Os coiotes em pele branca de cordeiro de Assassinos da Lua das Flores

Cena de Assassinos da Lua das Flores. Nela vemos, da esquerda para a direita, Mollie Burkhart, uma mulher de indígena americana, de cabelos pretos lisos e Ernest Burkhart, um homem de cabelos loiros e olhos azuis. Mollie veste um poncho de sua tribo na cor bege, com listras vermelho terra, preto e verde; uma camisa roxa, um colar em prata e um cachecol preto. Ernest veste um terno azul marinho, camisa cinza e gravata marrom. Eles estão sentados sobre uma mesa e Molly, na esquerda da imagem, olha para Ernest, que está olhando para cima. Ao fundo, uma cozinha de época com móveis em madeira e acessórios em porcelana e prata.
Uma das cenas mais esperadas do ano também é uma das mais lindas (Foto: Apple TV+)

Guilherme Veiga

“Fundamentalmente é algo que, por alguma razão, permanece. Algo que você pode ver anos depois ou 10 anos depois você irá ver e será diferente. Em outras palavras, há algo a mais para aprender sobre si próprio e sobre a vida”

Foram com essas palavras que Martin Scorsese definiu sua percepção sobre Cinema. Fatores como sua própria filmografia ou seu instituto The Film Foundation, responsável por restaurar mais de 1000 filmes, colocam o diretor como uma espécie de guardião vivo da Sétima Arte.

O próprio idealizador já afirmou que foram os filmes que moldaram sua percepção da vida enquanto criança, por isso, nada mais justo que florescesse nele o ímpeto por contar e eternizar histórias. Isso resultou em uma carreira ímpar, primorosa e incontestável, fazendo que somente Scorsese fosse a única pessoa possível para, desta vez, dar voz a toda a vivência de um povo através de sua nova obra-prima, Assassinos da Lua das Flores.

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Estante do Persona – Abril de 2023

Imagem retangular de fundo verde. Do lado direito está o livro Rita Lee: uma autobiografia, ele tem capa laranja, com um RG da artista no centro e o nome Rita Lee em cima. Do lado esquerdo há três livros empilhados nas cores preto, vermelho e violeta, o texto Estante do Persona Abril de 2023 aparece nas lombadas.
Caminhando pela singularidade subversiva de uma das maiores artistas do Brasil, o Clube do Livro de Abril contemplou Rita Lee: uma autobiografia (Foto: Globo Livros/ Arte: Raíra Tiengo/ Texto de abertura: Jamily Rigonatto)

A edição do Clube do Livro de Abril marca o vigésimo encontro do grupo de leitores do Persona. Depois de caminharem por autores e, principalmente, autoras, que expandiram todos os limites das perspectivas, foi a vez de dar de cara com a marcante figura do rock brasileiro, Rita Lee, em Rita Lee: uma autobiografia. Falecida no dia 8 de Maio de 2023, a contemplação da obra da artista se formata em tons de saudosismo e admiração. 

Em pequenos relatos que caminham desde a infância até a vida adulta agitada, o texto encara a distinção das fases em períodos curtos, palavras estrangeiras e gírias paulistanas. Através da óptica completamente única, a autoria de cada termo quase grita Rita Lee. Direta e reta como sempre, seus afetos, vivências, tristezas e o que mais houver cantam em notas vibrantes e extremamente características. 

Além da voz da “padroeira da liberdade” – apelido pelo qual gostava de ser chamada –, o escrito conta com os pitacos do jornalista Guilherme Samora, representado pela aparição de um fantasma chamado Phantom. A figura aparece em determinados trechos para indicar algum detalhe ou data esquecidos pela artista, e contribui para aumentar a sensação de autenticidade dos capítulos. 

Publicada em 2016, a obra foi consagrada no mesmo ano com o título de Melhor Biografia do Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes), a artista também foi lembrada por suas contribuições no universo musical durante a cerimônia. Em 2017, o livro apareceu entre os indicados da categoria de Melhor Biografia da estatueta oferecida pela Academia Brasileira de Letras (ABL), o Prêmio Jabuti

O relato é o primogênito da segunda autobiografia de Rita, intitulada Rita Lee: outra autobiografia. A caçula chegou ao mundo em Maio, pouco tempo depois da morte da autora, e carrega em 192 páginas memórias que contemplam os momentos da cantora com a descoberta do câncer de pulmão durante o período pandêmico. 

Mesmo se seu RG não estampasse a capa do livro, o escolhido do mês não poderia ter sua assinatura confundida com a de nenhuma outra literata. Marcado por originalidade e cheio de personalidade, o ato de ler e viver Rita Lee foi e sempre será um presente. Para homenagear as múltiplas sensações provocadas pela eterna Rainha, ficam nossas dicas literárias especialmente para os que têm cor de Tutti Frutti no Estante do Persona de Abril de 2023.

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