Tudo Sobre os Indicados ao Emmy 2021

Arte retangular horizontal de fundo laranja. No canto superior esquerdo, foi adicionado o texto 'tudo sobre os indicados ao'. Abaixo, foi adicionado o texto 'emmy 2021', estilizado para que se veja apenas o contorno das letras. Abaixo, foi adicionado o logo do Persona com a íris do olho em laranja, e ao lado esquerdo, no canto inferior, o troféu do Emmy na cor preta. Do centro da imagem até o extremo direito, foram adicionadas 6 molduras pretas, em 2 fileiras de 3 molduras lado a lado. Primeira fileira: dentro da primeira moldura, foi adicionada a imagem do ator Michael K. Williams, por seu personagem em Lovecraft Country. Na segunda moldura, foi adicionada a imagem de MJ Rodriguez, por sua personagem em Pose. Na terceira moldura, foi adicionada a imagem da cantora Billie Eilish. Segunda fileira: Dentro da primeira moldura, foi adicionada a imagem de Lin-Manuel Miranda, por seu personagem em Hamilton. Na segunda moldura, foi adicionada a imagem das atrizes Maya Erskine e Anna Konkle, por suas personagens na série PEN15. Na terceira moldura, foi adicionada a imagem da atriz Anya Taylor-Joy, por sua personagem em O Gambito da Rainha.
Os destaques do Emmy 2021: Lovecraft Country, Pose, Billie Eilish: The World’s A Little Blurry, Hamilton, Pen15 e O Gambito da Rainha (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Vitor Evangelista)

Preparem a pipoca de microondas e gelem as garrafas de coca-cola, pois o Emmy 2021 está batendo à porta. A 73ª edição dos prêmios da Academia de Televisão acontece no dia 19 de setembro, e no ano em que a pandemia judiou das séries consagradas do Oscar da TV, o Persona traz um conteúdo completo e multifacetado, abrangendo, entre séries de comédia e drama, animações, programas de competição, de variedades, documentários, telefilmes, séries limitadas e antologias, 72 produções que concorrem ao Emmy desse ano.

Lendo esse compilado, você fica por dentro de tudo que está rolando na premiação, sabe em quem apostar (pode ir em Ted Lasso, confia em mim) e ainda descobre quais foram os esnobados e injustiçados da vez. Começando pelo gênero da Comédia, muitas vezes erroneamente tido como o menos importante da seleção, a série da Apple TV+ com o técnico bigodudo sai na frente em todas as corridas que disputa.

A benevolência de Lasso, por outro lado, rivaliza de maneira harmoniosa com a acidez de Hacks, seriado do HBO Max que encontra em Jean Smart um veículo de sagacidade, mau humor e um estudo sobre a mudança da Comédia na TV. Simplesmente imperdível, assim como sua colega de emissora, The Flight Attendant, dramédia misteriosa que tira Kaley Cuoco da vida nerd de The Big Bang Theory, e a coloca dentro de aviões em viagens longas, recheadas de alcóol e até um assassinato.

Na lista mais fraca em anos, Melhor Série de Comédia iluminou a brilhante Pen15 e todo seu humor cringe, mas ainda não o bastante para que as soberbas Anna Konkle e Maya Erskine apareçam na lista principal de atuação. Quem também se sobressai da mediocridade é a sétima temporada de black-ish, sitcom que se mantém firme e forte com o casal protagonista figurando em suas respectivas disputas.

Cobra Kai surpreendeu (e o cheque da Netflix caiu) com a menção na categoria principal, e O Método Kominsky conseguiu ser indicado pela terceira vez. A surpresa, no entanto, ficou com a lembrança de Emily em Paris, na briga que poderia ter indicado obras mais pomposas, como Dickinson (completamente esnobada) ou Zoey e sua Fantástica Playlist (que abocanhou algumas menções técnicas). A ausência de comédias de nome, a exemplo de What We Do in the Shadows, Atlanta, Insecure, Barry e The Marvelous Mrs. Maisel, abriu espaço para que a seleção de 2021 se diferenciasse do esperado.

Reconhecidas somente com suas brilhantes atuações estão o final de Mom, o final de Shrill e o final de Shameless. O começo de Kenan foi agraciado com a menção de seu personagem-título Kenan Thompson, que também aparece como um dos favoritos ao prêmio de Ator Coadjuvante, dessa vez por Saturday Night Live. A corrida masculina, de fato, enxergou uma superlotação do elenco de Ted Lasso, que faz companhia a Thompson e ao brilhante Bowen Yang, na disputa da honraria.

