O monstro no túmulo: as Histórias extraordinárias de Edgar Allan Poe

Capa do livro Histórias extraordinárias, de Edgar Allan Poe. Na imagem, o livro está de pé em um fundo branco. O livro é uma edição em capa dura, de cor roxa, com o nome de Edgar Allan Poe escrito em fonte de cor amarela, com uma caveira desenhada logo acima de seu nome. Abaixo está escrito Histórias Extraordinárias em fonte de cor igualmente amarela. Abaixo está o logo da editora Companhia das Letras, com a fonte de cor amarela
A edição de Histórias extraordinárias, publicada pela Companhia das Letras, reúne 18 contos de Edgar Allan Poe, com seleção, apresentação e tradução de José Paulo Paes, oferecendo ao leitor um panorama da obra do grande mestre do Terror (Foto: Companhia das Letras)

Bruno Andrade

Há uma linha tênue entre o Horror e o Terror. Enquanto no primeiro o apreço pelo sobrenatural e sua respectiva negação da realidade são predominantes (lembre-se do Horror, o Horror!anunciado pelo agente Kurtz em O Coração das Trevas), o segundo preza pela criação de uma atmosfera repleta de suspense, cuja brincadeira consiste justamente na ausência do mágico, e na dúvida se determinadas situações ocorreram ou se estão na cabeça dos personagens. Na Literatura, há predominância dos textos de terror, e, de forma mais apropriada, trata-se de uma categoria precursora ao suspense psicológico, na qual ambos os gêneros se cruzam quando o assunto é aterrorizar. Em Histórias extraordinárias, uma coletânea de 18 contos traduzidos pelo poeta José Paulo Paes, o leitor encontrará a angústia e a engenhosidade de Edgar Allan Poe, um dos principais inventores do Terror moderno.

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Pequena coreografia do adeus e o que fazemos com nossos corações destroçados

Arte com a capa do livro "Pequena coreografia do adeus". No centro, está a capa do livro, O fundo é rosa e roxo com pétalas rosas. No canto superior esquerdo, está o olho do Persona. No canto inferior direito, está o símbolo azul da Cia das Letras.
A figura que ilustra capa é “Etats modifiés”, de autoria de Louise Bourgeois (Foto: Companhia das Letras/Arte: Caroline Campos)

Caroline Campos

para todos aquele que procuram uma 

Casa dentro de casa

em especial aos que procuram

desesperadamente.

Absorver Pequena coreografia do adeus não é um trabalho fácil. Publicado pela Companhia das Letras em 2021, o novo livro de Aline Bei é como voar bem alto, bater no teto da existência e espiar o que há além. Mais um fruto da parceria do Persona com o grupo editorial, a autora vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura derrama sua ternura e seu carinho pelas próprias criaturas, se transmutando a cada página a fim de se tornar algo tão único que só o leitor perfeitamente quebrado é capaz de dançar em sua companhia.

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O passado vem Depois no novo livro de Stephen King

Arte do livro Depois. O fundo é vermelho, com a ilustração de uma mulher e um garoto ao lado de um carro replicada nos cantos direito e esquerdo. No centro, a palavra DEPOIS está escrita em amarela, acima do nome STEPHEN KING em branco. No canto superior esquerdo, está o olho do persona. No canto superior direito, está o símbolo da parceira com a Cia das Letras.
Apague a luz se for chorar e Uma família quase perfeita foram os dois primeiros livros resenhados na parceria com a Cia das Letras (Foto: Companhia das Letras/Arte: Caroline Campos)

Caroline Campos

Não são necessários floreios de apresentação quando se trata de Stephen King. O autor já passou por palhaços do mal, carros do mal, cachorros do mal, garotas do mal, hotéis do mal e, mesmo assim, parece que sua fonte da criatividade não se cansa de jorrar ideias para serem passadas ao papel. Depois, terceiro livro da parceria com a Companhia das Letras, é mais uma de suas empreitadas pelo mundo dos espíritos. Dessa vez, no entanto, pode-se dizer que sua narrativa é mais otimista e divertida do que sombria e aterrorizante para os parâmetros do Mestre do Terror

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Crônica da Casa Assassinada explicita os desejos reprimidos da aristocracia mineira

Capa do livro Crônica da Casa Assassinada. Na imagem consta uma capa estampada por formas marrom e preto, com o nome do autor, Lúcio Cardoso, no canto superior. O título do romance está abaixo em uma caixa cortada preta, onde está escrito: Crônica da Casa Assassinada. Acima, está o logo da editora Companhia das Letras.
Em abril, foi lançada a nova edição de Crônica da Casa Assassinada pela Companhia das Letras (Foto: Companhia das Letras)

Isabella Siqueira

Crônica da Casa Assassinada, lançado em 1959, assim como vários romances eternizados, contempla o fim da tradição familiar. Mas, ao contrário de clássicos como Os Buddenbrook e Cem Anos de Solidão, o romance não ficou marcado na literatura brasileira como deveria. A reedição pela Companhia das Letras é apenas o ponto de partida para a reparação que o autor merece. O crédito, muito merecido, de Lúcio Cardoso é visível pela maneira com que ele examina o interior da aristocracia mineira e sua decadência.

