A Assistente: os verdadeiros bastidores de Hollywood

 A imagem é uma cena do filme A Assistente. Nela, está a atriz Julia Garner, que interpreta a personagem Jane. Jane é uma mulher branca, de olhos azuis, cabelos loiros e amarrados em um coque, ela veste uma blusa rosa de gola alta e mangas compridas e usa um relógio preto em seu pulso esquerdo. Na cena, Jane está no escritório do trabalho sentada em uma cadeira, é possível ver da sua cintura para cima. Ela está falando a um telefone branco com fio, segurando-o com sua mão direita, e está com o que parece ser um passaporte em sua mão esquerda. Ela olha fixamente para o lado direito, com um olhar de preocupação.
Lançado em 2019, o filme se inspira em uma das denúncias que desatou os protestos do #MeToo (Foto: Reprodução)

Vitória Silva

Em 2017, o mundo hollywoodiano virou do avesso. Denúncias de assédio sexual por parte de funcionários e funcionárias do meio artístico começaram a vir à tona para o grande público. A avalanche se desencadeou com as acusações sobre o magnata Harvey Weinstein, dono da grande produtora Miramax, e hoje condenado a 23 anos de prisão. Com isso, outros escândalos emergiram para a superfície na crescente onda do movimento #MeToo, que acumula queixas de superiores até fora do meio cinematográfico.

Não ia demorar muito para que esses protestos tomassem forma nas telonas. O Escândalo, lançado em 2019, foi um dos primeiros a cumprir a tarefa, ao tratar sobre casos de assédio causados por Roger Ailes, diretor da Fox News. Apesar de parecer promissor, o resultado acabou por ser uma prova nítida de que boas intenções não fazem um bom filme, muito menos justiça, se as pessoas erradas estiverem por trás das câmeras. Nesse caso, A Assistente merece muito mais levar os créditos do pioneirismo. 

Continue lendo “A Assistente: os verdadeiros bastidores de Hollywood”

Pai em Dobro é ‘gratiluz’ para os momentos de crise

Cena do filme Pai em Dobro. Fotografia retangular de Eduardo Moscovis, Maísa e Marcelo Médici, respectivamente, que os três se abraçam. Eduardo é um homem de cabelos grisalhos, barba e bigode branco. Ele veste uma camisa preta de gola, com um bolso próximo ao peito direito. Ele apoia a mão direita no ombro esquerdo e o queixo na cabeça de Maísa. Ela é uma garota de 18 anos de cabelos castanhos. Ele veste uma blusa rosada. Está com uma maquiagem e lantejoulas azuis e brancas nas têmporas. Marcelo Médici é um homem de cabelos grisalhos. Ele veste uma camisa azul marinho e encontra o lado direito das têmporas na cabeça de Maísa. No fundo, acontece um bloco de Carnaval e, por isso, confetes coloridos caem sobre os atores.
Pai em Dobro marca o encontro de gerações televisivas (Foto: Reprodução)

Júlia Paes de Arruda

Nem todos têm a mesma sorte de Maísa, que começou o ano sendo protagonista de seu primeiro filme na tão sonhada “firma” Netflix. A adaptação do livro de Thalita Rebouças chegou ao serviço de streaming com nomes já conhecidos pelo público, como Eduardo Moscovis (Bom dia, Verônica e O Cravo e a Rosa) e Marcelo Médici (Vai que Cola e Haja Coração). Trabalhando na mesma base de Mamma Mia, Pai em Dobro saúda e aflora uma memória da criança interior adormecida. 

Continue lendo “Pai em Dobro é ‘gratiluz’ para os momentos de crise”

Cineclube Persona – Janeiro de 2021

Arte retangular vermelha. No canto superior esquerdo, foi adicionado o texto "cineclube persona". No centro, foi adicionado o logo do Persona. No canto inferior direito, foi adicionado o texto "janeiro de 2021". Espalhados pela imagem foram adicionados quatro fotos inseridas dentro de molduras de pinturas antigas: uma foto da série Cobra Kai, da série Shippados, da série Fate: A Saga Winx e do filme Promising Young Woman.
Destaques de Janeiro de 2021: Cobra Kai, Shippados, Fate: A Saga Winx e Promising Young Woman (Foto: Reprodução/Arte: Jho Brunhara/Texto de Abertura: Vitor Evangelista)

Em um ano livre da pandemia, janeiro é considerado o mês dos descartes. A temporada 2020 jogou todas as regras pela janela, entretanto, e lançar filmes no primeiro mês do ano ainda qualifica-os para a glória do Oscar. Dito isso, a Netflix continua sua linha de produção massiva em busca da estatueta dourada, e finalmente disponibilizou sua compra mais importante do Festival de Veneza: o brutal Pieces of a Woman. Na vizinhança ao lado, a Amazon nos agraciou com Uma Noite em Miami…, estreia de Regina King como diretora de longas.