Com Insecure fora do período de elegibilidade, a pontinha de Issa Rae em A Black Lady Sketch Show rendeu à atriz uma indicação como Convidada. A série-filha de black-ish, grown-ish, recebeu a primeira nomeação de sua existência, pela Fotografia da terceira temporada, enquanto Girls5eva, esperando ser lembrada na categoria principal, só ouviu o nome de Meredith Scardino como Melhor Roteiro. Fecham a seleção de Comédia as esquecidas B Positive, The Politician e Made for Love.

Na parte das séries animadas, Big Mouth retorna com a quarta temporada na esperança de sua joia rara Maya Rudolph vencer novamente o Emmy de Performance de Voz, enquanto South Park foi reconhecido, pela primeira vez em sua longa jornada pela TV, pelo episódio especial da pandemia. Outra queridinha da Academia é Love, Death + Robots, que voltou com um ano mais curto, mas igualmente satisfatório.

Quando o assunto são os Documentários e os Programas de Não-Ficção, o Emmy definiu uma regra base: se o filme for indicado ao Oscar, não pode fazer dobradinha aqui. Dito isso, nomes esquecidos na cerimônia que logrou Professor Polvo, como O Dilemas das Redes, As Mortes de Dick Johnson, Bem-vindo à Chechênia e Boys State, agora podem ser agraciados com esse outro troféu dourado. 

Na lista de 2021, marcam presença os filmes musicais Tina, Billie Eilish: The World’s A Little Blurry, David Byrne’s American Utopia e The Bee Gees: How Can You Mend A Broken Heart, além do histórico Tulsa Burning: The 1921 Race Massacre. No formato seriado, Allen contra Farrow fez barulho, Faz de Conta que NY é uma Cidade nos agraciou com afeto e Framing Britney Spears ressoou no mundo real. 

No maior prêmio da noite, 8 dramas batalham pelo reconhecimento sem a sombra de Succession. O suprassumo da quarta temporada de The Crown pode, finalmente, colocar um Emmy de Melhor Série na estante da Netflix. Aliás, o amor pela chegada da Lady Di e da Dama de Ferro emplacou a produção à frente em todas as seis categorias de atuação, além de Roteiro e Direção. Ano passado, Schitt’s Creek provou que é muito possível um único nome clamar todos os troféus do gênero. Será que a criação de Peter Morgan repetirá esse legado?

Na cola da família real, a segunda temporada de The Mandalorian continua o fenômeno nerd, envelopado numa trama de faroeste espacial e ainda conta com a fofura de Grogu, o nome do batismo do nosso filhinho Baby Yoda. O ano 2 da série do Disney+ encheu de nomes as categorias de atuação, além de Roteiro e Direção, mas a ausência de Pedro Pascal em Ator Principal é mais uma vez sentida. Outro nome popular da disputa é The Handmaid’s Tale, que depois de um ano fraco, renasce poderosa.

Com 10 nomeações apenas para o elenco, a quarta temporada trouxe novo ar aos pulmões calejados da trama de June, que sai de Gilead e começa, lentamente, é claro, a tocar o terror. This Is Us, única representante da TV aberta na disputa, bateu ponto, mas sem chance alguma de sair coroada. Bridgerton performou aquém do esperado, e além de aparecer em Série e Direção, iluminou o boa pinta Regé-Jean Page na categoria principal. 

The Boys, por outro lado, surpreendeu com a lembrança em Série e Roteiro, mas que falta faz o nominho de Anthony Starr entre os Melhores Atores de 2021. Quem marca presença lá é o lendário Billy Porter, que busca finalizar seu ciclo em Pose repetindo a vitória do ano inicial. Por falar em Pose, o terceiro ano fez história colocando Mj Rodriguez na briga de Atriz, tornando a querida Blanca Evangelista a primeira pessoa trans indicada em uma categoria de atuação principal.

Para fechar a lista das 8 melhores, temos Lovecraft Country. Criada por Misha Green, a original HBO foi cancelada logo antes do Emmy anunciar suas 18 nomeações. Além de aparecer em disputas principais de Série, Ator, Atriz e Atriz Coadjuvante, a série nomeou o eterno Michael K. Williams como Melhor Ator Coadjuvante, pelo visceral papel de Montrose. O ator, que já deu vida a personagens imortais mas nunca venceu um Emmy, foi encontrado morto no começo do mês, poucos dias antes da cerimônia. Antes de seu falecimento, Williams já era considerado favorito na disputa.

