5 anos depois, Aquarius supera o reacionarismo e envelhece como vinho

Foto que compõe o pôster de “Aquarius”. Na imagem, temos Clara, a personagem de Sônia Braga, uma mulher de meia idade com a pele clara, o cabelo preso e usa uma blusa preta e cinza de manga comprida.. Clara está olhando para cima, com a cabeça inclinada para a esquerda. Ao fundo, entre ela, temos dois muros: um que parece ser um jardim vertical, à esquerda, e o outro, de concreto, à direita. A foto foi tirada de dia.
Em seu ano de lançamento, o filme protagonizado por Sônia Braga não agradou nada os cidadãos de bem (Foto: Victor Jucá)

Gabriela Reimberg

É impossível falar de Aquarius sem mencionar o caótico frenesi que atravessava a política brasileira em seu ano de seu lançamento. A narrativa de aversão à esquerda, predominante na mídia, recebeu mal o filme quando, em maio de 2016, no Festival de Cinema mais importante da Europa, o elenco tomou a iniciativa de protestar contra o impeachment ilegítimo que levou Michel Temer à presidência. “Assim que Aquarius estrear no Brasil, o dever das pessoas de bem é boicotá-lo”, dizia uma matéria da época. Foi no berço desse borbulhante caldeirão de reacionarismo que o segundo longa de Kleber Mendonça Filho veio ao mundo. 

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Colônia: a tocante releitura de Holocausto Brasileiro

Cena da série Colônia. Na imagem aparecem os personagens Gilberto e Eliza centralizados entre outras duas figuras que estão desfocadas nos cantos. Todos usam a camisola cinza do hospício e tem aparência cansada, a imagem está em preto e branco.
Colônia foi lançada no dia 25 de junho e está disponível na plataforma Globoplay (Foto: Globoplay)

Jamily Rigonatto

Livremente inspirada no livro-reportagem Holocausto Brasileiro de Daniela Arbex, Colônia é a nova aposta do Canal Brasil. A série produzida e dirigida por André Ristum é um retrato sensível sobre o hospício em Barbacena, Minas Gerais, que vitimou mais de 60 mil pessoas no último século. Dividida em 10 episódios, a produção explora personagens ficcionais que reconstroem o horror vivido pelos internos do maior manicômio do país.

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Em NU, Djonga recua e vira camisa 10 do rap

Eu falei pra minha mãe que eu tenho medo/Eu ainda tenho medo/Ela me disse que eu não tô sozinho/Esse é seu ídolo”

Capa do disco NU, de Djonga. A imagem mostra a cabeça de Djonga decepada em uma bandeja de prata, como se estivesse sendo servida. Em volta, pessoas estão apontando celulares para ele como se tirassem fotos, e também apontando o dedo do meio.
Capa do disco NU (Foto: Djonga/Ceia Ent.)

Elder John

Existem duas certezas na vida: uma é que vamos morrer e a outra é que dia 13/03 tem álbum do Djonga. O rapper emplacou mais uma produção pelo quinto ano seguido. Heresia (2017), O menino que queria ser Deus (2018), Ladrão (2019), Histórias da minha área (2020) e agora NU (2021).

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ANAVITÓRIA pintou nosso ano com COR

Cena do clipe Amarelo, azul e branco da dupla ANAVITÓRIA. As cantoras estão no centro da imagem, elas são mulheres brancas, com cabelos castanhos presos e vestem juntas um casaco das cores amarelo, azul e branco. Elas estão posicionadas lado a lado, com as mãos unidas, e olham para direções opostas. O fundo da imagem é um marrom claro com um foco de luz no centro.
Amarelo, azul e branco está na trilha sonora do especial Falas Femininas da Globo (Foto: Reprodução)

Ana Beatriz Rodrigues

Quando o relógio bateu meia-noite do dia primeiro de janeiro, todos estávamos com esperança para esse ano. Depois de um 2020 turbulento, a única coisa que pedíamos era paz nesses meses que nos esperam. Só que o duo ANAVITÓRIA conseguiu nos conceder um ótimo discurso para 2021 e, nos primeiros minutos de janeiro, fomos agraciados com COR. De surpresa, as cantoras lançaram ânimo e felicidade para começarmos o ano do melhor jeito possível.

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Em tempos de amnésia seletiva, Cidade Invisível entrega esperança e suscita discussões

Cena da série Cidade Invisível. Fotografia retangular do ator Marcos Pigossi, dos ombros até o topo da cabeça. Ele é um homem de cabelos castanhos, barba e bigode. Ele está sentado numa poltrona azul claro e possui uma borboleta sobre os olhos. Ela é roxa azulada com manchas pretas nas bordas das asas. Na parte inferior de cada asa, tem um círculo branco com um círculo roxo dentro, imitando dois olhos. Marcos possui a boca semiaberta, com a parte debaixo dos dentes da frente aparecendo, como se estivesse num cochilo. Ao fundo, há um aparador de madeira. A imagem possui uma tonalidade amarela acentuada.
“As pessoas são cruéis, elas têm medo de tudo que é diferente porque a gente revela como elas são absurdamente iguais e entediantes” (Foto: Reprodução)

Júlia Paes de Arruda

Como seria se o nosso folclore se materializasse e convivesse todos os dias conosco, com seus personagens despercebidos e infiltrados na sociedade? Se as histórias de infância fossem realmente verdade? Essa é a proposta de Carlos Saldanha (diretor das franquias Rio e A Era do Gelo) em Cidade Invisível. Diferentemente do que estamos acostumados, o novo sucesso da Netflix ganha um teor adulto ao unir-se com um suspense investigativo. Apesar da narrativa envolvente e provocante, a execução das ideias traz algumas problemáticas que merecem ser destacadas. 

