Homens sem mulheres e o universo melancólico de Haruki Murakami

Com uma de suas narrativas adaptadas para o Cinema, Homens sem mulheres foi a leitura do mês de Março de 2022 no Clube do Livro do Persona (Foto: Alfaguara/Arte: Jho Brunhara)

Bruno Andrade

“Como um dos homens sem mulheres, eu rezo do fundo do coração. Parece que não há nada que eu possa fazer agora a não ser rezar. Por enquanto. Possivelmente.”

O mundo ficcional de Haruki Murakami se parece com o nosso, revestindo-se de uma aura melancólica e acinzentada, na qual habitam indivíduos sem rumo, quase vazios, e à deriva. Somos lembrados que estamos diante de uma obra ficcional quando encontramos vestígios desse mundo onírico em um lugar distante, semelhante a uma memória ainda não vivenciada. Em sete narrativas interligadas por perdas de vários os tipos – sentimentais, físicas, futuras e passadas –, Homens sem mulheres dá voz a um universo que não parece mais existir: um mundo distante, dominado pelo jazz, sonhos perdidos e rostos caídos. 

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Ficções: a obra aberta de Jorge Luis Borges

Foto em preto e branco do escritor Jorge Luis Borges. Ele é um homem caucasiano, de cabelos brancos, veste terno preto, camisa branca e gravata preta. Ele mantém a cabeça ereta, enquanto olha para a frente
Ficções é considerado um dos livros mais importantes na carreira do escritor argentino, que faleceu há 35 anos (Foto: Ferdinando Scianna/Magnum Photos)

Bruno Andrade

Nos círculos literários, os autores são geralmente mensurados por seus romances. O tempo demandado, a prosa, a estética, o intuito, tudo isso é levado em consideração. Mas diferente dos romances — e parafraseando Julio Cortázar —, os contos não vencem por pontos, e sim por nocaute. Mesmo sem nunca ter escrito um romance, Jorge Luis Borges figura na lista dos maiores escritores de todos os tempos. Falecido em 14 de junho de 1986, a morte do autor completa 35 anos.

Borges nasceu em 24 de agosto de 1899 — fato que permitiu ao escritor classificar-se como “um homem do século 19” —, em Buenos Aires. Antes de aprender o espanhol, foi alfabetizado em inglês. Começou sua carreira como poeta, publicando seu primeiro livro, Fervor de Buenos Aires, em 1923. Depois publicou ensaios e, mais tarde, em 1935, publicou sua primeira coleção de contos, História universal da infâmia. A obra que daria projeção internacional ao autor seria publicada em 1944, cujo nome não poderia ser mais apropriado: Ficções.

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