Fernando Coimbra mistura filmes de gangue com Macbeth em Os Enforcados

O cenário é uma cozinha. Na cena, Valério está sentado com um canivete na mão, chorando, e com a cabeça deitada no peito de Regina. Ele veste uma camisa preta. Regina segura a cabeça de Valério contra o seu peito. Ela está com uma roupa branca manchada nas mangas.
Fernando Coimbra já trabalhou com Leandra Leal em O Lobo Atrás da Porta (Foto: Gullane Filmes)

Guilherme Moraes

Após um hiato de mais de dez anos, depois de lançar O Lobo Atrás da Porta, Fernando Coimbra retorna na direção de Os Enforcados, filme que debutou na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo na seção Mostra Brasil. Na trama, Regina (Leandra Leal) influencia o marido a cometer um crime na busca por tomar o comando dos negócios, ao melhor estilo Lady Macbeth. No entanto, os planos dão errado e, conforme a narrativa avança, Valério (Irandhir Santos) vai assumindo cada vez mais a postura de gangster.

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Bradley Cooper orquestra o seu Maestro interior

Cena do filme Maestro. Na imagem, o protagonista Leonard Bernstein aparece conduzindo uma orquestra. Ele é interpretado pelo ator Bradley Cooper, um homem branco de cabelos escuros e olhos claros. A câmera captura em cores e a partir da cintura o maestro angulado para o lado com suas mãos realizando gestos para cima enquanto segura uma batuta com uma delas. Ele veste um terno preto por cima de uma camiseta branca. Ao fundo, é possível ver de forma desfocada os membros da orquestra tocando seus respectivos instrumentos e a esposa de Bernstein com seu vestido azul.
Bradley Cooper usou 137 próteses de nariz ao longo de Maestro (Foto: Netflix)

Nathalia Tetzner

Todo ator é, no fundo, movido pela atenção. Acostumado a esconder a ambição por trás de performances gloriosas, seu maior pesadelo é transparecer pela pele do personagem. Essa situação terrífica acontece com Bradley Cooper que – pela segunda vez assumindo o cargo de diretor em um filme que também protagoniza –, orquestra o seu maestro interior em uma cinebiografia que parece dizer bem mais sobre ele do que o objeto de estudo, o lendário Leonard Bernstein. Ainda que tenha bons momentos, Cooper não consegue desaparecer por completo na pele do compositor do musical West Side Story, fato previsto quando acusações de antissemitismo surgiram por todos os lados pelo uso questionável de uma prótese de nariz.

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Os coiotes em pele branca de cordeiro de Assassinos da Lua das Flores

Cena de Assassinos da Lua das Flores. Nela vemos, da esquerda para a direita, Mollie Burkhart, uma mulher de indígena americana, de cabelos pretos lisos e Ernest Burkhart, um homem de cabelos loiros e olhos azuis. Mollie veste um poncho de sua tribo na cor bege, com listras vermelho terra, preto e verde; uma camisa roxa, um colar em prata e um cachecol preto. Ernest veste um terno azul marinho, camisa cinza e gravata marrom. Eles estão sentados sobre uma mesa e Molly, na esquerda da imagem, olha para Ernest, que está olhando para cima. Ao fundo, uma cozinha de época com móveis em madeira e acessórios em porcelana e prata.
Uma das cenas mais esperadas do ano também é uma das mais lindas (Foto: Apple TV+)

Guilherme Veiga

“Fundamentalmente é algo que, por alguma razão, permanece. Algo que você pode ver anos depois ou 10 anos depois você irá ver e será diferente. Em outras palavras, há algo a mais para aprender sobre si próprio e sobre a vida”

Foram com essas palavras que Martin Scorsese definiu sua percepção sobre Cinema. Fatores como sua própria filmografia ou seu instituto The Film Foundation, responsável por restaurar mais de 1000 filmes, colocam o diretor como uma espécie de guardião vivo da Sétima Arte.

