5 anos de Anne with an E: a adaptação que trouxe voz e coragem para as mulheres

É uma imagem da personagem Anne em foco ao centro, com o cenário desfocado, em tons terrosos, de uma praia com rochedos ao fundo, e um céu acinzentado. Anne é uma menina com aproximadamente 11 anos de idades, bem magra, de pele branca bem clara, sardas no rosto, grandes olhos azuis e cabelos, longos, lisos e ruivo natural, preso em duas tranças por um pequeno pedaço de tecido branco; alguns fios estão esvoaçando ao vento para a esquerda da imagem. Ela veste um vestido cinza claro com uma estampa minimalista de listras finas em cinza escuro, na vertical e horizontal, enrolada em um cobertor de flanela cinza levemente mais escuro. A cena mostra a personagem do busto para cima, focando em seu rosto levemente inclinado para cima. Anne está com uma expressão serena, a boca mostrando os dentes e olhando para o céu.
“Não é o que o mundo tem pra você, é o que você traz ao mundo” (Foto: Netflix)

Júlia Caroline Fonte

Grandes palavras são necessárias para expressar grandes ideias”. A frase de Anne Shirley Cuthbert descreve de maneira certeira o impacto que sua história causou ao longo de 5 anos desde o seu lançamento. A série canadense da Netflix, Anne with an E, teve sua estreia em 2017, e ainda hoje se destaca por ser a adaptação mais corajosa da obra de L. M. Montgomery. Essa nova versão, inspirada na série de livros Anne de Green Gables, conseguiu se adequar aos temas atuais de forma leve e encantadora, tanto em sua história quanto em seu visual.

Continue lendo “5 anos de Anne with an E: a adaptação que trouxe voz e coragem para as mulheres”

A valorização da cultura de origem na construção da própria identidade em A Felicidade das Pequenas Coisas

Cena do filme A Felicidade das Pequenas Coisas. Na imagem, vemos uma garotinha de aproximadamente doze anos. Ela tem cabelos castanhos, lisos e curtos, e usa uma franja, e veste uma blusa azul, de mangas longas, com detalhes em cor de rosa nos punhos e na gola. Ela está sorrindo, e está sentada, com as mãos em cima de uma mesa de madeira, segurando nelas um papel. À direita dela, também sentada de frente para a mesa, há outra garotinha de aproximadamente doze anos. Ela está olhando para frente, e tem cabelos castanhos, lisos, com franja, e está com os cabelos amarrados. No lado esquerdo da imagem, há outra pessoa sentada, no entanto, só é possível ver as suas mãos. Ao fundo há uma parede clara, com uma janela pequena no lado direito, e bem atrás das garotas, há uma espécie de boi deitado no chão. Elas estão em ambiente interno e está de dia.
Indicado ao Oscar de Filme Internacional, A Felicidade das Pequenas Coisas evidencia a simplicidade em uma aldeia do Himalaia e o processo de transformação desse meio no protagonista Ugyen (Foto: Films Boutique)

Sabrina G. Ferreira

No mundo globalizado em que vivemos, cercados por diversas possibilidades de comunicação com os demais, fica difícil entender que existem outras realidades bem diversas às nossas. Essa disparidade é mostrada brilhantemente em A Felicidade das Pequenas Coisas (no inglês, Lunana: A Yak in the Classroom). Com direção e roteiro de Pawo Choyning Dorji (Hema Hema: Sing Me a Song While I Wait), o filme conta a história de Ugyen (Sherab Dorji), um jovem professor que sonha em se tornar cantor na Austrália. Todavia, Ugyen trabalha para o governo, que lhe atribui a missão de lecionar por alguns meses em Lunana, uma aldeia no Butão, país da Ásia Meridional, conhecido como um dos locais mais remotos do mundo. 

