Com centenas de lançamentos por mês, é cada vez mais fatigante encontrar uma série adolescente interessante na Netflix. De clichês entediantes até os cancelamentos iminentes, a plataforma luta para conversar com esse público da maneira correta. Um dos maiores acertos dos últimos anos, no entanto, foi a excelentíssima Sex Education. Com sua despretensiosa narrativa teen e complexa gama de personagens, a obra conseguiu conquistar seu espaço na lista de melhores produções do streaming e, em 2021, entrega sua terceira temporada com ainda mais encanto.
Em novembro de 2013, a população civil da Ucrânia entrou em conflito direto com o governo de Víktor Yanukóvytch. Numa onda de protestos liderados por jornalistas e estudantes que se estendeu até fevereiro de 2014, o povo denunciava a corrupção, o abuso de poder e a violação dos direitos humanos cometidos pelo governo. O estopim, de maneira geral, foi a frustração de um pedido popular por maior integração com União Europeia, que aconteceu quando o bloco se recusou a firmar acordos com o país aliado da Rússia enquanto ele não resolvesse a sua “deterioração flagrante da democracia e do Estado de Direito”. No meio do movimento que ficou conhecido como Euromaidan – ou, mais significativamente, Revolução da Dignidade – está o drama de amadurecimento de Olga e a sua participação na Competição Novos Diretores da 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
O nome do novo filme de Kamila Andini é exclamado em muitos momentos dentro dos 90 minutos que o abrigam. Não é para menos, afinal, as reações à figura que o batiza: uma adolescente cheia de sonhos, perspicácia e incertezas que vive no interior conservador e religioso da Indonésia. Antes de chegar na 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Yuni gerou o mesmo sentimento no Festival de Toronto 2021, de onde saiu com uma recepção muito positiva e agraciada com Platform Prize, que reconhece filmes com “alto mérito artístico” e que também apresentam “uma forte visão de direção”.
Não há nada mais atual que o avanço das redes sociais e seu domínio completo por sobre a percepção humana e a opinião individual. Irmandade (Sestri) realoca a equação de juventude mais Instagram para o contexto muito específico da Macedônia do Norte, mostrando à 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo a força a que laços de amor podem ser submetidos antes de se estraçalharem.
A história de uma jovem que muda de rumo a partir de uma tragédia dentro de um contexto familiar do século 19. Isso é tudo o que Tea Lindeburg precisa para revelar a metafísica do patriarcado e a epistemologia da religião em Assim Como no Céu. Celebrado no Festival Internacional de Cinema de Toronto e premiado no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, o filme de estreia da diretora dinamarquesa chega ao Brasil pela 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, numa manifestação crítica e estética tão implacável quanto as determinações sociais e religiosas que são o cerne de sua criação.
A cineasta romena Alina Grigore é precisamente misteriosa ao nomear seu primeiro filme. No evento celeste da Lua Azul e na trama narrativa de Lua Azul, o que manda é o paradoxo que existe entre a riqueza de seus significados e a simplicidade do seu significante. E de fato, o que o drama traz para a 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, depois de sair com o prêmio máximo do Festival Internacional de Cinema de San Sebastián 2021, é um fenômeno em todos os sentidos.
Muitos produtos da cultura pop retratam o período do Ensino Médio e a evolução dos adolescentes até sua graduação (só em 2021, já tivemos as continuações dos sucessos Eu Nunca…, Elite, Para Todos Os Garotos, A Barraca do Beijo e High School Musical: The Musical: The Series, entre tantos outros). Um dos motivos dessa popularidade está na fácil identificação: a pressão de entrar numa faculdade, arranjar amigos, as primeiras vezes, as mudanças no corpo… Mas, e o depois? O que acontece quando se completa vinte anos?
O termo que significa um estado transcendental de alegria é usado para nomear uma obra que existe no nível mais profundo das dores de uma juventude autodestrutiva para nos avisar sobre algo: desde seu início, aclamado e conturbado lá em 2019, Euphoria não quer saber de nada além do radical ao construir seu caminho na companhia de jovens que lidam com muitas, muitas, mas muitas questões. A máxima se consolidou ao fim visceral daqueles 8 primeiros episódios que colocaram o drama adolescente da HBO numa evidência maior que qualquer nicho. Ali, nossas protagonistas, responsáveis por engatilhar o desenrolar dos arcos da narrativa e toda sinceridade e todos problemas que os acompanham, se encontravam num lugar perfeito de completa ausência de resolução.
A complexidade que o diretor e roteirista Sam Levinson criou ao fim do primeiro ano de Euphoria só seria compreendida mais tarde, quando os ganchos de 2019 ameaçavam se perder no meio da fenda temporal aberta pela pandemia de covid-19. Então, o criador correu para os transformar em dois episódios especiais, dedicados exclusivamente ao centro da história – Rue (Zendaya) e Jules (Hunter Schafer) -, e quando Part 1: Rue foi ao ar em dezembro de 2020, o poder da narrativa se mostraria ainda maior. Sob o título de Trouble Don’t Last Always, aconteceu o primeiro contato da produção com o mundo depois de sua estreia, e também o primeiro encontro do apreciador da série com a profundidade emocional daquela que foi o fio narrativo de tudo o que Euphoria nos apresentou.
Ter a coragem de escrever abertamente sobre saúde mental e suicidio não é fácil, e era muito menos alguns anos atrás, quando Por Lugares Incríveis foi lançado. Em pleno 2015, Jennifer Niven teve a bravura de se arriscar em um romance sobre adolescentes depressivos e apaixonados. Mesmo com todas as chances de um mau recebimento do público, o livro conquistou o coração de muitos e cresceu a ponto de ser adaptado pela Netflix.
O filme, lançado em 2020, aumentou a popularidade da escritora e a sua legião de fãs, que aguardavam ansiosamente pelo seu próximo passo. As expectativas estavam altas, afinal, ninguém queria nada além de um novo best-seller de Jennifer. Quando Sem Ar foi lançado, apenas meses depois do longa-metragem dirigido por Brett Haley, a autora provou novamente sua capacidade de criar histórias lindas, tristes e românticas.
Após cinco anos desde seu lançamento, Skam deixa seu legado inovando não só a cultura do entretenimento para jovens, mas também propondo reflexões acerca da vida e experiências sociais. Inicialmente, quando comparada a famosa série Skins, Skam surpreendeu seus espectadores logo de início, pois trata-se muito mais do que só um drama adolescente qualquer. Ela fala sobre temas muito discutido atualmente, como ansiedade, depressão, sexualidade, estupro, religião, feminismo, uso de drogas, racismo, crimes virtuais, imigração, explorando muito bem cada um deles.