Em Nebulosos, o amor e ódio entram em guerra

Em uma mão usando luva preta está o livro Nebulosos. A capa é preta, com a imagem de um homem vestindo jaqueta de couro no fundo. Na frente dele está escrito "NEBULOSOS" em branco, com o desenho de uma cobra vermelha passando entre as letras. Em baixo está a frase "ENTRE O AMOR E O ODÍO ELA ESCOLHEU A VINGANÇA" de branco e "TAY FERREIRA" de vermelho. No fundo, há outras copias do livro.
Tay Ferreira conquista o público de new adult com Nebulosos (Foto: Tay Ferreira)

Mariana Chagas

Talvez o único sentimento tão forte quanto o amor seja o ódio. E é o combo dessas duas emoções que guia, fortalece e, por vezes, até enlouquece Maxine Woods. Sucesso tremendo no booktwitter, o livro nacional Nebulosos é de deixar sem fôlego. Quando se envolve em um mundo de drogas e violência, em busca de vingança pelo irmão, o que Maxine não esperava era se apaixonar por seu maior alvo. 

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Renovada, a continuação da história de Ori permanece encantadora

Imagem de Kun e Ori, centralizados e virados de costas um para o outro, ambos sobre a ponta de um penhasco. Em segundo plano, também centralizada, está a Árvore dos Espíritos, brilhando. Na parte superior é visível o nome do jogo escrito em um branco luminoso. Os elementos possuem tonalidades frias das cores branco, azul e roxo.
O jogo, lançado em Março de 2020, conquistou uma legião de fãs graças ao seu impecável caráter artístico associado à ótima aplicação do gênero metroidvania (Foto: Nintendo)

Elisa Romera de Freitas

Mais uma vez, a Moon Studio não poupou nossas lágrimas. A sensibilidade carregada pela continuação da história de Ori preenche nossos corações e transborda por nossos olhos que, após acompanharem as dores e anseios em  Blind Forest, são cativados, novamente, pela trama igualmente encantadora de Ori and the Will of the Wisps.

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Bay Yanlis: às vezes, a pessoa errada pode ser a certa

Póster da novela Bay Yanlis. Na imagem estão presentes os atores Özge Gürel e Can Yaman, que interpretam respectivamente Ezgi Inal e Özgür Atasoy. Ezgi é uma mulher branca de cabelo castanho comprido, ela está sentada num banco com a mão direita levantada, a personagem veste uma saia lilás com uma blusa branca e um terno lilás. Özgür Atasoy é um homem branco com cabelo castanho liso, ele veste uma camisa branca e uma calça jeans, está posicionado de pé com os braços cruzados. Ambos estão em uma varanda, com o nome da série em vermelho.
Pôster da dizi Bay Yanlis (Foto: Fox Turquia)

Maria José da Costa

No Brasil, nós temos o costume de assistir novelas e séries como forma de entretenimento. Na Turquia, eles assistem as famosas dizis, que são basicamente novelas/séries com bölüns (episódios) que tem em média duas horas de duração. Os programas passam semanalmente e alcançam um grande público, tanto nacional quanto internacionalmente. Uma dessas tantas dizis é Bay Yanlis (Senhor Errado), uma comédia romântica protagonizada pelo ator Can Yaman e a atriz Özge Gürel, que já fizeram par romântico em Dolunay (Lua Cheia), outra produção muito famosa.

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The Nest: um conto de terror familiar

Cena do filme O Refúgio. Na imagem vemos a personagem Alisson O'Hara interpretada por Carrie Coon abraçada a Rory O'Hara, interpretado por Jude Law. Alisson é uma mulher branca e loira, vestindo uma blusa de lã verde escura, com um casaco acinzentado. Rory é um homem branco de meia idade vestido de uma camisa de manga longa de lã preta. O casal se encontra em uma sala escura com quadros ao fundo que só são notados pelos reflexos das molduras.
Jude Law e Carrie Cow interpretam um casal assombrado por seus problemas conjugais em The Nest (Foto: BBC Films)

Ma Ferreira

The Nest ou O Refúgio, como ficou adaptado o nome em português, é um thriller psicológico dirigido por Sean Durkin, que está presente no catálogo do Prime Video. O longa, a princípio, parece ser um episódio da primeira temporada de American Horror Story, apresentando um casal aparentemente no início de uma crise que se muda para uma casa grande e afastada. A residência é mal iluminada, antiga, preserva características originais de sua estrutura e possui uma aura sombria.

