Diretores de Luana Muniz – Filha da Lua detalham a importância da representatividade trans na Arte e as dificuldades do Cinema independente
Caroline Campos e Vitor Evangelista
Quatro meses atrás, o Persona entrou em contato com o emocionante longa Luana Muniz – Filha da Lua. Naquele agosto, mês que celebra os documentários brasileiros, tivemos a oportunidade de, além de conferir as sutilezas e conhecer a jornada da personagem-título, entrevistar seus dois realizadores. Em uma breve conversa terça-feira antes do almoço, Rian Córdova e Leonardo Menezes relataram desde os processos de criação do filme até o que o futuro os reserva daqui para a frente.
Se outubro foi um mês marcado por produções macabras e o clima sombrio e festivo de Halloween, novembro é uma volta à normalidade relativa, com várias obras para apetecer qualquer tipo de gosto. Conforme os grandes lançamentos chegam para começar a campanha para a próxima temporada de premiações, o Persona está aqui para recapitular os destaques mais importantes do mês no Cinema e na TV através do Cineclube de Novembro.
Eternoschegou no início do mês para bagunçar a fórmula da Marvel. Sob a direção íntima e minimalista da vencedora do Oscar Chloé Zhao, o longa introduz no MCU uma família disfuncional de seres imortais, deuses celestiais zangados e até mesmo um certo caçador de vampiros. Outra família superpoderosa que deu as caras foram os Madrigal, de Encanto, a nova animação musical da Disney com canções de Lin-Manuel Miranda, que realmente nos encantou com sua narrativa sensível e emocionante. A mente por trás de Hamilton também explodiu com o musical tick, tick… BOOM!, no qual ele fez sua estreia na direção cinematográfica, contando a história do compositor Jonathan Larson, vivido por um Andrew Garfield estonteante.
Continuando no mundo dos musicais, Querido Evan Hansen entregou uma adaptação decente de seu enredo premiado e controverso, mas não fez nada para revisar sua mensagem problemática e seus números estáticos. Por outro lado, Annette, o musical experimental de Leos Carax (que lhe rendeu o prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes), deu as caras no Brasil por meio da MUBI, entregando um Adam Driver lindo e homicida.
De Cannes, também veio Benedetta, o longa polêmico de Paul Verhoeven que conta sobre o caso de amor lésbico entre duas freiras italianas. E se teve algo que não faltou em novembro, foi Adam Driver: o ator estrelou duas produções de Ridley Scott: O Último Duelo, um épico medieval sob a perspectiva de uma mulher tentando recuperar sua própria voz, e Casa Gucci, que conta com Lady Gaga claramente à procura de um Oscar por seu sotaque no papel da matriarca da família por trás da luxuosa marca italiana.
Outras atuações notáveis em cinebiografias que tivemos esse mês foram Jessica Chastain, carregada de maquiagem no papel da televangelista titular em Os Olhos de Tammy Faye, e Kristen Stewart, no aclamado Spencerdando sua voz singular à Princesa Diana na fábula do diretor Pablo Larraín. No bem humorado The Electrical Life of Louis Wain, Benedict Cumberbatch interpreta um artista atormentado com seu já característico charme inusitado, enquanto Will Smith dá as caras em King Richard: Criando Campeãs, lançado no HBO Max americano, onde faz o pai e treinador das irmãs Williams.
Entre os maiores lançamentos da Netflix, brilhou Alerta Vermelho, o filme mais caro já produzido pelo streaming, responsável por juntar Dwayne “The Rock” Johnson, Ryan Reynolds e Gal Gadot em uma trama de roubo formulaica. A comédia romântica Um Match Surpresaveio para romantizar o catfishing e faz pouco além disso, mas o aguardado e sangrento westernVingança & Castigo revitaliza o gênero e reúne um elenco de peso marcado por nomes como Regina King, Idris Elba e Lakeith Stanfield.
No Cinema nacional, não podemos deixar de falar de Marighella, primeiro filme dirigido por Wagner Moura que na verdade estreou em 2019 no Festival de Berlim, onde foi ovacionado de pé. Por conta da pandemia e até mesmo censura, ele só foi lançado nas salas de cinema brasileiras e no Globoplay em novembro deste ano, contando a história dos últimos anos do deputado e ex-guerrilheiro Carlos Marighella (interpretado por Seu Jorge).