No mundo televisivo, a Netflix reina soberana. O formato de maratona impera no mercado, e novas temporadas de (Des)encanto, o fenômeno Cobra Kai, e as avassaladoras estreias de Lupin e da controversa Fate: A Saga Winx foram pautas de conversas acaloradas nesse início de ciclo. Mas todos os olhos foram vidrados pela aparente esquisitice vintage de WandaVision, primeira investida televisa do Universo da Marvel e que, semanalmente, tem surpreendido pelo delírio.

O Cineclube voltou em 2021 para recapitular o melhor e o pior que passou na TV e no cinema. Para filmes, a regra é simples: entra na Curadoria do Mês o que foi lançado nas salas, no streaming ou o que vazou online. Quando falamos das séries, as que aparecerem aqui devem ser transmitidas por completo no mês (como a Netflix faz), ou finalizar a exibição da temporada (por isso a série da Feiticeira Escarlate só aparecerá em março, quando acabar seu percurso na TV). Por enquanto, vamos descobrir o que Janeiro de 2021 nos proveu em termos audiovisuais.

Continue lendo “Cineclube Persona – Janeiro de 2021”

5 anos de Capitão Fantástico: reflexões que não envelhecem

Cena do filme Capitão Fantástico, onde os 7 atores, brancos com cabelos ruivos e loiros, estão sentados em roda com as mãos sobre os joelhos. O grupo se encontra em meio a uma pequena clareira na floresta de pinheiros, as plantas são verde claro e há montanhas ao fundo.
Capitão Fantástico está disponível no Youtube para alugar por R$9,90 (Foto: Reprodução)

Lorrana Marino 

O canto dos pássaros em harmonia com o som de água corrente se combinam à imagem serena da floresta. Lentamente, a cena se torna agressiva e com alguns nuances perturbadores. Um cervo morre. Um órgão ensanguentado é mordido. Um ritual de caça que faz um adolescente tornar-se adulto. A sensação é de que estamos assistindo a um grupo de pessoas selvagens, indóceis e hostis. Entretanto, a primeira risada muda tudo e o que vemos ali, na verdade, é uma família casada com a natureza. A dinâmica dos Cash (em português: dinheiro) – sobrenome esse que se apresenta irônico diante do estilo de vida anticapitalista que eles levam – nos é introduzida e entendemos que ali, em Capitão Fantástico, há sempre diálogo e música. 

Continue lendo “5 anos de Capitão Fantástico: reflexões que não envelhecem”

A Voz Suprema do Blues é a despedida de um rei

Na imagem, vê-se os dois protagonistas, o trompetista Levee (Chadwick Boseman) e a cantora Ma Rainey (Viola Davis), dividindo os holofotes do palco num concerto de blues.
O longa foi gravado enquanto o astro de Pantera Negra lutava contra um câncer agressivo (Foto: Reprodução)

Vanessa Marques

“O blues é uma forma visceral de rebeldia.” Com raízes africanas, o ritmo melancólico e potente do blues nasceu entre os escravos do sul dos Estados Unidos, a partir do século XIX. Ao longo das margens do Rio Mississipi, os homens e mulheres escravizados cantavam melodias lentas ou soturnas enquanto cumpriam o percurso comum do trabalho árduo no campo. Este legado da cultura negra é honrado em A Voz Suprema do Blues, último filme de Chadwick Boseman, falecido precocemente em 2020, que divide cena com a memorável Viola Davis.

Continue lendo “A Voz Suprema do Blues é a despedida de um rei”

Ao som de jazz, Soul mostra que é a alma da Pixar

Em primeiro plano está o protagonista, Joe Gardner, em sua forma humana. Ele é negro, usa óculos, um chapéu, um casaco preto e sorri olhando para frente. Ao fundo, há uma escadaria feita com teclas de piano, levando ao letreiro do filme “Soul”, com a representação astral de Joe acenando ao lado de 22, em cima da letra “L”. O fundo da imagem é azul marinho.
O filme tinha data de estreia para julho, mas devido a pandemia do covid-19, teve sua data adiada para 25 de dezembro, com lançamento direto no Disney+ (Foto: Reprodução)

Pedro Gabriel

O sentido do viver é umas das questões mais antigas do ser humano. Por que estou aqui nesse mundo? Qual o meu propósito na Terra? Essas perguntas rodeiam a nova produção dos estúdios Pixar, Soul. Dirigido por Pete Docter (Monstros S.A, 2001 e Up! Altas Aventuras, 2009), e co-dirigido por Kemp Powers, seguimos a vida de Joe Gardner (Jamie Foxx), um professor substituto de música de uma escola, com o sonho de ser um músico profissional de jazz. 