O próprio idealizador já afirmou que foram os filmes que moldaram sua percepção da vida enquanto criança, por isso, nada mais justo que florescesse nele o ímpeto por contar e eternizar histórias. Isso resultou em uma carreira ímpar, primorosa e incontestável, fazendo que somente Scorsese fosse a única pessoa possível para, desta vez, dar voz a toda a vivência de um povo através de sua nova obra-prima, Assassinos da Lua das Flores.

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10 anos de O Lobo de Wall Street: eis que a caça vira o caçador

Cena do filme O Lobo de Wall Street. Na imagem, Leonardo DiCaprio interpreta Jordan Belfort em um iate. Ele, um homem branco de cabelos escuros e olhos claros, veste uma camisa polo branca e calça bege com cinto preto. Em uma de suas mãos, Belfort carrega uma taça e, na outra, ostenta um relógio. A câmera o captura a partir do joelho, com o enquadramento também mostrando a bandeira dos Estados Unidos e um grande edifício ao fundo.]
The Wolf of Wall Street arrecadou mais de 400 milhões de dólares em bilheteria (Foto: Paramount Pictures)

Nathalia Tetzner

Poucos diretores sabem explorar o lado mau dos homens como Martin Scorsese e, no campo dos atores, são raros aqueles que, à la Leonardo DiCaprio, sabem se despir para viver na pele uma figura ‘8 ou 80’. Na floresta do capitalismo selvagem, O Lobo de Wall Street surge, em 2013, sem escrúpulos ou moralismo para retratar a trajetória de Jordan Belfort pelos edifícios carnívoros do distrito financeiro mais cobiçado do mundo.

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Tudo Sobre os Indicados ao Emmy 2021

Arte retangular horizontal de fundo laranja. No canto superior esquerdo, foi adicionado o texto 'tudo sobre os indicados ao'. Abaixo, foi adicionado o texto 'emmy 2021', estilizado para que se veja apenas o contorno das letras. Abaixo, foi adicionado o logo do Persona com a íris do olho em laranja, e ao lado esquerdo, no canto inferior, o troféu do Emmy na cor preta. Do centro da imagem até o extremo direito, foram adicionadas 6 molduras pretas, em 2 fileiras de 3 molduras lado a lado. Primeira fileira: dentro da primeira moldura, foi adicionada a imagem do ator Michael K. Williams, por seu personagem em Lovecraft Country. Na segunda moldura, foi adicionada a imagem de MJ Rodriguez, por sua personagem em Pose. Na terceira moldura, foi adicionada a imagem da cantora Billie Eilish. Segunda fileira: Dentro da primeira moldura, foi adicionada a imagem de Lin-Manuel Miranda, por seu personagem em Hamilton. Na segunda moldura, foi adicionada a imagem das atrizes Maya Erskine e Anna Konkle, por suas personagens na série PEN15. Na terceira moldura, foi adicionada a imagem da atriz Anya Taylor-Joy, por sua personagem em O Gambito da Rainha.
Os destaques do Emmy 2021: Lovecraft Country, Pose, Billie Eilish: The World’s A Little Blurry, Hamilton, Pen15 e O Gambito da Rainha (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Vitor Evangelista)

Preparem a pipoca de microondas e gelem as garrafas de coca-cola, pois o Emmy 2021 está batendo à porta. A 73ª edição dos prêmios da Academia de Televisão acontece no dia 19 de setembro, e no ano em que a pandemia judiou das séries consagradas do Oscar da TV, o Persona traz um conteúdo completo e multifacetado, abrangendo, entre séries de comédia e drama, animações, programas de competição, de variedades, documentários, telefilmes, séries limitadas e antologias, 72 produções que concorrem ao Emmy desse ano.

Lendo esse compilado, você fica por dentro de tudo que está rolando na premiação, sabe em quem apostar (pode ir em Ted Lasso, confia em mim) e ainda descobre quais foram os esnobados e injustiçados da vez. Começando pelo gênero da Comédia, muitas vezes erroneamente tido como o menos importante da seleção, a série da Apple TV+ com o técnico bigodudo sai na frente em todas as corridas que disputa.