Continue lendo “A valorização da cultura de origem na construção da própria identidade em A Felicidade das Pequenas Coisas”

Dois mundos se chocam em Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis

Cena do filme Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis. No centro da imagem está Shang Chi, interpretado por Simu Liu. Ele aparece da cintura para cima. Ele é um homem asiático, de cabelo curto e preto, ele tem olhos castanhos. Ele está vestindo uma camiseta vermelha com desenhos em preto. Ele olha para a câmera. O fundo é preto e nublado. Há anéis brilhando em dourado ao redor de Shang Chi.
Indicado ao Oscar 2022, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis se tornou um sucesso de público e de crítica (Foto: Marvel Studios)

Nathan Sampaio

É muito comum que os filmes com maior notoriedade no Oscar sejam aqueles que concorrem nas principais categorias, como Melhor Filme, Direção, Ator e Atriz. Ainda assim, há ótimos longas que ficam escondidos, pois são lembrados em apenas em uma ou duas disputas técnicas. Na premiação de 2022, temos um excelente exemplo desse caso: Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, o longa-metragem indicado na categoria de Melhores Efeitos Visuais. 

Continue lendo “Dois mundos se chocam em Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis”

A retórica de Apresentando os Ricardos é alienante e perversa

Cena do filme Apresentando os Ricardos. Imagem retangular e colorida. Nela, um homem e uma mulher se encaram seriamente, como se estivessem no meio de uma discussão. O homem, Desi Arnaz, interpretado por Javier Bardem, é um homem branco, de cabelos curtos e escuros penteados em um topete, que veste uma camisa marrom. Enquanto a mulher, Lucille Ball, interpretada por Nicole Kidman, é uma mulher branca, de cabelos ruivos tingidos que se estendem até seus ombros, vestindo uma camisa verde e levantando a sua mão direita, pintada em esmalte vermelho, até a altura de seu peito, enquanto aponta para Desi. O cenário é o set de gravação de uma série.
Nicole Kidman, Javier Bardem e J. K. Simmons, indicados nas categorias de atuação, já foram concebidos com um Oscar no passado: Kidman ganhou em 2002, por As Horas; Bardem em 2008, por Onde os Fracos Não Têm Vez; e Simmons em 2015, por Whiplash (Foto: Amazon Prime Video)

Enrico Souto

Uma característica não muito sutil do roteirista Aaron Sorkin é seu longo interesse em narrativas históricas. Assinando textos desde o drama esportivo de Moneyball até a trama tecnológica e psicodélica de A Rede Social – responsável pelo seu único Oscar, em Roteiro Adaptado –, era de se esperar que, ao cineasta decidir se arriscar na cadeira de direção, esse padrão continuasse em voga. Assim, depois de dois filmes com recepção razoável, ele aposta no mais apelativo dos Oscar bait e dirige uma cinebiografia irremissivelmente metalinguística. Apresentando os Ricardos, no caso, se insere no anos 50, dentro dos bastidores da série I Love Lucy, a mais relevante e disruptiva sitcom da História da Televisão americana, comentando, no processo, o próprio funcionamento de um seriado. 

Continue lendo “A retórica de Apresentando os Ricardos é alienante e perversa”

A sensibilidade da juventude vivida em The Sex Lives of College Girls mostra como é bom experimentar

Cena da primeira temporada da série A Vida Sexual das Universitárias. A imagem tem formato retangular e mostra as personagens Leighton, Whitney, Kimberly e Bela em um abraço enquanto elas dão risada dentro do dormitório.
Acompanhar a vida do quarteto na transição entre a adolescência e a vida adulta é uma amável viagem entre as diferenças, surpresas e estranhezas (Foto: HBO Max)

Monique Marquesini

Apostando em novos rumos para os seriados nas telas, deixando o Ensino Médio de lado, a nova comédia do HBO Max explora o período da faculdade. A Vida Sexual das Universitárias (The Sex Lives of College Girls), lançada em novembro de 2021 e criada por Mindy Kaling e Justin Noble, é marcada por um diferencial que a torna especial: expor as adversidades desse novo ciclo sem desviar de questões cotidianas da juventude. A série acompanha quatro calouras – Kimberly (Pauline Chalamet), Whitney (Alyah Chanelle Scott), Bela (Amrit Kaur) e Leighton (Reneé Rapp) – na importante Essex College, onde elas buscam mudanças para suas vidas.

