Cangaço Novo é um faroeste brasileiro que exalta o sertão e critica o banditismo social

Cena da série em que aparecem os personagens Ubaldo (Allan Lima) e Ernesto (Ricardo Blat). Na imagem é possível ver ambos se encarando em um momento de tensão. Ubaldo (protagonista da trama) é um rapaz jovem, na casa de seus 30 anos de idade, branco, alto, careca e magro, que aparenta estar suado, com a cara suja. Nesta cena, Ubaldo aparece olhando séria e fixamente para Ernesto. Este por sua vez é um senhor de idade, mais baixo que Ubaldo, branco e barbudo, grisalho e calvo,  na casa de seus 70 anos, e retribui o olhar sério e fixo voltado para os olhos de seu filho, Ubaldo. Ambos parecem estar dentro de uma casa, numa sala de estar se encarando.

“Viver pouco como rei ou muito como um zé?” Esse é o dilema vivido pelo protagonista Ubaldo que, a princípio, não têm dimensão do tamanho de sua responsabilidade (Foto: Amazon Prime Video)

Gabriel Gomes Santana

Eu não sei porque cheguei, mas sei tudo quanto fiz, maltratei, fui maltratado, não fui bom, não fui feliz, não fiz tudo quanto falam, não sou o que o povo diz”. Estas poucas palavras poderiam fazer parte de uma das falas do personagem Ubaldo, interpretado pelo ator Allan Souza Lima, o protagonista da série de sucesso da Amazon Prime, Cangaço Novo. Na realidade, fazem parte da primeira estrofe da canção “Lampião Falou”, de autoria emblemática de ninguém menos do que o Rei do Baião, Luiz Gonzaga. E é no embalo destes três pernambucanos porretas que é possível entender o porquê do sucesso de uma das produções mais contagiantes do streaming.

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Persona Entrevista: Daniel Galera

O escritor, tradutor e ensaísta fala sobre seu processo criativo, influências e os 10 anos do romance Barba ensopada de sangue, que está em adaptação para o Cinema e recebe uma edição comemorativa em 2022

Arte quadrada de fundo vermelho. No lado esquerdo, foi adicionado o texto
“Minha carreira de escritor não foi exatamente uma coisa planejada desde cedo”, diz Daniel Galera (Foto: Marco Antonio Filho e Companhia das Letras/Arte: Henrique Marinhos)

Bruno Andrade 

No final de Maio – num frenesi esquisito que faz parecer distante esses quatro meses –, me reuni virtualmente com Daniel Galera para bater um papo sobre sua trajetória literária e os 10 anos de lançamento de Barba ensopada de sangue, romance que ganha uma edição especial comemorativa com lançamento previsto para 4 de Novembro de 2022. Vencedor do Prêmio Machado de Assis, duas vezes 3º colocado no Prêmio Jabuti e já publicado na prestigiosa revista The Paris Review, Galera desponta como um dos grandes nomes da Literatura brasileira contemporânea, relacionado a uma “nova geração de escritores”, mesmo que “nova” já não seja bem a palavra que defina sua carreira. Escrevendo e publicando desde os anos 1990, o escritor paulistano radicado em Porto Alegre construiu um sólido percurso em torno da Literatura, e veio ao Persona Entrevista compartilhar suas experiências, visões de futuro e revelar mais sobre suas obras.

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Vire-se, seus sonhos serão frutificados no Deserto Particular

Cena do filme Deserto Particular, mostra uma mulher dentro do carro, escuro e com apenas seu nariz e cabelo iluminados pelo poste da rua.
Submissão do nosso país para o Oscar 2022, Deserto Particular estreou na seção Mostra Brasil da 45ª Mostra de SP (Foto: Pandora Filmes)

Vitor Evangelista

A tarefa de selecionar, entre uma vastidão de olhares e marcas, um único filme para representar o país mundo afora não é nada fácil. Afinal, qual a fórmula secreta para a submissão perfeita? Quais atributos um longa nacional deve possuir para, de fato, ser o “mais brasileiro” possível? Em 2022, a missão é de Deserto Particular, bela produção comandada por Aly Muritiba e presente na seção Mostra Brasil da 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

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O Caso Evandro é um marco na narrativa de crimes reais brasileiros

Aviso: o texto a seguir apresenta conteúdo descritivo de violência, podendo servir de gatilho para alguns leitores.

Cena da série documental O Caso Evandro. A imagem mostra um portão verde de madeira aberto, ao lado de uma parede pintada metade branca e metade verde, com uma faixa azul. Saindo pela porta está um menino branco, loiro, de costas, com um short estampado e uma camisa azul clara, segurando um molho de chaves. À sua frente está uma rua, com uma casa alaranjada e um muro baixo branco, notam-se algumas árvores ao fundo desta casa.
O caso do desaparecimento do menino Evandro Ramos Caetano é objeto de investigação na nova série original Globoplay (Foto: Globoplay)

Ma Ferreira

Em abril de 1992, na cidade de Guaratuba, no Paraná, desapareceu o menino Evandro Ramos Caetano de apenas 6 anos. Na última vez que ele foi visto, disse que buscaria seu mini game em casa e voltaria para a escola onde a mãe trabalhava, mas nunca mais voltou. Dias depois, alguns lenhadores encontram seu corpo em um matagal. O cadáver estava sem o couro cabeludo, sem as mãos e os dedos dos pés, com o ventre aberto, sem as vísceras e em avançado processo de decomposição.

Após esse bárbaro crime é que se desenvolve a trama apresentada na nova série original do Globoplay, O Caso Evandro. A narrativa é cheia de reviravoltas, infortúnios e grandes erros que foram cometidos na investigação do que foi o mais longo julgamento nacional. Com um clima de conspiração e mistério, somos convidados a participar de uma viagem no tempo para entender o pensamento da época de ocorrência do assassinato e como as informações eram apresentadas na investigação e na mídia.

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