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Do Not Split: a liberdade de expressão agoniza em Hong Kong

Cena do curta Do Not Split. Ao centro, vemos um grupo de policiais prendendo um manifestante honconguês. O manifestante está sendo segurado por um homem de boné com um mata leão. Pessoas em volta estão gravando a cena utilizando celulares.
Do Not Split está indicado ao Oscar 2021 na categoria Melhor Documentário em Curta-Metragem (Foto: Field of Vision)

Jho Brunhara

Poder e território estão atrelados desde que o primeiro homem cercou um pedaço de terra e chamou de seu. Em meu texto mais recente publicado no Persona, discuti sobre os problemas que o nacionalismo gera. Coincidentemente, Do Not Split (不割席) é mais uma produção que retrata perfeitamente os perigos de nações soberanas e minorias execradas. Nesse documentário em forma de curta-metragem dirigido pelo norueguês Anders Hammer e produzido pela americana Charlotte Cook, acompanhamos os protestos de Hong Kong de 2019 e 2020 contra a tentativa de criação de uma Lei de Extradição entre a ilha e a China continental, que ameaçaria a autonomia e liberdade jurídica honconguesa. 

Eventualmente, as manifestações evoluíram para o lema “cinco demandas, nenhuma a menos”: retirar completamente o projeto da Lei de Extradição; não caracterizar os protestos como motins; retirar acusações contra manifestantes que foram presos; organizar uma comissão independente para investigar abuso de força policial; e a renúncia de Carrie Lam, atual chefe executiva, e a implementação de um sufrágio universal para eleição do Conselho Legislativo e chefe executivo.

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Colectiv é pauta quente

Cena do documentário Colectiv, nela vemos a jovem Tedy, uma mulher branca, de toca preta e rosto com cicatrizes de queimadura, manejando uma prótese manual robótica cinza. Ao fundo, homens vestindo camisetas laranjas estão desfocados.
Depois de 36 submissões, Colectiv é o primeiro filme da Romênia que conseguiu ser indicado ao Oscar (Foto: Alexander Nanau Production)

Vitor Evangelista

Em 30 de outubro de 2015, a boate Colectiv, situada em Bucareste, capital da Romênia, pegou fogo. 27 pessoas perderam a vida durante o concerto da banda Goodbye to Gravity, e mais 180 saíram feridas, queimadas e em situação crítica. O documentário de Alexander Nanau leva o nome da casa de shows, mas vai além do traumático evento, investigando uma crise política de corrupção na rede de saúde do país europeu.

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Dois Estranhos diz “basta”

Foto retangular que mostra um homem de pé. Joey Badass está à esquerda da imagem. Ele é um homem negro de 26 anos, possui cabelos curtos, crespos e pretos, usa uma calça preta, tênis brancos e uma jaqueta amarela. Sua mão esquerda está no bolso na jaqueta e ele posa com o queixo levantado. Joey está na frente de uma parede levemente amarelada onde podemos ver a frase NO JUSTICE pichada em vermelho.
Joey Bada$$ deslanchou na carreira de ator e protagoniza o curta-metragem indicado ao Oscar 2021 (Foto: Netflix)

Caroline Campos

Eric Garner, Breonna Taylor, George Floyd. Diga o nome deles. Quase um ano depois do assassinato de George Floyd, o ex-policial Derek Chauvin foi declarado culpado pelo júri popular. Exceção, claro, já que pouquíssimos agentes da polícia estadunidense são processados por matar alguém durante uma ação de trabalho. A decisão histórica calhou de acontecer alguns dias antes da cerimônia do Oscar 2021, em que Dois Estranhos, curta da Netflix que denuncia a violência sofrida pela população negra, está cotado como o favorito para levar a estatueta para casa.

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The Present: o nacionalismo é uma doença

Cena do filme The Present. No centro da imagem, há uma garotinha branca, de cabelos castanhos, que usa um casaco vermelho. Ela está atrás de uma grade de metal e apoia uma das mãos na grade. Seu semblante é pensativo. Atrás dela, podemos ver do peito para baixo de um homem, que veste casaco azul e calças marrons. Ele está em uma fila.
The Present está concorrendo ao Oscar 2021 na categoria Melhor Curta-Metragem em Live Action (Foto: Philistine Films)

