Uni, duni, tê, o sucessor de Logan Roy não é você

Cena da série Succession. Na imagem, Roman e Siobhan Roy consolam o irmão Kendall. Da esquerda para a direita: Roman, um homem branco e de cabelos pretos, veste uma camiseta de manga longa e botões na cor rosa com uma calça na cor azul escuro, ele usa um óculos de sol preto enquanto apoia as duas mãos nos ombros de Kendall; o irmão consolado está sentado no chão arenoso, ele é um homem branco de cabelos raspados e veste uma camiseta de manga longa com botões na cor branca, Kendall usa um relógio dourado enquanto apoia a cabeça abaixada em seus braços cruzados; Siobhan é uma mulher branca de cabelos ruivos e olhos claros, ela veste um vestido de manga curta que acaba na altura do joelho, o tecido é na cor branca com estampado de flores em cores pastéis, a irmã usa um chapéu branco enquanto olha para baixo onde uma de suas mãos repousa no topo da cabeça de Kendall. Ao fundo da fotografia, o cenário é composto por construções antigas em cores barrosas, as árvores arredores são verdes, o chão é arenoso e o céu está azul com nuvens brancas.
A terceira temporada de Succession está no topo da lista de indicações ao Emmy 2022 (Foto: HBO Max)

Nathalia Tetzner

Succession somente existe porque os filhos de Logan Roy, dono de um conglomerado de mídia, tiveram uma infância em que os jogos de poder ultrapassaram os tabuleiros e a imaginação. Como se ditasse a parlenda brasileira Uni, duni, tê, o patriarca da família sempre brincou com as ambições de Kendall, Siobhan e Roman, mas, depois do salamê, do minguê e do sorvete colorê, o escolhido para assumir o controle da Waystar Royco nunca é batizado. Em sua terceira temporada, a série do HBO Max finalmente une os irmãos e alonga a sua aclamação com 25 indicações ao Emmy 2022, sendo a líder absoluta da noite de premiações.

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Entre a culpa e o julgamento, a 6ª temporada de Better Call Saul amarra o universo da metanfetamina

A imagem retangular é uma cena de Better Call Saul com um filtro preto e branco por cima. Na foto vemos Jimmy e Kim dentro de uma cela de prisão, vistos de pé um do lado do outro no canto inferior esquerdo. No canto superior direito há uma janela que lança luz na parede ao fundo e no corpo dos dois. Jimmy é um homem adulto, branco, de cabelos escuros, calvo e está usando uma roupa de detento. Kim é uma mulher adulta, branca, de cabelos escuros, longos e com franja, magra e usa uma roupa colada preta.
Jimmy e Kim se despedem da mesma maneira que são introduzidos: dividindo um cigarro (Foto: Netflix)

Vitor Tenca

Convergir o que há muito tempo está fragmentado nunca seria uma tarefa fácil. Saul Goodman embarca em um capítulo de desafios contra vilões-heróis já consolidados para provar que uma mente do crime e da justiça pode precisar de uma mesma qualidade: saber cortar caminhos. Na sexta temporada de Better Call Saul, olhamos para os detalhes finais que constroem a narrativa ressentida e desenfreada da vida de um ex-advogado. 

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Tudo Sobre os Vencedores do Emmy 2021

Arte retangular horizontal de fundo verde-água. Na parte superior esquerda foi adicionado um retângulo laranja saindo da lateral esquerda da imagem, e, em cima dele, foi adicionado o texto ‘os vencedores do emmy 2021’. Ao lado direito do retângulo, foi adicionado o logo do Persona e a estatueta do Emmy. Abaixo, foram adicionadas imagens de quatro atores, com uma borda na cor laranja. Esses sendo: Michaela Coel, Olivia Colman, Jason Sudeikis e Kate Winslet. Todos eles estão acompanhados do troféu do Emmy que receberam e usam trajes de gala.
Os destaques do Emmy 2021: a histórica e merecida vitória de Michaela Coel; a coroação da Rainha de Olivia Colman; o reconhecimento do fenômeno de Ted Lasso em Jason Sudeikis; e a celebração da genialidade de Kate Winslet em Mare of Easttown (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Vitor Evangelista)

O segundo Emmy em tempos pandêmicos chegou e já foi embora. Com a retomada das atividades presenciais, sem máscaras à vista e com muitas vacinas no braço, o prêmio da Academia de TV adotou um formato mais intimista em 2021, coroando os melhores do ano sob a apresentação do rapper Cedric the Entertainer. A festa começou com um karaokê bem animado, na paródia de Just a Friend, em tributo a Biz Markie, falecido alguns meses atrás. O anfitrião puxou a canção, que foi entoada por uma porção dos nomeados da noite, incluindo os sempre estonteantes Anthony Anderson e Billy Porter.