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Uma família quase perfeita subverte a justiça sueca

Arte com a capa do livro Uma família quase perfeita. No canto esquerdo superior, vemos o símbolo do persona: o olho com íris vermelha. Abaixo dele, há uma silhueta em vinho do rosto de uma mulher. No centro da imagem, a capa do livro cinza, com duas siilhuetas em vinho nas laterais e uma em preto no centro. Dentro dela, há a imagem de uma garota andando de bicleta e o título do livro em branco. No alto, o nome M.T. EDVARDSSON está em vinho. A direita, outra silhueta, dessa vez do rosto de um homem, também está em vinho. Abaixo, o selo da parceria com a Cia das Letras em azul.
A resenha anterior da parceria foi o goiano Apague a luz se for chorar, de Fabiane Guimarães (Foto: Guilherme Xavier/Suma; Arte: Caroline Campos)

Caroline Campos

Pai pastor, mãe advogada e filha prodígio. Essa é a fórmula infalível para produzir uma família bem vista, amigável e exemplar, certo? O autor sueco M.T. Edvardsson parece discordar. Parte da parceria com a Companhia das Letras e publicado sob o selo da Suma, Uma família quase perfeita é um thriller intenso e envolvente sobre a verdadeira face da justiça e as situações extremas que podemos nos colocar para proteger aquilo que nos é mais sagrado. Mas, atenção: o livro possui gatilhos relacionados à violência sexual e psicológica. A narrativa pode causar perturbações em leitores mais sensíveis aos temas. 

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Garota, Mulher, Outras e a sonoridade de cada pessoa

Capa do livro Garota, Mulher, Outras. A capa do livro apresenta um desenho de uma mulher negra que veste uma roupa preta e cinza estampada com flores e plantas. A mulher possui olhos pretos e cabelos pretos curtos, e usa ainda um brinco de pérola. O título do livro está no canto inferior direito em branco, e o nome da autora, Bernardine Evaristo, está na cor verde água. O cenário atrás da mulher é uma parede verde com estampa de folhas, e uma moldura de quadro. O selo da editora, Companhia das Letras, está em escritos brancos no canto superior esquerdo.
Garota, Mulher, Outras foi trazido ao Brasil pela Companhia das Letras com a cuidadosa tradução de Camila Von Holdefer (Foto: Reprodução)

Isabella Siqueira

A partir de uma narrativa quase poética e única, Garota, Mulher, Outras já pode (e deve) ser considerado um clássico da literatura britânica. Sua autora, Bernardine Evaristo, traça com cuidado as histórias de 12 protagonistas diferentes, que são ligadas por um fio condutor que compreende todo o século XX no Reino Unido. Indo além da riqueza de referências culturais, políticas e sociais que a obra apresenta, é no âmbito sentimental que a trama floresce.

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Apague a luz se for chorar: a (in)conformidade da existência

 A imagem tem um formato retangular com um plano de fundo azul. Podem ser vistos cinco exemplares do livro em posições aleatórias, ocupando grande parte da imagem. Atrás de todos os livros existe um sombreado em roxo. O livro possui uma cor base e de fundo alaranjado meio bege, com diversas imagens parecidas com galhos de árvore de cores, formatos e posições variadas. O título está centralizado e acima escrito em branco com letras maiúsculas e vazadas, enquanto o nome da autora está centralizado abaixo escrito em branco com letras maiúsculas e um pouco menores. No canto superior esquerdo está o logo do persona, um olho aberto com um triângulo ao invés da pupila e com uma cor vermelha. No canto inferior direito está o selo do time de leitores da Companhia das Letras, um selo azul, com uma circunferência branca no meio escrito em azul “time de leitores 2021” e dentro um círculo azul escrito “Companhia das Letras” em branco.
O romance é ambientado entre Brasília e Pirenópolis, cidadezinha no interior de Goiás (Foto: Caroline Campos)

Caroline Campos

O Persona é oficialmente um parceiro da Companhia das Letras – parte do Time de Leitores 2021. As resenhas dos livros selecionados sairão gradualmente, de acordo com o recebimento das obras. Em março, homenageando o mês da mulher, a obra escolhida para a parceria foi Apague a luz se for chorar, da goiana Fabiane Guimarães, que integra a #CompartilheLeiturasFemininas. O romance de estreia da autora é uma declaração de amor, cheia de afeto, às nuances da vida e aos vínculos familiares, mesmo os excepcionalmente desgastantes. 

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Solução de Dois Estados: um país onde não existe reconciliação

A imagem contém a capa do livro, e a versão dela sem o título a frente. Baseada na obra Carteira de Identidade (Auto Polegar Direito), do artista Rubens Gerchman, a capa é verde escura, com um rosto estampado em vermelho escuro, e com o nome do livro e do autor em letras brancas grandes, ao lado está a capa sem as palavras, e o rosto possui tom mais alaranjado.
Com o título como referência ao falho projeto de coexistência entre Israel e Palestina, o romance trata de uma relação familiar conturbada sem uma reconciliação eminente (Foto: Reprodução)

Isabella Siqueira

Dispensando sutilezas e panos quentes, Michel Laub escancara o Brasil com maestria em Solução de Dois Estados. Lançado em outubro de 2020, o premiado escritor traça uma narrativa sobre um problema familiar e privado para abranger todo o ódio existente entre dois lados opostos, mas igualmente raivosos e ressentidos. Apesar das primeiras impressões quanto a sinopse carregada, onde o primeiro pensamento é menos é mais, chega-se à conclusão de que seus exageros são carregados de verdades.

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