As realidades do 27º Festival É Tudo Verdade

Arte retangular horizontal de fundo azul com estrelas azul claro. Lê-se o texto: “as realidades do 27º Festival É Tudo Verdade It’s All True”. Foi adicionado o olho do Persona no canto inferior direito, com a íris em azul claro.
Entre os dias 31 de março e 10 de abril, o Persona acompanhou o 27º Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de abertura: Raquel Dutra)

Está aberta a temporada de festivais na cobertura do Persona. Entre os dias 31 de março e 10 de abril, a realização do 27º Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade inaugurou o ano para as nossas aventuras cinematográficas. Depois de um 2021 marcado pelo Cinema das mulheres, da cidade maravilhosa, das experimentações e fantasias, 2022 se inicia com a única coisa da qual não podemos fugir: a realidade.

Mas na verdade, o espectro contemplado pelo maior festival de documentários do mundo era muito desejado para integrar o horizonte das nossas experiências. Dessa vez, o anseio se tornou possível graças ao formato de realização do É Tudo Verdade, que aconteceu de forma totalmente gratuita e híbrida, sendo presencialmente nos cinemas das capitais de São Paulo e Rio de Janeiro, e virtualmente através da plataforma de streaming do festival e das dos parceiros Itaú Cultural Play e Sesc Digital. 

A seleção é tão vasta quanto o tema que a define: 70 filmes, que entre curtas, médias e longas-metragens, se dividiram nas mostras competitivas e nas demais categorias de exibição (Foco Latino-Americano, Sessões Especiais, O Estado das Coisas, Clássicos É Tudo Verdade). Trazendo o Cinema documental realizado em mais de 30 países, o alcance do É Tudo Verdade é reconhecido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, de forma a classificar diretamente os filmes vencedores dos prêmios dos júris nas Competições Brasileiras e Internacionais de Longas/Médias e de Curtas Metragens para apreciação ao Oscar do ano que vem.

À distância, o Persona selecionou 25 títulos a fim de compreender a seleção de 2022, que elegeu como os homenageados da vez Ana Carolina e Ugo Giorgetti, dois dos nomes mais importantes do Cinema de não-ficção brasileiro. As obras de abertura propuseram uma reflexão sobre o passado, presente e futuro da Sétima Arte, enquanto o encerramento do festival ficou na responsabilidade de um dos premiados pelo público e pelo júri da edição mais recente do Festival de Sundance.

A curadoria do Persona conferiu todos eles, além das obras vencedoras e demais títulos que chamaram a atenção de Bruno Andrade, Enrico Souto, Raquel Dutra e Vitor Evangelista. O resultado dessa aventura você pode conferir abaixo, e em meio a experiências milagrosas, figuras históricas, lutas urgentes e muitas reflexões filosóficas, vale o aviso: não se esqueça que é tudo verdade.

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Persona Entrevista: Rian Córdova e Leonardo Menezes

Diretores de Luana Muniz – Filha da Lua detalham a importância da representatividade trans na Arte e as dificuldades do Cinema independente

Arte retangular horizontal de fundo vermelho. No lado esquerdo, foi adicionado o texto "PERSONA ENTREVISTA" na vertical, repetidas vezes. No centro, foi adicionada uma foto em preto e branco dos diretores Rian Córdova e Leonardo Menezes. No lado direito, foi adicionada uma imagem do poster de seu filme, Luana Muniz - Filha da Lua, e acima, foram adicionados seus nomes, "rian córdova e leonardo menezes".
Em dose dupla, o Persona Entrevista de hoje conta com os cineastas Rian Córdova e Leonardo Menezes, em uma conversa à respeito de seu mais novo longa, o documentário Luana Muniz – Filha da Lua (Foto: Reprodução/Arte: Jho Brunhara)

Caroline Campos e Vitor Evangelista

Quatro meses atrás, o Persona entrou em contato com o emocionante longa Luana Muniz – Filha da Lua. Naquele agosto, mês que celebra os documentários brasileiros, tivemos a oportunidade de, além de conferir as sutilezas e conhecer a jornada da personagem-título, entrevistar seus dois realizadores. Em uma breve conversa terça-feira antes do almoço, Rian Córdova e Leonardo Menezes relataram desde os processos de criação do filme até o que o futuro os reserva daqui para a frente.

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Wagner Moura faz de Marighella uma experiência coletiva

Cena do filme Marighella, mostra Seu Jorge, um homem negro e adulto, com o filho no colo, uma criança que usa camisa branca e se abraça ao pescoço do pai. A cena é de dia e ao fundo vemos árvores e carros.
A coletiva de imprensa de Marighella ocorreu no Cine Marquise, na Avenida Paulista, à duas quadras de distância do local onde o Guerrilheiro foi assassinado em 1969 (Foto: O2 Filmes)

Vitor Evangelista

52 anos se passaram desde que Carlos Marighella foi alvejado por tiros em uma emboscada, dentro de um carro na Alameda Casa Branca, em São Paulo. O momento, marcado para sempre nos livros de História como mais um dos massacres políticos e sociais da Ditadura Militar, agora é transposto às telas da ficção, na dolorosa constatação de que o Brasil de 1969 dialoga com eloquência e pesar com o país de 2021. Marighella, cinebiografia do Guerrilheiro que Incendiou o Mundo, aposta no Cinema de ação e revolta para, em meio ao banho de sangue e lágrimas, exprimir esperança.