Longe das reuniões em salas do Zoom e dos troféus entregues por funcionários vestidos como sobreviventes de um apocalipse nuclear, a edição de 2021 recebeu seus nomeados em dois lugares. Nos Estados Unidos estava a concentração de estrelas, enquanto o Reino Unido abrigava as joias da Coroa: boa parte do elenco de The Crown que, alerta de spoiler, quebrou uma porrada de recordes.

No ano em que uma maoria de artistas negros apareceu nas categorias de atuação, a Academia de Artes e Ciências da Televisão premiou 12 pessoas brancas, entre atores principais e coadjuvantes, nos campos de Drama, Comédia e Série Limitada. O retrocesso de diversidade acontece uma edição após a performance gloriosa de Watchmen, e no mesmo ano em que produções como Lovecraft Country, I May Destroy You, black-ish e The Underground Railroad se destacaram pela excelência técnica e artística.

Em Drama, The Crown se junta ao grupo de Angels in America e Schitt’s Creek, que agora são as três únicas séries a vencerem todas as categorias em uma noite. O episódio War, o final da quarta temporada, rendeu um prêmio de Roteiro (para o criador Peter Morgan) e outro de Direção (para Jessica Hobbs, em uma vitória histórica para as mulheres). Gillian Anderson (que foi perguntada, depois de vencer, se havia conversado com Margaret Thatcher sobre o papel na série) saiu como a Melhor Atriz Coadjuvante, enquanto a avalanche da Rainha premiou também o Ator Coadjuvante Tobias Menzies. 

O grande favorito na disputa, entretanto, era Michael K. Williams, que morreu no começo do mês e entregou em Lovecraft Country uma das interpretações mais fortes do ano passado. Antes de anunciar o destino, Kerry Washington honrou o amigo, lembrando de sua luz e presença com amor e saudade. Sua derrota evidencia uma frequente nada positiva: depois do Oscar fazer uso da imagem de Chadwick Boseman para atrair audiência e, na sequência, premiar um ator branco em seu lugar, o Emmy faz igual.

O segmento In Memoriam, apresentado pela ternura de Uzo Aduba e guiado pelas cordas sensíveis de Jon Baptiste e Leon Bridges, finalizava-se com um depoimento em vídeo de Williams, discursando sobre a sustentação que atores negros criam um para o outro. No fim das contas, a diversidade da lista de 2021 foi propaganda enganosa. Tobias Menzies venceu um Emmy pelo papel quase imperceptível do Duque de Edimburgo na 4ª temporada de The Crown. Michael K. Williams viveu Montrose Freeman com a garra de um campeão, e morreu sem prêmio algum da Academia.

A categoria de Ator, que deveria reconhecer Billy Porter pelo ano final de Pose (que só venceu na cerimônia técnica), acabou chamando o nome de Josh O’Connor, que deu vida ao monstruoso Príncipe Charles. Seu par, a Lady Di de Emma Corrin, foi surpreendida pela zebra Olivia Colman, a Toda-Poderosa-Rainha. Assustada, surpresa, emocionada e galante, Colman discursou com o magnetismo que virou sua marca registrada, mas a amargura de não poder assistir Mj Rodriguez fazer história no palco da Academia é grande demais para sorrir do “Michaela Coel, fuck yeah!”, que Colman soltou logo após homenagear o pai, vítima da pandemia.

Na semana anterior, The Crown havia vencido um importante indicativo do apoio da Academia: o Emmy de Atriz Convidada, para Claire Foy, que retornou em um flashback como a jovem Rainha (o episódio em questão, 48:1, também rendeu o prêmio de Olivia Colman). Contrariando especialistas, Charles Dance perdeu a categoria de Ator, que premiou Courtney B. Vance, na única lembrança “grande” de Lovecraft Country.

