Bom dia, Verônica: sangue se paga com sangue

Depois do sucesso de Bom dia, Verônica, Tainá Müller fará mais duas séries policiais (Foto: Reprodução)

Caroline Campos

Feminicídio, necrofilia, violência doméstica e golpes virtuais. É essa série de crimes que Ilana Casoy e Raphael Montes escolhem para desenvolver o mundo do sistema penal de Verônica Torres, escrivã na Delegacia de Homicídios da cidade de São Paulo. Bom dia, Verônica, o resultado final, foi lançado pela Darkside Books em 2016, quando seus autores ainda se escondiam sob o pseudônimo de Andrea Killmore. Identidades reveladas, não demorou muito para conseguirmos uma adaptação – e ela chegou em outubro de 2020, pelas mãos da Netflix.

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Ninguém é cancelado no Território Lovecraft

Por mais que a publicação de Território Lovecraft seja recente, Matt Ruff revelou que essa ideia germina em sua mente desde os tempos da faculdade (Foto: Fright Like a Girl)

Vitor Evangelista

O termo cultura do cancelamento é tão novo quanto as pessoas que o levam a sério. Atribuído à atitudes consideradas erradas, o ato de cancelar alguém busca anular sua voz, e apagar quaisquer de suas contribuições. O que fazer, entretanto, quando o indivíduo digno de ser cancelado está morto há 83 anos? Para Matt Ruff, autor de Território Lovecraft, o certo é não fazer nada que se assemelhe ao cancelamento. Eis o impensável: ele raciocina e entende, adivinhem só, que nem tudo é simples como dois mais dois são quatro.

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Showgirls: 25 anos de uma transgressão vulgar

O exagero das eróticas cenas de dança e figurinos são apelativos, e também marca registrada do filme (Foto: Reprodução)

Isabella Siqueira

Mesmo que seja considerado um fracasso, o filme Showgirls merece ser revisitado décadas depois.  A obra, que estreava 25 anos atrás, explora de forma provocadora um mundo corrompido. Dirigido por Paul Verhoeven (Robocop),  conta com cenas de dança marcadas por muita nudez gratuita, podendo ser descrito por muitos como desagradável e incômodo. Contudo, deve ser aclamado, principalmente, por sua grosseria.

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Julie and The Phantoms consegue o melhor de ambos os mundos

“Não desistiremos da música. Nós podemos tocar de novo, esse é um dom que nenhum músico negaria” – Luke (Foto: Reprodução)

Anna Clara Leandro Candido 

“You get the best of both worlds,  Chillin’ out, take it slow. Then you rock out the show.” É quase impossível que qualquer um pertencente a geração de crianças dos anos 2000 seja capaz de ler essa frase sem cantá-la. Hoje, produções como essa estão em decadência, sendo substituídas por narrativas que agradam mais as novas gerações que estão chegando e preferem streamings ao bom e velho sofá em frente à TV.

Contudo, uma onda de remakes recentemente começou a trazer séries e filmes de 10-20 anos atrás e adaptá-las a nova realidade onde seu público-alvo se encontra. Julie and The Phantoms é exatamente isso, uma série com os mesmo moldes de Hannah Montana, As Visões da Raven e High School Musical, mas atualizadas para a nova geração de crianças e adolescentes.

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A jardinagem dita as regras de A Maldição da Mansão Bly

A vibe da Mansão Bly é bem diferente da Residência Hill, então dê o play consciente disso (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

A certo momento da nebulosa e densa atmosfera de A Maldição da Mansão Bly, Jamie mostra a dama-da-meia-noite para uma incrédula Dani. Cada botão da flor, de acordo com a jardineira, só floresce uma vez, e morre em seguida. Seu desabrochar é um evento por si só. Dois anos depois da exuberante Residência Hill, a minissérie de Mike Flanagan retorna, com rostos conhecidos e trama diferente, para se equiparar à flor noturna: pode ser que histórias novas demorem a chegar mas, quando o momento vem, o espetáculo é sem tamanho.