Os Especiais de Euphoria, impedidos de concorrer nas categorias grandes, abocanharam menções no Emmy Criativo (que esse ano acontece em 11 e 12 de setembro). Perry Mason conseguiu emplacar Matthew Rhys e John Lightown, ao passo que Ratched foi reconhecida por seu melhor atributo: a interpretação sobrenatural de Sophie Okonedo. The Umbrella Academy figurou em listas técnicas, In Treatment voltou após o hiato de uma década para dar o reconhecimento para Uzo Aduba em seu primeiro papel como protagonista, e a aparição de 90 segundos de Don Cheadle em Falcão e o Soldado Invernal foi o bastante para a Academia nomeá-lo como Convidado.

No campo dos Especiais de Variedades (Pré-Gravados), temos 3 destaques. Friends: The Reunion, aguardado reencontro do elenco da maior Comédia da TV, indicou Courteney Cox ao Emmy pela primeira vez. Dos 6 amigos, Monica era a única deixada ao relento pela Academia, sem qualquer menção nos dez anos de rodagem da sitcom. Bo Burnham: Inside coroou seu criador em todas as áreas imagináveis, desde o roteiro até as criações sonoras e musicais. 

Hamilton, musical gravado do Disney+, apareceu em tudo onde teve direito: foram reconhecidos o trabalho estonteante de Lin-Manuel Miranda e a entrega feroz de Leslie Odom, Jr., além da verdade impressa por Philippa Soo e o fogo dos olhos e da voz de Renée Elise Goldsberry, o jeito canastrão de Jonathan Groff, o ar despojado de Daveed Diggs e a inocência descomunal de Anthony Ramos. Todos eles, aliás, concorrem nas categorias de Série Limitada ou Antologia ou Telefilme. Hamilton, entretanto, é caracterizado como um Especial de Variedades. 

O ponto dos Telefilmes também cai em uma regra de disputa com o Oscar. Aqui, se a obra foi sequer considerada para nomeação em Cinema, ela automaticamente está fora da disputa da TV. 2021 se provou uma safra fraca para a categoria que premiou o volumoso Má Educação ano passado. Agora, o prêmio ficará entre o romântico O Amor de Sylvie, o sincero Tio Frank, o necessário Robin Roberts Presents: Mahalia, o burocrático Oslo e o bem-aventurado Natal com Dolly Parton.

Sem o nome de Minissérie no título, a disputa de Série Limitada ou Antologia é mais acirrada do Emmy 2021. WandaVision é a campeã de nomeações, mas suas chances de vitória podem ser eclipsadas pelo caráter super-heróico da produção, que lida com pontos importantes de saúde mental, como luto e depressão, ao mesmo tempo em que homenageia a TV como gênero e formato. Tudo isso encapsulado na fórmula Marvel e com o confeito da atuação mirabolante de Kathryn Hahn no papel da vizinha enxerida/vilã formidável.

Campeã dos prêmios de inverno, O Gambito da Rainha alcançou a façanha de ser reconhecida em todas as Guildas e Sindicatos da indústria, mas a estreia lá no fim de 2020 parece distante demais para os louros da Academia, seu passo final antes de encerrar as atividades e depois de vencer o Globo de Ouro, o Critics Choice Awards e o SAG. Outro nome importante do ano é I May Destroy You, que rendeu 4 merecidas nomeações para sua estrela máxima, Michaela Coel, além de lembrar, ainda bem, da performance irretocável de Paapa Essiedu, como Ator Coadjuvante.

The Underground Railroad, estreia de Barry Jenkins na TV, performou abaixo do merecido, lembrado apenas em categorias técnicas, em Série e em Direção. A esnobada de Thuso Mbedu nunca será perdoada, Academia! Enquanto a produção do Amazon Prime Video sofre como a única sem indicações de atuação, Mare of Easttown fecha a lista que batalha pelo disputado prêmio de Série Limitada, entregue à incomparável Watchmen em 2020. Protagonizada por uma faminta por aclamação Kate Winslet, a trama investigativa cresce para além de seu molde detetivesco, dando a seu elenco momentos dignos e que ficarão marcados para suas carreiras: Jean Smart, Evan Peters, Guy Pearce, Angourie Rice e, em especial, Julianne Nicholson, todos arrasam nesse time de estrelas.

Fora da lista principal, se destacam a atuação de Ewan McGregor em Halston e a de Cynthia Erivo em Genius: Aretha. O tato inimitável artístico de Steve McQueen em Small Axe foi completamente ignorado, assim como a destreza de Ethan Hawke, que estrelou, escreveu e produziu The Good Lord Bird, tudo para ser deixado de fora da categoria de Melhor Ator, essa que nomeou o trabalho libertino de Hugh Grant em The Undoing. Protagonista de edições passadas, Fargo ficou limitada à disputas técnicas, e A Maldição da Mansão Bly foi nomeada como uma das melhores edições de som do ano.