Continue lendo “A sensibilidade da juventude vivida em The Sex Lives of College Girls mostra como é bom experimentar”

Shockwave: Marshmello está inerte em uma euforia viciante

Foto da capa do álbum Shockwave do DJ Marshmello. Na imagem, seu capacete branco de marshmallow está no centro, com os desenhos de olhos em formato de x e sorriso pintados em um roxo brilhante. Líquido branco está pulando detrás do capacete, respingando por todo o quadrado da imagem. No canto superior direito está escrito “Parental Advisory Explicit Content” em letras brancas claras.
O DJ americano vai ao Grammy 2022 com Shockwave indicado à Melhor Álbum Dance/Eletrônico (Foto: Joytime Collective)

Nathália Mendes

Shockwave é o primeiro álbum em que Marshmello cria uma concepção do começo ao fim. Depois da série de edições Joytime I, II e III,  Chris Comstock construiu uma obra para trabalhar sua identidade e contrariar quem superestima seu sucesso. O DJ de fato mostrou o entusiasmo frenético de sua essência, junto da habilidade em conversar com mais de um gênero eletrônico e estilo musical. Mas, seu disco indicado ao Grammy 2022 também está preso em um ciclo imutável de euforia – e isso é, na verdade, uma boa característica. 

Continue lendo “Shockwave: Marshmello está inerte em uma euforia viciante”

Em O peso do pássaro morto, a perda é a grande protagonista

Capa do livro O peso do pássaro morto. Na imagem, um fundo roxo carrega o título da obra como se as palavras estivessem apoiadas em fios elétricos pretos. No canto superior direito está grafado o nome da autora em branco, já no canto inferior esquerdo é marcada a logo da editora. Ainda há nos extremos da capa os números: 8, 17, 18, 28, 37, 48, 49, 50, 52.
O peso do pássaro morto, publicado pela Editora Nós em 2018, é a obra de estreia de Aline Bei (Foto: Editora Nós)

Jamily Rigonatto

“–claro, – respondi
entendendo que o tempo
sempre leva
as nossas coisas preferidas no mundo
e nos esquece aqui
olhando pra vida
sem elas”

Quantas vezes na vida é preciso deixar parte de nós ir? E quantas vezes isso acontece até que não reste nada? Em O peso do pássaro morto, Aline Bei nos convida para integrar essas perguntas em sua poética questionadora, que desde o lançamento do livro em 2018, compõe o ar encantador habitante da crueldade. Em um retrato versado pelo gosto amargo de perder, a autora de Pequena coreografia do adeus e Rua sem saída apoia-se em palavras duras e sinceras para explorar o ato de se despedir, com toda sua naturalidade devastadora. 

Continue lendo “Em O peso do pássaro morto, a perda é a grande protagonista”

Entre brigas e socos na cara, a quarta temporada de Cobra Kai é marcada pela conciliação entre rivais

Cena da quarta temporada de Cobra Kai. Os personagens Miguel Diaz, interpretado por Xolo Maridueña, um jovem latino americano, com cabelos ondulados e pele bronzeada, usando um moletom vermelho. Samantha Larusso, interpretada por Mary Mouser, uma jovem branca com cabelos castanhos ondulados. Falcão (Eli Moskowitz), interpretado por Jacob Bertrand, um jovem branco com olhos azuis e com um moicano preto e vermelho. Demetri, interpretado por Gianni DeCenzo, um jovem branco com cabelo castanho escuro. Nathaniel “Nate”, interpretado por Nathaniel Oh, um jovem com descendência asiática e cabelo castanho. Bert, interpretado por Owen Morgan, um jovem branco loiro, com óculos na armação preta, vestindo uma camiseta vermelha e um moletom cinza. Eles estão reunidos atrás de uma porta branca e marrom quadriculada.
A união entre Miyagi-Do e Eagle Fang marca o encerramento das brigas entre dojos, ou melhor, abre espaço para novas rivalidades (Foto: Netflix)

