The Politician: uma satira perspicaz aos costumes estadunidenses

Imagem da série The Politician. Na figura há uma escultura de um busto de um homem, em madeira marrom clara. Sob um fundo branco, ainda há 2 correntes de aço segurando a escultura.
As caracterizações satirizadas dos personagens foram o que garantiu mais um ano de indicação para The Politician no Emmy 2021 (Foto: Netflix)

Isabela Cristina Barbosa de Oliveira e Larissa Vieira

Apesar de nunca ter dado a devida atenção, em setembro de 2019 a Netflix estreou uma de suas originais mais satíricas possíveis: The Politician. Debutando com sua primeira produção no streaming, Ryan Murphy trouxe a sua principal e brilhante característica: a habilidade articular um humor ácido a fim de fazer críticas aos costumes estadunidenses. Mas, além do renomado produtor, Ben Platt, o sucesso dos teatros, também estava à frente da comédia dramática como o grande protagonista, fazendo então com que as expectativas da produção fossem lá em cima.

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Os 5 anos de Stranger Things confirmam um novo marco da cultura pop

“É melhor correrem, ela é nossa amiga e é doida!”
— Dustin Henderson

A imagem é um plano geral fechado em 4 garotos no centro, ela tem cores fortes e vibrantes. Os 4 estão parados em cima de bicicletas dos anos 80 em uma estrada asfaltada que corta um grande terreno verde com cercas de madeira e arame para delimitá-lo, do lado direito da pista tem uma placa quadrada e pequena, com cores meio roxo escuro e escrito em branco “Welcome to Hawkings” e a esquerda há um poste de madeira com fios que levam a outro poste mais adiante. Ao fundo da imagem há uma pequena floresta com árvores mais escuras. O céu na parte de baixo está em degradê, da esquerda para a direita: amarelo, laranja, vermelho e azul. Acima, há um mar de grandes nuvens de tempestade que parecem estar vindo do fundo e se aproximando dos garotos, mais para o fundo e pra esquerda as nuvens estão vermelho vivo e mais para a direita e próxima ao meio, há um raio branco. Em um pedaço ao fundo à direita as nuvens estão em preto e com um pouco de azul, com um raio azul saindo por entre as nuvens, as nuvens mais próximas da tela estão em preto e um pouco vermelho. Acima das nuvens, há um pouco de nuvens em tons mais claros de vermelho e é possível ver fragmentos de algumas pernas em tons escuros meio escondidas. Os garotos, que devem ter por volta de 11 anos, estão na frente da imagem, parados com as bicicletas apontando para o fundo da imagem; são da esquerda para a direita: Lucas, um garoto negro, magro, de cabeo crespo curto, está com os dois pés no chão, em pé e fora do banco da bicicleta, ele usa uma calça bege clara, um tênis cinza, uma blusa vermelho escuro com duas listras brancas nas mangas e uma mochila cinza nas costas. Em seguida vem Dustin, que está sentado no banco da bicicleta, mas com o pé esquerdo no chão e o direito no pedal, ele é um garoto branco, de cabelo castanho cacheado um pouco curto, ele é levemente mais gordo que os amigos; ele usa um boné azul e branco com aba vermelha, uma jaqueta de moletom azul médio, calça jeans mais azulada, tênis branco e mochila bege. Depois temos Mike, que está em pé e não encosta no banco da bicicleta, ele é o mais alto de todos, tem cabelo preto e não muito curtos, ele é branco e magro, ele usa uma calça vermelha escuro, um tênis branco com um risco preto, uma blusa de manga branca com listras vermelhas um pouco finas espaçadas, e ele usa uma mochila com a parte mais pra trás e as alças verdes, com a frente branca e um bolso preto mais a frente. E Por último temos Will, o menor de todos, ele está sentado no banco da bicicleta com o pé direito apoiado no chão e o esquerdo no pedal; ele é branco, magro, com cabelo loiro escuro em formato tigelinha, ele usa uma calça jeans levemente mais larga, ele usa uma camisa xadrez em tons de azul, e uma mochila escura.
Amigos não mentem (Foto: Netflix)

Júlia Caroline Fonte

Poucas obras audiovisuais conseguem se consagrar como um marco do entretenimento, mas Stranger Things é uma delas. A série poderia facilmente ter saído direto dos anos 80 e se destacado como um clássico da época, e por mais que não pareça, ela completa em 2021 apenas 5 anos desde que torcemos muito para Joyce ter Will de volta em seus braços. E é também curioso que seu aniversário de meia década seja no auge dos conflitos das gerações, causando, antes mesmo de seu encerramento, nostalgia em qualquer pessoa que tenha uma alma cringe.