Ufa! A lista é gigantesca e o nível de qualidade do conteúdo do Persona é maior ainda. Na extensa e complexa cobertura do Emmy 2021, esse compilado dos indicados à premiação coroa um trabalho de pesquisa e informação, mas não para por aqui. A diversidade na lista do prêmio da Academia deve ser celebrada e espalhada, assim como os incríveis nomeados da edição. Para mergulhar de vez, é só rolar a página e ler o que a Editoria e os Colaboradores destacaram nesta temporada de premiações.

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Cineclube Persona – Agosto de 2021

Destaques de Agosto de 2021: Falecimento de Tarcísio Meira, Gossip Girl, O Esquadrão Suicida e The Green Knight (Foto: Reprodução/Arte: Larissa Vieira/Texto de Abertura: Gabriel Gatti)

Agosto passou voando, mas ainda assim trouxe grandes marcos para esse ano. As Paraolimpíadas, que se iniciaram no final do mês, levaram um holofote para atletas incríveis que trouxeram várias medalhas para o Brasil. Além disso, os preparativos para o Emmy 2021 continuam a todo o vapor, com a cobertura do Persona rolando aqui no site e nas redes sociais. Também neste mês, sentimos a morte do ator Tarcísio Meira e de Paulo José, duas perdas enormes para a teledramaturgia. Entre esses acontecimentos, diversos filmes e séries foram lançados e o Cineclube Persona se reúne para comentar o que saiu de melhor e pior no mês de Agosto de 2021

O oitavo mês do ano se destacou com o lançamento de cinebiografias. Respect é um longa que retrata a história da cantora Aretha Franklin e já aponta  uma possibilidade, mesmo que remota, de indicar Jennifer Hudson ao Oscar 2022 . Quem também ganhou um filme sobre sua vida foi o ator Val Kilmer, representado no longa Val, disponível no Amazon Prime Video. Ainda em agosto, o Globoplay revisitou a história do Brasil com a biografia Doutor Gama, narrando a história de Luiz Gama, um advogado negro que libertou mais de 500 escravos. Além disso, não faltou representatividade LGBT com os documentários Pray Away, produzido por Ryan Murphy, e Luana Muniz – Filha da Lua, sobre a travesti Rainha da Lapa, que o Persona assistiu com exclusividade antes do lançamento e ainda entrevistou os diretores.

Agosto proporcionou dramas para a Sétima Arte, como CODA, comédia dramática sobre uma adolescente ouvinte filha de adultos surdos, que ganhou o Festival de Sundance 2020 e agora está disponível na Apple TV+ nos EUA. Outra novidade deste mês é Stillwater, que teve sua estreia em Cannes e tem como diretor Tom McCarthy, vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original em 2016 por Spotlight. Além dos dramas, as animações também se destacaram. A Jornada de Vivo, por exemplo, disponível na Netflix, nos apresenta ao jupará apaixonado que viaja para entregar uma canção, contando com a participação do Lin-Manuel Miranda. Nesse mês, foram lançados alguns animes, como The Witcher: Lenda do Lobo, sobre um bruxo convencido a caçar criaturas por dinheiro, e Evangelion: 3.0+1.0 Thrice Upon a Time, quarto e último filme da série Rebuild of Evangelion, baseado no anime Neon Genesis Evangelion.

Mas nem só de dramas e biografias foi feito o mês. O Esquadrão Suicida, “continuação” do filme fracassado de 2016, agora conta com James Gunn na direção, dessa vez do lado da DC, depois de sua demissão pela Marvel por tweets antigos com pedofilia. Lisa Joy, uma das criadoras de Westworld, foi responsável pela direção de Reminiscence, que retrata um investigador particular da mente que ajuda seus clientes, até uma delas mudar sua vida. Esse mês ainda teve outros lançamentos, como A Nuvem e The Green Knight, baseado no romance Sir Gawain e o Cavaleiro Verde do século 14. O longa, produzido pela A24, foi protagonizado pelo ator Dev Patel e foi dirigido por David Lowery, responsável por A Ghost Story.

Agosto também teve espaço para as produções água com açúcar. O longa Ele é Demais (He’s All That), sobre a transformação de um menino desengonçado no rei do baile, é uma nova versão do filme Ela é Demais, mas que traz os gêneros dos personagens invertidos. Os últimos trinta dias  ainda foram o palco do fim da trilogia de Joey King e Jacob Elordi, A Barraca do Beijo 3, que encerrou sua trama com Elle se preparando para fazer tudo que ainda deseja antes de ir para a faculdade.