A benevolência de Lasso, por outro lado, rivaliza de maneira harmoniosa com a acidez de Hacks, seriado do HBO Max que encontra em Jean Smart um veículo de sagacidade, mau humor e um estudo sobre a mudança da Comédia na TV. Simplesmente imperdível, assim como sua colega de emissora, The Flight Attendant, dramédia misteriosa que tira Kaley Cuoco da vida nerd de The Big Bang Theory, e a coloca dentro de aviões em viagens longas, recheadas de alcóol e até um assassinato.

Na lista mais fraca em anos, Melhor Série de Comédia iluminou a brilhante Pen15 e todo seu humor cringe, mas ainda não o bastante para que as soberbas Anna Konkle e Maya Erskine apareçam na lista principal de atuação. Quem também se sobressai da mediocridade é a sétima temporada de black-ish, sitcom que se mantém firme e forte com o casal protagonista figurando em suas respectivas disputas.

Cobra Kai surpreendeu (e o cheque da Netflix caiu) com a menção na categoria principal, e O Método Kominsky conseguiu ser indicado pela terceira vez. A surpresa, no entanto, ficou com a lembrança de Emily em Paris, na briga que poderia ter indicado obras mais pomposas, como Dickinson (completamente esnobada) ou Zoey e sua Fantástica Playlist (que abocanhou algumas menções técnicas). A ausência de comédias de nome, a exemplo de What We Do in the Shadows, Atlanta, Insecure, Barry e The Marvelous Mrs. Maisel, abriu espaço para que a seleção de 2021 se diferenciasse do esperado.

Reconhecidas somente com suas brilhantes atuações estão o final de Mom, o final de Shrill e o final de Shameless. O começo de Kenan foi agraciado com a menção de seu personagem-título Kenan Thompson, que também aparece como um dos favoritos ao prêmio de Ator Coadjuvante, dessa vez por Saturday Night Live. A corrida masculina, de fato, enxergou uma superlotação do elenco de Ted Lasso, que faz companhia a Thompson e ao brilhante Bowen Yang, na disputa da honraria.

Com Insecure fora do período de elegibilidade, a pontinha de Issa Rae em A Black Lady Sketch Show rendeu à atriz uma indicação como Convidada. A série-filha de black-ish, grown-ish, recebeu a primeira nomeação de sua existência, pela Fotografia da terceira temporada, enquanto Girls5eva, esperando ser lembrada na categoria principal, só ouviu o nome de Meredith Scardino como Melhor Roteiro. Fecham a seleção de Comédia as esquecidas B Positive, The Politician e Made for Love.

Na parte das séries animadas, Big Mouth retorna com a quarta temporada na esperança de sua joia rara Maya Rudolph vencer novamente o Emmy de Performance de Voz, enquanto South Park foi reconhecido, pela primeira vez em sua longa jornada pela TV, pelo episódio especial da pandemia. Outra queridinha da Academia é Love, Death + Robots, que voltou com um ano mais curto, mas igualmente satisfatório.

Quando o assunto são os Documentários e os Programas de Não-Ficção, o Emmy definiu uma regra base: se o filme for indicado ao Oscar, não pode fazer dobradinha aqui. Dito isso, nomes esquecidos na cerimônia que logrou Professor Polvo, como O Dilemas das Redes, As Mortes de Dick Johnson, Bem-vindo à Chechênia e Boys State, agora podem ser agraciados com esse outro troféu dourado. 

Na lista de 2021, marcam presença os filmes musicais Tina, Billie Eilish: The World’s A Little Blurry, David Byrne’s American Utopia e The Bee Gees: How Can You Mend A Broken Heart, além do histórico Tulsa Burning: The 1921 Race Massacre. No formato seriado, Allen contra Farrow fez barulho, Faz de Conta que NY é uma Cidade nos agraciou com afeto e Framing Britney Spears ressoou no mundo real. 

No maior prêmio da noite, 8 dramas batalham pelo reconhecimento sem a sombra de Succession. O suprassumo da quarta temporada de The Crown pode, finalmente, colocar um Emmy de Melhor Série na estante da Netflix. Aliás, o amor pela chegada da Lady Di e da Dama de Ferro emplacou a produção à frente em todas as seis categorias de atuação, além de Roteiro e Direção. Ano passado, Schitt’s Creek provou que é muito possível um único nome clamar todos os troféus do gênero. Será que a criação de Peter Morgan repetirá esse legado?

