Cineclube Persona – Agosto de 2021

Destaques de Agosto de 2021: Falecimento de Tarcísio Meira, Gossip Girl, O Esquadrão Suicida e The Green Knight (Foto: Reprodução/Arte: Larissa Vieira/Texto de Abertura: Gabriel Gatti)

Agosto passou voando, mas ainda assim trouxe grandes marcos para esse ano. As Paraolimpíadas, que se iniciaram no final do mês, levaram um holofote para atletas incríveis que trouxeram várias medalhas para o Brasil. Além disso, os preparativos para o Emmy 2021 continuam a todo o vapor, com a cobertura do Persona rolando aqui no site e nas redes sociais. Também neste mês, sentimos a morte do ator Tarcísio Meira e de Paulo José, duas perdas enormes para a teledramaturgia. Entre esses acontecimentos, diversos filmes e séries foram lançados e o Cineclube Persona se reúne para comentar o que saiu de melhor e pior no mês de Agosto de 2021

O oitavo mês do ano se destacou com o lançamento de cinebiografias. Respect é um longa que retrata a história da cantora Aretha Franklin e já aponta  uma possibilidade, mesmo que remota, de indicar Jennifer Hudson ao Oscar 2022 . Quem também ganhou um filme sobre sua vida foi o ator Val Kilmer, representado no longa Val, disponível no Amazon Prime Video. Ainda em agosto, o Globoplay revisitou a história do Brasil com a biografia Doutor Gama, narrando a história de Luiz Gama, um advogado negro que libertou mais de 500 escravos. Além disso, não faltou representatividade LGBT com os documentários Pray Away, produzido por Ryan Murphy, e Luana Muniz – Filha da Lua, sobre a travesti Rainha da Lapa, que o Persona assistiu com exclusividade antes do lançamento e ainda entrevistou os diretores.

Agosto proporcionou dramas para a Sétima Arte, como CODA, comédia dramática sobre uma adolescente ouvinte filha de adultos surdos, que ganhou o Festival de Sundance 2020 e agora está disponível na Apple TV+ nos EUA. Outra novidade deste mês é Stillwater, que teve sua estreia em Cannes e tem como diretor Tom McCarthy, vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original em 2016 por Spotlight. Além dos dramas, as animações também se destacaram. A Jornada de Vivo, por exemplo, disponível na Netflix, nos apresenta ao jupará apaixonado que viaja para entregar uma canção, contando com a participação do Lin-Manuel Miranda. Nesse mês, foram lançados alguns animes, como The Witcher: Lenda do Lobo, sobre um bruxo convencido a caçar criaturas por dinheiro, e Evangelion: 3.0+1.0 Thrice Upon a Time, quarto e último filme da série Rebuild of Evangelion, baseado no anime Neon Genesis Evangelion.

Mas nem só de dramas e biografias foi feito o mês. O Esquadrão Suicida, “continuação” do filme fracassado de 2016, agora conta com James Gunn na direção, dessa vez do lado da DC, depois de sua demissão pela Marvel por tweets antigos com pedofilia. Lisa Joy, uma das criadoras de Westworld, foi responsável pela direção de Reminiscence, que retrata um investigador particular da mente que ajuda seus clientes, até uma delas mudar sua vida. Esse mês ainda teve outros lançamentos, como A Nuvem e The Green Knight, baseado no romance Sir Gawain e o Cavaleiro Verde do século 14. O longa, produzido pela A24, foi protagonizado pelo ator Dev Patel e foi dirigido por David Lowery, responsável por A Ghost Story.

Agosto também teve espaço para as produções água com açúcar. O longa Ele é Demais (He’s All That), sobre a transformação de um menino desengonçado no rei do baile, é uma nova versão do filme Ela é Demais, mas que traz os gêneros dos personagens invertidos. Os últimos trinta dias  ainda foram o palco do fim da trilogia de Joey King e Jacob Elordi, A Barraca do Beijo 3, que encerrou sua trama com Elle se preparando para fazer tudo que ainda deseja antes de ir para a faculdade.

O lançamento de Você Nunca Esteve Sozinha, série original do Globoplay, conta a vida da Juliette antes e após vencer o BBB. Ainda aqui na América Latina, foi lançada também Todo va a estar bien (Everything Will Be Fine), uma comédia com o Diego Luna. Na falta de Killing Eve, Sandra Oh assume o comando de The Chair, produzida pela Netflix. Seguindo pelas comédias dramáticas, Kevin Can F**k Himself, original da AMC e distribuído pelo Amazon Prime Video, é o primeiro trabalho da Annie Murphy depois de vencer o Emmy por Schitt’s Creek, em 2020. 

