Apaixonante e doloroso. Brokeback Mountain entrega um amor cruel e visceral (Foto: Focus Features)
Thuani Barbosa
Dois jovens cowboys em um trabalho de verão nas montanhas, e nenhum dos dois poderia imaginar o quão alterado seriam seus destinos. O Segredo de Brokeback Mountain é o tipo de filme que surpreende o espectador a cada vez assistida, seja nas paisagens montanhosas que emanam a sensação de vastidão e plenitude, na singularidade de seus personagens, na interpretação impecável do elenco ou na explosão de emoções que chocam o peito de qualquer um.
“Eu estou brava com você, Deus. Por que você está fazendo isso comigo? O que você quer?” (Foto: Motlys)
Vitória Lopes Gomez
O cenário é uma floresta gelada da Noruega. Pai e filha, de no máximo 6 anos, avistam um cervo durante a caçada. A arma na mão do pai se volta do animal à pequena Thelma, que nunca chega a notar a movimentação. Ele continua firme ali, arma em riste apontada para a menina, até o cervo se dispersar. Dos poucos, mas longos minutos, o filme corta para outra cena e uma Thelma crescida está enfrentando seus primeiros dias na faculdade. É assim que Thelma se inicia: ensurdecedora, impactante e misteriosa, a obra de Joachim Trier exagera para preparar o terreno para o que vem a seguir.
Após levar o Leão de Ouro de Melhor Roteiro em Veneza, A Filha Perdida garantiu 3 indicações no Oscar 2022 (Foto: Netflix)
Vitória Silva
Dos tipos de representações que temos em relação à maternidade no Cinema e na TV, podemos citar vários. A mãe superprotetora, a mandona, a descolada, e, é claro, a clássica mãe que abdica de todas as suas vivências pessoais pelas conquistas dos filhos, ou até mesmo para encontrá-los no mundo. Pense em quantas personagens mães você conhece, e quantas delas não estão associadas diretamente ao papel materno que as nutre. E, quando o renegam, na maior parte das vezes são movidas por uma maldade sobrenatural ou pela construção de um aspecto vilanesco de sua personalidade. Afinal, que tipo de mãe não amaria seus filhos incondicionalmente?
Transpondo para a realidade, a retórica continua a mesma. Em A Filha Perdida, a misteriosa Elena Ferrante mergulha por inteiro neste que é apenas um dos papéis da feminilidade presentes em sua Literatura. E Maggie Gyllenhaal decide abraçar a mesma narrativa para construir o que seria a sua primeira obra na direção. A trama do filme homônimo segue Leda, interpretada pela magnífica Olivia Colman, que decide passar um período em uma ilha paradisíaca da Grécia, após deixar suas duas filhas, Bianca e Martha, com o ex-marido no Canadá.
Seja na Música ou nas telas de cinema, Eduardo e Mônica exalam química em uma paixão fascinante de se ver e escutar (Foto: Paris Filmes)
Guilherme Teixeira
Quatro anos após o início de suas gravações, a aguardada comédia romântica Eduardo e Mônica chega aos cinemas reverenciando não só a música de Renato Russo, clássica brasileira que inspirou o filme, mas também o amor e o respeito às diferenças. O longa, dirigido por René Sampaio e estrelado por Gabriel Leone e Alice Braga, narra a história do jovem vestibulando e da médica independente que se cruzam na tal festa estranha com gente esquisita e mostram que, definitivamente, os opostos se atraem. Ele, que assiste novela e joga futebol de botão com o avô, em contraposição se apaixona por ela, que bebe conhaque e gosta do Bandeira, Bauhaus, Van Gogh, Mutantes, Caetano e de Rimbaud.
Identidade foi lançado pela Netflix em 2021 e marca a estreia de Rebecca Hall como diretora (Foto: Netflix)
Jamily Rigonatto
Em uma sociedade que precifica os seres humanos e os valoriza de forma desigual, vale a pena vender sua própria veracidade por dignidade plastificada? Caso esse não seja o principal questionamento inspirado por Passing – traduzido no Brasil como Identidade – com certeza é um de seus pilares. O longa-metragem lançado em novembro de 2021 na Netflix é um retrato delicado do quanto a sua própria pele pode ser sufocante em uma sociedade estruturada pelo racismo. O filme é a adaptação audiovisual do livro de mesmo nome escrito por Nella Larsen, e é também o trabalho de estreia da atriz Rebecca Hall como diretora.
