Crip Camp: Revolução pela Inclusão e porque a mudança é mais acessível do que se imagina

Imagem em preto e branco do filme Crip Camp: Revolução pela Inclusão. A fotografia registra uma passeata de um grupo de jovens. Eles estão em cerca de 10 pessoas e seguram cartazes de protesto enquanto caminham numa calçada. A imagem os registra de lado, enquanto caminham para o lado direito, e ao fundo existem muitas árvores e uma cerca de portão.
O filme é mais uma das produções assinadas pelo casal Obama a ser indicada ao Oscar de Melhor Documentário (Foto: Netflix)

Raquel Dutra

Esta é a temporada em que o Cinema mainstream se ocupa em reconstituir trechos da história da luta por igualdade e liberdade na América ao mesmo tempo em que inicia a concretização da exaustiva cobrança por diversidade e inclusão. De 12 meses pra cá, surgiram em nossas telas retratos memorando períodos e movimentos que determinaram o que nossa realidade é hoje e os avanços que conquistamos, pintados por cineastas que hoje compõem as premiações mais diversas da história. No gênero que se ocupa em registrar a nossa existência, o cenário não poderia ser diferente, e Crip Camp: Revolução pela Inclusão é mais um encontro de todas as pautas que tomaram o ambiente de debate sobre as produções audiovisuais nos últimos meses. 

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Moxie: quando borboletas quebram casulos

Poster do filme Moxie, com fotografia dos personagens muito próximos gritando ao fundo, em preto e cinza. Da esquerda para a direita: Cláudia está mais acima que todas as personagens e Emma embaixo, seguidas por Kiera, Lucy, Vivian com Kaitlynn e CJ acima, Amaya abaixo delas e Seth ao final e acima. Em primeiro plano há o título Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta centralizado em vermelho.
“Acho que só estou com raiva; Estou com raiva e quero gritar” (Foto: Reprodução)

Júlia Caroline Fonte

Uma lagarta, para se tornar borboleta, passa por uma metamorfose que irá mudar totalmente a sua vida e o mundo ao seu redor. Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta, novo filme da Netflix que chegou no dia 3 de março, conta sobre a transformação de Vivian (Hadley Robinson), uma garota do Ensino Médio que não pôde ficar em silêncio diante das situações misóginas que aconteciam em seu colégio, e passa a enfrentá-las usando o fanzine Moxie, que foi capaz de romper o casulo de diversas meninas a sua volta.

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Hunger Ward: o mundo precisa ver o quanto as pessoas do Iémen sofrem

Aviso: esse texto contém imagens sensíveis de crianças em situação de desnutrição.

Foto de divulgação de Hunger Ward. Na imagem, uma menina iemenita, muito magra, aparentando ter cerca de cinco anos, de pele amarronzada e cabelos castanhos, senta sob uma cama, ao centro, e sorri para a câmera. Ela está em uma sala de paredes rosadas na clínica de reabilitação.
Distribuído no Brasil pela Paramount+, Hunger Ward concorre ao Oscar 2021 na categoria Melhor Documentário em Curta Metragem (Foto: Paramount+)

Vitória Lopes Gomez

É impossível assistir Hunger Ward sem desviar os olhos. O curta-metragem acompanha duas profissionais de saúde em clínicas de alimentação terapêutica no Iémen, onde lutam para salvar crianças da morte por desnutrição. Sem hesitar em filmar o sofrimento, o diretor dinamarquês Skye Fitzgerald usa da dolorida exposição das vítimas para denunciar a mais triste das consequências da guerra que assola o país: a fome, que, só em 2020, ameaçou a vida de cerca de 100 mil crianças.

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Amor de Mãe e a ruptura da teledramaturgia brasileira

Cena da novela Amor de Mãe. Nela, vemos a família de dona Lurdes reunida no sofá da casa, sorrindo para a foto. À esquerda e atrás de todos, está Ryan, de cabelo descolorido e regata cinza. Abaixo dele, da esquerda à direita, vemos Camila, mulher negra vestindo roupa vermelha; Danilo, homem branco, de cabelos castanhos e camiseta cinza. Dona Lurdes está ao centro, sorrindo, de óculos com acessório que impede de cair, e cabelos pretos. Ao lado dela, estão Érica e Magno.
A produção de Manuela Dias chegou ao fim, mas deixa marcas eternas na televisão (Foto: Globo)

Vitória Silva

O meio cultural está em constante mutação. Com o passar dos anos, fomos alterando e desenvolvendo as nossas formas de consumir conteúdo, seja pelo meio impresso, radiofônico ou televisivo. Assim como os meios mudam, o seu público também muda. Temas que no século passado eram tratados com normalidade não são mais cabíveis nos dias atuais. Dessa forma, os produtos culturais foram recebendo novas vestimentas. Hoje, já sabemos que nem toda narrativa precisa ter uma mocinha que vai atrás do seu par romântico, assim como estereotipar personagens homossexuais não é (e nunca deveria ter sido) motivo de piada.