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Pai em Dobro é ‘gratiluz’ para os momentos de crise

Cena do filme Pai em Dobro. Fotografia retangular de Eduardo Moscovis, Maísa e Marcelo Médici, respectivamente, que os três se abraçam. Eduardo é um homem de cabelos grisalhos, barba e bigode branco. Ele veste uma camisa preta de gola, com um bolso próximo ao peito direito. Ele apoia a mão direita no ombro esquerdo e o queixo na cabeça de Maísa. Ela é uma garota de 18 anos de cabelos castanhos. Ele veste uma blusa rosada. Está com uma maquiagem e lantejoulas azuis e brancas nas têmporas. Marcelo Médici é um homem de cabelos grisalhos. Ele veste uma camisa azul marinho e encontra o lado direito das têmporas na cabeça de Maísa. No fundo, acontece um bloco de Carnaval e, por isso, confetes coloridos caem sobre os atores.
Pai em Dobro marca o encontro de gerações televisivas (Foto: Reprodução)

Júlia Paes de Arruda

Nem todos têm a mesma sorte de Maísa, que começou o ano sendo protagonista de seu primeiro filme na tão sonhada “firma” Netflix. A adaptação do livro de Thalita Rebouças chegou ao serviço de streaming com nomes já conhecidos pelo público, como Eduardo Moscovis (Bom dia, Verônica e O Cravo e a Rosa) e Marcelo Médici (Vai que Cola e Haja Coração). Trabalhando na mesma base de Mamma Mia, Pai em Dobro saúda e aflora uma memória da criança interior adormecida. 

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Bom dia, Verônica: sangue se paga com sangue

Depois do sucesso de Bom dia, Verônica, Tainá Müller fará mais duas séries policiais (Foto: Reprodução)

Caroline Campos

Feminicídio, necrofilia, violência doméstica e golpes virtuais. É essa série de crimes que Ilana Casoy e Raphael Montes escolhem para desenvolver o mundo do sistema penal de Verônica Torres, escrivã na Delegacia de Homicídios da cidade de São Paulo. Bom dia, Verônica, o resultado final, foi lançado pela Darkside Books em 2016, quando seus autores ainda se escondiam sob o pseudônimo de Andrea Killmore. Identidades reveladas, não demorou muito para conseguirmos uma adaptação – e ela chegou em outubro de 2020, pelas mãos da Netflix.

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Boca a Boca e seus vírus: série combina cor com beijo de língua e epidemia

(Foto: Netflix/Divulgação)

Victória Rangel

Línguas, línguas e mais línguas… É o que você vai ver logo no primeiro episódio de Boca a Boca. A série fala de um grupo que, como bons jovens de cidade pequena, tem que escapar atrás de diversão para uma região próxima, mas proibida pelos pais – a chamada Vila, cujos habitantes são tão diferenciados que existe até uma versão brasileira do cantor Will.i.am (do Black Eyed Peas) morando lá. Dá para imaginar uma festa regada a drogas e luzes psicodélicas acontecendo? É nesse contexto mesmo que aparece a principal motivação da série – por meio de muitos e muitos beijos no calor dessa aglomeração, começa a se espalhar a doença misteriosa.

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Elena: um retrato sensível e necessário para debater suicídio e depressão

Aviso de Gatilho: Elena pode conter elementos prejudiciais àqueles sofrendo com depressão ou pensamentos suicidas.

Cena do filme Elena. A imagem mostra duas mulheres flutuando num rio de águas escuras. As duas mulheres estão do lado esquerdo da imagem, e a primeira está na parte de baixo, na horizontal, com a cabeça para o lado direito e os pés em direção ao centro da imagem, virados para o lado esquerdo; e a segunda na parte de cima, de cabeça para baixo, na diagonal. As duas usam vestidos longos em tons de bege. O fundo é preto.
O documentário Elena mistura realidade e ficção para contar a história de vida da irmã da cineasta Petra Costa, diretora de Democracia em Vertigem (Foto: Busca Vida Filmes)

Raquel Dutra 

O segundo longa-metragem de Petra Costa leva o nome de sua irmã mais velha, a atriz Elena Andrade. Sob a premissa de retratar a história da jovem e os sentimentos que a família conserva por sua memória, Elena toca em debates ultra sensíveis acerca de suicídio e depressão, ao mesmo tempo em que carrega o valor de ser considerada como uma obra marcante da documentarista. No filme, tudo tem um único fim: construir um retrato íntimo e profundo da vida de Elena, que aos vinte anos, tratando de doenças psicológicas e tentado se reerguer de desilusões profissionais, findou a sua própria vida.

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