O longa pode parecer um experimento para entender quais os efeitos psicológicos que uma quantidade extrema de pressão pode exercer em alguém (Foto: MUBI)
Mariana Nicastro e Vitória Vulcano
Um funeral. Familiares fazendo perguntas pessoais. Sobre seu futuro, sua profissão (que eles não levam muito a sério), seus relacionamentos, seus estudos (não tão credibilizados também)… sim, tudo aquilo que você não gostaria de comentar no momento. E se, além disso, uma paixão antiga está presente, e o romance não terminou tão bem? Parece uma situação desconfortável, certo? E se seu ficante, que, na verdade, é o seu sugar daddy, aparece no local?
Ah, mas tem a cereja do bolo! E se ele leva a esposa e um bebê, que você nem sabia que existiam? E, é claro, que todos os seus parentes querem te apresentar a essa linda e simpática família! Esse é o cenário caótico, curioso, intrigante, sufocante, angustiante e singular representado em Shiva Baby. Um filme ousado, que mescla perfeitamente a comédia e a tragédia social.
Dirigido por Selton Mello, a produção chegou aos cinemas no dia 28 de outubro de 2011 (Foto: Bananeira Filmes)
Vitória Silva
Não é de hoje que a atribuição de que as comédias têm a obrigação moral de nos fazer rir caiu por terra. Diante dessa sentença, podemos citar inúmeros exemplos de produções que ultrapassam tanto o espectro do riso quanto o do choro, caminhando desde a britânica viciada em sexo até o americano bigodudo que vira treinador de um time da Inglaterra. E, se nem a essas produções é convencionado mais esse papel, quem dirá a um dos personagens principais quando o assunto é provocar riso.
Depois de Coringa, a velha história do palhaço infeliz que provoca alegria apenas no público se tornou mais do que batida, talvez até ultrapassada e irremediavelmente rasa. Mas, anos antes da produção de Todd Phillips, o ator Selton Mello trouxe uma fábula semelhante para as telonas. Pela segunda vez no posto de diretor de um longa, ele aproxima essa narrativa conhecida de forma imensurável, não apenas por decidir ambientá-la no estado de Minas Gerais, mas por dar luz a um caminho profundo sobre o próprio eu, originando uma produção que não poderia ter outro nome se não O Palhaço.
Uma das mais marcantes características de Evangelion é sua tendência abstrata de tratar a história e as reflexões que a acompanham, brincando constantemente, por exemplo, com símbolos cristãos (Foto: Amazon Prime Video)
Elisa Romera de Freitas
Quando Shinji abre os olhos, encontramos um mundo estranho em Evangelion: 3.0+1.0 Thrice Upon a Time. Quatorze anos atrasado, a realidade apocalíptica envolve o protagonista; enquanto nós, do outro lado da tela, mais de duas décadas após a estreia de Neon Genesis Evangelion, contemplamos o novo final para a história do anime, que há muito tempo demonstra nada ter a ver com um remake, afinal, o Rebuild é utilizado por um motivo.
Britney Spears era vigiada a todo momento pela empresa Black Box Security, contratada pelo seu pai, e até então tutor, Jamie Spears (Foto: Getty Images)
Nathalia Tetzner
Submetida a uma tutela pelos últimos treze anos, Controlling Britney Spears: Em Busca de Liberdade coloca nos holofotes os bastidores da estrutura que comandou a vida da princesa do pop por todo esse tempo. Com a ajuda de novos documentos e testemunhas, a sequência de Framing Britney Spears: A Vida de uma Estrelatranscende a exposição do caso e mergulha na investigação de um suposto abuso tutelar.
Dirigido pela vencedora do Oscar Chloé Zhao, Eternos é um prato cheio para os famintos por mudanças no mundinho dos heróis (Foto: Marvel Studios)
Vitor Evangelista
O conceito de virgindade é cultural, mas se tem uma coisa que o épico bíblico Eternos faz é deflorar o Marvel Studios. Recheado de barreiras quebradas, a aventura comandada pelas mãos de ouro de Chloé Zhao não apenas ruma as investidas do Universo Cinematográfico para longe do sanduíche dos Vingadores, como também vai de encontro a uma leitura muito mais interessante desses heróis em roupas de látex. Ainda por cima com mais de dez anos de histórias nas costas e a exaustão da fórmula pipoca das narrativas.