A Dama e o Vagabundo segue a sina de A Bela e a Fera

Com poucas mudanças em relação ao filme original, o remake ainda possui tempero o bastante para cativar o público (Foto: Reprodução)

Maju Rosa

Quem é que não gosta de um amor clichê? Acompanhar em duas horas o desenvolvimento de desconhecidos que se tornam amigos e se apaixonam é uma reconfortante dose de fuga da realidade. Narrativas românticas são um coringa em qualquer obra, ela pode ser protagonista ou secundária, mas sempre conquistará seguidores que depositam suas esperanças para que o final feliz aconteça. E está enganado quem acredita que a trajetória cativante acontece apenas no universo humano! A Dama e o Vagabundo, que foi originalmente lançado pela Disney em 1955 e transformado em live action ano passado, já retratava o amor inesperado… Entre cães.

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Os Piores Lançamentos de 2020

Arte com fundo roxo. No canto superior esquerdo, foi adicionado os escritos "OS PIORES LANÇAMENTOS DE 2020" em letras roxas e possui um fundo retangular de cor preta, para destaque. Ao lado direito, foi adicionado o logo do Persona. O logo do Persona é o desenho de um olho com um botão de play no lugar da pupila, e com a íris de cor roxa. Foi adicionado na parte inferior da arte as imagens de personagens de alguns lançamentos de 2020. As imagens foram divididas em duas fileiras. Na fileira superior, em ordem: uma mulher branca e suja de sangue, Laurel da série How to Get Away With Murder, uma mulher latina de pele clara e cabelos escuros, Coriolanus Snow de Cantigas de Pássaros e Serpentes. Já na parte inferior, foram adicionados: Sabrina de O Mundo Sombrio de Sabrina, Justin Bieber e Katy Perry.
Gosto é pessoal: só porque alguma obra está na lista, não quer dizer que é horrível ou não possui nada de aproveitável; o Persona sempre indica que tudo seja consumido, ouvido, assistido e apreciado (Foto: Reprodução)

Conseguir a alcunha de ‘pior do ano’ em 2020 é um feito e tanto. Em meio à pandemia e ao isolamento social, a arte se transformou em confidente e melhor amiga. Assistimos séries repetidas e começamos novas, maratonamos filmes de tudo que é gênero. Foi o momento de reacender a chama da nostalgia, o momento de descobrir novos artistas e se apaixonar por canções inéditas. 

Então, se algo conseguiu desagradar nessa hora de tanta empatia e conforto com os clichês, o erro parece ter sido crasso. Antes de fechar o amaldiçoado 2020 com as tradicionais listas de Melhores do Ano, a Editoria do Persona se reuniu para prestar a última condolência, jogar a última pá de terra no que teve de mais assombroso (mas nem sempre descartável) nos 12 meses que, por si só, já merecem o título de tenebrosos.

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Em Ammonite, só o amor escapa do tédio

As duas mulheres estão sentadas nas pedras olhando para o mar. Saoirse, à esquerda, está usando um vestido azul claro e Kate, à direita, está de preto
Ammonite foi exibido pela primeira vez no Festival de Cinema Internacional de Toronto, em uma edição majoritariamente virtual que homenageou Kate Winslet (Foto: Reprodução)

Vitória Lopes Gomez

Enquanto as ondas quebram na costa nublada de Lyme Regis, na Inglaterra, a paleontóloga Mary Anning (Kate Winslet) caminha quieta, junto de seus novos achados. Os primeiros minutos do longa, passado em 1840, já ditam o ritmo para o restante do filme: acompanhamos a vida pacata e solitária da introspectiva Anning, que prefere a companhia dos fósseis a pessoas. A morbidez de seu cotidiano em Ammonite só é interrompida com a chegada de Charlotte (Saoirse Ronan), que, tendo de ficar sob os cuidados de Mary, muito aos poucos, passa a se aproximar dela.