Na cola da família real, a segunda temporada de The Mandalorian continua o fenômeno nerd, envelopado numa trama de faroeste espacial e ainda conta com a fofura de Grogu, o nome do batismo do nosso filhinho Baby Yoda. O ano 2 da série do Disney+ encheu de nomes as categorias de atuação, além de Roteiro e Direção, mas a ausência de Pedro Pascal em Ator Principal é mais uma vez sentida. Outro nome popular da disputa é The Handmaid’s Tale, que depois de um ano fraco, renasce poderosa.

Com 10 nomeações apenas para o elenco, a quarta temporada trouxe novo ar aos pulmões calejados da trama de June, que sai de Gilead e começa, lentamente, é claro, a tocar o terror. This Is Us, única representante da TV aberta na disputa, bateu ponto, mas sem chance alguma de sair coroada. Bridgerton performou aquém do esperado, e além de aparecer em Série e Direção, iluminou o boa pinta Regé-Jean Page na categoria principal. 

The Boys, por outro lado, surpreendeu com a lembrança em Série e Roteiro, mas que falta faz o nominho de Anthony Starr entre os Melhores Atores de 2021. Quem marca presença lá é o lendário Billy Porter, que busca finalizar seu ciclo em Pose repetindo a vitória do ano inicial. Por falar em Pose, o terceiro ano fez história colocando Mj Rodriguez na briga de Atriz, tornando a querida Blanca Evangelista a primeira pessoa trans indicada em uma categoria de atuação principal.

Para fechar a lista das 8 melhores, temos Lovecraft Country. Criada por Misha Green, a original HBO foi cancelada logo antes do Emmy anunciar suas 18 nomeações. Além de aparecer em disputas principais de Série, Ator, Atriz e Atriz Coadjuvante, a série nomeou o eterno Michael K. Williams como Melhor Ator Coadjuvante, pelo visceral papel de Montrose. O ator, que já deu vida a personagens imortais mas nunca venceu um Emmy, foi encontrado morto no começo do mês, poucos dias antes da cerimônia. Antes de seu falecimento, Williams já era considerado favorito na disputa.

Os Especiais de Euphoria, impedidos de concorrer nas categorias grandes, abocanharam menções no Emmy Criativo (que esse ano acontece em 11 e 12 de setembro). Perry Mason conseguiu emplacar Matthew Rhys e John Lightown, ao passo que Ratched foi reconhecida por seu melhor atributo: a interpretação sobrenatural de Sophie Okonedo. The Umbrella Academy figurou em listas técnicas, In Treatment voltou após o hiato de uma década para dar o reconhecimento para Uzo Aduba em seu primeiro papel como protagonista, e a aparição de 90 segundos de Don Cheadle em Falcão e o Soldado Invernal foi o bastante para a Academia nomeá-lo como Convidado.

No campo dos Especiais de Variedades (Pré-Gravados), temos 3 destaques. Friends: The Reunion, aguardado reencontro do elenco da maior Comédia da TV, indicou Courteney Cox ao Emmy pela primeira vez. Dos 6 amigos, Monica era a única deixada ao relento pela Academia, sem qualquer menção nos dez anos de rodagem da sitcom. Bo Burnham: Inside coroou seu criador em todas as áreas imagináveis, desde o roteiro até as criações sonoras e musicais. 

Hamilton, musical gravado do Disney+, apareceu em tudo onde teve direito: foram reconhecidos o trabalho estonteante de Lin-Manuel Miranda e a entrega feroz de Leslie Odom, Jr., além da verdade impressa por Philippa Soo e o fogo dos olhos e da voz de Renée Elise Goldsberry, o jeito canastrão de Jonathan Groff, o ar despojado de Daveed Diggs e a inocência descomunal de Anthony Ramos. Todos eles, aliás, concorrem nas categorias de Série Limitada ou Antologia ou Telefilme. Hamilton, entretanto, é caracterizado como um Especial de Variedades. 