Outra sitcom de agosto foi Grace & Frankie, com a Netflix lançando como degustação quatro episódios da sétima e última temporada, que só chegará na íntegra em 2022. A Apple TV+, por sua vez, se destacou esse mês no humor com Schmigadoon!, uma sátira musical, e Physical, com Rose Byrne. Numa dobradinha entre Nota Musical e Cineclube, Selena Gomez aparece por aqui protagonizando Only Murders in the Building,  ao lado de Steve Martin e Martin Short. A série do Hulu lançou seus primeiros episódios em Agosto, mas só aparecerá na íntegra aqui no Persona quando acabar sua exibição, nos próximos meses.

Já mais voltado para o público adolescente, acompanhamos  o lançamento de Cruel Summer no Amazon Prime Video, e o fim da primeira parte da nova Gossip Girl, com protagonistas da Geração Z no HBO Max. Como uma campanha para o Emmy 2021, o Hulu lançou o episódio Pen15 Animated Special, que faz parte da segunda temporada da série. Outra série animada deste mês é Divirta-se em Casa com o Pateta, formada por curtas com o personagem da Turma do Mickey disponível no Disney+. Em agosto, a nostalgia do revival de iCarly, sem a Sam, chegou ao fim da sua primeira temporada.

O terror também teve espaço nesse mês, com a série da Netflix Brand New Cherry Flavor, que mistura Cinema, sexo e horror, com o pragonismo da Rosa Salazar, e com o fim de American Horror Stories, um spin-off de AHS com uma história diferente a cada episódio. Outra antologia de agosto é a segunda temporada de Modern Love, disponível no Amazon Prime Video, que conta com Kit Harington, de Game of Thrones, e Anna Paquin, vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, em 1994. 

Um dos maiores destaques do mês é a primeira temporada de The White Lotus, nova produção da HBO que mostra a rotina de um resort no Havaí, com o abuso dos funcionários por parte dos hóspedes ricos e com uma morte suspeita. E falando em riqueza, a Netflix estreou a série Cozinhando com Paris, em que a socialite traz seus convidados para jantar, como a Kim Kardashian.

Caminhando por diversos gêneros e streamings, o Persona segue isolado em casa e apresenta as novidades audiovisuais do mês de agosto. Entre  algumas produções muito bem feitas e outras nem tanto, a Editoria e os Colaboradores comentam de tudo um pouco do que acabou de sair do forno do Cinema e da TV no oitavo mês de 2021.

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Colônia: a tocante releitura de Holocausto Brasileiro

Cena da série Colônia. Na imagem aparecem os personagens Gilberto e Eliza centralizados entre outras duas figuras que estão desfocadas nos cantos. Todos usam a camisola cinza do hospício e tem aparência cansada, a imagem está em preto e branco.
Colônia foi lançada no dia 25 de junho e está disponível na plataforma Globoplay (Foto: Globoplay)

Jamily Rigonatto

Livremente inspirada no livro-reportagem Holocausto Brasileiro de Daniela Arbex, Colônia é a nova aposta do Canal Brasil. A série produzida e dirigida por André Ristum é um retrato sensível sobre o hospício em Barbacena, Minas Gerais, que vitimou mais de 60 mil pessoas no último século. Dividida em 10 episódios, a produção explora personagens ficcionais que reconstroem o horror vivido pelos internos do maior manicômio do país.

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Framing Britney Spears: A Vida de uma Estrela provoca comoção e revolta pela princesa do pop

Foto de fãs de Britney Spears. Eles vestem moletons pretos com um desenho dela e o nome do movimento: Free Britney. Os fãs também seguram cartazes rosas com fotos da cantora branca e loira, além de mensagens de apoio como: Britney Spears é um ser humano.
Manifestação de fãs pelo movimento #FreeBritney, tema central do documentário que concorre ao Emmy 2021 como Melhor Montagem em Programa de Não-Ficção, com os montadores Geoff O’Brien e Pierre Takal (Foto: Chris Pizzello/AP)

Nathalia Tetzner

Se a Indústria do Entretenimento ainda é um ambiente de extrema misoginia para as mulheres, imagine para uma jovem cantora em ascensão na era das boybands no final dos anos 90. Essa é a reflexão que o documentário Framing Britney Spears: A Vida de uma Estrela propõe sobre a carreira marcada por sucessos e turbulências da princesa do pop. Aqui narrada por fontes diversas como: amigos próximos, editores culturais, paparazzi, advogados e fãs. A proposta assinada pela diretora Samantha Stark tenta explicar para o público o movimento #FreeBritney (#LiberteABritney), inicialmente eclodido entre os seguidores da artista e que passou a ganhar notoriedade pela mídia.

