A Tragédia de Macbeth: a culpa pesa mais do que a coroa

Cena em branco e preto do filme a tragédia de macbeth apresenta Macbeth, um homem negro de meia idade, vestindo uma camisa clara, uma calça e uma bota, sentado na cama e olhando pra cima. Os únicos objetos da imagem são a cama e uma cortina branca no canto direito. A imagem é escura e a única fonte de luz vem da lateral direita.
A Tragédia de Macbeth apresenta uma trama repleta de bruxaria, ganância e vingança e chega concorrendo a três categorias no Oscar 2022 (Foto: A24)

Gabriel Gatti

William Shakespeare foi um grande dramaturgo nascido no século XVI, e chegou a publicar cerca de 40 obras, que acabaram sendo amplamente revisitadas ao longo dos séculos. Como é o caso de Macbeth, uma tragédia medieval sobre ganância e culpa que rendeu uma série de adaptações cinematográficas. Dentro dessa ampla gama de subprodutos derivados do acervo literário shakespeariano parece quase improvável produzir algo com características originais, porém foi exatamente isso que o diretor Joel Coen fez em A Tragédia de Macbeth, uma produção da A24 em parceria com a Apple TV+.

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Para Sally Rooney, o mundo é repleto de Pessoas normais

Arte com fundo roxo. No canto superior esquerdo, vemos o olho do Persona com a íris da mesma cor do fundo. Ao centro, vemos a capa do livro Pessoas normais, e uma borda laranja do lado direito da capa, formando uma sombra. No canto inferior direito vemos escrito Clube do Livro Persona
O Clube do Livro do Persona começou 2022 acompanhado por Pessoas normais, romance escrito por Sally Rooney e traduzido por Débora Landsberg (Foto: Companhia das Letras/Arte: Ana Júlia Trevisan)

Vitor Evangelista

Na escola, no interior da Irlanda, Connell e Marianne fingem não se conhecer. Orbitando em mundos diferentes, os estudantes do Ensino Médio acabam se esbarrando quando ele busca a mãe, que trabalha como faxineira na casa da garota. As rápidas trocas de olhares acabam se transformando em pequenas conversas sobre os livros e os gostos pessoais um do outro. O problema é que, em público, Connell invisibiliza Marianne, por vergonha, por culpa, por egoísmo. Mas está tudo bem, afinal, eles não passam de pessoas normais.

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A vida não dá trégua nas travessias de Flee

Cena do filme Flee. Ilustração retangular. Ao fundo, vemos várias pessoas em uma balada gay. Amin está centralizado. Ele coloca os braços sobre o balcão do estabelecimento, veste roupas de inverno e olha para o lado direito da imagem.
Indicado três vezes ao Oscar 2022, Flee é um documentário que ilustra uma complexa jornada de autoconhecimento (Foto: NEON/Participant)

Eduardo Rota Hilário

Vou carregar de tudo vida afora/Marcas de amor, de luto e espora/Deixo alegria e dor/Ao ir embora”. Os versos de Compasso, composição de Angela Ro Ro com Ricardo Mac Cord, podem até não aparecer na trilha sonora da produção dinamarquesa Flee (Flugt, 2021), dirigida por Jonas Poher Rasmussen; no entanto, ao serem recortados do restante da música, esses fragmentos poéticos expressam muito bem uma das inúmeras sensações que permeiam o longa-metragem estrangeiro. Afinal, em todo o filme, estamos diante de uma concretude nua e crua, e ela nunca será vivenciada da mesma forma por indivíduos minimamente diferentes.

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KICK ii e a catarse apocalíptica do lado escuro e ousado do reggaeton