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After School: saindo da escola e explorando a vida adulta com Melanie Martinez

Capa do mais recente trabalho de Melanie Martinez lançado dia 25 de setembro, o EP After School (Foto: Atlantic Records)

Ettory Jacob

Desde sua primeira apresentação na televisão aberta estadunidense no programa The Voice, Melanie Adele Martinez ganhou fãs e espaço na comunidade indie. Performando  a música Toxic de Britney Spears com um ritmo mais lento, a jovem de 17 anos mostrou-se uma futura aposta para o sucessos (apesar de ter sido eliminada do programa logo nas primeiras fases). Hoje, oito anos depois, a artista já conta com dois álbuns extremamente bem avaliados pela crítica e público e agora com o lançamento do novo EP After School traz mais histórias.

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Tambor, o Senhor da Alegria de Marcelo D2

Capa de Assim Tocam os MEUS TAMBORES (Foto: Ronaldo Land)

Marina Ferreira

“Os mais velhos dizem que um dia, cansado da solidão do poder, Zambiapungo, o Ser Supremo dos cultos angolo-congoleses, foi tomado pela tristeza e cogitou desistir da criação do mundo.” 

Essas são as primeiras frases da sexta faixa do lado A de Assim tocam os MEUS TAMBORES, o novo trabalho revolucionário de Marcelo D2, gravado durante o período de isolamento social com sua família. Os versos podem ser entendidos como a síntese da trajetória do disco, que é o mais ousado da carreira do rapper carioca.

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Never Rarely Sometimes Always: com que frequência você encontra a violência?

“Queria falar sobre todas as barreiras estruturais que existem para impedir que as mulheres tenham autonomia sobre seus corpos” disse Eliza Hittman, diretora e roteirista do filme (Foto: Focus Features)

Raquel Dutra

Violência é qualquer ação por meio da qual você trata o outro como objeto dos seus desejos, negando a ele elementos que chancelam sua própria condição de ser humano: sua liberdade, sua consciência, sua integridade, sua autoridade e emancipação sobre si mesmo…” disse mais ou menos assim minha professora de filosofia do ensino médio uma vez, apresentando uma definição pra esse termo que, às vezes de forma invisível, se faz quase onipresente na nossa realidade. 

E compartilho ela aqui – junto de uma memória profundamente pessoal – porque Never Rarely Sometimes Always (Nunca Raramente Às Vezes Sempre, numa tradução livre, assim mesmo sem pontuação) exemplifica perfeitamente essa definição. Além de apresentar uma narrativa sensível e (ainda) necessária sobre aborto e direitos reprodutivos, o filme é também um conto sobre violência, em suas mais diversas formas e em seus mais profundos impactos. 

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Ungodly Hour: a emancipação das irmãs Bailey

Capa do segundo álbum de estúdio da dupla formada por Chloe e Halle Bailey (Foto: Reprodução)

Caio Savedra

Surgindo a partir de uma carreira nativa da internet, o álbum Ungodly Hour, da dupla Chloe X Halle, entrega diversos pontos positivos de se admirar, mas, acima de tudo, serve como uma emancipação artística das irmãs para além do papel de protegidas e apadrinhadas por Beyoncé. Crescidas no meio artístico, é notável a desenvoltura que as artistas têm, basta assistir qualquer uma das várias apresentações recentes. Com uma carreira que conta com aparições em filmes e apresentações musicais desde crianças, foi através de covers no YouTube que começaram a se destacar na música.

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Enola Holmes ensina a diferença entre solidão e solitude

“Ela queria que eu encontrasse minha liberdade, meu futuro, meu propósito. Sou uma detetive, uma decifradora, alguém que encontra almas perdidas. Minha vida é só minha e o futuro depende de nós” (Foto: Reprodução)

Anna Clara Leandro Candido

A família Holmes vive há séculos no imaginário e coração de muitas pessoas ao redor do mundo. Sherlock, o personagem criado por Sir Arthur Conan Doyle em 1887, já viveu inúmeras histórias e foi interpretado por diversos rostos, tornando-se uma figura amada do público. Foi sua influência que inspirou Nancy Springer a criar a irmã mais nova do famoso detetive, Enola Holmes. Agora, a história da caçula foi adaptada a um filme pela Netflix, trazendo uma narrativa não muito original, mas divertida, envolvente e repleta de assunto importantes para se refletir. 

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