O romance é ambientado entre Brasília e Pirenópolis, cidadezinha no interior de Goiás (Foto: Caroline Campos)
Caroline Campos
O Persona é oficialmente um parceiro da Companhia das Letras – parte do Time de Leitores 2021. As resenhas dos livros selecionados sairão gradualmente, de acordo com o recebimento das obras. Em março, homenageando o mês da mulher, a obra escolhida para a parceria foi Apague a luz se for chorar, da goiana Fabiane Guimarães, que integra a #CompartilheLeiturasFemininas. O romance de estreia da autora é uma declaração de amor, cheia de afeto, às nuances da vida e aos vínculos familiares, mesmo os excepcionalmente desgastantes.
No Brasil, a lenda da Chorona é conhecida como a história da Mulher da Meia-Noite (Foto: Reprodução)
Caroline Campos
Há uma piada entre latinoamericanos que afirma que “se seu país sofreu um golpe de Estado apoiado pelos Estados Unidos, parabéns! Você pode se considerar latino”. A brincadeira apenas satiriza o que a gente já conhece. Argentina, Chile, Bolívia, Brasil – são poucos os países da região que não passaram por ditaduras militares instauradas com a ajuda do Tio Sam. Na Guatemala não foi diferente – em 1954, Jacobo Árbenz foi destituído da presidência de seu país em um golpe orquestrado pela CIA. A guerra civil decorrente durou até 1996 e a ditadura do país foi uma das mais violentas da América Latina, especialmente quando comandada pelo general Efraín Ríos Montt – julgado pelo massacre de mais de 1700 indígenas maias-ixiles nos anos 80.
Não é necessário dizer que as feridas de um genocídio nunca cicatrizam. La Llorona, coprodução entre Guatemala e França escrita e dirigida por Jayro Bustamante, bebe da fonte da história real de seu país. O ditador, no entanto, apenas muda de nome: Enrique Monteverde, interpretado por Julio Diaz, é responsável pela mesma brutalidade que sua versão fora das telas. 30 anos depois, já velho e doente, o general é finalmente condenado por genocídio, mas sua sentença é anulada após pressão de instituições privadas envolvidas no jogo de poder da justiça. O longa é, acima de tudo, político. Bustamante encharca seu filme com as lágrimas de um povo que testemunhou o verdadeiro terror e um dos mais graves crimes contra a humanidade.
O chute nas bolas de Hollywood foi tão bem dado por Emerald Fennell que conquistou 5 indicações ao Oscar 2021 (Foto: Reprodução)
Caroline Campos
“A culpa não é minha se ela bebeu demais. A mulher tem que se dar ao respeito, se garantir. Aí, se acontece alguma coisa, vem reclamar. Ela foi até para casa comigo, vai dizer que não queria? Se arrependeu? Assim é fácil… fazem de tudo para acabar com a vida de caras como eu. Eu sou um menino do bem. Um cara legal. Tenho mãe, sabe. Óbvio que respeito as mulheres. Ela queria, eu tô te falando. Aquele ‘para, por favor’ foi só para pagar de difícil”. Familiar, não é? Você sabe que já ouviu isso.
A sensação é de impotência. É de ira. Um poço grande e fundo até a boca de solidão. Alguém aí para escutar nossa versão? Ficar do nosso lado? Bela Vingança sim. O primeiro filme dirigido pela britânica Emerald Fennell, também atriz (The Crown) e roteirista (Killing Eve), é uma resposta doce ao sexismo e a cultura do estupro, que abraçam e protegem a frágil figura masculina. Doce, sim, mas com ressalvas. A personagem de Carey Mulligan, a mais pop da temporada de premiações, está atolada até a cabeça de amargura e apatia, traumatizada pelos desdobramentos de um estupro, assistido e aplaudido, que sua amiga Nina sofreu.
Uma das cenas mais emocionantes da última temporada – Miley relembra os momentos cativantes que viveu entre sua vida dupla e pensa em revelar seu segredo (Foto: Reprodução)
Vinícius Santos
Here we go everybody! Quem nunca se divertiu cantando a música de abertura e se imaginando vivendo o melhor dos dois mundos? Não é novidade que Hannah Montana foi um sucesso fenomenal. A franquia, que completa 15 anos em 2021, foi criada por Michael Poryes, Rich Correll e Barry O’Brien e conseguiu render ao canal de TV Disney Channel onze DVDs, dezessete discos, dois filmes, vinte e quatro livros e seis jogos eletrônicos oficiais, além de ser indicada a 4 prêmios Emmy.
Robyn Nevin se torna irreconhecível ao final dos 90 minutos de Relic (Foto: Reprodução)
Caroline Campos
Qual é a responsabilidade que possuímos com os idosos que nos cercam? Devemos inverter os papéis no futuro? Se eles cuidaram de nós antes, é de se entender que cuidaremos deles depois. A troca na hierarquia familiar, que assusta e magoa todos os envolvidos, é a base de Relic, filme de estreia da australiana Natalie Erika James que, com um carinho bizarro e violento, aborda o desmantelamento da mente humana e a vulnerabilidade que inevitavelmente acarreta.
O livro Corte de Espinhos e Rosas é perfeito para quem ama fantasia e romance (Foto: Dicas de Malu)
Mariana Chagas
É no meio de uma floresta nas terras mortais de Prythian que Feyre Archeron começa a sua jornada na série literária Corte de Espinhos e Rosas. Escrito por Sarah J. Maas, também autora da saga Trono de Vidro, o primeiro livro da trilogia é uma releitura da fábula A Bela e a Fera, que conquistou amantes de fantasia do mundo todo. A história, que já foi traduzida para mais de trinta e cinco idiomas, envolveu o público jovem com personagens engraçados e complexos que vivem em um universo que cativa o leitor desde o primeiro parágrafo.