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Bussundismo: a filosofia criada por quem realmente aproveitou a vida 

A imagem mostra Bussunda com a camisa amarela (principal) da Seleção. Bussunda está em um campo de futebol. Ele é um homem branco, gordo, careca, sorridente e faz um gesto de “paz e amor” com as duas mãos. Bussunda preenche quase toda a imagem, porém é possível observar que atrás dele há outros homens com a camisa da Seleção Brasileira.
A caricata imitação de Ronaldo Fenômeno era o grande trunfo de Bussunda: o artista imitou o camisa 9 da Seleção com tanta maestria que mesmo quem não ligasse para futebol era incapaz de o levar a sério (Foto: Globoplay)

Gabriel Gomes Santana

Meu Amigo Bussunda chega ao catálogo do Globoplay provocando um mix de emoções no espectador, na mesma sintonia da música Não Aprendi Dizer Adeus. Composta por quatro episódios, esta minissérie documental resgata depoimentos, vídeos, fotos e trabalhos exclusivos da vida do icônico humorista brasileiro que nos deixou cedo: Cláudio Besserman Vianna, o Bussunda.

O documentário nada mais é do que um mergulho na vida pessoal do artista, referência máxima para muitos comediantes no jeito de se fazer humor para a televisão. Conduzido por Cláudio Manoel, parceiro de longa data de Bussunda, Júlia Besserman (filha de Vianna) e Micael Langer, o roteiro mais parece uma grande roda de amigos que se juntam em um domingo para dar boas risadas com memórias marcantes sobre a vida de um colega que se foi. A obra é uma homenagem do melhor amigo e de uma filha que viram em Bussunda muito mais que um gordinho divertido. Ele era uma pessoa apaixonante em vários aspectos. 

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Cineclube Persona – Junho de 2021

Destaques de Junho de 2021: 2ª temporada de Legendary, o fim de Pose, Luca e Manhãs de Setembro (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Caroline Campos e Vitor Evangelista)

Já estamos cansados de reclamar da situação do país em meio a esse turbilhão de confusões, esquemas e agressões vindas da politicagem brasileira. Será que a Arte ainda é capaz de nos fazer esquecer de toda essa bagunça no mundo exterior? Ou é ela que nos mantém sãos? Bem, não há resposta certa para isso. Junho chegou, Junho foi embora e a leva de filmes e séries que marcaram a metade do ano não poderia ter sido mais diferente uma da outra.

No mundo cinematográfico, onde alguns poucos irresponsáveis arriscam ir aos cinemas, as produções foram escassas e não muito chamativas. Os apaixonados pelo medo e pelo horror ganharam de presente duas bombas: Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio não é um fracasso completo, mas abala o ânimo dos fãs da franquia com uma trama fraca e pouco impressionante. Por outro lado, para quem pensava que não poderia ser pior, Espiral: O Legado de Jogos Mortais se esforçou para entregar um dos piores filmes da saga de Jigsaw. Não foi dessa vez que o deus da carga dramática te abençoou, Chris Rock.

Os streamings, pelo menos, nos garantiram um pouco mais de diversão. A nova animação do Disney+ pode ter uma narrativa marcada pela simplicidade, mas não falha em emocionar o espectador com a sua fofura. Estamos falando de Luca, que conta com os dois monstros marinhos mais carismáticos desde o peixão apaixonado de A Forma da Água, lá em 2017. Pelas mãos da dona Netlfix, Carnaval foi lançado e conseguiu o feito de nos fazer fechar a cara só de ouvir o nome da melhor festa do ano. Mesmo assim, nessa altura do campeonato, dá vontade de pular um bloquinho, não é?