Melhor Série de Drama, que ano após ano fecha a cerimônia, foi a penúltima das categorias anunciadas em 2021. Na acertada decisão de reconhecer o prestígio das Séries Limitadas, o Emmy finalmente se curvou à Netflix e chamou a equipe de The Crown ao palco britânico, rendendo à pioneira do streaming seu primeiro prêmio de Série. Viu? Só precisou de uma pandemia, de atrasos gigantescos de produção e da HBO quase que de folga, para a Netflix ganhar os prêmios grandes. De fato, a emissora do ‘Tudum’ conseguiu 44 estatuetas e se igualou a um recorde da CBS, que venceu o mesmo número em 1974.

A categoria de Série Limitada dividiu mais suas honras que a de Drama, mas ainda assim houve uma aglomeração na cidadezinha de Easttown. Kate Winslet, Julianne Nicholson e Evan Peters subiram ao palco, agradeceram à HBO e ao elenco formidável de Mare of Easttown, sensação de 2021. Winslet venceu uma década depois de triunfar por Mildred Pierce, outra original da HBO com quem ela faz par romântico com Guy Pearce. Nicholson e Peters, nas categorias de Coadjuvante, venceram os primeiros Emmys da carreira.

A zebra veio em Ator, com o Visão levando rasteira do estilista mais sexy da Netflix: o próprio Halston. Em mês de Met Gala, Ewan McGregor foi recompensado por sua atuação extravagante e deliciosa na minissérie de Ryan Murphy. Com apenas essa nomeação na noite principal, McGregor exibiu seu charme inebriante, e na quarta nomeação, adicionou um Emmy à estante.

O prêmio de Roteiro em Série Limitada nos mostrou que ainda há bem no mundo. Michaela Coel, que sangrou suas dores em toda a concepção de I May Destroy You, confirmou um dos favoritismos mais merecidos do ano, e discursou sua poesia bruta e sincera. A festa parecia estar indo muito bem, até que Scott Frank foi chamado para receber o troféu de Direção, por seu trabalho milimetricamente calculado na desgastada O Gambito da Rainha

O discurso do diretor, que também criou e escreveu a série, se estendeu por três minutos e meio, e sua falta de carisma tornou a leitura do papel uma das experiências mais desgastantes de acompanhar na noite. Na mesma semana em que a Netflix é processada por uma enxadrista por difamação, Frank achou de bom tom evidenciar a força feminina da produção. 

Quando um produtor subiu ao palco, no fim da noite, para receber o Emmy de Melhor Série Limitada ou Antologia, ninguém aguentava o homem branco falando de diversidade, além de reduzir a atriz principal, dizendo que “Anya Taylor-Joy trouxe o sexy de volta ao xadrez”. Que sonho seria se Beth Harmon estivesse ali presente, para de uma vez por todas, dar, a mais um de seus adversários machistas, um xeque-mate.

Nos prêmios fora dos gêneros grandes, Last Week Tonight with John Oliver venceu Programa de Entrevistas e Variedades e Roteiro no segmento. O Saturday Night Live ficou, para surpresa de ninguém, com a categoria de Série de Esquetes, enquanto o programa eleitoral de Stephen Colbert triunfou na categoria de Especial de Variedades (Ao Vivo). Na parte de Variedades (Pré-Gravado), não deu outra: Alexander Hamilton! O musical filmado do Disney+ adicionou o Emmy à prateleira que já conta com 11 Tonys, 1 Grammy e 1 Pulitzer

Em Programa de Competição, RuPaul’s Drag Race venceu. RuPaul, premiado com seu 11º Emmy, se tornou a pessoa negra com mais estatuetas, e agradeceu à juventude, ao lado de Gottmik e Symone, os grandes destaques da décima terceira temporada do reality. A grandiosa Debbie Allen, atriz, diretora, coreógrafa e lenda da Televisão, foi homenageada com o Governors Award, prêmio que honra a excelência em carreiras. Allen se tornou a segunda pessoa negra a receber tal honraria, depois de Tyler Perry no ano passado, e a primeira mulher negra. No discurso, ela foi enfática: o futuro está na juventude.