Também no âmbito das produções brasileiras, o longa 7 Prisioneiros, antes cotado para representar o Brasil na disputa pelo Oscar, logo se tornou um dos filmes em língua não-inglesa mais vistos da Netflix. Num suspense brutal que escancara as realidades sociais do trabalho escravo no Brasil, a produção de Alexandre Moratto conta com Rodrigo Santoro e Christian Malheiros em seu elenco.
A estreia de Halle Berry na direção com o brutal Bruised só foi efetivamente lançada pelo streaming esse mês, após ter estreado no Festival de Toronto no ano passado. Além dela, Rebecca Hall também faz sua estreia por trás das câmeras com o drama Identidade, estrelado por Tessa Thompson e Ruth Negga, que traz uma das surpresas mais positivas da plataforma este ano. Enquanto isso, Finch cimenta a parceria entre Tom Hanks e Apple TV+ com um longa pós-apocalíptico dirigido por Miguel Sapochnik, conhecido por comandar alguns dos episódios mais badalados de Game of Thrones.
A peça The Humans se faz de base para o novo drama da A24, que comove ao revelar a empatia entre as personagens e a audiência, com um elenco encabeçado por Steven Yeun e Beanie Feldstein. Para aqueles que procuravam diversão para a família toda, a adaptação de Clifford, o Gigante Cão Vermelho veio para comemorar o espírito natalino em grande estilo. Da mesma forma, Ghostbusters: Mais Além ressuscita a franquia clássica do Cinema através da introdução de uma nova geração de caça-fantasmas, dessa vez sob a tutela de Paul Rudd.
Junto com o lançamento de Red (Taylor’s Version), Taylor Swift também fez sua estreia na direção com All Too Well: The Short Film, curta inspirado no seu relacionamento com o ator Jake Gyllenhaal e marcado por mágoas que inspiraram o disco – e sua regravação. Também tratando de relacionamentos nem tão saudáveis regados por música boa, o britânico Edgar Wright retorna para a direção com Noite Passada em Soho, uma viagem psicodélica e intoxicante por uma das partes mais famosas e sinistras de Londres, explorando o fino véu entre o passado e o presente através da dinâmica entre Thomasin McKenzie e Anya Taylor-Joy.
Manu Gavassi fez sua estreia no Disney+ com o álbum visual GRACINHA, uma história fantástica e metalinguística sobre a própria arte. A cantora Adele também deu as caras ao final do mês com Adele One Night Only, um espetáculo exclusivo que precedeu o lançamento de seu novo disco, 30.
Agora passando para a Televisão, se por um lado a Netflix acertou em cheio com Arcane, a prequel animada do jogo League of Legends distribuída em três atos,Cowboy Bebopmarca mais uma das tentativas fracassadas de traduzir animes para live-action. Enquanto Arcane exibia todo o potencial de animações com cores e sons vibrantes elevando sua narrativa explosiva, a adaptação da obra seminal de Shinichiro Watanabe peca por seu apego cego à estética do original, entregando uma temporada truncada e não mais regida pelo espírito livre e despreocupado do jazz. A tesuda e bem humorada Big Mouth seguiu impecável por sua quinta temporada, mas já parece aquecer para o possível final da série.
Duas adaptações de quadrinhos da DC Comics terminaram em novembro: ao passo que a estética surrealista de Patrulha do Destinofloresceu no HBO Max após o encerramento do streaming exclusivo da DC, Stargirl teve que dar jeito nas mãos da CW, canal responsável pelo Arrowverso. Apesar de plataformas diferentes, ambas as séries conseguiram reforçar suas melhores qualidades em seus novos anos, garantindo renovações para 2022.
Já na Apple TV+, a aguardada adaptação dos célebres livros de ficção científica de Isaac Asimov encerrou sua primeira temporada com resultados mistos: embora Fundação certamente tenha os visuais para construir as bases de seu mundo organicamente, sua narrativa peca ao falhar com a visão de seu autor. A nova versão do Boneco Assassino surpreendeu e deliciou os fãs de longa data da franquia, em uma sequência comandada por seu criador, Don Mancini, e que respeita o legado queer e disruptivo de Chucky. O spin-off britânico de Drag Race terminou sua nova temporada premiando sua participante mais nova até hoje. A premiada antologia American Crime Story também retornou com Impeachment, temporada que focou no escândalo sexual entre o presidente americano Bill Clinton e Monica Lewinsky.