Lin-Manuel Miranda emplacou mais um hit e trouxe os musicais de volta ao cinemas com Em um Bairro de Nova York, que encantou a crítica com suas coreografias e o protagonismo de Anthony Ramos – não, não é o ator da Globo. No entanto, faltou tato por parte da produção do filme, que foi duramente criticada pela falta de representação entre o elenco principal de afro-latinos no bairro de Washington Heights. Apesar de Miranda se pronunciar “verdadeiramente arrependido”, o resto dos envolvidos protagonizou um show de horrores ao comentar a polêmica. Complicado, Rita Moreno.

Na parte da TV, o cenário foi mais positivo. No Brasil, O Caso Evandro chocou tanto que até ganhou episódios extras, com informações importantíssimas que só foram descobertas pela repercussão do documentário. Colônia, original do Canal Brasil, ganhou casa no Globoplay, dando voz e rostos aos temas do livro Holocausto Brasileiro, de Daniela Arbex.

O Amazon Prime Video finalmente investiu nas produções nacionais, entregando DOM e Manhãs de Setembro. A primeira leva a periferia e o tráfico em discussões que perpassam temas sociais, enquanto a segunda finalmente dá a Liniker um papel de atuação. A artista canta e encanta, se firmando como um símbolo de poder e resistência nesse Mês do Orgulho.

Fora do radar nacional, We Are Lady Parts inovou as típicas narrativas musicais que estamos acostumados, Grey’s Anatomy finalizou seu 17º ano na união da ficção de Meredith com a pandemia do mundo real e RuPaul’s Drag Race Down Under se provou a pior temporada do reality de competição de drag queens. Original do Hulu, mas com exibição do Paramount+ no Brasil, The Handmaid’s Tale finalmente entregou um ótimo capítulo neste livro de sofrimentos que é a vida de June.

A Netflix continuou Lupin e nos deu uma overdose de Elite. Além da estreia do quarto ano da sacanagem espanhola do Ensino Médio, fomos agraciados com curtas especiais, que não agregaram muito, mas foram agradáveis de acompanhar. O HBO Max aterrissou por aqui e duas de suas melhores produções acabaram em Junho: Hacks coroa o talento inestimável de Jean Smart na comédia e Legendary continua na construção de seu maravilhoso império. É sério, vejam Legendary.

O Mês do Orgulho coloriu a arte desse Cineclube de Junho, com o azul-claro da bandeira trans se prostrando como resistência. Uma das melhores séries da história, Pose, deu um tristonho tchau, através de uma terceira temporada cautelosa, calorosa e cheia de paixão. Para além de ser ‘apenas’ a produção com o maior elenco trans da história da TV, a obra-prima do FX se livrou das amarras narrativas que uma história LGBT pode se colocar, dando suficiente material para que MJ Rodriguez, Dominique Jackson, Indya Moore, Billy Porter e cia cravem seus nomes para a eternidade.

O Persona fecha o primeiro semestre com um Cineclube mais modesto que o habitual (é que o frio de Junho congelou até a gente). A conclusão do Mês do Orgulho não deixa dúvidas: o nosso papel, como espectadores e divulgadores de conteúdo, é o de prestigiar, aclamar, indicar e celebrar essas joias raras. Agora, é só chegar junto da Editoria e dos Colaboradores para conferir tudo o que falamos sobre o Cinema e a TV no sexto mês de 2021.

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O Caso Evandro é um marco na narrativa de crimes reais brasileiros

Aviso: o texto a seguir apresenta conteúdo descritivo de violência, podendo servir de gatilho para alguns leitores.

Cena da série documental O Caso Evandro. A imagem mostra um portão verde de madeira aberto, ao lado de uma parede pintada metade branca e metade verde, com uma faixa azul. Saindo pela porta está um menino branco, loiro, de costas, com um short estampado e uma camisa azul clara, segurando um molho de chaves. À sua frente está uma rua, com uma casa alaranjada e um muro baixo branco, notam-se algumas árvores ao fundo desta casa.
O caso do desaparecimento do menino Evandro Ramos Caetano é objeto de investigação na nova série original Globoplay (Foto: Globoplay)

Ma Ferreira

Em abril de 1992, na cidade de Guaratuba, no Paraná, desapareceu o menino Evandro Ramos Caetano de apenas 6 anos. Na última vez que ele foi visto, disse que buscaria seu mini game em casa e voltaria para a escola onde a mãe trabalhava, mas nunca mais voltou. Dias depois, alguns lenhadores encontram seu corpo em um matagal. O cadáver estava sem o couro cabeludo, sem as mãos e os dedos dos pés, com o ventre aberto, sem as vísceras e em avançado processo de decomposição.

