Três Verões: dias melhores virão

A imagem é uma das cenas do filme. Na imagem, Madá e os outros funcionários da casa estão posicionados em grupo sorrindo para uma selfie.
Filme de Sandra Kogut escancara mudanças sociais recentes no Brasil (Foto: Reprodução)

Vitória Silva

Em 2014, o início da Operação Lava Jato balançou as estruturas do país. A maior iniciativa de combate à corrupção e lavagem de dinheiro levou, e ainda leva, para a cadeia uma série de personalidades de altos cargos do meio político e econômico. No entanto, pouco se fala sobre os outros personagens que, inocentemente, faziam parte dessa cadeia de esquemas ilegais. Qual foi o destino das famílias desses corruptos? E de seus funcionários?

A cineasta Sandra Kogut parte desse olhar para contar a história de seu filme mais recente. Três Verões se ambienta na mansão da família de Edgar (Otávio Muller), um grande empresário. Entre sua equipe de funcionários, está a caseira Madá, interpretada pela brilhante Regina Casé. A funcionária é ‘quase parte da família’, sempre se virando nos 30 para agradar ao desejo dos patrões e ainda conseguir um sustento extra, mas sem perceber as tramóias que rolam por debaixo dos panos.

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Persona Entrevista: Moara Passoni

A cineasta, co-roteirista do comentado Democracia em Vertigem, fala sobre sua experiência com a anorexia que motivou Êxtase, seu primeiro longa-metragem e sobre a indicação ao Oscar 2020

O Persona entrevista Moara Passoni, diretora de Êxtase e roteirista de Democracia em Vertigem (Foto: Reprodução)

Raquel Dutra

Semana passada, estreamos uma novidade aqui no site: o Persona Entrevista. O quadro ainda tem o gostinho da nossa cobertura da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo porque traz para seu início conversas que tivemos com alguns diretores de filmes exibidos no festival. A abertura se deu com João Paulo Miranda Maria, diretor de Casa de Antiguidades, filme que representou o Brasil no Festival de Cannes este ano. 

Dessa vez, o Persona recebe Moara Passoni, roteirista de Democracia em Vertigem que, depois de nos representar entre os Melhores Documentários do Oscar 2020, estreia na direção com Êxtase, seu primeiro longa-metragem premiado pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) na Mostra SP deste ano. Ela conversou conosco sobre o longo processo de criação do filme que, brincando com a linha tênue existente entre a ficção e a realidade, atravessa a experiência da própria com a anorexia e dá voz a relatos de muitas outras mulheres que participaram de sua concepção compartilhando suas vivências.

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Persona Entrevista: João Paulo Miranda Maria

Diretor de “Casa de Antiguidades” comenta suas inspirações e o impacto do filme, único brasileiro na seleção de Cannes 2020, no exterior 

Arte com fundo vermelho, no lado esquerdo as palavras PERSONA ENTREVISTA aparecem na vertical, intercalando entre letras pretas e brancas, uma cor por linha, ao lado das 4 linhas, está uma colagem em preto e branco do diretor, seu busto, ele é um homem branco que usa óculos de grau e uma camiseta polo com os botões abertos. Ao lado do homem, está o pôster do filme Casa de Antiguidades, que tem o desenho de um homem usando uma cabeça de touro preta, acima do pôster, em letras pretas está escrito o nome do diretor, João Paulo Miranda Maria
O Persona entrevista João Paulo Miranda Maria, diretor do filme Casa de Antiguidades (Foto: Reprodução)

Caroline Campos e Vitor Evangelista

Como parte da cobertura da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o Persona entrevistou realizadores de alguns dos filmes presentes no festival. Nos próximos dias, os leitores do site poderão ter acesso na íntegra a essas conversas exclusivas (coordenadas pela nossa equipe), e que foram realizadas através de videochamadas. Assim, mesclamos o texto clássico narrativizado do Persona com as perguntas e respostas em forma de pingue-pongue, chegando à uma leitura mais fácil e menos carregada.

Se ficou curioso, é só acompanhar abaixo o resultado da nova empreitada da editoria: apresentamos o Persona Entrevista. E, para iniciar com o pé direito, que tal conhecer um pouco mais sobre o filme e o diretor que representaram o Brasil virtualmente em Cannes neste ano?

