Às vésperas do Super Bowl LV, The Weeknd lançou o álbum The Highlights. Esse trabalho, como o próprio nome diz, relança ao público as músicas que marcaram a sua brilhante carreira musical. Abel – nome de batismo do canadense – compilou sucessos desde sua mixtapeHouse of Balloons até seu último álbum After Hours, ainda contando com músicas de parcerias grandiosas com Ariana Grande e Kendrick Lamar.
No mês que antecede o evento mais importante da música ocidental, alguns dos grandes nomes do Grammy 2021 aproveitaram para agitar a campanha para a premiação, que acontece no dia 14 de março. A dupla Chloe x Halle vestiu tons frios para Ungodly Hour (Chrome Edition) e para o clipe futurista da canção-título. Dua Lipa juntou novos singles com a tracklist mais famosa de 2020 em Future Nostalgia (The Moonlight Edition).Doja Cat e Megan Thee Stallion comandaram um remix de Ariana Grande, e a banda HAIM cantou mais uma vez – e agora pra valer – com Taylor Swift.
Falando nela, a artista que protagonizou a maior polêmica do mundo pop dos últimos anos iniciou sua volta por cima. Depois de jogar a ***** no ventilador e suscitar uma discussão importante sobre a relação complicada que existe entre direitos autorais, artistas jovens e a indústria musical, Swift alertou que não deixaria barato e que faria o possível para tornar seus trabalhos, que foram vendidos sem a sua permissão, obsoletos, regravando-os. É fato que a cantora de reputation é firme com sua palavra, e assim ela apresentou ao mundo Love Story (Taylor’s Version), anunciando que a nova versão de Fearless, seu segundo álbum, também chegará aos nossos ouvidos em breve.
O maior injustiçado da temporada, por sua vez, brilhou forte em sua performance no intervalo do Super Bowl promovendo The Highlights. A coletânea reforça a relevância e impacto do trabalho de The Weeknd, que não engoliu a desonestidade da Recording Academy. Quem também superou cenários hostis foi Rebecca Black, o assunto da internet e alvo de um episódio de cyberbullying massivo em 2011, que dez anos depois do fatídico clipe de Friday, retorna àquele lugar para um remix da música original.
Ascensão também é uma palavra que se aplica aos artistas brasileiros, que mantiveram a atividade em um fevereiro sem carnaval. Pabllo Vittar voou alto ao interpretar o remix de Man’s World com MARINA e Empress Of. Ludmilla, que sabe pregar o funk como ninguém, colaborou com o trio Major Lazer e ainda encontrou espaço para trazer visibilidade ao grupo baiano ÀTTOOXXÁ e ao artista jamaicano Suku Ward. Luísa Sonza mostrou mais uma vez sua versatilidade num pagode ao lado de Thiaguinho, e Papatinho fez o mesmo ao misturar samba, funk e rap com Seu Jorge e Black Alien.
Já na MPB, celebramos a vida e a carreira de Gal Gosta. Não exatamente como gostaríamos, num show ao vivo lotado de apaixonados por uma das maiores vozes do Brasil, mas da melhor maneira que os moldes pandêmicos podem nos proporcionar, com o disco Nenhuma Dor. Assim como nossa musa, sempre atento e forte, Gilberto Gilse uniu aos seus filhos e netos em Refloresta para fortalecer uma campanha a favor da conservaçãode nosso bem mais precioso.
A notícia triste foi o fim de Daft Punk. Depois de 28 anos de carreira, o duo composto por Guy-Manuel de Homem Cristo e Thomas Bangalter deixa um legado incalculável e uma influência que vai muito além da música eletrônica, lar da dupla. Tudo isso e muito mais sobre as movimentações do mundo da música foi registrado no Nota Musical de Fevereiro pela Editoria e colaboradores do Persona, que dessa vez, além de CDs, EPs, singles, clipes e performances, inventaram de falar também sobre as trilhas sonoras de alguns dos filmes mais importantes do mês.