Uma cinebiografia de Shirley Jackson não funcionaria sem um pouco de suspense (Foto: Reprodução)
Caroline Campos
Quando a Netflix lançou A Maldição da Residência Hill em 2018, Shirley Jackson voltou aos trendings 53 anos após sua morte por insuficiência cardíaca. A grandiosa série de Mike Flanagan adaptouo romance mais infame da carreira de Jackson, A Assombração da Casa da Colina, escrito em 1959 e, hoje, considerado uma das maiores obras de terror do século XX. Em 2020, foi a vez da própria autora ganhar uma adaptação de sua vida conturbada, dessa vez pelas mãos habilidosas de Josephine Decker e com produção executiva de Martin Scorsese. Shirley, que conta com o protagonismo de Elizabeth Moss, é uma biografia desconfortável de uma mulher assustadora – no melhor dos sentidos.
Capa do álbum The Highlights – The Weeknd, a própria personificação de poder (Foto: Reprodução)
Juliana Silveira Pollato
Às vésperas do Super Bowl LV, The Weeknd lançou o álbum The Highlights. Esse trabalho, como o próprio nome diz, relança ao público as músicas que marcaram a sua brilhante carreira musical. Abel – nome de batismo do canadense – compilou sucessos desde sua mixtapeHouse of Balloons até seu último álbum After Hours, ainda contando com músicas de parcerias grandiosas com Ariana Grande e Kendrick Lamar.
Destaques do mês de fevereiro: Gal Costa, Taylor Swift, Isaac Dunbar e Daft Punk (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Raquel Dutra)
No mês que antecede o evento mais importante da música ocidental, alguns dos grandes nomes do Grammy 2021 aproveitaram para agitar a campanha para a premiação, que acontece no dia 14 de março. A dupla Chloe x Halle vestiu tons frios para Ungodly Hour (Chrome Edition) e para o clipe futurista da canção-título. Dua Lipa juntou novos singles com a tracklist mais famosa de 2020 em Future Nostalgia (The Moonlight Edition).Doja Cat e Megan Thee Stallion comandaram um remix de Ariana Grande, e a banda HAIM cantou mais uma vez – e agora pra valer – com Taylor Swift.
Falando nela, a artista que protagonizou a maior polêmica do mundo pop dos últimos anos iniciou sua volta por cima. Depois de jogar a ***** no ventilador e suscitar uma discussão importante sobre a relação complicada que existe entre direitos autorais, artistas jovens e a indústria musical, Swift alertou que não deixaria barato e que faria o possível para tornar seus trabalhos, que foram vendidos sem a sua permissão, obsoletos, regravando-os. É fato que a cantora de reputation é firme com sua palavra, e assim ela apresentou ao mundo Love Story (Taylor’s Version), anunciando que a nova versão de Fearless, seu segundo álbum, também chegará aos nossos ouvidos em breve.
O maior injustiçado da temporada, por sua vez, brilhou forte em sua performance no intervalo do Super Bowl promovendo The Highlights. A coletânea reforça a relevância e impacto do trabalho de The Weeknd, que não engoliu a desonestidade da Recording Academy. Quem também superou cenários hostis foi Rebecca Black, o assunto da internet e alvo de um episódio de cyberbullying massivo em 2011, que dez anos depois do fatídico clipe de Friday, retorna àquele lugar para um remix da música original.
Ascensão também é uma palavra que se aplica aos artistas brasileiros, que mantiveram a atividade em um fevereiro sem carnaval. Pabllo Vittar voou alto ao interpretar o remix de Man’s World com MARINA e Empress Of. Ludmilla, que sabe pregar o funk como ninguém, colaborou com o trio Major Lazer e ainda encontrou espaço para trazer visibilidade ao grupo baiano ÀTTOOXXÁ e ao artista jamaicano Suku Ward. Luísa Sonza mostrou mais uma vez sua versatilidade num pagode ao lado de Thiaguinho, e Papatinho fez o mesmo ao misturar samba, funk e rap com Seu Jorge e Black Alien.
Já na MPB, celebramos a vida e a carreira de Gal Gosta. Não exatamente como gostaríamos, num show ao vivo lotado de apaixonados por uma das maiores vozes do Brasil, mas da melhor maneira que os moldes pandêmicos podem nos proporcionar, com o disco Nenhuma Dor. Assim como nossa musa, sempre atento e forte, Gilberto Gilse uniu aos seus filhos e netos em Refloresta para fortalecer uma campanha a favor da conservaçãode nosso bem mais precioso.
A notícia triste foi o fim de Daft Punk. Depois de 28 anos de carreira, o duo composto por Guy-Manuel de Homem Cristo e Thomas Bangalter deixa um legado incalculável e uma influência que vai muito além da música eletrônica, lar da dupla. Tudo isso e muito mais sobre as movimentações do mundo da música foi registrado no Nota Musical de Fevereiro pela Editoria e colaboradores do Persona, que dessa vez, além de CDs, EPs, singles, clipes e performances, inventaram de falar também sobre as trilhas sonoras de alguns dos filmes mais importantes do mês.
Pai em Dobro marca o encontro de gerações televisivas (Foto: Reprodução)
Júlia Paes de Arruda
Nem todos têm a mesma sorte de Maísa, que começou o ano sendo protagonista de seu primeiro filme na tão sonhada “firma” Netflix. A adaptação do livro de Thalita Rebouças chegou ao serviço de streaming com nomes já conhecidos pelo público, como Eduardo Moscovis (Bom dia, Verônicae O Cravo e a Rosa) e Marcelo Médici (Vai que Cola e Haja Coração). Trabalhando na mesma base de Mamma Mia, Pai em Dobro saúda e aflora uma memória da criança interior adormecida.