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A conclusão de Jogos Vorazes, finalmente, trouxe esperança para Katniss

A imagem mostra Katniss com um macacão vermelho. Ela está segurando um arco e flecha pronto para ser disparado e seu cabelo, castanho escuro, está penteado em uma trança lateral. Ao fundo vemos uma ave, o tordo, em chamas.
A Garota em Chamas não para de pegar fogo e segue sendo forte até o final (Foto: Reprodução)

Ana Beatriz Rodrigues

Piscamos e já se passaram 5 anos desde a última vez que vimos Jennifer Lawrence como a Garota em Chamas nas telonas. Jogos Vorazes: A Esperança – O Final encerra a saga inspirada nos livros da Suzanne Collins e mesmo que sua melhor adaptação seja referente ao segundo livro, o final também não deixa muito a desejar. Nesse longa cheio de mortes, acerto de contas e ação, finalmente conhecemos o desfecho emblemático da protagonista que divide opiniões até hoje.

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5 anos depois, O Despertar da Força ainda marca o encontro de Disney e Star Wars

Imagem do filme Star Wars VII: O Despertar da Força.
Os outros sistemas vão se curvar perante a Primeira Ordem” (Foto: Reprodução)

Gustavo Alexandreli

O ano de 2015 foi marcado por grandes sucessos de bilheteria, como Velozes e Furiosos 7, Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros e Vingadores: Era de Ultron. E para encerrar o ano com uma saga clássica e postulante ao sucesso, em 17 de dezembro foi lançado no Brasil Star Wars VII: O Despertar da Força. O êxito – já esperado – se concretizou, assim que o filme tornou-se a maior bilheteria dentre os já lançados pela franquia, e a quarta maior bilheteria mundial, arrecadando um total de 2,066 bilhões de dólares. O Despertar da Força é, cronologicamente – na saga -, o primeiro filme após a trilogia original, iniciada  pelos episódios IV (Uma Nova Esperança, de 1977) e V (O Império Contra-Ataca, de 1980). E 32 anos após o encerramento da história com o episódio VI (O Retorno de Jedi, de 1983), sua continuação chegou aos cinemas.

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Persona Entrevista: Bahman Tavoosi

Diretor de “Os Nomes das Flores” detalha a importância da memória e do legado da arte e ainda revela o segredo da sopa da professora

Arte vermelha retangular. No canto superior direito, há o nome do entrevistado, Bahman Tavoosi. A foto dele está na parte inferior central da arte e ele é um homem iraniano, com cabelo curto e barba. Ele está vestindo uma jaqueta de couro e está com a mão no queixo e a fotografia está em preto e branco. Ao lado direito dele, o pôster de seu filme, Os Nomes das Flores, que mostra uma senhora de idade em tom desbotado, e flores ao redor dela. Do lado esquerdo da imagem, foi adicionado o texto "Persona Entrevista" várias vezes, de forma perpendicular à orientação da imagem.
O Persona recebe o iraniano-canadense Bahman Tavoosi, responsável pelo tocante Os Nomes das Flores, presente na Mostra de SP (Foto: Reprodução)

Caroline Campos e Vitor Evangelista

Como é que um diretor nascido no Irã e atual residente do Canadá acabou estreando na ficção fazendo um filme em espanhol na Bolívia? Bahman Tavoosi, o tal cineasta, esbanja talento e versatilidade. Ainda na leva de entrevistas provindas da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Tavoosi é o foco do texto de hoje.

Realizador do estupendo Os Nomes das Flores, filme sensível que usa a figura de Che Guevara para debater legado e memória, Bahman conversou com o Persona sobre as influências que angariou ao longo de sua jornada na área, além de revelar, com exclusividade, qual o sabor da quase mítica sopa que Che provou antes de sua morte.

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Call: eu avisei para não desconectar o telefone

A imagem é o cartaz de divulgação do filme. No canto superior esquerdo, há o rosto de uma mulher de traços asiáticos e cabelo curto, ela aparenta estar assustada. Do lado superior direito, há o rosto de uma mulher, também de traços orientais, mas com uma feição séria, com o olhar voltado para a direita. Abaixo dela, no canto inferior direito, há o rosto de uma mulher de traços orientais, ela usa batom vermelho e está com um olhar sério voltado para a esquerda.  No lado inferior esquerdo, há o rosto de uma mulher de traços orientais, com cabelos castanhos claros e que está olhando assustada para a esquerda, ela tem algumas manchas de sangue no rosto. Em cima de cada rosto há uma das letras que formam a palavra CALL, que é o nome do filme.
“Call não envolve homens e mulheres. É um filme centrado em personagens femininas e suas relações, e um bem feito”, disse a atriz Park Shin Hye sobre o longa (Foto: Reprodução)

Bianca Penteado

O silêncio absoluto. As respirações baixas. Os movimentos lentos. O súbito toque de telefone.