Chega a ser engraçado o poder da música sobre nossos sentimentos, abrindo caminho entre qualquer racionalidade e atingindo em cheio nosso coração, trazendo a tona sensações que nem sequer sabiamos poder senti-las. Nos submergimos naquela narrativa atmosférica sangrando por um coração que pode nunca ter sido quebrado ou por uma paixão avassaladora que nunca tivemos, mas mesmo assim entendemos. E é em Nobody Is Listening que ZAYN nos permite viajar na imensidão de suas sensações, embarcando nessa sincera e imersiva história.
O oitavo álbum de Rihanna, ANTI, completa seu quinto aniversário neste dia 28 de janeiro. Sob o selo da sua própria gravadora, Westbury Road Entertainment, o CD se tornou em pouco tempo um ícone musical, o que já é esperado da barbadiana que faz sucesso com tudo o que lança, desde a sua estreia no cenário. Marcado pela sua mistura de R&B contemporâneo com pop – e algumas outras influências -, o trabalho apresenta uma Rihanna madura, confiante e com mais controles de sua própria carreira.
Veterano da premiação, John Legend concorre a Melhor Álbum R&B no Grammy 2021 com seu mais recente lançamento: Bigger Love (2020). A categoria, que já premiou Bruno Mars por 24K Magic em 2018 e H.E.R por seu homônimo álbum em 2019, pode se tornar a oportunidade de Legend conquistar seu décimo segundo gramofone de ouro. Exalando romantismo e poesia, a produção de 16 faixas, com potencial para inúmeras leituras, entrega uma bela e cansativa narrativa.
Diferente da solitude, a solidão não é uma escolha. Muito pelo contrário, a solidão é inevitavelmente assombrosa e dolorosa, carregada de frustrações e angústias. Então como lidar com ela? The Weeknd resolveu pegá-la pela mão e transformá-la em arte. A atração principal de todos os seus trabalhos não poderia ser diferente em 2020: é no deslocamento que ele encontra a fonte de inspiração para seus trabalhos geniosos. Solidão, loucura, incompreensão e sofrimento amoroso são os protagonistas do álbum After Hours, o maior dos acertos do canadense.
Os trabalhos recentes de Ariana Grande ajudaram a consolidá-la como uma titã do ramo musical, tudo que ela toca vira ouro. Se não ouro, suas canções explodem, e garantir o lugar no topo das paradas virou rotina na vida da canceriana de 27 anos. A quantidade de lançamentos, porém, nem sempre se alinha à qualidade deles. Em 2020, Ariana assume o teor sexual de Positions, vendendo-o como uma libertação da imagem fragilizada do bem-sucedido thank u, next. O que Ariana não assumiu, todavia, foi que seu sexto álbum de estúdio era recheado de repetições do passado, o que não costuma ser bom sinal.
Surgindo a partir de uma carreira nativa da internet, o álbum Ungodly Hour, da dupla Chloe X Halle, entrega diversos pontos positivos de se admirar, mas, acima de tudo, serve como uma emancipação artística das irmãs para além do papel de protegidas e apadrinhadas por Beyoncé. Crescidas no meio artístico, é notável a desenvoltura que as artistas têm, basta assistir qualquer uma das várias apresentações recentes. Com uma carreira que conta com aparições em filmes e apresentações musicais desde crianças, foi através de covers no YouTube que começaram a se destacar na música.
Alguns compositores parecem ter nas mãos uma facilidade singular de se expressar. E, assim, desenhar em versos e estrofes aquilo que sentem ou deixam de sentir. A californiana Jillian Rose Banks, musicalmente conhecida apenas como Banks, é uma dessas artistas que, com aptidão ímpar, traduzem em suas músicas aquilo que nós, ouvintes, não conseguimos verbalizar acerca de nossas dores e amores. Em III, seu trabalho mais recente, Banks nos convida novamente a se identificar com cada palavra que compõe.
São muitos os fatores que conferem a um grande artista o status de ícone. Madonna traduziu vanguardas para a linguagem da MTV e as usou para provocar e desconcertar; Prince tirou de sua cabeça genial um terço do que hoje entendemos como música pop; Stevie Wonder oferecia orgulho e excelência negra pra todo mundo que estivesse pronto para ouvir. Continue lendo “De Janet Jackson a Kelela, o poder da representação negra”