Chegando, enfim, na parte de Comédia, o Emmy 2021 dividiu seus prêmios principais entre duas fortes produções. Hacks, original do HBO Max, ficou com Roteiro e Direção (marcando a primeira vez em 73 anos que diretoras vencem juntas em Comédia e Drama), além da vitória de Jean Smart como Melhor Atriz. Ovacionada, aplaudida de pé e feliz da vida com o reconhecimento de sua outra “família” (Mare of Easttown), Smart dedicou o Emmy ao marido, falecido meses atrás, no processo de filmagens da produção.

O resto dos troféus do gênero foi para Ted Lasso. Abrindo a noite, Hannah Waddingham e Brett Goldstein não esconderam o sorrisão ao ouvirem seus nomes chamados como os Melhores Coadjuvantes de 2021. O senso de companheirismo reinou na equipe esportiva da Apple TV+, que ainda foi celebrada em Melhor Ator (para o majestoso Jason Sudeikis) e em Melhor Série de Comédia, com direito a abraços e lágrimas, e claro, muito amor pelo AFC Richmond.

Com a promessa da diversidade, que ia da maioria negra em atuação principal de Drama à ascensão dos heróis, o Emmy 2021 jogou seguro. O conservadorismo dos votantes resultou na ausência de vitórias significativas para The Boys, The Mandalorian e WandaVision, expoentes da fantasia que lotaram a lista de indicados, para saírem com quase nada embaixo do braço. 

A oportunidade de fazer história com vitórias de Billy Porter, Mj Rodriguez, Michael K. Williams e I May Destroy You não foi páreo para a familiaridade da Coroa britânica ou do olhar masculino que hipnotiza uma partida de xadrez. Que o Emmy melhore, que o Emmy evolua e que o Emmy mostre, na prática, que as minorias que eles insistem em chamar para perder, enfim merecem a vitória. Abaixo, você lê tudo que aconteceu na 73ª edição do Oscar da TV pelas palavras da Editoria do Persona, que mergulha no passado, presente e futuro da televisão, comemorando recordes e lamentando injustiças. Até logo, Emmy 2021.

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The Handmaid’s Tale finalmente reduz seus bastardos a cinzas

Imagem retangular é uma cena da série The Handmaid 's Tale. Centralizada na parte de baixo vemos Elisabeth Moss, uma mulher branca, jovem, loira de cabelos curtos até a altura do ombro. A imagem está afastada e vemos ela um pouco menor, sentada sobre uma bancada branca que cruza o canto inferior da imagem. Ela usa uma blazer preto sobre um vestido curto preto, e possui as mãos sobre as pernas. Atrás há um tablado de madeira mais clara.
Das 21 indicações de The Handmaid’s Tale ao Emmy 2021, 10 reconheceram a atuação do elenco (Foto: Hulu)

Caroline Campos

Foram 42 episódios. 42 longos, dolorosos e excruciantes episódios distribuídos em quatro longas, dolorosas e excruciantes temporadas para June Osborne dar o primeiro passo oficialmente fora de Gilead. Depois de rastejar até o seu quarto ano, já era hora de The Handmaid’s Tale tomar coragem e assumir uma nova perspectiva fora do pesadelo autoritário do país que um dia foi os Estados Unidos. No entanto, quando se trata de O Conto da Aia, até a tão sonhada liberdade é capaz de deixar um gosto amargo na boca.

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Não há montanha alta o suficiente para a grandeza de Pose

O final de Pose foi dividido em duas partes e a Series Finale foi indicada em Roteiro e Direção em Drama no Emmy 2021, além de outras categorias técnicas da premiação (Foto: FX)

Nathália Mendes

Live. Werk. Pose. Essas três palavras falam por si só. Sozinhas elas ganham vida, invadem os ouvidos na voz inesquecível de Pray Tell, se entranham no coração e acendem uma luz que ilumina e aquece cada parte do corpo, dos fios de cabelo aos dedões do pé. Nada mais é capaz de explicar uma série como Pose, porque ela não foi feita para ser descrita, mas para ser sentida. 