Após esse bárbaro crime é que se desenvolve a trama apresentada na nova série original do Globoplay, O Caso Evandro. A narrativa é cheia de reviravoltas, infortúnios e grandes erros que foram cometidos na investigação do que foi o mais longo julgamento nacional. Com um clima de conspiração e mistério, somos convidados a participar de uma viagem no tempo para entender o pensamento da época de ocorrência do assassinato e como as informações eram apresentadas na investigação e na mídia.

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A Vida Depois do Tombo é precoce e pouco convincente

Cena do documentário A vida depois do tombo. Na imagem, Karol Conká está centralizada de perfil da altura do ombro para cima. Ao fundo, um telão com imagens desfocadas da também participante do Big Brother Brasil, Lumena Aleluia. Karol usa um blusão com tecido sintético cinza. O seu cabelo é crespo, num corte moicano e com tranças formando um rabo de cavalo.
Ninguém pediu e ninguém acreditou, mas a jogada da produção do documentário foi genial pois todos consumiram (Foto: Globoplay)

Giovanne Ramos

Não vou me prolongar falando da jornada – uso não intencional da palavra – e atitudes em detalhes da rapper Karol Conká durante a sua estadia relâmpago no Big Brother Brasil 21. Mesmo ficando apenas 4 semanas na casa mais vigiada do Brasil, a Mamacita ditou a dinâmica do programa, colocou em destaque personagens da edição e saiu sendo a segunda figura mais odiada do Brasil, título ainda segurado por governantes milicianos, eu espero. Mas o fato é que uma legião sedenta querendo o sangue da mulher preta guardava uma certa expectativa em saber o pós-confinamento de Karol, e isso foi alimentado com o documentário, que na minha humilde opinião, é precoce demais.

O título, quase satírico, A Vida Depois do Tombo foi lançado pelo Globoplay no dia 29 de abril, mas desde a sua primeira prévia, já deu o que falar. O ressentimento do Brasil ainda estava recente quando o documentário, feito às pressas, foi anunciado. A população nacional não estava preparada para uma narrativa redentora de Karol, na verdade não a queria. A posição de criticar seus atos reproduzidos em rede nacional, ameaçar sua família (que não possui culpa alguma), e regozijar do que parecia o declínio da intérprete da canção Tombei, era muito mais confortável.

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1 Contra Todos explora a redenção dos homens bons

Pôster da série 1 Contra Todos. A imagem exibe o protagonista da série, Cadu, em um fundo com tons de preto e cinza. Ele veste uma camisa preta, com calça jeans azul e cinto preto. Ao lado de Cadu, um letreiro em letras garrafais com o nome da série 1 Contra Todos (branco).
Até que ponto uma mentira se torna sobrevivência? Em 1 Contra Todos mentir acaba sendo um ato legítimo, mas que não é isento de consequências (Foto: Fox Studios)

Gabriel Gomes Santana

Coprodução de Gustavo Lipsztein, Breno Silveira e Thomas Stravos, a série 1 Contra Todos está disponível no Globoplay com suas 4 temporadas completas. Ela retrata a vida de Cadu, um homem intrinsecamente honesto, mas com uma dificuldade tremenda de se impor frente às ameaças que o cercam. Indicada por dois anos consecutivos ao Emmy Internacional nas categorias de Melhor Série Dramática e Melhor Ator para Júlio Andrade (intérprete de Cadu), a trama explora conflitos de valores morais e éticos, expondo a linha tênue entre honestidade e corrupção.

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Big Brother Brasil 21: o melhor e o pior que um reality tem a oferecer

Cena do Big Brother Brasil 21. Os participantes Juliette e Gil estão se abraçando na Academia. Ambos estão com expressão de choro.
Não tinha para mais ninguém: eles foram os maiores (Foto: Rede Globo)

Jho Brunhara

Dizem as línguas que o entretenimento é uma subcategoria da cultura. Que reality show é a maior porcaria que a TV pode transmitir. Será mesmo? Em anos como 2020 e 2021, que fomos forçados a ficar trancados em casa, assistir um bando de subcelebridades, famosos e desconhecidos conviverem com todas as glórias e percalços da índole humana preencheu nosso tempo ocioso e nos devolveu um pouco do sentido de viver.