O ponto dos Telefilmes também cai em uma regra de disputa com o Oscar. Aqui, se a obra foi sequer considerada para nomeação em Cinema, ela automaticamente está fora da disputa da TV. 2021 se provou uma safra fraca para a categoria que premiou o volumoso Má Educação ano passado. Agora, o prêmio ficará entre o romântico O Amor de Sylvie, o sincero Tio Frank, o necessário Robin Roberts Presents: Mahalia, o burocrático Oslo e o bem-aventurado Natal com Dolly Parton.

Sem o nome de Minissérie no título, a disputa de Série Limitada ou Antologia é mais acirrada do Emmy 2021. WandaVision é a campeã de nomeações, mas suas chances de vitória podem ser eclipsadas pelo caráter super-heróico da produção, que lida com pontos importantes de saúde mental, como luto e depressão, ao mesmo tempo em que homenageia a TV como gênero e formato. Tudo isso encapsulado na fórmula Marvel e com o confeito da atuação mirabolante de Kathryn Hahn no papel da vizinha enxerida/vilã formidável.

Campeã dos prêmios de inverno, O Gambito da Rainha alcançou a façanha de ser reconhecida em todas as Guildas e Sindicatos da indústria, mas a estreia lá no fim de 2020 parece distante demais para os louros da Academia, seu passo final antes de encerrar as atividades e depois de vencer o Globo de Ouro, o Critics Choice Awards e o SAG. Outro nome importante do ano é I May Destroy You, que rendeu 4 merecidas nomeações para sua estrela máxima, Michaela Coel, além de lembrar, ainda bem, da performance irretocável de Paapa Essiedu, como Ator Coadjuvante.

The Underground Railroad, estreia de Barry Jenkins na TV, performou abaixo do merecido, lembrado apenas em categorias técnicas, em Série e em Direção. A esnobada de Thuso Mbedu nunca será perdoada, Academia! Enquanto a produção do Amazon Prime Video sofre como a única sem indicações de atuação, Mare of Easttown fecha a lista que batalha pelo disputado prêmio de Série Limitada, entregue à incomparável Watchmen em 2020. Protagonizada por uma faminta por aclamação Kate Winslet, a trama investigativa cresce para além de seu molde detetivesco, dando a seu elenco momentos dignos e que ficarão marcados para suas carreiras: Jean Smart, Evan Peters, Guy Pearce, Angourie Rice e, em especial, Julianne Nicholson, todos arrasam nesse time de estrelas.

Fora da lista principal, se destacam a atuação de Ewan McGregor em Halston e a de Cynthia Erivo em Genius: Aretha. O tato inimitável artístico de Steve McQueen em Small Axe foi completamente ignorado, assim como a destreza de Ethan Hawke, que estrelou, escreveu e produziu The Good Lord Bird, tudo para ser deixado de fora da categoria de Melhor Ator, essa que nomeou o trabalho libertino de Hugh Grant em The Undoing. Protagonista de edições passadas, Fargo ficou limitada à disputas técnicas, e A Maldição da Mansão Bly foi nomeada como uma das melhores edições de som do ano.

Ufa! A lista é gigantesca e o nível de qualidade do conteúdo do Persona é maior ainda. Na extensa e complexa cobertura do Emmy 2021, esse compilado dos indicados à premiação coroa um trabalho de pesquisa e informação, mas não para por aqui. A diversidade na lista do prêmio da Academia deve ser celebrada e espalhada, assim como os incríveis nomeados da edição. Para mergulhar de vez, é só rolar a página e ler o que a Editoria e os Colaboradores destacaram nesta temporada de premiações.