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Love, Death & Robots: nada coeso, obrigatoriamente inovador, quase sempre divertido

Cena do episódio Atendimento automático ao cliente de Love, Death & Robots. Na imagem, uma animação, a frente de uma porta de vidro que revela um quintal com árvores, flores coloridas e palmeiras, uma mulher branca de meia idade, de cabelos curtos e brancos, blusa branca listrada e calça branca abre espacate no chão e aponta uma espingarda. Ao lado direito dela, vemos um cachorro pequeno e de pelos brancos.
Dois anos depois da aclamada estreia de Love, Death & Robots e das vitórias no Emmy 2019, a segunda temporada chegou em 2021 e foi novamente indicada em Melhor Programa Curto de Animação (Foto: Netflix)

Vitória Lopes Gomez

A sonhada adaptação da revista em quadrinhos Heavy Metal proposta pelos diretores David Fincher (Seven, Mank) e Tim Miller (Deadpool) ficou na gaveta por anos até a Netflix topar o desafio. No streaming, os dois se juntaram a Jennifer Miller e Joshua Donen (Mindhunter, House of Cards) na produção e a ideia virou Love, Death & Robots, inédita e inovadora na farofa de conteúdos originais da plataforma. O sucesso e a aprovação dos curtas metragens animados garantiram a continuação: mais curta, a segunda temporada da série volta para mais amores, mortes e robôs.

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O jogo não vira em The Undoing

A imagem é uma cena da série The Undoing. Nela Hugh Grant, que interpreta Jonathan Fraser (à esquerda), e Nicole Kidman (à direita), que interpreta Grace Fraser, estão passando entre uma multidão de jornalistas, com um olhar preocupado. Jonathan é um homem branco, com cabelos grisalhos e olhos azuis, ele veste uma camisa, gravata e um terno em tons azuis. Grace é uma mulher branca, de cabelos ruivos e longos, ela veste um vestido e casaco roxos.
A produção da HBO conquistou duas indicações ao Emmy 2021 (Foto: HBO)

Vitória Silva

Nós nos adaptamos aos famigerados plot twists. As grandes reviravoltas, viradas de mesa e acontecimentos mais que inesperados nas histórias que assistimos. Virou até sinônimo de qualidade assistir a um filme ou uma série que saiba conduzir o dito-cujo com veemência, dando um final de nos deixar de boca aberta. Por esse motivo que obras como Dark, Seven e Donnie Darko ficaram amplamente reconhecidas. E The Undoing brinca e se diverte com esse anseio comum. 

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B Positive prova que terapeutas também precisam de terapia

B Positive concorre a Melhor Direção em Série de Comédia no Emmy 2021 (Foto: CBS)

Ana Júlia Trevisan

Personagens absolutamente opostos, com realidades diferentes que têm seus cotidianos se entrelaçando por conta da premissa da série. Essa breve descrição poderia ser de Two and a Half Men, The Big Bang Theory ou qualquer outra produção com dedo do Chuck Lorre envolvido. Mais especificamente, B Positive é o trabalho da vez do dono de metade das sitcoms dos Estados Unidos. Indicada a duas categorias do Emmy, infelizmente, nenhuma delas é para Annaleigh Ashford como Melhor Atriz, mas felizmente, o asqueroso Thomas Middleditch foi ignorado.

