Ninguém estava preparado para o show que o quarteto conhecido como The 1975 armaria em seu segundo trabalho de estúdio.I like it when you sleep, for you are so beautiful yet so unaware of it, que nasceu em 26 de fevereiro daquele profético 2016, completa cinco anos refletindo com veemência a narrativa que a banda começou no início da década e finalizou cruelmente no ano passado.
É quase impossível pensar em Coldplay sem associar o grupo às suas costumeiras melodias enérgicas, letras imaginativas e canções vívidas encaixadas dentro de um pop eletrônico que colocou arenas inteiras em estado de catarse nos últimos dez anos. Antes de desviar-se por essa direção, a banda fez seu nome com um rock alternativo sentimental, poético e igualmente atraente com seu álbum de estreia em 2000 e através dos outros dois que o seguiram, estourando com algo mais pop em 2008. O que veio depois disso é alvo de opiniões fortes, mas apesar das inconsistências que a arte de uma banda altamente vendável vivencia ao decorrer dos anos e das respostas conflitantes que podem surgir do público e da crítica, o sucesso que o grupo conseguiu construir em suas diferentes identidades é um fato inquestionável.
Nos últimos anos, vimos explodir uma aura nostálgica que cerca a década de 1980. De influências musicais à moda e cinema, a estética da época é reaproveitada aos montes numa tentativa de trazer toda a sua magia para o momento atual, o que por vezes não passa de uma cópia barata do que funcionava anos atrás. É certo que alguns artistas conseguem refrescar suas influências e apresentar obras primas como After Hours, de The Weeknd, enquanto outros apenas se perdem em meio a referências. Para a nossa sorte,Euphories sabe onde pisa e desfila pela década com a confiança necessária para entregar algo novo e ainda old school.
A vida ainda pode ser bela se eu fizer dinheiro/Primeiro família, depois o amor verdadeiro/A grana se esconde, você tem ir pelo cheiro
Elder John
No início de fevereiro, Diomedes Chinaski lançou a mixtapeA Vida Ainda Pode Ser Bela e se mostrou um artista completo. O rapper manteve seu nível musical, mas agora com uma visão de mundo um pouco diferente nas letras. O trabalho conta com 7 faixas e já tem 2 clipes disponíveis no canal do artista no YouTube. Nas participações, temos o Moral e Raz Tarcisio, que já haviam trabalhado com o aprendiz em outras produções. Além da análise, trago uma entrevista exclusiva que fiz com o artista sobre o álbum.
O recente documentário AmarElo – É Tudo Pra Ontem foi aclamado quase por unanimidade. A produção original da Netflix exibe o evento de estreia do mais recente álbum do rapper Emicida, AmarElo. O artista reúne todas as pessoas que, durante muito tempo, não tiveram a oportunidade de sequer pisar no Theatro Municipal, principal símbolo da cultura erudita do país. Emicida nos revela o porquê de suas letras, mensagens, parcerias e missões. Mais do que isso, o show traz um profundo sentimento de esperança aos seus espectadores. Ao mesmo tempo que evidencia os diferentes males que assolam nosso país, também constrói um forte apelo à esperança de tentar mudar esse cenário.
how i’m feeling now, como o nome sugere, é uma obra sobre o agora. Ou pelo menos, o agora de 2020. O quarto álbum de Charli XCX, lançado em maio, traz um lado mais intimista e livre da cantora em seu período isolada. Gravado em casa e sendo inteiramente produzido dentro de 6 semanas, vemos uma extensão do seu aclamado último trabalhoCharli de 2019, com a adição de altas doses de experimentação e melancolia de quarentena.
O nome dela é Gal, nasceu na Barra Avenida, Bahia, acredita em Deus, gosta de baile e cinema. Admira Caetano, Gil, Roberto, Erasmo, Paulinho da Viola, Rogério Duprat. E, comemorando seus 75 anos, mostrou que também admira Rodrigo Amarante, Zeca Veloso, Seu Jorge, Zé Ibarra, Jorge Drexler, Rubel, Tim Bernardes, Criolo, António Zambujo e Silva. Dando continuidade ao projeto intitulado Gal 75, que se iniciou com uma live em setembro no dia do aniversário da cantora e, agora, oficialmente recebeu o nome de Nenhuma Dor. Gal Costa convidou nomes da MPB que não fazem parte de sua geração para duetos apaixonantes de grandes clássicos de sua obra.
Para aqueles que ainda não conhecem a voz por trás de DEMIDEVIL, aqui vai uma breve introdução: Ashton Nicole Casey nasceu em uma pacata cidade no interior da Carolina do Norte, EUA, e foi ainda na adolescência que escutou, pela primeira vez, as músicas da rapper britânica M.I.A, e, a partir de então, apaixonou-se pelo rap. Porém, aos seus 13 anos, mudou-se com a família para a Estônia e, posteriormente, para a Letônia, onde sua dificuldade com a língua e o conservadorismo do país para com suas composições fez com que viajasse para Londres, aproximando-se cada vez mais da música.
I’m sorry, the old Melhores Discos do Mês can’t come to the phone right now. Why? Oh, ‘cause he’s dead!
Brincadeiras e referências taylorswifitianas à parte, o Melhores Discos do Mês realmente pediu aposentadoria. Porém, não vamos deixar esse buraco sem um substituto: sejam bem-vindos à primeira edição do Nota Musical.
Todo começo de mês publicaremos um listão dos melhores e piores lançamentos musicais do mês que passou. Tem CD, tem EP, música e até clipe. Em textinhos de até três parágrafos, a Editoria e os colaboradores do Persona levam até você os méritos e deméritos do que rolou no mundo da música.
Janeiro abriu a segunda temporada da pandemia com o delicioso COR, da dupla ANAVITÓRIA. Depois foi a vez da internet ficar obcecada com Olivia Rodrigo, sua carteira de motorista, e o drama digno de malhação com seu ex, Joshua Bassett e a loirona Sabrina Carpenter. Selena Gomez mandou um cállate puta e anunciou Revelacíon, um EP totalmente em espanhol.
Arlo Parks, ‘apadrinhada’ por Billie Eilish, presenteou o mundo com o primeiro grande disco do ano: Collapsed in Sunbeams. E no penúltimo dia do mês, perdemos a talentosíssima SOPHIE, um dos grandes nomes da música do século 21. O Nota Musical de Janeiro presta suas homenagens à ela. Ícone trans, gênia da produção eletrônica, e um dos pilares da PC Music. Rest in power.
Chega a ser engraçado o poder da música sobre nossos sentimentos, abrindo caminho entre qualquer racionalidade e atingindo em cheio nosso coração, trazendo a tona sensações que nem sequer sabiamos poder senti-las. Nos submergimos naquela narrativa atmosférica sangrando por um coração que pode nunca ter sido quebrado ou por uma paixão avassaladora que nunca tivemos, mas mesmo assim entendemos. E é em Nobody Is Listening que ZAYN nos permite viajar na imensidão de suas sensações, embarcando nessa sincera e imersiva história.