O Sacrifício do Cervo Sagrado: uma luta de sobrevivência para a purificação do pecado

Cena do filme O Sacrifício do Cervo Sagrado. A personagem Anna, uma mulher loira, está ao lado esquerdo com mais claridade e o personagem Steve, um homem branco, está vestido com um jaleco médico  do lado direito com menos claridade. Ambos estão se encarando pela porta de vidro do hospital. 
As atuações de Colin Farrell e Nicole Kidman dão ainda mais vida à estranheza do filme (Foto: A24 Films)

Tiago Way

O Sacrifício do Cervo Sagrado é uma produção da A24 Films dirigida por Yorgos Lanthimos (Dente Canino, 2009), lançado em Cannes em 2017, onde recebeu o prêmio pelo júri de Melhor Roteiro (creditado ao diretor e a Efthymis Filippou) e foi altamente aplaudido pelo público do festival. O filme acompanha a vida do cardiologista Steve (Colin Farrell), que é casado com a oftalmologista Anna (Nicole Kidman). O casal vive tranquilamente com seus dois filhos Kim e Bob, e logo são submetidos a um estado de conflito com a chegada do jovem Martin (Barry Keoghan). O longa é inspirado na obra dramatúrgica grega Ifigénia em Áulide

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O horror do envelhecimento em Tempo

Cena do filme Tempo exibe uma família de pessoas brancas se abraçando embaixo de um guarda-sol em uma praia. A família é formada por um casal de um homem e uma mulher, e vemos um menino e uma menina, adolescentes.
A família ainda é importante para Shyamalan (Foto: Universal Studios)

Caio Machado

Na infância, parece que nunca vamos envelhecer. Para nosso cérebro, novo e inocente, “ficar velho” é algo que afeta só os outros e não a nós mesmos. Quando você cresce e olha para o espelho com mais atenção, reparando nas marcas do rosto, a verdade universal vem à tona: a idade chega para todos. O novo filme de M. Night Shyamalan, Tempo, expõe com sinceridade quão perturbador o envelhecimento pode ser para um ser humano. 

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Halloween de 2018 é uma celebração ao clássico que originou a franquia

O confronto atemporal de Michael Myers e Laurie Strode ainda encanta os fãs da franquia (Foto: Blumhouse)

Ma Ferreira

Assistir ao Halloween lançado em 2018 é como revisitar o clássico de 1978, Halloween – A Noite do Terror. Apesar das dez continuações existentes , podemos considerar a narrativa mais recente como uma continuação direta ao icônico filme de John Carpenter. Nesta trama, sob direção de David Gordon Green, após quarenta anos dos assassinatos, Myers escapa de uma transferência entre unidades psiquiátricas e vai atrás de sua principal obsessão: Laurie Strode. Com cenas que remetem a gênese desse confronto, vemos como foi o desenrolar da vida desses dois personagens nesse período e da preparação deles para este reencontro.

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The Rocky Horror Picture Show não cabe em nenhuma caixinha

Cena do filme The Rocky Horror Picture Show. Na imagem, em um primeiro plano, vemos o braço flexionado e musculoso do personagem Rocky, um homem branco e loiro, que está de costas e só aparece parcialmente. Em um segundo plano, atrás do braço de Rocky, vemos, da esquerda para a direita, Janet e Brad, uma mulher e um homem brancos, ambos aparentando cerca de 30 anos e vestindo roupões brancos; à frente deles, Magenta, uma mulher branca de cabelos encaracolados vestindo um vestido preto e de lado para a câmera; Frank, o personagem principal, vestindo um corset preto e maquiagem e flexionando os braços; e Riff Raff, um homem branco, de cabelos loiros e longos somente na lateral da cabeça, segurando uma toalha e encarando Frank.
The Rocky Horror Picture Show surgiu porque o criador Richard O’Brien, que também interpreta Riff Raff, estava entediado e insatisfeito com seus papéis no teatro (Foto: 20th Century Fox)