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O Radical de Euphoria e a Revolução de Rue

Cena de Part 1: Rue, o Episódio Especial de Euphoria. A imagem mostra a protagonista Rue sentada à mesa de uma lanchonete num bando estofado, de perfil, durante a noite. Rue é interpretada por Zendaya, uma jovem negra de cabelos castanhos cacheados volumosos. Rue está sentada, de frente para a mesa, com os pés em cima do banco, segurando as pernas, e descansa a cabeça nas costas do banco, olhando para cima. Ela veste uma blusa de moletom vermelha escura e uma calça de moletom azul marinho. Atrás dela, do lado da mesa, existe uma grande janela de vidro, através da qual pode-se observar o estacionamento do estabelecimento. Na frente de Rue, está uma mesa com um copo de suco de laranja e um prato de panquecas.
Os episódios especiais de Euphoria encontraram seu lugar no Emmy 2021, e a Parte 1: Rue foi indicada na categoria de Melhor Fotografia para Série de Câmera Única (Uma Hora) [Foto: HBO]
Raquel Dutra

O termo que significa um estado transcendental de alegria é usado para nomear uma obra que existe no nível mais profundo das dores de uma juventude autodestrutiva para nos avisar sobre algo: desde seu início, aclamado e conturbado lá em 2019, Euphoria não quer saber de nada além do radical ao construir seu caminho na companhia de jovens que lidam com muitas, muitas, mas muitas questões. A máxima se consolidou ao fim visceral daqueles 8 primeiros episódios que colocaram o drama adolescente da HBO numa evidência maior que qualquer nicho. Ali, nossas protagonistas, responsáveis por engatilhar o desenrolar dos arcos da narrativa e toda sinceridade e todos problemas que os acompanham, se encontravam num lugar perfeito de completa ausência de resolução.

A complexidade que o diretor e roteirista Sam Levinson criou ao fim do primeiro ano de Euphoria só seria compreendida mais tarde, quando os ganchos de 2019 ameaçavam se perder no meio da fenda temporal aberta pela pandemia de covid-19. Então, o criador correu para os transformar em dois episódios especiais, dedicados exclusivamente ao centro da história – Rue (Zendaya) e Jules (Hunter Schafer) -, e quando Part 1: Rue foi ao ar em dezembro de 2020, o poder da narrativa se mostraria ainda maior. Sob o título de Trouble Don’t Last Always, aconteceu o primeiro contato da produção com o mundo depois de sua estreia, e também o primeiro encontro do apreciador da série com a profundidade emocional daquela que foi o fio narrativo de tudo o que Euphoria nos apresentou.

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Atypical se despede em grande estilo

Cena da série Atypical. Imagem estática. Os quatro personagens estão em um aquário observando os pinguins. No lado esquerdo está Elsa, interpretada por Jennifer Jason Leigh. Ela é uma mulher branca de cabelos loiros presos em um rabo de cavalo. Utiliza uma blusa marrom clara e calças pretas. Está sentada no chão. Ao lado de Elsa está Doug, personagem de Michael Rapaport. Ele é um homem branco de cabelos loiros grisalho. Veste uma blusa de manga comprida cinza e calça jeans azul escuro. Está sentado no chão. A frente de Doug está Sam, interpretado por Keir Gilchrist. Ele é um homem branco de cabelos pretos. Utiliza uma camiseta verde e calça cinza. Tem um headphone em volta de seu pescoço. Está sentado no chão. Do lado de Sam, no canto direito da imagem está Casey, personagem de Brigitte Lundy-Paine. É uma pessoa branca de cabelos castanhos claro e curto na altura do rosto. Veste uma camiseta amarela, e um casaco esportivo azul e branco por cima, está de short preto. Está sentade no chão.
A família Gardner reunida no aquário de Connecticut, onde Sam adotou a pinguim Stumpy (Foto: Netflix)

Andreza Santos

Mais uma grande série da Netflix chega ao fim, e dessa vez a comédia Atypical se despede das telinhas com muita emoção e ternura. Desde 2017, acompanhamos a história de Sam Gardner (Keir Gilchrist, de United States of Tara), um garoto autista com uma família muito amável que cuida dele e o apoia a todo custo. Nas três primeiras temporadas, vimos a forma como Sam vê a vida, o seu amor por pinguins e a evolução de seu espectro através das sessões de terapia com a Dra. Julia (Amy Okuda, de How To Get Away With Murder), sua ouvinte fiel por quem ele sente um amor platônico no início da série.