O lançamento de Você Nunca Esteve Sozinha, série original do Globoplay, conta a vida da Juliette antes e após vencer o BBB. Ainda aqui na América Latina, foi lançada também Todo va a estar bien (Everything Will Be Fine), uma comédia com o Diego Luna. Na falta de Killing Eve, Sandra Oh assume o comando de The Chair, produzida pela Netflix. Seguindo pelas comédias dramáticas, Kevin Can F**k Himself, original da AMC e distribuído pelo Amazon Prime Video, é o primeiro trabalho da Annie Murphy depois de vencer o Emmy por Schitt’s Creek, em 2020. 

Outra sitcom de agosto foi Grace & Frankie, com a Netflix lançando como degustação quatro episódios da sétima e última temporada, que só chegará na íntegra em 2022. A Apple TV+, por sua vez, se destacou esse mês no humor com Schmigadoon!, uma sátira musical, e Physical, com Rose Byrne. Numa dobradinha entre Nota Musical e Cineclube, Selena Gomez aparece por aqui protagonizando Only Murders in the Building,  ao lado de Steve Martin e Martin Short. A série do Hulu lançou seus primeiros episódios em Agosto, mas só aparecerá na íntegra aqui no Persona quando acabar sua exibição, nos próximos meses.

Já mais voltado para o público adolescente, acompanhamos  o lançamento de Cruel Summer no Amazon Prime Video, e o fim da primeira parte da nova Gossip Girl, com protagonistas da Geração Z no HBO Max. Como uma campanha para o Emmy 2021, o Hulu lançou o episódio Pen15 Animated Special, que faz parte da segunda temporada da série. Outra série animada deste mês é Divirta-se em Casa com o Pateta, formada por curtas com o personagem da Turma do Mickey disponível no Disney+. Em agosto, a nostalgia do revival de iCarly, sem a Sam, chegou ao fim da sua primeira temporada.

O terror também teve espaço nesse mês, com a série da Netflix Brand New Cherry Flavor, que mistura Cinema, sexo e horror, com o pragonismo da Rosa Salazar, e com o fim de American Horror Stories, um spin-off de AHS com uma história diferente a cada episódio. Outra antologia de agosto é a segunda temporada de Modern Love, disponível no Amazon Prime Video, que conta com Kit Harington, de Game of Thrones, e Anna Paquin, vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, em 1994. 

Um dos maiores destaques do mês é a primeira temporada de The White Lotus, nova produção da HBO que mostra a rotina de um resort no Havaí, com o abuso dos funcionários por parte dos hóspedes ricos e com uma morte suspeita. E falando em riqueza, a Netflix estreou a série Cozinhando com Paris, em que a socialite traz seus convidados para jantar, como a Kim Kardashian.

Caminhando por diversos gêneros e streamings, o Persona segue isolado em casa e apresenta as novidades audiovisuais do mês de agosto. Entre  algumas produções muito bem feitas e outras nem tanto, a Editoria e os Colaboradores comentam de tudo um pouco do que acabou de sair do forno do Cinema e da TV no oitavo mês de 2021.

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Colônia: a tocante releitura de Holocausto Brasileiro

Cena da série Colônia. Na imagem aparecem os personagens Gilberto e Eliza centralizados entre outras duas figuras que estão desfocadas nos cantos. Todos usam a camisola cinza do hospício e tem aparência cansada, a imagem está em preto e branco.
Colônia foi lançada no dia 25 de junho e está disponível na plataforma Globoplay (Foto: Globoplay)

Jamily Rigonatto

Livremente inspirada no livro-reportagem Holocausto Brasileiro de Daniela Arbex, Colônia é a nova aposta do Canal Brasil. A série produzida e dirigida por André Ristum é um retrato sensível sobre o hospício em Barbacena, Minas Gerais, que vitimou mais de 60 mil pessoas no último século. Dividida em 10 episódios, a produção explora personagens ficcionais que reconstroem o horror vivido pelos internos do maior manicômio do país.