Essa revolução iria se estender, é claro, para o mundo das novelas. Uma das principais formas de entretenimento do público brasileiro, grande adepto do sofá. Com a ascensão dos streamings e a concorrência cada vez maior de seriados, a teledramaturgia precisou se modificar. Assistir histórias com desfechos sem pé nem cabeça já havia se tornado algo rotineiro, “coisa de novela”, como se o gênero tivesse que ser sinônimo de algo mal feito. Não dava para sustentar um público cada vez mais em busca de abordagens sérias e profundas com os mesmos temas batidos de sempre. 

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White Eye desmonta a dignidade humana

Cena do curta White Eye. À esquerda, Dawit Tekelaeb, um homem negro de cabelos curtos, crespos e preto, está de pé. Dawit está do peito para cima na imagem, de perfil e virado para a direita. Ele usa uma camisa branca e azul, com gola, e um avental por cima. Dawit olha para a direita, na direção de Daniel Gad. Daniel está no canto direito da foto, olhando para baixo. Daniel é um homem branco com cabelos escuros e barba e bigode. Ele usa uma touca preta, jaqueta preta e um agasalho preto por baixo. Ao fundo, desfocado, está uma bicicleta e o cenário de uma rua.
White Eye concorre ao Oscar 2021 ao lado de Feeling Through e The Letter Room na categoria de Melhor Curta-Metragem em Live Action (Foto: Reprodução)

Caroline Campos

São necessários apenas 20 minutos para White Eye estruturar e acusar a sociedade de classes em que se insere. O curta-metragem israelense dirigido por Tomer Shushan é um retrato potente do privilégio social e da noção agressivamente individualista de propriedade privada, utilizando uma esquina de Tel Aviv como seu epicentro. Indicado ao Oscar 2021, o roubo de uma bicicleta é a força narrativa que movimenta um completo desmantelamento da figura humana.

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Elis, seus amigos, seus filhos, seus discos, seus livros e nada mais

Capa do álbum Elis Remasterizado. A imagem mostra a cantora, mulher branca de cabelos costanhos curtos, sentada em uma cadeira azul com os braços apoiados em seu encosto. Ela usa um vestido branco e está em um gramado. A foto é emoldurada por uma moldura azul escura no qual vemos o nome do dosco em amarelo no canto superior direito.
Capa do álbum Elis (Remastered), conhecido como “o álbum da cadeira” (Foto: Reprodução)

Guilherme Teixeira

No dia 17 de março, a nossa saudosa Elis Regina (1945-1982) completaria 76 anos. Em homenagem, seu primogênito João Marcelo Bôscoli – fruto de seu primeiro casamento, com Ronaldo Bôscoli –, em parceria com a Universal Music do Brasil, nos presenteou com a remasterização e nova mixagem do álbum Elis (1972). Disco produzido por Roberto Menescal que marcou o início da parceria musical entre a cantora e César Camargo Mariano (a quem posteriormente se tornaria seu marido e pai de seus outros dois filhos), e mostrou a verdadeira e mais humana face dela.

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Era uma vez um sonho ecoa o mito da meritocracia

A imagem é uma cena do filme Era uma vez um sonho. Nela, vemos os personagens J. D. e Bev sentados em um sofá. J. D. é interpretado pelo ator-mirim Owen Asztalos; ele está sentado à esquerda, olhando para Bev. Owen é um menino branco, de cabelos castanhos claros, ele veste uma camiseta azul e calças verde-escuro. Bev é interpretada pela atriz Amy Adams, ela está sentada à direita, olhando para Owen com a sua mão direita encostada na bochecha de Owen. Amy é uma mulher branca, de cabelos ruivos e compridos; ela veste uma camiseta florida, com uma blusa branca de mangas compridas por baixo e uma calça rosa.
Com duas indicações ao Oscar 2021, a produção de Ron Howard vende um discurso problemático e mal executado (Foto: Lacey Terrell/Netflix)

Vitória Silva

Não é de hoje que histórias sobre relações familiares costumam dar as caras na temporada de premiações da indústria cinematográfica. Em anos anteriores, filmes como Lady Bird e Boyhood figuraram entre os vencedores e indicados em diversas categorias. Essa tendência já é esperada especialmente pela cerimônia da Academia, com o conhecido Oscar Bait, que configura obras com padrões historicamente amigáveis pela premiação. 

A cota de drama familiar desse ano ficou nas mãos de Era uma vez um sonho. Ambientada na região dos Apalaches nos Estados Unidos, a narrativa acompanha o estudante de Direito James David Vance (Gabriel Basso), que é obrigado a reviver o passado traumático de sua família ao ter que retornar para a sua cidade natal após sua mãe, Bev (Amy Adams), ter uma overdose. 