Coube à Blanca Evangelista (Mj Rodríguez) e sua família performar uma história real e sofrida de forma belíssima por 3 temporadas – uma década no tempo da trama. Até seu último episódio, a narrativa manteve o equilíbrio entre a tragédia da epidemia de AIDS dos anos 90, e o relato mais puro e belo da comunidade queer dentro dos ballrooms de Nova York. Assim, Pose contou a história da vida de pessoas que a sociedade não quer enxergar, de seus amores à suas dores, e por isso é tão forte e arrebatadora.

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Entre fanservice e inovação, The Mandalorian volta para mostrar seu lugar na galáxia

Cena da série The Mandalorian. Na imagem, vemos Din Djarin, vestindo a armadura mandaloriana e segurando Grogu em um dos braços. Ao centro, os dois voam pelo céu, ao fundo.
A segunda temporada de The Mandalorian estreou em outubro na Disney+, com novos episódios lançados semanalmente (Foto: Reprodução)

Vitória Lopes Gomez

Menos de duas semanas antes do fim da segunda temporada de The Mandalorian, a Disney+ anunciou 10 novas séries originais do universo Star Wars. O furor com as novas produções, com os nomes inéditos e antigos sendo divulgados, teasers e teorias agitaram as redes sociais por dias, o que poderia distrair a excitação para a finale da pioneira dos live-action. Felizmente, a série prova, mais uma vez, que é grandiosa e se consolida como uma das melhores produções da franquia bilionária criada por George Lucas.

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Traições, liberalismo e Lady Di abalam a quarta temporada de The Crown

Na imagem, Lady Di, jovem de cabelos curtos e loiros, usa um vestido de noiva branco, volumoso.
Emma Corrin, aos 24 anos, estreia na Netflix como a jovem Diana Spencer; a produção não recriou a cerimônia do casamento real, mas exibiu Corrin no vestido icônico da princesa (Foto: Reprodução)

Vanessa Marques

Com o fardo e a glória de narrar uma história real, The Crown chega ao seu quarto ano na Netflix. Em novo ciclo, a realeza é ofuscada pela entrada de duas mulheres no elenco: a lendária Lady Di (Emma Corrin), futura ex-esposa do Príncipe Charles, o cara que até hoje aguarda sentado para ser rei, e a irredutível Margaret Thatcher (Gillian Anderson), primeira-ministra do Reino Unido entre 1979 e 1990. Mais uma vez, a produção de Peter Morgan não peca em qualidade, coroando uma narrativa delicada, rica em beleza visual, de modo a unir aspectos de ficção, história e biografia.

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A ousadia de sobreviver em Lovecraft Country

Horrores cósmicos e sociais perseguem os protagonistas do show, que fez tremer os últimos dez domingos da HBO (Foto: Elizabeth Morris/HBO)

Leonardo Teixeira

Em Lovecraft Country, é constante o diálogo entre passado e futuro. “Quando meu neto nascer, ele será minha fé transformada em carne e osso”, uma personagem diz, em um dos muitos climaxes da trama. Aqui, ícones e referências da cultura negra dão liga a uma trama sobre ancestralidade. Não só sobre as qualidades e ensinamentos passados de mãe para filha, mas também as feridas. A inspiração na obra de um babaca eugenista, em uma história protagonizada por pessoas pretas, adiciona mais força ao texto, que explora a monstruosidade como característica inerente ao ser humano. 

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Extremismo e populismo andam juntos no segundo ano de The Boys

Nossos “mocinhos” do jeito que os conhecemos: sujos de sangue da cabeça aos pés (Foto: Reprodução)

Caroline Campos

Em Esquadrão Suicida (2016), Dexter Tolliver questiona o que aconteceria se o Superman resolvesse arrancar o teto da Casa Branca e levar o presidente embora. Até então, conhecendo o Homem de Aço, nós sabemos que é um cenário pouco provável, afinal, ele sempre esteve do nosso lado. Mas e se não estivesse? Como seria viver em um mundo com uma criatura tão poderosa e tão descontrolada ao mesmo tempo? A segunda temporada de The Boys, série da Amazon Prime Video, conseguiu nos dar doses cavalares dessa sensação assustadora ao amadurecer ainda mais o Capitão Pátria, uma versão insana e desequilibrada do último filho de Krypton.

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