Vitória Lopes Gomez

Nota mental: nunca tentar definir o gênero cinematográfico e nem descrever o roteiro de The Rocky Horror Picture Show. O longa musical dirigido por Jim Sharman e baseado na peça teatral homônima levou às telas a essência satírica e tumultuada de comédia, terror e ficção científica todos juntos e misturados, com muita música, irreverência e atrevimento. Assim como os filmes B que se propôs a homenagear, a rebelde produção foi criticada, deixada de lado e jogada para as exibições com menor audiência. Entre o público das sessões, o propositalmente ridículo e contracultural The Rocky Horror Picture Show foi compreendido e, justamente por causa dos renegados, se tornou o clássico cult definitivo e atemporal que é hoje.

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45 anos de um clássico do Terror: Carrie, a Estranha se consagra como uma obra atemporal

 Cena do filme Carrie, a Estranha. Nesse cenário, a protagonista está no baile de formatura, que é decorado com um fundo azul e algumas luzes brancas. Na parte central está Carrie, com seus cabelos, roupas e corpo completamente banhados de sangue.
Essa cena mostra Carrie totalmente encharcada de sangue, após uma ação maldosas de seus colegas de turma que tinham a intenção de humilhá-la na frente de toda escola (Foto: Redbank)

Livia de Figueredo

Completando 45 anos de lançamento, a obra cinematográfica Carrie, a Estranha foi inspirada no primeiro romance do lendário autor Stephen King, e tornou-se um clássico do Terror, mudando assim, a história da Sétima Arte. Assinada pelo diretor Brian de Palma, em 1976, a obra aborda questões que ainda hoje se mantêm impregnadas na conjuntura da sociedade, como o fanatismo religioso, bullying, abuso parental e a descoberta da sexualidade. 

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O Massacre da Serra Elétrica ainda cheira à carniça

A imagem retangular é uma cena do filme. Ligeiramente à esquerda da foto, vemos em contraluz um homem de costas, com um paletó e calça e cabelos longos e embaraçados. Ele segura uma motosserra com mãos e braços para cima, aparentemente correndo em direção ao horizonte na foto. Ao fundo vemos um pôr do sol alaranjada na parte de cima da foto e na parte de baixo vemos um campo de mato e pequenas árvores.
Apesar do nome marcante, a serra de Leatherface não era elétrica – iria ser difícil matar pessoas preso a uma tomada (Foto: Bryanston Pictures)

Caroline Campos

O gênero slasher tem uma árvore genealógica complicada. Há quem diga que a Psicose de Norman Bates foi responsável por lançar às telas o movimento, enquanto outros apontam aquela noite de Halloween de Michael Myers como o verdadeiro merecedor dos créditos. Mas entre os esqueletos de Hitchcock e os gritos de Jamie Lee Curtis, há um nome que, quando pronunciado em toda a sua perversidade, remete automaticamente a gênese dos filmes de assassinos em série e, se você ainda não assistiu a O Massacre da Serra Elétrica, talvez o mês de outubro não seja para você.

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A Lenda de Candyman: os terrores da realidade são piores que os da ficção

Cena do filme A Lenda de Candyman. Imagem retangular. No centro da imagem tem um menino negro, cabelo raspado e olhos castanhos, ele usa uma camiseta vermelha com gola azul. Na imagem há apenas o torso do garoto. Ele olha assustado através da fresta de uma porta de madeira. A porta e a parede verde do lado dela estão cobertas de sangue.
Candyman não economiza no sangue e na violência para chocar os seus espectadores (Foto: Universal Pictures)

Nathan Sampaio

Lendas urbanas sempre existiram na sociedade. Elas servem para nos dar explicações, para assustar, entreter e, em alguns casos, tentar abrandar uma realidade dura demais. Tendo isso como base, chegou aos cinemas em setembro de 2021 A Lenda de Candyman, sequência de O Mistério de Candyman, lançado em 1992. O novo longa busca reviver a franquia, já esquecida pelo grande público, e atualizar as discussões propostas na primeira parte.