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A segunda temporada de Legendary fez o que precisava ser feito

Foto promocional de Legendary. No centro está um homem negro, magro de cabelo crespo penteado para cima. Ele veste terno e luvas brancas, com as mãos para cima perto do rosto das mulheres ao seu redor. Na esquerda está uma mulher magra de pele clara e cabelo preto na altura do ombro, e na esquerda uma mulher negra de cabelo liso comprido. Em cima deles estão uma dupla. Um homem negro vestindo terno roxo, óculos brilhante e cabelo liso longo, e uma mulher de pele clara, cabelo castanho e vestido rosa volumoso. O fundo é preto e a iluminarão é arroxeada.
A segunda temporada de Legendary foi indicada a duas categorias no Emmy 2021 (Foto: HBO Max)

Mariana Chagas

Se hoje já não é fácil ser negro, latino e parte da comunidade LGBTQIA+, era muito pior nas ruas dos Estados Unidos nos anos 80. Desrespeitados e segregados, a solidão atormentava o dia a dia desses grupos. Então, de forma política, mas ao mesmo tempo divertida, foi no peito dolorido de um povo tentando transformar sua exclusão em união que surgiu a cultura do ballroom.

Foram nos subúrbios nova-iorquinos que, pela primeira vez, pessoas trans, pretas, latinas e homossexuais tiveram sua existência celebrada em forma de dança. Aos poucos foi se estabelecendo um cenário constituído por regras, estilos e características tão ricas e próprias que até hoje fazem parte desses bailes.

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South Park: The Pandemic Special traz uma sátira agressiva e atual

Cena da série South Park. Na animação, há alguns personagens reunidos em uma quadra de chão marrom. À frente estão três personagens. A primeira personagem é uma menina, veste uma camisa verde, calça azul e possui cabelos longos, com um arco de cabelo desenhado. Ao centro está o personagem Stan Marsh, um menino, utilizando uma touca azul e vermelha, uma blusa marrom e uma calça azul. Ao lado está outro menino, com cabelos de cor marrom, camisa verde e branca e uma calça azul. Todos são crianças brancas e estão utilizando máscaras de cor azul clara.
Indicado ao Emmy 2021, South Park: The Pandemic Special é o primeiro episódio especial da série, que já acumula 24 temporadas (Foto: Comedy Central)

Bruno Andrade

É inevitável: os programas televisivos sempre se saíram bem em capitalizar a vulnerabilidade do telespectador solitário. As tendências são facilmente adaptadas aos quadros das emissoras, e não poderia ser diferente no momento em que todos estão reclusos – ou deveriam estar. Indicado ao Emmy 2021 na categoria de Melhor Programa de Animação, South Park: The Pandemic Special faz história como o primeiro episódio especial da série.

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Muito além do crime: a história de Pedro Dom

Cena da série DOM. Gabriel Leone caracterizado como Pedro Dom em primeiro plano, a imagem se passa em um túnel e é possível ver os faróis dos carros de polícia ao fundo. Leone é um homem branco, de 20 e poucos anos e usa lentes de contato azuis nos olhos, uma touca marrom, uma camiseta vermelha de gola branca e uma jaqueta preta com detalhes brancos por cima. Ele aparece com uma expressão fechada e segura em sua mão uma granada, enquanto usa os dentes para retirar o pino.
O que leva uma pessoa a se envolver com o crime? A arriscar sua vida por um momento de euforia? DOM mostra que, às vezes, não há uma resposta para essa pergunta (Foto: Amazon Prime Video)

Nicole Saraiva

“Loirinho não p****, meu nome é Pedro Dom”

A história do bandido gato inimigo número um do Rio de Janeiro foi curta, mas fez muito sucesso nas manchetes brasileiras no começo dos anos 2000. Pedro Machado Lomba Neto e sua gangue foram conhecidos e temidos por conta de assaltos realizados em edifícios de luxo e esquemas de corrupção policial na zona nobre fluminense. O conhecido como Pedro Dom também sofria com o vício em drogas desde muito novo, tendo passado por diversas internações ao longo de seus 23 anos de vida, fato que é abordado durante o desenvolvimento do personagem na nova produção nacional do Amazon Prime Video, DOM.

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