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A fantasia de uma Despedida

A imagem é uma cena do filme Despedida. Nela, há o horizonte de um rio, em que é possível uma lua cheia coberta pela metade ao fundo. No centro dela, há um barco com um cachorro à esquerda e uma menina à direita.
A produção nacional é uma das participantes da seção Mostra Brasil na 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Elo Company)

Vitória Silva

Despedida é o toque de imaginação que faltava na 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Em um feriado de Carnaval, Ana (Anaís Grala Wegner) viaja com a mãe (Patricia Soso) para uma cidadezinha no interior do Sul do Brasil. Mas o tom colorido e animado da data comemorativa é tomado pela frieza e escuridão do luto, ao ter como destino principal o funeral da avó (Ida Celina), que tinha fama de bruxa da cidade. Assim se inicia toda uma aventura por trás do que parecia ser um simples adeus.  

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O Pai da Rita celebra um reencontro de gerações

Imagem de divulgação do filme O Pai da Rita. A imagem mostra da esquerda para a direita, Pudim, Ritinha e Roque. Pudim é um homem negro de barba grisalha, boina, e jaqueta jeans sobre uma camisa estampada. Ritinha é uma mulher negra de cabelo afro, brincos dourados e vestido vermelho estampado de flores. Roque é um homem negro de cabelos brancos, chapéu panamá branco, camisa beje e marrom, e calça branca.
O Pai da Rita foi exibido na Mostra Brasil da 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: O2 Play)

João Batista Signorelli

“A Rita levou meu sorriso/No sorriso dela/Meu assunto/Levou junto com ela/E o que me é de direito/Arrancou-me do peito/E tem mais…” cantava Chico Buarque em uma de suas primeiras gravações. Mas, afinal, quem foi essa Rita que arrasou os sentimentos do artista? Em O Pai da Rita, novo longa de Joel Zito Araújo que estreou na Mostra Brasil da 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, a tal da Rita não roubou somente o coração de Chico, como também de dois sambistas da Vai-Vai, em um filme leve e divertido, que celebra a paternidade e o reencontro de gerações.

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Medusa, meretriz, monstro, mulher

Cena do filme Medusa. A atriz Mari Oliveira está no centro. Ela é uma mulher negra, de cabelos escuros e presos e usa uma blusa rosa. Seu rosto está com uma espécia de argila verde e ela espalha com as duas mãos. Ao fundo, vemos a cabeceira da cama e uma parede com fotos.
Medusa agraciou a seção Mostra Brasil da 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, mas apenas em sessões presenciais (Foto: Bananeira Filmes)

Caroline Campos

Por Poseidon, Medusa foi violentada. Por Atena, foi castigada, seus cabelos viraram cobras e seu olhar se tornou mortal. Por Perseu, a já criatura foi decapitada e transformada em arma de guerra. Pela História e pela Arte, foi vilanizada, perseguida e satirizada. Mas, no Brasil de 2021, Medusa foi a escolhida por Anita Rocha da Silveira para intitular seu segundo longa-metragem, que, presente na 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, honra, com moldes trágicos e atuais, a trajetória da bela sacerdotisa amaldiçoada.

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Lavoura Arcaica: tradições podem destruir uma família

Cena do filme Lavoura Arcaica em que aparece toda a família sentada à mesa, com quatro membros de cada lado e o pai ao centro como o patriarca.
20 anos depois de seu lançamento, os simbolismos familiares de Lavoura Arcaica permanecem fortes (Foto: Núcleo Luiz Fernando Carvalho)

Gabriel Gatti

Toda família se constrói em cima de tradições e costumes passados de geração em geração. Muitos desses hábitos sofrem modificações conforme os tempos avançam, mas em alguns casos há resistência daqueles cegados pelas crenças pavimentadas em sua mente. Essa relação familiar complicada é o que motiva André (Selton Mello) a abandonar o lar e partir rumo ao desconhecido em busca daquilo que realmente acredita. A premissa de Lavoura Arcaica se desenvolve em uma trama complexa e profunda durante 2 horas e 43 minutos de filme.

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Vire-se, seus sonhos serão frutificados no Deserto Particular

Cena do filme Deserto Particular, mostra uma mulher dentro do carro, escuro e com apenas seu nariz e cabelo iluminados pelo poste da rua.
Submissão do nosso país para o Oscar 2022, Deserto Particular estreou na seção Mostra Brasil da 45ª Mostra de SP (Foto: Pandora Filmes)

Vitor Evangelista

A tarefa de selecionar, entre uma vastidão de olhares e marcas, um único filme para representar o país mundo afora não é nada fácil. Afinal, qual a fórmula secreta para a submissão perfeita? Quais atributos um longa nacional deve possuir para, de fato, ser o “mais brasileiro” possível? Em 2022, a missão é de Deserto Particular, bela produção comandada por Aly Muritiba e presente na seção Mostra Brasil da 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

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Zé do Caixão vem te buscar em À Meia-Noite Levarei Sua Alma

 Imagem do filme À Meia-Noite Levarei Sua Alma. Foto retangular. Imagem em preto e branco. No centro da imagem, mostrado do peito para cima está Zé do Caixão, um homem branco, com uma barba preta grande, monocelha, e unhas grandes. Ele veste um terno preto, com capa preta e cartola preta. Sua mão direita está encostada no seu peito. O fundo é branco.
Zé do Caixão foi baseado em um pesadelo de Mojica, no qual ele era arrastado para o túmulo por um coveiro vestido inteiramente de preto (Foto: Indústria Cinematográfica Apolo)

Nathan Sampaio

Drácula, Frankenstein, Jason Voorhees, Pinhead, Chucky e tantos outros são personagens muito conhecidos do Cinema de Terror, e só de ler seus nomes já vem à mente diversas histórias que eles protagonizam. No Brasil, também temos uma figura tão importante e reconhecível quanto: o Zé do Caixão, o qual, infelizmente, está aos poucos caindo no esquecimento. Mas que deveria ser relembrado, pois seu primeiro filme, À Meia-Noite Levarei Sua Alma, é um clássico e o precursor do Horror brasileiro. 

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