A Pequena Sereia de Halle Bailey comove e ensina como adaptar uma animação

 Cena do filme A Pequena Sereia. Nela, observa-se a personagem Ariel dentro do mar olhando o seu reflexo através da água.
O longa amplia a relação de Ariel com a sua liberdade, conceito até então desconhecido pela protagonista (Foto: Disney)

Guilherme Machado Leal

Em 2019, foi anunciado o elenco do live-action de A Pequena Sereia, tendo a atriz Halle Bailey como a protagonista Ariel, o que incomodou diversos fãs da animação original. Possíveis argumentos que poderiam ser levantados – mesmo sem um material promocional da obra sequer ter sido divulgado até aquele momento – deram lugar a uma enxurrada de comentários racistas pela internet. A cantora, da dupla Chloe x Halle, sofreu ataques desumanos devido a sua cor de pele: o primeiro teaser do filme foi bombardeado por um alto número de dislikes, o que mostra uma certa resistência – no caso, puramente racismo – do público para sua versão da Ariel. Agora, após a estreia, finalmente podemos avaliar de uma forma justa: Bailey fez jus à icônica sereia conhecida em 1989?

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A retórica de Apresentando os Ricardos é alienante e perversa

Cena do filme Apresentando os Ricardos. Imagem retangular e colorida. Nela, um homem e uma mulher se encaram seriamente, como se estivessem no meio de uma discussão. O homem, Desi Arnaz, interpretado por Javier Bardem, é um homem branco, de cabelos curtos e escuros penteados em um topete, que veste uma camisa marrom. Enquanto a mulher, Lucille Ball, interpretada por Nicole Kidman, é uma mulher branca, de cabelos ruivos tingidos que se estendem até seus ombros, vestindo uma camisa verde e levantando a sua mão direita, pintada em esmalte vermelho, até a altura de seu peito, enquanto aponta para Desi. O cenário é o set de gravação de uma série.
Nicole Kidman, Javier Bardem e J. K. Simmons, indicados nas categorias de atuação, já foram concebidos com um Oscar no passado: Kidman ganhou em 2002, por As Horas; Bardem em 2008, por Onde os Fracos Não Têm Vez; e Simmons em 2015, por Whiplash (Foto: Amazon Prime Video)

Enrico Souto

Uma característica não muito sutil do roteirista Aaron Sorkin é seu longo interesse em narrativas históricas. Assinando textos desde o drama esportivo de Moneyball até a trama tecnológica e psicodélica de A Rede Social – responsável pelo seu único Oscar, em Roteiro Adaptado –, era de se esperar que, ao cineasta decidir se arriscar na cadeira de direção, esse padrão continuasse em voga. Assim, depois de dois filmes com recepção razoável, ele aposta no mais apelativo dos Oscar bait e dirige uma cinebiografia irremissivelmente metalinguística. Apresentando os Ricardos, no caso, se insere no anos 50, dentro dos bastidores da série I Love Lucy, a mais relevante e disruptiva sitcom da História da Televisão americana, comentando, no processo, o próprio funcionamento de um seriado. 

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O Duna de Villeneuve reanima a ficção científica com suas próprias raízes

Cena do filme Duna de 2021. Nela vemos Paul em destaque no centro, cabisbaixo, enquanto está cercado por soldados Atreides. Ao seu lado e um pouco mais a frente, uma figura dá contraste à imagem devido as cores de suas vestes esvoaçantes.
Duna chega finalmente às telonas com nomes de peso envolvidos na produção (Foto: Warner Bros.)

Ernesto Rangel

A mais nova adaptação da obra-prima Duna, escrita por Frank Herbert, chegou aos cinemas com uma grande responsabilidade em suas mãos: agradar aos fãs do livro, de 1965; corrigir os erros da primeira adaptação cinematográfica, de 1984; e ainda conquistar um novo público que nunca ouviu falar da saga em 2021, apesar de sua contribuição massiva para a ficção científica. Uma avaliação do filme deve se estender por esses três aspectos, nos quais o longa se apresenta: como adaptação de uma obra literária renomada; como remake de um filme falho; e como uma nova produção, lutando por espaço na cultura atual. É necessário ainda dedicar algumas passagens às qualidades necessárias para todo bom longa-metragem.

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