Capa do CD KICK ii. Arte retangular com fundo cinza. Na parte central está a cantora Arca, uma pessoa transfeminina branca, de cabelo preto e longo, dividido em dois rabos de cavalo. Ela veste próteses pretas que imitam elementos cibernéticos no pescoço, peito, virilha e pernas. No seu lado direito está um clone da cantora, nua, em uma maca, de cabeça para baixo. Seu braço esquerdo, coxa direita e canela esquerda estão com músculos expostos. Em seu torso há seis ventosas que simulam dispositivos de ordenha. Na mão esquerda da Arca localizada no centro está um ovo flamejante do tamanho de sua mão. De seu ombro esquerdo sai um braço mecânico que puxa os músculos da canela esquerda de seu clone. Sua mão esquerda está erguida acima da cabeça e estica um fio de pele da canela esquerda de seu clone. De sua axila direita sai um braço mecânico que segura um pedaço de músculo. Suas pernas estão abertas simulando posição de sumô, com três cintos na altura da coxa e uma meia preta de vinil que vai até acima do joelho, em ambas as pernas. De sua virilha sai um ovo flamejante e abaixo está localizada uma cesta transparente com outros quatro ovos flamejantes. Do lado de seu pé direito, há uma pelúcia de uma criatura branca, com quatro braços e duas pernas que se assemelham a um canguru, e possui um círculo vermelho em sua cabeça. Do lado direito do clone há outra criatura branca, semelhante a anterior, de costas e possui duas caudas. No lado direito da imagem há dois dispositivos de braços mecânicos ligados por cabos aos cintos na coxa de Arca, que a sustentam. Do canto esquerdo até o canto direito, ao fundo, estão cinco corpos humanos sem pele, de cabeça para baixo, apoiado por barras metálicas ligadas a seus pés. No chão, no lado esquerdo da imagem, há uma carcaça de um animal indefinido que está ligado por um cordão umbilical a outras três carcaças no chão, e todas possuem discretas flores roxas e amarelas em sua superfície e ao seu redor.
Na arte oficial do álbum, Arca desmonta e reconstrói a sua essência, com uma referência estética e conceitual à capa de seu single @@@@@ (Foto: Frederik Heyman e Alejandra Ghersi Rodriguez)

Bruno Alvarenga

Alejandra Ghersi Rodriguez moldou sua carreira como Arca de forma selvagem e extrema. Seu estilo característico envolve texturas eletrônicas distorcidas projetadas para engolir e incomodar, além de visuais igualmente extravagantes, cuja temática mistura tecnologia e androginia de forma majestosa. Mesmo antes de dar à luz ao seu primeiro trabalho de estúdio, o disforme Xen (2014), a cantora, compositora e produtora de Caracas já vinha dominando seu território com outras composições autorais, além de parcerias com grandes nomes da indústria musical, como Kanye West, FKA twigs, Björk e Kelela.

No entanto, de maneira surpreendente, após o lançamento de KiCk i (XL Recordings, 2020), álbum que contou com as parcerias de SOPHIE, Shygirl, ROSALÍA e novamente Björk, Arca revelou o lançamento de outros quatro álbuns, completando o grandioso Kick. O projeto completo foi concebido como uma quebra explosiva contra a categorização e uma formulação artística da existência não-binária. Em KICK ii (XL, 2021), segundo capítulo da série, Arca segue o caminho a partir do seu álbum anterior.

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A existência humana e a consciência da morte prevalecem nos 65 anos de O Sétimo Selo

Cena do filme O Sétimo Selo. Na imagem em preto e branco, vemos um homem jovem, loiro, de cabelos curtos, e magro. Ele está vestindo um tipo de armadura de cavaleiro, feita com anéis de metal e uma capa preta jogada nos ombros. Ele sorri enquanto olha para o indivíduo na frente dele, e segura uma peça de jogo de xadrez na mão direita. À sua frente está a figura personificada da morte, com pele pálida, luvas pretas de couro, e uma capa que cobre todo o seu corpo, inclusive a cabeça, deixando somente o rosto à mostra. Ela está pensativa, olhando para o tabuleiro de xadrez a sua frente, e tem o braço direito dobrado, com a mão próxima do rosto. No tabuleiro de xadrez, as peças do homem são brancas, e da morte, pretas. Tem uma manta na estrutura que mantém o tabuleiro em cima, e ambos estão sentados, um de frente para o outro. Eles estão no campo, ao ar livre, com uma carroça e um cavalo alguns metros atrás, e duas pessoas sentadas próximas a carroça. Está de dia.
A Morte onipresente espreita soberana em um país arruinado pela peste negra (Foto: MUBI)

Sabrina G. Ferreira

Um filme do qual podemos analisar os anseios, as dúvidas e os medos de uma sociedade passada para tentarmos aprender por meio deles: essa é a definição de O Sétimo Selo (no original, em suéco, Det sjunde inseglet; e no inglês, The Seventh Seal). Do diretor sueco Ingmar Bergman (Morangos Silvestres e Persona), o nome faz referência à passagem do livro bíblico Apocalipse em que Deus tem sete selos nas mãos, e a abertura de cada um deles representa um desastre para a humanidade, sendo o último o irreversível fim dos tempos. Trata-se de uma obra que incomoda o espectador desde seu lançamento em 1957, principalmente quando nos colocamos no lugar dos personagens e no meio caótico em que eles vivem. 