Jho Brunhara

São quatro da manhã. Você, palestino e morador da Cisjordânia, toma seu café, se arruma para o trabalho e começa uma jornada de três a quatro horas para chegar em uma obra de construção civil em Jerusalém, território atualmente controlado por Israel. Os 32km, que poderiam ser percorridos em 1h30, parecem ter o dobro da distância. Em certa parte do caminho, você precisa atravessar a fronteira, e, para isso, enfrentar um dos pontos de checagem de Israel. Nesse checkpoint, palestinos são tratados como se fossem animais. Caminham em túneis cercados por grades, abarrotados em centenas. Alguns escalam como podem, para fugir da multidão sufocante. Outros chegam a ser pisoteados, ou saem com uma costela quebrada

Ao fim do funil, a única passagem é por uma catraca torniquete. Depois, um detector de metal, onde se tira qualquer vestimenta solicitada considerada suspeita. E, então, finalmente, um militar israelense verifica seu documento de identidade e seu visto de trabalho. A permissão para trabalhar em construções só é dada para homens maiores de 23 anos, casados, e que possuam pelo menos um filho. Ocasionalmente, um soldado entediado pode te humilhar antes de autorizar sua entrada no país, por pura ‘graça’. Essa é a realidade enfrentada por 70 mil palestinos, que necessitam dos empregos depois da fronteira para sobreviver, diariamente. Todos os dias. 

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Quo Vadis, Aida? e a impotência perante um genocídio

Cena do filme Quo Vadis, Aida?. Nela vemos Aida, uma mulher branca, de olhos claros e cabelo castanho curto. Ela veste roupa azul claro e um crachá azul escuro. Ela está olhando fixamente para frente. Na sua frente há grades marrons. O fundo é desfocado em tons de azul.
A potente atuação de Jasna Djuricic nos coloca em movimento mesmo assistindo a tela estáticos no candidato da Bósnia ao Oscar 2021 (Foto: Condor Distribution)

Ana Júlia Trevisan

O que seria das premiações sem os filmes de guerra? Em 1971, Patton venceu a categoria de Melhor Filme do Oscar; em 1994 foi vez do genial A Lista de Schindler levar a estatueta, e em 1999 O Resgate do Soldado Ryan garantiu a indicação no prêmio mais importante da noite; já em 2018, dois filmes bateram ponto no tapete vermelho: Dunkirk e O Destino de uma Nação. Em 2020, o Globo de Ouro até tentou emplacar os soldados de 1917, mas não ficou nem com cheiro perto do imbatível Parasita. No atípico 2021, temos escassez nos filmes de confronto armado, mas Quo Vadis, Aida? vem pra cobrir essa lacuna e impactar a quem assiste. 

Baseado em fatos reais, a história se passa em Srebrenica, uma pequena cidade do leste da Bósnia e Herzegovina onde, em 1995, houve um massacre de civis. A produção faz um recorte focado nesse genocídio que ocorreu no município. Não há breve introdução ao assunto, somos colocados no meio da guerra e podemos esperar o pior, com famílias completas se refugiando na base da Organização das Nações Unidas, para escapar da ameaça de morte da Sérvia, que militarizava várias regiões do país.

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O debate importante criado com o filme Better Days

Aviso: esse texto pode conter gatilhos de suicídio e bullying

Cena do filme Better Days. Na imagem vemos os atores da esquerda para direita Jackson Yee, um homem jovem amarelo e Zhou Dongyu, uma mulher jovem amarela. Jackson veste uma blusa amarela xadrex e está com o rosto machucado. Ele possui cabelo preto liso e está preso em um rabo de cavalo. Zhou veste um casaco cinza claro e possui cabelo curto preto liso. Eles estão em cima de uma moto e Zhou apoia a cabeça no ombro de Jackson. O fundo da imagem é uma ponte e há vários pretos desfocados.
Better Days concorre no Oscar 2021 na categoria de Melhor Filme Internacional (Foto: Shooting Picture)

Ana Beatriz Rodrigues

A escola dificilmente é um lugar tranquilo. A pressão e a preocupação são sentimentos que cercam os jovens durante o Ensino Médio. Além disso, o bullying ainda é presente e muitas pessoas ainda sofrem com isso. Better Days (少年的你) retrata esse momento e as consequência desses atos. O longa é uma adaptação de Li Yuan, Wing-sum Lam e Xu Yimeng do livro Young and Beautiful, de Jiu Yuexi, e ainda explora a questão do vestibular chinês e a violência das ruas. Com essa história, a produção de Derek Tsang repreenta Hong Kong no Oscar 2021, junto com o curta documentário Do Not Split, por mais que a premiação tenha sido boicotada na região

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