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O solstício de verão nunca foi tão aterrorizante quanto em Midsommar

Cena do filme Midsommar. A foto é retangular e retrata o rosto da personagem Dani, rodeado por flores. Dani é interpretada por Florence Pugh. Florence é uma mulher branca, seus cabelos são loiros e estão presos. Ela tem uma expressão triste. Há uma coroa de flores coloridas enorme em sua cabeça, que rodeia todo seu rosto. Abaixo de seu pescoço também está completamente coberto por flores coloridas.
Utilizando elementos do folk horror com excelência, Ari Aster entrega uma obra completa, incômoda e sinistra (Foto: A24)

Mariana Nicastro

Midsommar – O Mal Não Espera a Noite é a prova de que, quando seu sexto sentido diz que é melhor ficar em casa, ao invés de ir naquele rolê duvidoso, é melhor escutá-lo. Mas, afinal, o que um festival de verão florido, em um campo bonito e agradável, repleto de anfitriões simpáticos e felizes, comidas e bebidas aos montes e tradições pagãs podem oferecer de mau? Talvez, sob um primeiro olhar, nada. Mas nem tudo é o que parece, e uma armadilha macabra pode se esconder muito bem por trás de flores, danças e a promessa de férias tranquilas.

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É claro que seu filme de terror favorito é Pânico

Cena do filme Pânico. Nela vemos uma pessoa vestindo um capuz preto e uma máscara branca com olhos pretos e a boca aberta. Há uma faca na mão direita. Na sua frente, e de costas da câmera, há uma mulher loira de cabelo na altura dos ombros. Ela veste um suéter bege. Na mão direita está um telefone branco que ela segura contra a orelha. Há um vidro entre os dois. O fundo é uma sala de jantar.
Em 2021, Pânico celebra 25 anos de sua estreia no mundo do slasher (Foto: Dimension Films)

Ana Júlia Trevisan

Você com certeza já viu essa máscara em algum lugar. Pode não saber sobre o que se trata ou não conhecer o roteiro do filme, mas é certo que conhece a Ghostface. Esse é o efeito Pânico: ser um divisor de águas e marcar de maneira inabalável o Terror apenas por sua identidade visual. Você está sozinha em casa à noite, fazendo pipoca e esperando seu namorado chegar. De repente, o telefone começa a tocar e você se vê dentro de um jogo macabro onde o fim é a morte. Essa é a fenomenal introdução de Scream, a franquia de Wes Craven que colocou o slasher de volta no radar e desmistificou que o subgênero do Horror estava em decadência.

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Com uma direção que dá medo, A Bruxa de Blair é um clássico que nunca perde a essência

A imagem mostra Heather Donahue com uma touca cinza. O foco da imagem é o rosto de Heather, uma mulher branca, de olhos azuis que aparenta estar assustada. Ela está chorando com a câmera focada em seu olho direito (esquerdo para quem lê a imagem). Heather está com as sobrancelhas arregaladas. O fundo da imagem é preto.
Uma fita VHS gravada com uma câmera amadora, um grupo seleto de atores desconhecidos, edição com cortes básicos, cenários reais, 81 minutos de imagens de péssima qualidade e assim nasceu um dos melhores filmes de terror de todos os tempos (Foto: Haxan Films)

Gabriel Gomes Santana

Há exatos 22 anos, uma relíquia cinematográfica colocava pânico em todos os amantes de Cinema. A Bruxa de Blair, icônico filme de terror em formato de documentário ficcional, aterrorizava o público pelo seu conteúdo macabro e tão simples que, de fato, brincava com o “real”. Se hoje em dia as pessoas reconhecem a grandeza de franquias como Atividade Paranormal e REC, elas certamente devem agradecer à produção de A Bruxa de Blair por ter inspirado este modelo de gravação.

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