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O Gavião Arqueiro já pode se aposentar

Cena da série Gavião Arqueiro. Na imagem, vemos Kate Bishop, à esquerda, e Clint Barton, à direita, sentados lado a lado em um banco de um vagão de metrô. Kate Bishop é uma mulher branca, de cabelos pretos lisos presos, aparentando cerca de 25 anos, vestindo um uniforme roxo com calça preta, e segurando um arco. Clint Barton é um homem branco, de cabelo castanho curto em um topete, aparentando cerca de 40 anos, vestindo casaco e calça preta, e segurando um arco. Ele tem uma aljava preta pendurada em seu ombro direito.
Na Fase 4 do MCU, a tão esperada Kate Bishop finalmente dá as caras nas telas da Marvel em Gavião Arqueiro (Foto: Disney+)

Vitória Lopes Gomez

Comparada a grandiosidade que a Marvel se acostumou a entregar, a premissa de Gavião Arqueiro soa até ordinária. Longe do Multiverso (só aparentemente), das loucuras intergalácticas de um certo titã roxo, e até da linha da fronteira e das ameaças internacionais, uma Nova Iorque decorada com pisca-piscas, guirlandas e papais noéis é palco para Clint Barton… Bem, quase perder as comemorações natalinas. Ao longo dos seis episódios, a quinta série do estúdio no Disney+ introduz às telas personagens inéditos, resgata rostos conhecidos, conecta narrativas passadas e abre portas para novas. Com tudo isso, se o Vingador menos extravagante (como ele mesmo admite) precisa de uma marca pessoal mais chamativa, Gavião Arqueiro lhe dá a chance de sair das sombras e conquistar a luz ao lado da árvore de Natal.

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Arcane: um presente da Riot para a comunidade

A imagem é o poster promocional da série. Nele encontramos um fundo preto. Centralizado, podemos ler “Arcane” e “League of Legends” logo abaixo, ambas em letras douradas. Uma borda dourada está ao redor das palavras, também centralizada.
Após 6 anos de produção, Arcane chega a Netflix e bate recorde de audiência e crítica (Foto: Netflix)

Alesxya Soares

Durante a live de comemoração de 10 anos do jogo League of Legends, a Riot anunciou, entre várias novidades da empresa, algo que seus fãs pediam há muito tempo: uma produção audiovisual sobre o universo do jogo. Essa já era uma demanda recorrente pelo constante sucesso dos videoclipes e animações lançadas em seu canal no YouTube. Assim, a série animada Arcane teve 6 anos dedicados a sua elaboração e produção, com previsão de lançamento para 2021.

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IDLES: uma trajetória para o introspectivo e explosivo (na medida certa) CRAWLER

A imagem mostra a fachada de uma casa e um homem vestido de astronauta se apoiando com o braço direito na parede e olhando para baixo. Ele está atrás de uma porta de vidro com rusgas verticais, o que distorce levemente a imagem. Está de noite e a cena está iluminada por luzes amarelas. Há também perto do homem um armário e, em cima, uma planta em um vaso.
Uma das fotos do ensaio feito para a capa do álbum (Foto: Tom Ham)

Gabriel Leite

IDLES, para alguns, pode parecer intragável de início. Eu não julgo, foi assim comigo e demorou uns bons meses até eu realmente me interessar em escutar. Começou como uma banda que eu pulava as músicas quando tocava na playlist aleatória, depois evoluiu para um guilty pleasure (“prazer com culpa”, em tradução livre) e agora eu estou aqui escrevendo sobre ela. Sua sonoridade é algo que ou te pega de primeira ou insiste até você gostar. Não vence pelo cansaço, mas sim pela força arrebatadora de uma roda punk saindo dos fones direto para seu ouvido até você prestar atenção.