Continue lendo “Ao som de jazz, Soul mostra que é a alma da Pixar”

Tudo Bem no Natal que Vem: filme da Netflix vai do riso às lágrimas

Pôster promocional do filme Tudo Bem no Natal que Vem. Nela os personagens se encontram lado a lado, com o protagonista Jorge, um homem branco, cabelos escuros, roupa azul e gorro de papai noel, está sentado no centro, com luzes pisca-pisca em volta de seu corpo. De um lado de Jorge temos Laura, mulher branca, de cabelos escuros e curtos, e Aninha, menina branca, cabelos castanhos e longos. Do outro lado Márcia, mulher branca, cabelos longos e loiros, e Léo, homem branco, cabelos curtos e escuros. Todos vestindo roupas em tons azuis, com o fundo verde.
Tudo Bem no Natal que vem é o primeiro filme de Natal brasileiro da Netflix (Foto: Reprodução)

Letícia Depiro

Quando Jorge, personagem de Leandro Hassum, acorda no dia 24 de dezembro de 2010, tudo parece errado para ele, que se levanta e passa o dia resolvendo todas as pendências para a festa de Natal daquela noite, enfrentando calor, trânsito e lugares lotados. Depois de uma introdução em que o protagonista expõe toda sua complicada relação com a festa, que coincide com seu aniversário, o filme faz um bom trabalho em apresentar o conflito entre Jorge, a data e as relações familiares que o permeiam. Tudo Bem no Natal Que Vem é um filme que mistura todos os clichês natalinos com a típica comemoração brasileira.

Continue lendo “Tudo Bem no Natal que Vem: filme da Netflix vai do riso às lágrimas”

On the Rocks, Sofia Coppola e o perigo de se fazer um filme sobre nada

Cena do filme On the Rocks. Bill Murray, um homem branco e idoso de cabelo branco e terno preto, beija a testa da filha Rashida Jones, uma mulher negra de pele clara e camiseta cinza. Eles estão ao lado de um carro preto e está de dia
On the Rocks acompanha Laura e seu pai Felix investigando a suposta traição do marido Dean, numa Nova Iorque mais triste e idealizada que o comum (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

On the Rocks é uma expressão em inglês indicando que uma bebida, normalmente alcoólica, deverá ser servida com gelo. É também o nome do sétimo filme de Sofia Coppola, diretora experiente em contar histórias calmas na superfície, mas recheadas de drama e ventanias por debaixo dos sorrisos amarelos e jardins ensolarados. Na incongruente filmografia da norte-americana, o filme de 2020 é um anexo a temáticas passadas, mas abre o leque para a sutilidade do inevitável e a magia do ordinário.

Continue lendo “On the Rocks, Sofia Coppola e o perigo de se fazer um filme sobre nada”

Com Scooby!, a memória da infância não tem fim 

A imagem mostra Salsicha e Scooby abraçados em cima de uma cama. Eles usam seus figurinos clássicos, sendo o de salsicha a blusa verde, bermuda cáqui e tênis e de Scooby a coleira azul.
É quase impossível repetir ‘Scooby-Doo, cadê você meu filho?’ sem fazer a voz de Salsicha Rogers (Foto: Reprodução)

Júlia Paes de Arruda

É, turma… Parece que temos um novo mistério nas mãos’. A frase tão emblemática de Fred Jones tornou-se ainda mais nostálgica com a divulgação de um filme em 3D do dogue alemão mais querido por adolescentes e adultos que cresceram assistindo os desenhos do Scooby-Doo. Nem mesmo a pandemia e a tímida reabertura das salas de cinema impediu que os fãs pudessem apreciar a animação Scooby!, que logo conquistou o topo das bilheterias

Continue lendo “Com Scooby!, a memória da infância não tem fim “

20 anos de A Nova Onda do Imperador: a experiência inusitada da Disney

Uma lhama?! Era pra ele morrer! (Foto: Reprodução)

Caroline Campos

Todos nós conhecemos o padrão Disney de clássicos irrefutáveis – um protagonista justo e merecedor que passa por um grande desafio contra um vilão maquiavélico e acaba retomando a paz de seu insira aqui: vilarejo, país, reino, entre outros. No entanto, logo após o fim da Era da Renascença no início do séc. XXI, surge uma sequência de filmes que não se encaixaram muito bem com o que o ratinho nos apresentava anteriormente e encabeçaram a chamada Era da Experimentação. Entre eles, talvez o que faz mais jus ao nome do período em que pertence, está A Nova Onda do Imperador, que completa 20 anos no ano de 2020.

Continue lendo “20 anos de A Nova Onda do Imperador: a experiência inusitada da Disney”