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Framing Britney Spears: A Vida de uma Estrela provoca comoção e revolta pela princesa do pop

Foto de fãs de Britney Spears. Eles vestem moletons pretos com um desenho dela e o nome do movimento: Free Britney. Os fãs também seguram cartazes rosas com fotos da cantora branca e loira, além de mensagens de apoio como: Britney Spears é um ser humano.
Manifestação de fãs pelo movimento #FreeBritney, tema central do documentário que concorre ao Emmy 2021 como Melhor Montagem em Programa de Não-Ficção, com os montadores Geoff O’Brien e Pierre Takal (Foto: Chris Pizzello/AP)

Nathalia Tetzner

Se a Indústria do Entretenimento ainda é um ambiente de extrema misoginia para as mulheres, imagine para uma jovem cantora em ascensão na era das boybands no final dos anos 90. Essa é a reflexão que o documentário Framing Britney Spears: A Vida de uma Estrela propõe sobre a carreira marcada por sucessos e turbulências da princesa do pop. Aqui narrada por fontes diversas como: amigos próximos, editores culturais, paparazzi, advogados e fãs. A proposta assinada pela diretora Samantha Stark tenta explicar para o público o movimento #FreeBritney (#LiberteABritney), inicialmente eclodido entre os seguidores da artista e que passou a ganhar notoriedade pela mídia.

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Bussundismo: a filosofia criada por quem realmente aproveitou a vida 

A imagem mostra Bussunda com a camisa amarela (principal) da Seleção. Bussunda está em um campo de futebol. Ele é um homem branco, gordo, careca, sorridente e faz um gesto de “paz e amor” com as duas mãos. Bussunda preenche quase toda a imagem, porém é possível observar que atrás dele há outros homens com a camisa da Seleção Brasileira.
A caricata imitação de Ronaldo Fenômeno era o grande trunfo de Bussunda: o artista imitou o camisa 9 da Seleção com tanta maestria que mesmo quem não ligasse para futebol era incapaz de o levar a sério (Foto: Globoplay)

Gabriel Gomes Santana

Meu Amigo Bussunda chega ao catálogo do Globoplay provocando um mix de emoções no espectador, na mesma sintonia da música Não Aprendi Dizer Adeus. Composta por quatro episódios, esta minissérie documental resgata depoimentos, vídeos, fotos e trabalhos exclusivos da vida do icônico humorista brasileiro que nos deixou cedo: Cláudio Besserman Vianna, o Bussunda.

O documentário nada mais é do que um mergulho na vida pessoal do artista, referência máxima para muitos comediantes no jeito de se fazer humor para a televisão. Conduzido por Cláudio Manoel, parceiro de longa data de Bussunda, Júlia Besserman (filha de Vianna) e Micael Langer, o roteiro mais parece uma grande roda de amigos que se juntam em um domingo para dar boas risadas com memórias marcantes sobre a vida de um colega que se foi. A obra é uma homenagem do melhor amigo e de uma filha que viram em Bussunda muito mais que um gordinho divertido. Ele era uma pessoa apaixonante em vários aspectos. 

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Cineclube Persona – Junho de 2021

Destaques de Junho de 2021: 2ª temporada de Legendary, o fim de Pose, Luca e Manhãs de Setembro (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Caroline Campos e Vitor Evangelista)

Já estamos cansados de reclamar da situação do país em meio a esse turbilhão de confusões, esquemas e agressões vindas da politicagem brasileira. Será que a Arte ainda é capaz de nos fazer esquecer de toda essa bagunça no mundo exterior? Ou é ela que nos mantém sãos? Bem, não há resposta certa para isso. Junho chegou, Junho foi embora e a leva de filmes e séries que marcaram a metade do ano não poderia ter sido mais diferente uma da outra.

No mundo cinematográfico, onde alguns poucos irresponsáveis arriscam ir aos cinemas, as produções foram escassas e não muito chamativas. Os apaixonados pelo medo e pelo horror ganharam de presente duas bombas: Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio não é um fracasso completo, mas abala o ânimo dos fãs da franquia com uma trama fraca e pouco impressionante. Por outro lado, para quem pensava que não poderia ser pior, Espiral: O Legado de Jogos Mortais se esforçou para entregar um dos piores filmes da saga de Jigsaw. Não foi dessa vez que o deus da carga dramática te abençoou, Chris Rock.

Os streamings, pelo menos, nos garantiram um pouco mais de diversão. A nova animação do Disney+ pode ter uma narrativa marcada pela simplicidade, mas não falha em emocionar o espectador com a sua fofura. Estamos falando de Luca, que conta com os dois monstros marinhos mais carismáticos desde o peixão apaixonado de A Forma da Água, lá em 2017. Pelas mãos da dona Netlfix, Carnaval foi lançado e conseguiu o feito de nos fazer fechar a cara só de ouvir o nome da melhor festa do ano. Mesmo assim, nessa altura do campeonato, dá vontade de pular um bloquinho, não é?

