justifiquem suas motivações, Tenet é um filme divertido pela ação (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

É uma pena que o filme mais comedido de Christopher Nolan tenha em sua bagagem a maior negatividade de sua carreira. Longa que, segundo o cineasta, salvaria o cinema depois da pandemia e das salas fechadas, Tenet traga a ingratidão de um realizador ególatra e de um público que já dá o play com desgosto nas entrelinhas. A obra por si só se diverte em tudo que Nolan construiu desde que estourou com Memento, no início do século: o tempo vira gelatina nas mãos e nas lentes do britânico, fascinado pela auto indulgência de sua falsa genialidade.

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Três Verões: dias melhores virão

A imagem é uma das cenas do filme. Na imagem, Madá e os outros funcionários da casa estão posicionados em grupo sorrindo para uma selfie.
Filme de Sandra Kogut escancara mudanças sociais recentes no Brasil (Foto: Reprodução)

Vitória Silva

Em 2014, o início da Operação Lava Jato balançou as estruturas do país. A maior iniciativa de combate à corrupção e lavagem de dinheiro levou, e ainda leva, para a cadeia uma série de personalidades de altos cargos do meio político e econômico. No entanto, pouco se fala sobre os outros personagens que, inocentemente, faziam parte dessa cadeia de esquemas ilegais. Qual foi o destino das famílias desses corruptos? E de seus funcionários?

A cineasta Sandra Kogut parte desse olhar para contar a história de seu filme mais recente. Três Verões se ambienta na mansão da família de Edgar (Otávio Muller), um grande empresário. Entre sua equipe de funcionários, está a caseira Madá, interpretada pela brilhante Regina Casé. A funcionária é ‘quase parte da família’, sempre se virando nos 30 para agradar ao desejo dos patrões e ainda conseguir um sustento extra, mas sem perceber as tramóias que rolam por debaixo dos panos.

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Há 20 anos, O Grinch nos apresentava um monstro

A imagem mostra o personagem Grinch usando um gorro vermelho com a base de pêlos brancos. O personagem é verde, possui um nariz arrebitado e olhos grandes. Ele é peludo e está na frente de um fundo azul. A sua esquerda aparece o nome original do filme em inglês: Dr. Seuss How the Grinch Stole Christmas
“O Grinch não é um Quem, ele é um O Que que não gosta de natal” (Foto: Reprodução)

Carol Dalla Vecchia

Dezembro está de volta, o que significa que os filmes de natal também vão dar as caras o mais rápido possível. Prepare-se para maratonar comédias românticas cheias de neve e pinheiros, animações contando sobre o Papai Noel e seus filhos, ou produções que retratam grandes ceias natalinas. Não é de hoje que os produtores aproveitam essa data para criar e vender histórias emocionantes, afinal, todo mundo parece gostar do natal. Só há uma criatura descontente com esse dia: é o Grinch.

O Grinch é um personagem verde, peludo e mal-humorado que odeia o natal e os Quem. Ele vive em uma caverna nas montanhas apenas com a companhia de seu fiel cão, Max. Lá eles recebem todo o lixo produzido pela vila na base da encosta e o Grinch se alimenta desses dejetos para não precisar comprar alimentos ou socializar. A interação com a vizinhança só é permitida quando ele busca entretenimento em alguma travessura. As histórias desse anti-herói já ganharam várias adaptações, como um especial televisivo em 1966 e uma animação em 2018,  mas aqui focaremos no filme de 2000, que está completando seu aniversário de 20 anos.

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