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Na verdade, Casa de Antiguidades é um abatedouro

Depois de ‘passar’ por Cannes, o filme estreou em território nacional na 44ª Mostra Internacional de SP (Foto: Divulgação Imprensa)

Caroline Campos e Vitor Evangelista

O burburinho que cercou Casa de Antiguidades não veio de graça. Considerando que temas como regionalismo e horror de mal estar estão em voga desde a explosão de Bacurau, em 2019, quaisquer obras que resvalem nesse espectro sem dúvidas chamariam atenção do público brasileiro. Parte da Seleção Oficial de Cannes 2020 e exibido com exclusividade na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o primeiro longa de João Paulo Miranda Maria se mune de um misticismo tupiniquim para desconstruir e metamorfosear a vida e a humanidade de Cristovam, um homem abandonado pelo tempo e rejeitado pela comunidade em que habita.

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Verlust é um filme encalhado

Ismael Caneppele, Marina Lima e Andrea Beltrão na festa de Ano Novo de Verlust, filme exibido na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Divulgação Imprensa)

Caroline Campos

Verlust, no alemão, significa perda – mesmo que lust, sozinha, signifique desejo. Afinal, quanto mais desejamos algo, mais medo temos de perdê-lo. Se soubermos que vamos perder, maior é o desejo. É essa complexa e profunda palavra do alemão que o cineasta Esmir Filho escolhe para intitular seu novo filme, Verlust, que participa da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, na seção Mostra Brasil. Uma experiência angustiante e cheia de conflitos, o longa carrega no elenco grandes nomes do cenário nacional e uma trilha sonora impecável.

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Recheado dos seus jeitinhos, Hebe – A Estrela do Brasil é uma fonte nostálgica, mas peca ao não ser ousado

Após oito anos sem uma das grandes apresentadoras brasileiras, Hebe – A Estrela do Brasil reacende os corações com a nostalgia de revê-la novamente nas telinhas (Foto: Reprodução)

Pedro Gabriel

Ao olhar para a construção do mundo midiático brasileiro, diversas personalidades se destacam. Isso ocorre muito pela genialidade dessas pessoas ao se mostrar na frente do público, e como isso os cativou. Elas estavam em diversas áreas, sendo apresentando programas, cantando, atuando ou até praticando esportes. Em 2019, para homenagear umas das maiores apresentadoras brasileiras, foi lançado o filme Hebe – A Estrela do Brasil. O estúdio ainda transformou a obra em uma minissérie de dez episódios, que foi liberada no seu serviço de streaming Globoplay, em abril de 2020.

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Elena: um retrato sensível e necessário para debater suicídio e depressão

Aviso de Gatilho: Elena pode conter elementos prejudiciais àqueles sofrendo com depressão ou pensamentos suicidas.

Cena do filme Elena. A imagem mostra duas mulheres flutuando num rio de águas escuras. As duas mulheres estão do lado esquerdo da imagem, e a primeira está na parte de baixo, na horizontal, com a cabeça para o lado direito e os pés em direção ao centro da imagem, virados para o lado esquerdo; e a segunda na parte de cima, de cabeça para baixo, na diagonal. As duas usam vestidos longos em tons de bege. O fundo é preto.
O documentário Elena mistura realidade e ficção para contar a história de vida da irmã da cineasta Petra Costa, diretora de Democracia em Vertigem (Foto: Busca Vida Filmes)

Raquel Dutra 

O segundo longa-metragem de Petra Costa leva o nome de sua irmã mais velha, a atriz Elena Andrade. Sob a premissa de retratar a história da jovem e os sentimentos que a família conserva por sua memória, Elena toca em debates ultra sensíveis acerca de suicídio e depressão, ao mesmo tempo em que carrega o valor de ser considerada como uma obra marcante da documentarista. No filme, tudo tem um único fim: construir um retrato íntimo e profundo da vida de Elena, que aos vinte anos, tratando de doenças psicológicas e tentado se reerguer de desilusões profissionais, findou a sua própria vida.

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Decadente, alarmante e polarizada: a Democracia em Vertigem de Petra Costa

O longa foi apontado pelo The New York Times como um dos melhores filmes do ano, e é o queridinho latino-americano para o Oscar 2020 (Foto: Netflix)

Raquel Dutra 

Polêmico e contundente, o documentário Democracia em Vertigem chegou à sua terra natal pela Netflix no dia 19 de junho, depois de seu aclamado lançamento no Festival de Cinema Sundance de 2019. Mergulhado nas memórias pessoais e no passado político de sua diretora e roteirista, o filme relembra os contextos sociais e políticos em que a figura de Luís Inácio Lula da Silva emergiu, passando pelas eleições ganhas por sua sucessora, Dilma Rousseff, e seu controverso processo de impeachment. O documentário também trata da presidência de Michel Temer, construindo um fio narrativo que busca entender a crise política do país, agravada pelos movimentos de 2013.

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