E assim, a Editoria do Persona chega na 11ª edição do Cineclube. Entre os prenúncios de Natal, vislumbres do Oscar 2022 e inspirações musicais no meio audiovisual, te convidamos a pegar o balde de pipoca para voltar ao cinema (seguindo sempre as normas de segurança, claro) e percorrer conosco cada um dos destaques do Cinema e da TV no mês de Novembro de 2021.
A gente piscou, 2021 passou, e o fim do ano chegou. Mas antes de cantar hinos natalinos e adentrar no ano da mais aguardada e temida eleição da história do país, o Persona processa o mês de novembro, marcado pela já tradicional alta da inflação, pela pertinente reflexão sobre o racismo despertada pelo Dia da Consciência Negra, e pela discussão em busca de encontrar formas de combater as mudanças climáticas na COP-26. Não podemos deixar de notar também o ressurgimento dos cinemas, que voltam em peso com os lançamentos de Eternos, Marighella e Encanto.
Para o mundo da Música, o mês começou com o gosto amargo de duas terríveis tragédias. A primeira foi o acidente aéreo no dia 5 de novembro, que levou a vida da mulher que revolucionou a Música Sertaneja. Marília Mendonça será sempre lembrada por abrir as portas para as mulheres dentro do gênero musical, fundando o movimento batizado de Feminejo, e conquistando milhões de brasileiros. Da Rainha da Sofrência, jamais seremos capazes de esquecer.
Ainda no mesmo dia, um tumulto durante um show de Travis Scott realizado em Houston, no Texas, causou 10 mortes, dentre as quais a de um menino de 9 anos, além de várias outras vítimas terem sido hospitalizadas. O rapper, que já tinha um histórico de incentivar tumultos em seus shows, e a organização do festival são alvo de dezenas de processos que já somam bilhões de dólares, e a situação pareceu ainda mais indigesta com o lançamento de ESCAPE PLAN no mesmo dia da tragédia, uma canção que parece estranhamente falar sobre o caos que ele ajudou a criar.
Outro destaque musical de novembro foi, claro, a divulgação da lista de indicados ao Grammy 2022, que fez Olivia Rodrigo ter seu nome nas 4 categorias principais, e Jay-Z tornar-se o artista mais indicado na história da premiação, com 83 nomeações. Mas quem se sobressaiu este ano foi Jon Batiste, que depois de vencer o Oscar pela trilha sonora de Soul,ficou à frente de nomes como Justin Bieber, H.E.R. e Doja Cat ao acumular indicações em 11 categorias. Billie Eilish, Kanye West e Lil Nas X também se destacaram, enquanto Lana Del Rey, Miley Cyrus e Lorde ficaram de fora.
Com um olho no Grammy 2022 e outro no de 2023, o último mês também trouxe um primoroso trabalho que já tem grandes chances de se destacar entre as obras que serão indicadas no ano que vem. Estamos falando de 30, o quarto álbum de estúdio de Adele, que após 6 anos de espera, finalmente volta para mais uma vez emocionar nossos corações. E se pouco mais de meia década pareceu muito tempo, imagina os 40 anos que separavam o disco anterior do ABBA de Voyage? O álbum marca o retorno do quarteto sueco, dando fim a um dos mais longos hiatos da história da Música.
O retorno das vozes por trás de Dancing Queen e Waterloo não foi o único destaque de artistas da velha guarda no último mês. A Rainha da Voz Dalva de Oliveira e o camaleão do rock David Bowie também foram relembrados, através dos lançamentos póstumos de Rio Claro Divae Toy. Além desses, outros artistas mais recentes resolveram revisitar sua carreira com relançamentos e compilações, reunindo materiais antigos já conhecidos com faixas inéditas, como é o caso de Radiohead, Little Mix e The Wanted.
Como se as 27 faixas e quase duas horas de Dondanão fossem suficientes, Kanye West volta agora com a versão Deluxe,ainda mais extensa. Mas quem vai realmente ficar pra história ao retrabalhar sua obra é Taylor Swift, que vem realizando uma série de regravações de seus primeiros trabalhos com o objetivo de recuperar os direitos sobre as canções, e quebrou o recorde de canção mais longa a atingir o primeiro lugar do Hot 100 da Billboard, com a versão de 10 minutos de All Too Well.