Lin-Manuel Miranda emplacou mais um hit e trouxe os musicais de volta ao cinemas com Em um Bairro de Nova York, que encantou a crítica com suas coreografias e o protagonismo de Anthony Ramos – não, não é o ator da Globo. No entanto, faltou tato por parte da produção do filme, que foi duramente criticada pela falta de representação entre o elenco principal de afro-latinos no bairro de Washington Heights. Apesar de Miranda se pronunciar “verdadeiramente arrependido”, o resto dos envolvidos protagonizou um show de horrores ao comentar a polêmica. Complicado, Rita Moreno.

Na parte da TV, o cenário foi mais positivo. No Brasil, O Caso Evandro chocou tanto que até ganhou episódios extras, com informações importantíssimas que só foram descobertas pela repercussão do documentário. Colônia, original do Canal Brasil, ganhou casa no Globoplay, dando voz e rostos aos temas do livro Holocausto Brasileiro, de Daniela Arbex.

O Amazon Prime Video finalmente investiu nas produções nacionais, entregando DOM e Manhãs de Setembro. A primeira leva a periferia e o tráfico em discussões que perpassam temas sociais, enquanto a segunda finalmente dá a Liniker um papel de atuação. A artista canta e encanta, se firmando como um símbolo de poder e resistência nesse Mês do Orgulho.

Fora do radar nacional, We Are Lady Parts inovou as típicas narrativas musicais que estamos acostumados, Grey’s Anatomy finalizou seu 17º ano na união da ficção de Meredith com a pandemia do mundo real e RuPaul’s Drag Race Down Under se provou a pior temporada do reality de competição de drag queens. Original do Hulu, mas com exibição do Paramount+ no Brasil, The Handmaid’s Tale finalmente entregou um ótimo capítulo neste livro de sofrimentos que é a vida de June.

A Netflix continuou Lupin e nos deu uma overdose de Elite. Além da estreia do quarto ano da sacanagem espanhola do Ensino Médio, fomos agraciados com curtas especiais, que não agregaram muito, mas foram agradáveis de acompanhar. O HBO Max aterrissou por aqui e duas de suas melhores produções acabaram em Junho: Hacks coroa o talento inestimável de Jean Smart na comédia e Legendary continua na construção de seu maravilhoso império. É sério, vejam Legendary.

O Mês do Orgulho coloriu a arte desse Cineclube de Junho, com o azul-claro da bandeira trans se prostrando como resistência. Uma das melhores séries da história, Pose, deu um tristonho tchau, através de uma terceira temporada cautelosa, calorosa e cheia de paixão. Para além de ser ‘apenas’ a produção com o maior elenco trans da história da TV, a obra-prima do FX se livrou das amarras narrativas que uma história LGBT pode se colocar, dando suficiente material para que MJ Rodriguez, Dominique Jackson, Indya Moore, Billy Porter e cia cravem seus nomes para a eternidade.

O Persona fecha o primeiro semestre com um Cineclube mais modesto que o habitual (é que o frio de Junho congelou até a gente). A conclusão do Mês do Orgulho não deixa dúvidas: o nosso papel, como espectadores e divulgadores de conteúdo, é o de prestigiar, aclamar, indicar e celebrar essas joias raras. Agora, é só chegar junto da Editoria e dos Colaboradores para conferir tudo o que falamos sobre o Cinema e a TV no sexto mês de 2021.

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O Caso Evandro é um marco na narrativa de crimes reais brasileiros

Aviso: o texto a seguir apresenta conteúdo descritivo de violência, podendo servir de gatilho para alguns leitores.

Cena da série documental O Caso Evandro. A imagem mostra um portão verde de madeira aberto, ao lado de uma parede pintada metade branca e metade verde, com uma faixa azul. Saindo pela porta está um menino branco, loiro, de costas, com um short estampado e uma camisa azul clara, segurando um molho de chaves. À sua frente está uma rua, com uma casa alaranjada e um muro baixo branco, notam-se algumas árvores ao fundo desta casa.
O caso do desaparecimento do menino Evandro Ramos Caetano é objeto de investigação na nova série original Globoplay (Foto: Globoplay)

Ma Ferreira

Em abril de 1992, na cidade de Guaratuba, no Paraná, desapareceu o menino Evandro Ramos Caetano de apenas 6 anos. Na última vez que ele foi visto, disse que buscaria seu mini game em casa e voltaria para a escola onde a mãe trabalhava, mas nunca mais voltou. Dias depois, alguns lenhadores encontram seu corpo em um matagal. O cadáver estava sem o couro cabeludo, sem as mãos e os dedos dos pés, com o ventre aberto, sem as vísceras e em avançado processo de decomposição.