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É melhor assistir o congelamento da Terra do que a segunda temporada de Expresso do Amanhã

Cena da série Expresso do Amanhã. Nela, estão as personagens Alex, vivida por Rowan Blanchard, e Melanie, interpretada por Jennifer Connelly. Alex é uma mulher branca de cabelos curtos e castanhos, ela veste um macacão cinza e está posicionada em pé com as mãos nos bolsos. Melanie está a sua frente sentada de perfil, ela é uma mulher branca de cabelos pretos presos em um coque. As duas estão separadas por uma cela amarela, onde Melanie se encontra presa. O cenário também possui coloração azul fluorescente, com uma luz branca forte no canto superior direito da imagem.
A relação conturbada de Alex (Rowan Blanchard) e Melanie é um dos pontos altos da produção (Foto: Reprodução)

Isabella Siqueira

Seguir com a qualidade após uma ótima temporada é difícil, saciar as expectativas do público sem perder a essência era a intenção da segunda temporada de Expresso do Amanhã (tradução do original Snowpiercer). Mas, apesar das tentativas, o novo ciclo da obra de ficção científica conseguiu apenas ficar estagnado no tédio. Infelizmente, a produção da TNT, que foi lançada semanalmente pela Netflix e terminou no final de março, não faz jus ao final incrível de sua última revolução.

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A Concerto Is a Conversation inspira com diálogo e música

Foto retangular. Nela temos o rosto de Horace Browns, um homem negro de 80 anos. Ele tem cabelos brancos e usa óculos quadrado. O fundo é desfocado. No canto superior esquerdo vemos o logo do The New York Times em branco. No canto inferior esquerdo lê-se em branco "OP-DOCS".
Em clima familiar, A Concerto Is a Conversation concorre ao Oscar 2021 na categoria Melhor Documentário em Curta-Metragem (Foto: Reprodução)

Ana Júlia Trevisan

“Você pode me dizer o que é um concerto?” “Então, é basicamente essa peça que tem um solista e um conjunto, uma orquestra. Os dois estão conversando”. Documentário em curta com direção de Ben Proudfoot e Kris Bowers e distribuído pelo The New York Times, A Concerto Is a Conversation toca no íntimo da alma de maneira despropositada, exibindo muito afeto na conversa entre duas gerações diferentes. A história nos faz refletir sobre a importância daqueles que vieram antes de nós e do conhecimento sobre o passado.

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Como Sempre Feito Nunca: 5 anos de uma nova era de Jorge & Mateus

Imagem retangular da divulgação do álbum de Jorge & Mateus, a qual possui uma moldura branca. Na parte superior da moldura, ao centro, está escrito “novo álbum” em letras maiúsculas e cinzas. Ao centro da imagem, há uma foto da capa do álbum Como Sempre Feito Nunca, a qual possui os cantores Jorge e Mateus esmaecidos, quase transparentes. Do lado esquerdo, está Jorge. Ele é branco, possui cabelos pretos, barba curta com cavanhaque e está com os olhos fechados, cantando. Suas mãos estão segurando o microfone, próximo a boca. Ele veste uma camiseta estampada de manga curta e uma calça. Ele usa um relógio grande no pulso esquerdo e duas pulseiras no pulso direito. Mateus está do lado direito. Ele é branco, possui cabelos curtos pretos, barba comprida com bigode e ele está com uma guitarra preta e branca. Seu braço direito está levantado, com a mão próxima ao ombro de Jorge. Sua mão esquerda segura o braço da guitarra, com os dedos na posição de Ré Maior. Ele veste uma camisa branca social por baixo de um sobretudo preto e uma calça preta. Ele usa duas correntes, uma mais fina com um pingente e outra mais comprida e mais grossa. Uma linha corta a metade da imagem, sendo da metade para a esquerda ela é azul e da metade pra direita é salmão. Na azul, está escrito “Como.Sempre” e na salmão, “Feito.Nunca”, ambas em letras maiúsculas e brancas. A parte inferior da linha azul encosta a parte superior da salmão, num corte diagonal. Na parte inferior da moldura branca, está o logo da dupla Jorge & Mateus.
“Pra mim, felicidade é ter você” (Foto: Reprodução)

Júlia Paes de Arruda

Consagrado como um dos gêneros mais ouvidos do Brasil, o sertanejo não poderia deixar de referenciar Jorge & Mateus como umas de suas bases sólidas para a disseminação do estilo pelo país. Seria até injusto deixá-los de lado, já que consagram 15 anos de carreira no meio musical. Depois de muito sucesso, Como Sempre Feito Nunca chegou em fevereiro de 2016 como um exemplo de transição, amadurecimento e mudança para os goianos que, após 5 anos, ainda perpetuam nessa nova era de sertanejo universitário. 

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