Então meu objetivo aqui hoje é, não só escrever uma simples crítica, review, análise ou seja lá o que for de CRAWLER, o 4º álbum de estúdio, como também apresentar brevemente a banda e seus trabalhos para que, de alguma maneira, possa lhe trazer um maior aproveitamento quando você for escutar seu lançamento mais recente (e quem sabe fazer você dar um ponta pé inicial para se tornar fã da banda).

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Justin Bieber lava a alma em Justice

Capa do álbum Justice, de Justin Bieber. O artista é um homem branco, de cabelos loiros, e está com uma roupa inteira preta, dentro de um túnel. O cantor está agachado no meio da rua, de olho fechado e com uma das mãos em seu rosto. Em seu pescoço ele tem uma tatuagem de rosa. Na parte inferior da foto, está o nome Justice, em um tom de verde claro e logo abaixo está escrito Justin Bieber, em letras menores.
O responsável pelas fotos do álbum é Rory Kramer, amigo e fotógrafo de Justin, o qual dirigiu o clipe de “I’ll Show You”, na era Purpose (Foto: Def Jam)

Giovana Guarizo

A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar”. É com as palavras poderosas de Martin Luther King Jr. que Justin Bieber dá início ao seu álbum mais recente. Um disco que transmite paz, mas também desabafa sobre tudo o que está entalado na garganta do canadense. O álbum é exatamente aquilo que você precisa ouvir em um banho quente, com meia luz e depois de um dia difícil. Ele fala de amor, fé, ansiedade e inseguranças reconfortantes, as quais você consegue se identificar. Justice é um respiro em meio a momentos caóticos. 

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Em Noite Passada em Soho, pesadelos viram realidade enquanto fantasmas te tiram para dançar

Fotografia do filme Noite Passada em Soho. A imagem é retangular e apresenta a personagem Sandie, no canto direito, descendo uma escada. Sandie é interpretada por Anya Taylor-Joy. Anya é uma mulher branca, jovem, de cabelos loiros que vão até os ombros. Ela usa um vestido cor-de-rosa. À sua esquerda, na parede onde a escada está, há uma sequência de espelhos. Nesses espelhos, ao invés do reflexo de Sandie, está representada a personagem de Eloise. Ela é interpretada por Thomasin McKenzie. Thomasin é uma jovem na casa dos 20 anos, branca. Ela tem cabelos castanhos, que vão até abaixo dos ombros. Ela usa uma blusa sem mangas branca e uma calça de moletom cinza.
Noite Passada em Soho é como se a premissa de Meia-Noite em Paris, de Woody Allen, e o estilo de um giallo de Dario Argento resolvessem ter um bebê (Foto: Universal Pictures)

Mariana Nicastro

Apenas escute a melodia do trânsito na cidade! Carros e táxis passam o tempo todo, grupos diversos de pessoas riem e conversam em voz alta, e música ecoa de bares, pubs e casas de shows. As luzes dos teatros e das lojas iluminam as ruas largas. O título de um filme clássico pisca no letreiro do cinema. Quantos sonhos, promessas e ilusões vivem nos grandes – e famosos – centros urbanos, repletos de cultura, moda e fama? Bom, Noite Passada em Soho evidencia o que acontece quando alguns desses sonhos são arruinados, confrontados com uma realidade que pode ser cruel, brutal e assustadora. 

Dirigido por Edgar Wright e roteirizado por ele, em parceria com Krysty Wilson-Cairns, o longa chegou aos cinemas brasileiros em 18 de novembro de 2021. Antes disso, foi exibido nos Festivais de Veneza, Toronto e Londres, chegando ao Brasil pela 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. O diretor, conhecido por seu estilo ágil, astuto e criativo, revelado em obras como Em Ritmo de Fuga (2017), aqui apresenta o gênero abordado como novidade: um suspense psicológico e retrô, com toques de inspiração do Terror dos anos 60 e 70. Esse fator, somado a uma temática instigante, curiosa e com uma premissa original, joga holofotes sobre Last Night in Soho, que, como resposta, entrega ao espectador uma experiência assombrosa, envolvente e singular.

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