Ludmila Henrique 

As pessoas definem o passado como um acontecimento deixado para trás, um evento constituído por esquecimentos perdidos e, outras vezes, encarregado de voltas eternas às mesmas memórias. A nostalgia presente nele é recorrente em diálogos sobre o primeiro beijo, desavenças no período escolar, ouvir pela primeira vez um solo de guitarra durante um show de rock, ou talvez, o dia do baile de formatura. Outrora, para certas almas, o passado se encontra incorporado em uma pessoa, e às vezes, em um lugar. Em Cobra Kai, após 32 anos das finais do campeonato All Valley de karatê, os destinos de Johnny Lawrence (William Zabka) e Daniel Larusso (Ralph Macchio) se esbarram novamente nos tatames do torneio. Mas dessa vez, unidos como aliados.  

Continue lendo “Entre brigas e socos na cara, a quarta temporada de Cobra Kai é marcada pela conciliação entre rivais”

A Mão de Deus estava furada

Cena do filme A Mão de Deus. A cena mostra várias pessoas, brancas e de idades diversas, sentadas ao redor de um barco no mar. As pessoas estão usando roupa de banho e olham para uma pessoa, fora da imagem. Alguns estão maravilhados com o que vêem, outros, decepcionados. Ao fundo, vemos uma falésia
Depois de vencer um Oscar por A Grande Beleza, Paolo Sorrentino retorna à premiação com A Mão de Deus (Foto: Netflix)

Caio Machado

Mesmo quem não gosta, sabe reconhecer a importância do futebol na vida de milhões de pessoas ao redor do mundo. O esporte é capaz de unir paixões, reunir familiares e amigos, além de lotar estádios enormes durante jogos importantes. A Mão de Deus, um dos concorrentes a Melhor Filme Internacional no Oscar 2022, indica que irá refletir sobre sua influência na vida de seu protagonista, mas não sabe direito qual abordagem seguir em sua narrativa, o que resulta em uma obra apática, com poucas cenas boas em um todo sem alma.

Continue lendo “A Mão de Deus estava furada”

Dopesick é cirúrgica, mas sem anestesia

Cena da série Dopesick. Nela, o personagem de Keaton, acompanhado de 3 pessoas, está olhando para frente com a cabeça levemente inclinada para cima, provavelmente para um palco. Keaton é um homem de meia idade, branco, olhos azuis e calvo. Ele usa uma camisa listrada que aparece somente a gola, pois também está usando uma jaqueta bege. As outras pessoas, da esquerda para a direita são respectivamente: uma mulher branca, também de meia idade, de cabelos pretos médios e que está ao lado esquerdo de Keaton. Ela usa um vestido azul-marinho com estampa de flores. Um homem branco também de meia idade que está atrás de Keaton e desfocado, tem cabelos brancos e usa uma camisa e um terno preto. E por último, outro homem de meia idade que aparece na extremidade direita e está cortado, aparecendo somente parte esquerda de seu óculos quadrado e a ponta de seu nariz.
Estrelada e produzida por Michael Keaton, a minissérie conseguiu 3 indicações ao Globo de Ouro, incluindo a vitória em Melhor Ator em Minissérie, 3 indicações ao Critics Choice Awards e a recente conquista de Michael Keaton no SAG Awards por Melhor Ator em Minissérie ou Filme Para TV (Foto: Hulu)

Guilherme Veiga

Recentemente, um curioso fenômeno tem ocorrido na indústria audiovisual, em que nomes estão saindo do seio cinematográfico hollywoodiano e se aventurando no segmento televisivo. Kate Winslet é um exemplo, com a excelente Mare of Easttown; o diretor Adam McKay é um dos responsáveis pela surpresa que foi Succession; e Nicole Kidman virou figura recorrente nas séries. Mas qual a razão desse chamariz? Qualidade, sem dúvida, é uma das respostas, o que pode fazer com que categorizemos essa época como uma nova Era de Ouro da TV e do streaming. Outros fatores podem ser listados, como liberdade criativa, roteiros desafiadores, diversidade de histórias e apostas das plataformas no formato. Todos esses ingredientes estão presentes na bula de Dopesick.

Continue lendo “Dopesick é cirúrgica, mas sem anestesia”