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Faz de Conta que NY é uma Cidade é um passeio caloroso por uma das cidades mais famosas do mundo

Cena da série Faz de Conta que Nova York é uma Cidade exibe uma mulher idosa parada em meio à uma maquete da cidade de Nova York. Ela tem cabelo comprido, ondulado e poucas rugas no rosto. Usa um óculos redondo e veste uma camisa branca com paletó de cor escura.
A série dirigida por Martin Scorsese recebeu 1 indicação ao Emmy 2021 (Foto: Netflix)

Caio Machado

Provocar discussões e causar polêmicas tornou-se algo fácil com a popularização das redes sociais. Na maioria dos casos, os dois ingredientes necessários para tanto são falta de noção e uma grande quantidade de desrespeito. Encontrar alguém disposto a dialogar de forma educada tem se tornado cada vez mais raro. Fran Lebowitz, protagonista da minissérie documental Faz de Conta que NY é uma Cidade, mostra que ainda existem pessoas capazes de questionar valores e crenças sem serem ofensivas. 

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Shirley‌ ‌é‌ ‌a‌ ‌angústia‌ ‌de‌ ‌mulheres‌ ‌geniais‌ ‌em‌ ‌um‌ ‌mundo‌ ‌de‌ ‌homens‌ ‌medíocres

Cena do filme Shirley. A esquerda, Elizabeth Moss, uma mulher branca de 38 anos, está de perfil olhando para a direita. Ela usa uma blusa branca de mangas compridas e seu cabelo é loiro e comprido e está solto. Ela segura com a mão direita o rosto de Odessa Young, uma mulher branca de 23 anos. Odessa também está de perfil, seu rosto está levemente levantado. Ela usa uma blusa vermelha. Seu cabelo é castanho claro e está solto. No fundo, há árvores.
Uma cinebiografia de Shirley Jackson não funcionaria sem um pouco de suspense (Foto: Reprodução)

Caroline Campos

Quando a Netflix lançou A Maldição da Residência Hill em 2018, Shirley Jackson voltou aos trendings 53 anos após sua morte por insuficiência cardíaca. A grandiosa série de Mike Flanagan adaptou o romance mais infame da carreira de Jackson, A Assombração da Casa da Colina, escrito em 1959 e, hoje, considerado uma das maiores obras de terror do século XX. Em 2020, foi a vez da própria autora ganhar uma adaptação de sua vida conturbada, dessa vez pelas mãos habilidosas de Josephine Decker e com produção executiva de Martin Scorsese. Shirley, que conta com o protagonismo de Elizabeth Moss, é uma biografia desconfortável de uma mulher assustadora – no melhor dos sentidos. 

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30 anos de Os Bons Companheiros: amigos, amigos, negócios à parte

As criaturas e seu criador: o elenco de Os Bons Companheiros acompanhado de Martin Scorsese (Foto: Reprodução)

Caroline Campos

“Desde que consigo me lembrar, eu sempre quis ser um gângster. Para mim, ser um gângster era melhor do que ser Presidente dos Estados Unidos”. É com essa frase que Martin Scorsese, um dos diretores mais incansáveis em atividade, decide nos apresentar a Henry Hill, seu protagonista de quiçá o maior filme sobre máfia já produzido: Os Bons Companheiros. Baseado em verdadeiros mafiosos, a obra, que completa 30 anos em 2020, integra a vasta e variada filmografia do diretor nova-iorquino, que abrange desde filmes sobre boxe até documentários de grandes estrelas do rock. Continue lendo “30 anos de Os Bons Companheiros: amigos, amigos, negócios à parte”

O Irlandês assusta pela comodidade

O Irlandês é o filme mais importante lançado pela Netflix até hoje, tanto pelo orçamento astronômico quanto pelos nomes por trás do projeto (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Martin Scorsese é um diretor de excessos. O gênio do cinema já se aventurou por uma série de gêneros e estilos, todavia, foi contando histórias de mafiosos e italianos que ele encontrou louros. É claro que não podemos definir e limitar seu cinema a isso, algo assim seria um equívoco sem igual. Mas o imaginário popular e qualquer busca rápida sempre leva o nome de Scorsese casado à produções como Os Bons Companheiros (1990) ou Cassino (1995). O elemento que amalgama a arte de Martin, e seu discurso cinematográfico como um todo, é também o cerne das aventuras que decide contar: o legado que os homens deixam para o futuro. E em O Irlandês, no terreno conhecido de caras maus e crimes à luz da lua, Scorsese maquina seu primoroso pedaço de arte.

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