E é disso que se alimentam os realities: ninguém assiste mais pelos corpos sarados e os casais claramente calculados, muito menos esperando mentes brilhantes e evolução espiritual. Guillermo del Toro já disse sobre os monstros, eles são fascinantes e identificáveis pois não tem a obrigação de serem perfeitos. E é por esse mesmo motivo que assistimos os BBBs e Fazendas da vida, porque podemos transformar humanos reais em nossas próprias personagens. 

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Cineclube Persona – Abril de 2021

Capa do Cineclube Abril. Nela, consta a frase "Cineclube Persona" em branco no canto superior esquerdo da imagem. Abaixo está um quadro verde com duas participantes da 13ª temporada de RuPaul's Drag Race. Ao lado, um quadro verde com o personagem Falcão da série Falcão e o Soldado Invernal, ele é um homem negro vestido com uma fantasia de super heroi com destalhes em azul, branco e vermelho. Ao lado no canto superior, um quadro verde com uma foto do filme Fuja, nela está presente uma mulher branca abraçando uma menina, a mulher, vivida por Sarah Paulson, possui pele clara e cabelos ruivos. Ao lado, no canto inferior direito, está um quadro verde na horizontal com uma foto da Telenovela Amor de Mãe. Em baixo, a seguinta frase: "Abril de 2021". No centro está também o logo do Persona, e o fundo da página contém um tom de roxo escuro.
Destaques de Abril de 2021: 13ª temporada de RuPaul’s Drag Race, Falcão e o Soldado Invernal, Amor de Mãe e Fuja (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Isabella Siqueira)

Ainda vivenciando a pandemia, Abril carregou nas costas a premiação mais falada do ano: o Oscar 2021. Entre as vitórias e perdas do evento estão a consagração justa de Chloé Zhao, primeira mulher asiática a vencer na categoria Melhor Direção, por Nomadland. Outros nomes que brilharam no mês foram os experientes Frances McDormand e Anthony Hopkins, este último venceu pela brilhante performance em Meu Pai. Mas, passada a euforia dos filmes indicados, vencedores ou não, é hora de falar dos lançamentos do cinema, da televisão e dos streamings.

A Netflix, como sempre, lotou o público de novas produções para acompanhar. No quesito terror, os longas Fuja e Vozes e Vultos merecem destaque. Falando em ficção científica, o streaming apostou no filme Passageiro Acidental. Rosamund Pike agora protagoniza o drama histórico Radioactive, vivendo dessa vez a cientista Marie Curie. Na categoria Séries, a plataforma apostou na adaptação literária Sombra e Ossos, e na produção documental O Maior Roubo de Arte de Todos os Tempos

No Amazon Prime Video, teve a comédia Breaking News In Yuba Count, composta por um elenco cheio de rostos conhecidos, e a produção animada Invencível, baseada na HQ homônima. Marcando não só o Disney+, Falcão e o Soldado Invernal veio para dar início a nova fase do Universo Marvel, junto também ao longa Mortal Kombat que comemora o icônico jogo de videogame na HBO Max. Entre as produções documentais estão: Chorão: Marginal Alado, que retrata a vida do cantor brasileiro membro da banda Charlie Brown Jr. e Demi Lovato: Dancing With The Devil, produção corajosa que marca a nova fase da cantora pop. 

Ainda fugindo do mundo dos streamings, Shiva Baby marca a estreia da roteirista e diretora Emma Seligman. Na televisão brasileira, mais uma eliminação do Big Brother Brasil deu o que falar, agora do cantor sertanejo Rodolffo, junto também ao documentário sobre a jornada de redenção da eliminada Karol Conká. E, ainda, o final apressado da novela Amor de Mãe, cuja transmissão e gravações acabaram interrompidas por conta da pandemia. A décima terceira temporada de RuPaul’s Drag Race terminou esse mês, e trouxe a comemorada vitória da queen Symone. Na HBO Max, chegou ao fim a primeira parte da temporada 1 da série de comédia dramática Genera+ion. E, enfim, a eterna The Walking Dead marcou presença com a estreia dos episódios finais da 10ª temporada.

Em Abril de 2021, não faltaram produções para acompanhar semanalmente ou assistir de uma vez. O Cineclube deste mês compactou os lançamentos amados e odiados do momento, com opiniões, críticas, amores e ódios selecionados a dedo pela própria Editoria e seus colaboradores.

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