Todos os amantes do terror já contemplaram essa cena. Desde O Chamado (2002), com a Samara prenunciando sua morte em ‘sete dias’, passando por Pânico (1996), que sabe muito bem como nos arrepiar com o vagaroso e intenso ‘hello, Sidney’. E, finalmente, a corrida genérica pela busca do aparelho enquanto alguém o persegue. Convenhamos, as ligações no terror já decaíram ao título de clichê. Porém, sempre existindo a exceção, vamos concordar em discordar de Call (2020).

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Happiest Season é um presente de Natal adiantado

Na imagem, todo o núcleo familiar reunido para uma foto, com as protagonistas no centro.
Happiest Season, lançado no final novembro, estreou diretamente na plataforma streaming da Hulu (Foto: Reprodução)

Vitória Lopes Gomez

Dezembro chegou e a época mais bonita do ano pede as suas tradições. É a hora de tirar a árvore da caixa, desembrulhar os enfeites, comprar o chocotone e escolher a comédia romântica natalina da vez. Mas nada melhor que um Natal atípico para deixar algumas tradições de lado: chega dos romances heterossexuais repetidos. Happiest Season, a primeira produção do gênero com um casal lésbico protagonista, chegou para mostrar que é mais do que possível unir a representatividade aos clichês natalinos que amamos.

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Tenet: infelizmente, humildade não paga as contas

Elizabeth Debicki, uma mulher loira e branca, está usando um traje de mergulho verde e uma colete preto com detalhes laranjas no ombro. Ela está numa lancha, vemos o mar ao fundo. Seu cabelo loiro está preso num coque e ela olha para a esquerda, num lugar que a câmera não vê.
Por mais que os personagens nunca justifiquem suas motivações, Tenet é um filme divertido pela ação (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

É uma pena que o filme mais comedido de Christopher Nolan tenha em sua bagagem a maior negatividade de sua carreira. Longa que, segundo o cineasta, salvaria o cinema depois da pandemia e das salas fechadas, Tenet traga a ingratidão de um realizador ególatra e de um público que já dá o play com desgosto nas entrelinhas. A obra por si só se diverte em tudo que Nolan construiu desde que estourou com Memento, no início do século: o tempo vira gelatina nas mãos e nas lentes do britânico, fascinado pela auto indulgência de sua falsa genialidade.

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Três Verões: dias melhores virão

A imagem é uma das cenas do filme. Na imagem, Madá e os outros funcionários da casa estão posicionados em grupo sorrindo para uma selfie.
Filme de Sandra Kogut escancara mudanças sociais recentes no Brasil (Foto: Reprodução)

Vitória Silva

Em 2014, o início da Operação Lava Jato balançou as estruturas do país. A maior iniciativa de combate à corrupção e lavagem de dinheiro levou, e ainda leva, para a cadeia uma série de personalidades de altos cargos do meio político e econômico. No entanto, pouco se fala sobre os outros personagens que, inocentemente, faziam parte dessa cadeia de esquemas ilegais. Qual foi o destino das famílias desses corruptos? E de seus funcionários?

A cineasta Sandra Kogut parte desse olhar para contar a história de seu filme mais recente. Três Verões se ambienta na mansão da família de Edgar (Otávio Muller), um grande empresário. Entre sua equipe de funcionários, está a caseira Madá, interpretada pela brilhante Regina Casé. A funcionária é ‘quase parte da família’, sempre se virando nos 30 para agradar ao desejo dos patrões e ainda conseguir um sustento extra, mas sem perceber as tramóias que rolam por debaixo dos panos.

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