Após esse bárbaro crime é que se desenvolve a trama apresentada na nova série original do Globoplay, O Caso Evandro. A narrativa é cheia de reviravoltas, infortúnios e grandes erros que foram cometidos na investigação do que foi o mais longo julgamento nacional. Com um clima de conspiração e mistério, somos convidados a participar de uma viagem no tempo para entender o pensamento da época de ocorrência do assassinato e como as informações eram apresentadas na investigação e na mídia.

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A Vida Depois do Tombo é precoce e pouco convincente

Cena do documentário A vida depois do tombo. Na imagem, Karol Conká está centralizada de perfil da altura do ombro para cima. Ao fundo, um telão com imagens desfocadas da também participante do Big Brother Brasil, Lumena Aleluia. Karol usa um blusão com tecido sintético cinza. O seu cabelo é crespo, num corte moicano e com tranças formando um rabo de cavalo.
Ninguém pediu e ninguém acreditou, mas a jogada da produção do documentário foi genial pois todos consumiram (Foto: Globoplay)

Giovanne Ramos

Não vou me prolongar falando da jornada – uso não intencional da palavra – e atitudes em detalhes da rapper Karol Conká durante a sua estadia relâmpago no Big Brother Brasil 21. Mesmo ficando apenas 4 semanas na casa mais vigiada do Brasil, a Mamacita ditou a dinâmica do programa, colocou em destaque personagens da edição e saiu sendo a segunda figura mais odiada do Brasil, título ainda segurado por governantes milicianos, eu espero. Mas o fato é que uma legião sedenta querendo o sangue da mulher preta guardava uma certa expectativa em saber o pós-confinamento de Karol, e isso foi alimentado com o documentário, que na minha humilde opinião, é precoce demais.

O título, quase satírico, A Vida Depois do Tombo foi lançado pelo Globoplay no dia 29 de abril, mas desde a sua primeira prévia, já deu o que falar. O ressentimento do Brasil ainda estava recente quando o documentário, feito às pressas, foi anunciado. A população nacional não estava preparada para uma narrativa redentora de Karol, na verdade não a queria. A posição de criticar seus atos reproduzidos em rede nacional, ameaçar sua família (que não possui culpa alguma), e regozijar do que parecia o declínio da intérprete da canção Tombei, era muito mais confortável.

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1 Contra Todos explora a redenção dos homens bons

Pôster da série 1 Contra Todos. A imagem exibe o protagonista da série, Cadu, em um fundo com tons de preto e cinza. Ele veste uma camisa preta, com calça jeans azul e cinto preto. Ao lado de Cadu, um letreiro em letras garrafais com o nome da série 1 Contra Todos (branco).
Até que ponto uma mentira se torna sobrevivência? Em 1 Contra Todos mentir acaba sendo um ato legítimo, mas que não é isento de consequências (Foto: Fox Studios)

Gabriel Gomes Santana

Coprodução de Gustavo Lipsztein, Breno Silveira e Thomas Stravos, a série 1 Contra Todos está disponível no Globoplay com suas 4 temporadas completas. Ela retrata a vida de Cadu, um homem intrinsecamente honesto, mas com uma dificuldade tremenda de se impor frente às ameaças que o cercam. Indicada por dois anos consecutivos ao Emmy Internacional nas categorias de Melhor Série Dramática e Melhor Ator para Júlio Andrade (intérprete de Cadu), a trama explora conflitos de valores morais e éticos, expondo a linha tênue entre honestidade e corrupção.

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Big Brother Brasil 21: o melhor e o pior que um reality tem a oferecer

Cena do Big Brother Brasil 21. Os participantes Juliette e Gil estão se abraçando na Academia. Ambos estão com expressão de choro.
Não tinha para mais ninguém: eles foram os maiores (Foto: Rede Globo)

Jho Brunhara

Dizem as línguas que o entretenimento é uma subcategoria da cultura. Que reality show é a maior porcaria que a TV pode transmitir. Será mesmo? Em anos como 2020 e 2021, que fomos forçados a ficar trancados em casa, assistir um bando de subcelebridades, famosos e desconhecidos conviverem com todas as glórias e percalços da índole humana preencheu nosso tempo ocioso e nos devolveu um pouco do sentido de viver.

E é disso que se alimentam os realities: ninguém assiste mais pelos corpos sarados e os casais claramente calculados, muito menos esperando mentes brilhantes e evolução espiritual. Guillermo del Toro já disse sobre os monstros, eles são fascinantes e identificáveis pois não tem a obrigação de serem perfeitos. E é por esse mesmo motivo que assistimos os BBBs e Fazendas da vida, porque podemos transformar humanos reais em nossas próprias personagens. 

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