Caminhando Contra o Vento é como a nossa juventude vive a vida

A ficção chinesa é parte da seleção da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e baseia-se na história do próprio diretor e roteirista (Foto: Reprodução)

Raquel Dutra

É impossível ler o título desse filme sem cantá-lo no ritmo de Alegria, Alegria. Quem traduziu o nome da produção chinesa para o português brasileiro com certeza se ligou na semelhança enorme que o enredo de Caminhando Contra o Vento (Ye Ma Fen Zong, no original) tem com o sucesso da MPB. O filme, que integra a Competição Novos Diretores da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, se fundamenta num protagonista perdido na vida, divertidamente irresponsável que só quer aproveitar sua juventude e liberdade, assim como o eu-lírico da canção.

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Em As Veias do Mundo, a resistência vem da terra

A “árvore da vida”, que marca o filme presente na 44º Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Divulgação Imprensa)

Caroline Campos

“Até hoje, um quinto da Mongólia foi delimitado para a mineração. 391 lagos, 344 rios e 760 nascentes secaram e muitos estão envenenados pela mais ativa indústria de mineração do mundo”. É com essa declaração que Byambasuren Davaa decide por encerrar seu novo filme, As Veias do Mundo, exibido na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Integrante da Perspectiva Internacional, o longa mongol-alemão é uma ode à resistência das populações nativas contra a tomada de suas terras. 

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Muito é o que parece em O Caminho para Moscou

Exibido na seção Perspectiva Internacional da Mostra de SP, o filme trata com leveza a polarização da Guerra Fria (Foto: Divulgação Imprensa)

João Batista Signorelli

Oriunda de um país com histórico político pouco convencional, a comédia suíça O Caminho para Moscou, exibida na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, não se isenta ao relembrar o vazamento de documentos da polícia que revelavam a invasão à privacidade de 900 mil pessoas. Ainda assim, a História é apenas pano de fundo para a narrativa que se destaca frente a esse cenário. 

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Os difíceis caminhos do Pequeno Refugiado

A ficção turco-iraniana traz a crise humanitária dos refugiados para a 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e está disponível para ser assistido gratuitamente na plataforma de streaming Looke (Foto: Reprodução)

Raquel Dutra

Em setembro de 2015 o mundo conheceu Aylan Kurdi, um menino de 3 anos que fugiu com a família de uma cidade síria tomada pelo ISIS e morreu numa praia turística da Turquia. Sua situação foi capturada numa imagem que se tornou um símbolo da crise humanitária dos refugiados e fez com que a história da família de Aylan se tornasse internacionalmente conhecida. Mas, mesmo cinco anos depois do ‘despertar’ mundial para essa situação, pouco se sabe sobre os milhares de imigrantes que morrem às margens depois de deixarem seus países buscando condições mínimas de vida. E é exatamente esse ponto que O Pequeno Refugiado, longa exibido na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, busca abordar. 

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Luz Acesa e a ilusão do vício

Transmutação, diz Zé Henrique, no filme que faz parte da 44ª Mostra de SP (Foto: Divulgação Imprensa)

Caroline Campos

A luta contra a dependência está longe de ser uma caminhada tranquila. De acordo com o levantamento de 2013 feito pela Universidade Federal de São Paulo, Unifesp, mais de 8 milhões de brasileiros são dependentes de drogas como o álcool, a cocaína e derivados. Luz Acesa, documentário do cineasta Guilherme Coelho, seleciona 5 dessas pessoas para coletar relatos sensíveis e acolhedores sobre o vício e sua recuperação – o começo, o fundo do poço, a busca por ajuda e o apoio da família. 

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Em Mosquito, culpa não significa redenção

O longa, uma coprodução de Portugal, Brasil e França, faz parte da Competição Novos Diretores da 44ª Mostra (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Exibido na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o português Mosquito reúne dois importantes componentes dos filmes de guerra. Primeiro, apresenta uma figura central que passa por todos os infortúnios, próprios e dos demais, para chegar ao tão sonhado objetivo, nesse caso alcançar seu pelotão na selvagem Moçambique de 1917, passando por entre as entranhas da Primeira Guerra Mundial. E em segundo lugar, o longa faz uso da mente humana como inimiga de si mesma, pregando peças tanto no protagonista quanto no espectador.

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Enola Holmes ensina a diferença entre solidão e solitude

“Ela queria que eu encontrasse minha liberdade, meu futuro, meu propósito. Sou uma detetive, uma decifradora, alguém que encontra almas perdidas. Minha vida é só minha e o futuro depende de nós” (Foto: Reprodução)

Anna Clara Leandro Candido

A família Holmes vive há séculos no imaginário e coração de muitas pessoas ao redor do mundo. Sherlock, o personagem criado por Sir Arthur Conan Doyle em 1887, já viveu inúmeras histórias e foi interpretado por diversos rostos, tornando-se uma figura amada do público. Foi sua influência que inspirou Nancy Springer a criar a irmã mais nova do famoso detetive, Enola Holmes. Agora, a história da caçula foi adaptada a um filme pela Netflix, trazendo uma narrativa não muito original, mas divertida, envolvente e repleta de assunto importantes para se refletir. 

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O Diabo de Cada Dia falha em se destacar da obra original

Arving Russel (Tom Holland) é o eixo principal deste drama policial (Foto: Reprodução)

Gabriel Fonseca

O Diabo de Cada Dia (The Devil All The Time) é um filme que tenta corresponder à experiência literária da obra original e, com isso, perde a sua essência. Esta adaptação do primeiro romance de Donald Ray Pollock, traduzido como O Mal Nosso de Cada Dia, gerou grandes expectativas no público, e o fez acreditar no investimento de sua produção, que escolheu nomes em alta para compor o elenco.

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O Dilema das Redes aponta erros muito grandes para soluções moralistas

O documentário expõe que os problemas das redes sociais não são ilegais, e sim um método padrão desse esquema de negócio (Foto: Netflix/Reprodução)

Bruno Andrade

O documentário recém-lançado da Netflix, O Dilema das Redes, dirigido por Jeff Orlowski, se inicia com um questionamento a todos os personagens dessa história. “Qual é o problema?” parece ser a pergunta que guia os entrevistados e, embora todos apontem os erros com certa facilidade, não conseguem manter a mesma assertividade quando tentam apontar a solução do problema.

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