Flux Gourmet é um delicioso banquete difícil de digerir

Cena do filme Flux Gourmet. Nela, vemos os três integrantes que compõem o coletivo artístico-culinário. Ao centro temos o personagem Billy interpretado por Asa Butterfield, um jovem branco de cabelos pretos com uma grande franja. Ele usa uma jaqueta jeans, camiseta vinho e calça jeans. Sua cabeça está arqueada e sua boca levemente aberta. Mais atrás, dos lados direito e esquerdo, temos duas mulheres, a da direita, loira e a da esquerda, de cabelo castanho cor de mel. As duas estão de costas, fazem movimentos com as mãos na altura do rosto e vestem uma espécie de vestido fúnebre na cor preta. Ao fundo, há uma parede que reflete uma luz azul.
O filme chega em terras brasileiras através da seção Perspectiva Internacional da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Bankside Films)

Guilherme Veiga 

Cozinhar, definitivamente, é uma Arte. Mesmo não estando inclusa entre as sete, a gastronomia sabe emular todas as sensações que as outras conseguem, às vezes de forma mais impactante e convincente que as demais. Seja pelo conforto e ternura de uma comida feita pela mãe, seja pela explosão sensorial do prato principal feito em um restaurante três estrelas Michelin ou até mesmo pela agonia que é experimentar algum ingrediente exótico. São essas experiências que Flux Gourmet, co-produção entre Reino Unido, Estados Unidos e Hungria, em cartaz na Perspectiva Internacional da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, e que estreou no Festival de Berlim, busca instigar.

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Alan Wake Remastered é mais do que uma luz no fim do túnel

Cena do jogo Alan Wake Remastered. Alan Wake está de costas para a câmera, no meio de uma estrada, encarando um tornado de energia escura que avança e levanta carros, barris e outros objetos. Alan possui cabelos negros e usa um paletó cinza de tweed com um capuz de moletom abaixado por cima. Na mão esquerda ele segura uma lanterna apontada para o chão. À sua esquerda está um edifício baixo envolto por uma cerca de madeira baixa. Mais a frente, a silhueta de um poste elétrico aparece contra a floresta mais a frente, iluminado por uma fonte de luz vindo de algum lugar dessa floresta. À direita de Alan, uma árvore silvestre se ergue e podemos ver outra cerca circundando o outro lado da estrada. A cena toda está ocupada por uma névoa densa e sobrenatural.
“O mistério sem resposta é o que fica na cabeça, e é dele que nos lembraremos no fim” (Foto: Remedy Entertainment)

Gabriel Oliveira F. Arruda e João Paulo de Oliveira

Mais de uma década após seu lançamento original no Xbox 360, o pesadelo cult da Remedy Entertainment toma nova forma em Alan Wake Remastered, entregando a experiência definitiva da obra idealizada por Sam Lake. Inicialmente amaldiçoado por um período de desenvolvimento caótico, uma janela de lançamento inoportuna e um grande número de versões piratas, o remaster chega como uma segunda chance para que a franquia alcance o sucesso que sempre mereceu.

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Quem tem medo de Jennifer Check?: Garota Infernal e o verdadeiro inimigo

Cena do filme Garota Infernal. Megan Fox, que interpreta Jennifer Check, é uma mulher branca, de olhos azuis e cabelos pretos. Jennifer é uma adolescente no colegial. Ela se olha no espelho de um armário azul marinho, típico dos colégios estadunidenses. O espelho é arredondado com strass prata e rosa em sua volta. Na lateral superior esquerda e na lateral inferior direita do espelho estão colados dois adesivos de desenhos orgânicos, também em rosa. Não se vê nada na cena além da vista do rosto de Jennifer refletido no espelho e o fundo azul marinho do armário.
Fracasso comercial, Garota Infernal pouco a pouco se restabeleceu como terror cult feminista (Foto: Fox/Dune Entertainment)

Ayra Mori

Se em 2009 Garota Infernal foi considerado um crasso fracasso, após uma década de seu lançamento o filme se restabeleceu como Terror cult feminista à frente de seu tempo. Escrito por Diablo Cody, dirigido por Karyn Kusama e protagonizado pela dupla Megan Fox e Amanda Seyfried, Garota Infernal é um estudo de caso sobre como um roteiro perspicaz, um enquadramento subversivo da câmera e personagens autoconscientes são capazes de transfigurar o olhar masculino predominante no gênero, pondo em foco a perspectiva feminina quanto às violações do corpo através de Jennifer e, bem, “O inferno é uma garota adolescente”.

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The Rocky Horror Picture Show não cabe em nenhuma caixinha

Cena do filme The Rocky Horror Picture Show. Na imagem, em um primeiro plano, vemos o braço flexionado e musculoso do personagem Rocky, um homem branco e loiro, que está de costas e só aparece parcialmente. Em um segundo plano, atrás do braço de Rocky, vemos, da esquerda para a direita, Janet e Brad, uma mulher e um homem brancos, ambos aparentando cerca de 30 anos e vestindo roupões brancos; à frente deles, Magenta, uma mulher branca de cabelos encaracolados vestindo um vestido preto e de lado para a câmera; Frank, o personagem principal, vestindo um corset preto e maquiagem e flexionando os braços; e Riff Raff, um homem branco, de cabelos loiros e longos somente na lateral da cabeça, segurando uma toalha e encarando Frank.
The Rocky Horror Picture Show surgiu porque o criador Richard O’Brien, que também interpreta Riff Raff, estava entediado e insatisfeito com seus papéis no teatro (Foto: 20th Century Fox)

Vitória Lopes Gomez

Nota mental: nunca tentar definir o gênero cinematográfico e nem descrever o roteiro de The Rocky Horror Picture Show. O longa musical dirigido por Jim Sharman e baseado na peça teatral homônima levou às telas a essência satírica e tumultuada de comédia, terror e ficção científica todos juntos e misturados, com muita música, irreverência e atrevimento. Assim como os filmes B que se propôs a homenagear, a rebelde produção foi criticada, deixada de lado e jogada para as exibições com menor audiência. Entre o público das sessões, o propositalmente ridículo e contracultural The Rocky Horror Picture Show foi compreendido e, justamente por causa dos renegados, se tornou o clássico cult definitivo e atemporal que é hoje.

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