E por falar em recordes, outro nome que aparece nas conquistas do mês é Summer Walker, que vem chamando a atenção na cena do R&B. A cantora, com seu disco STILL OVER IT, tornou-se a segunda artista feminina a ter 18 canções simultaneamente na mesma lista da Billboard, alcançando a própria Taylor Swift com seu Red (Taylor’s Version).
Outro destaque do gênero foi o disco do supergrupo Silk Sonic, que reúne Bruno Mars e Anderson .Paak. Enquanto isso, FKA twigs canta para o lançamento do próximo filme da série Kingsman, em uma parceria com o rapper londrino Central Lee, e Beyoncé para o filme King Richard com Be Alive, que pode lhe render uma indicação ao Oscar de Melhor Canção Original no próximo ano. Ainda no mundo do pop, Avril Lavigne volta às suas raízes do pop punk em Bite Me, e Christina Aguilera ofusca as polêmicas recentes com seu novo single Somos Nada, em que volta a cantar em espanhol.
FLETCHER se junta a Hayley Kiyoko, enquanto Charli XCX se alia a Christine and the Queens e Caroline Polachek em duas parcerias chamativas da Música pop. Paralelamente, The Weeknd disputa com Post Malone quem dois dois sofre mais por amor em One Right Now, e brilha ao lado de ROSALÍA em mais uma colaboração bem-sucedida com a espanhola. Explorando a faceta mais indie do pop, Foxes prepara o terreno para o seu novo álbum com um clima de festa-em-casa, a dinamarquesa MØ faz o mesmo com Brad Pitt / Goosebumps, e Gracie Abrams é sincera sobre seus sentimentos em seu disco de estreia, This Is What It Feels Like.
Ainda no indie, vimos os sentimentos dilacerantes de Snail Mail, e Mitski fugindo do indie rock, abraçando uma instrumentação oitentista para falar de um amor trágico. Mas quem não vai abandonar o rock é a banda IDLES, que esmaga novamente em um trabalho mais pessoal e denso. Para fechar os artistas internacionais, Aminé traz seu rap com toques de hyperpop, e dois lançamentos ao vivo chamam a atenção: a insanidade de black midi em Live-Cade, e as reinvenções de Twenty One Pilots em Scaled and Icy (Livestream Version).
Pulando do exterior para o território nacional, o pop dominou os lançamentos do último mês, com singles de várias das grandes divas do país: IZA e Pabllo Vittar abraçam a estética futurista cyberpunk em Sem Filtro e Number One. Se estiver buscando uma sonoridade um pouco mais experimental, a produtora e agora cantora BADSISTA chega detonando com seu disco Gueto Elegance, cheio de colaborações de peso e ritmos hipnotizantes.
Manu Gavassi segue os passos de Taylor Swift e Billie Eilish, lançando seu novo disco acompanhado de um filme no Disney+. GRACINHA teve ainda participações especiais de Tim Bernardes, Amaro Freitas, Alice et Moi, dentre outros. E o que não faltou foram parcerias de peso entre os lançamentos nacionais: Lagum se juntou a Emicida e Josyara formou um supergrupo com Anná, Obinrin Trio e Sara Donato.
Depois de cancelar nossa felicidade, a banda Fresno vai ter que se virar indo além do estilo de seu eterno rótulo, enquanto Tiago Iorc volta para falar mais dele mesmo do que sobre Masculinidade. Tivemos também singles de Ana Gabriela e Jade Baraldo, além dos videoclipes de Sandra Pêra e Ney Matogrosso, que vasculharam o armário para resgatar aquela Velha Roupa Colorida, e de Marina Sena, grande revelação do pop nacional do ano, e que dá agora um tratamento audiovisual para o seu hitPor Supuesto.
Se encaminhando para o final do ano, a indústria da Música já vai assentando o seu número de lançamentos, mas nem por isso o Persona deixou de mergulhar fundo em tudo que rolou para apresentar o que o mês trouxe de mais significativo. Bem vindo à décima primeira edição do Nota Musical, onde a Editoria do Persona, em conjunto com os colaboradores, traz o que, por bem ou por mal, bombou no mundo da Música em Novembro de 2021, somado ao que pode ter passado despercebido, mas que com certeza merece uma atenção especial.
RuPaul, por favor, está demais! Sem folga, a máquina Drag Race mastigou e nos entregou mais uma edição de sua infinita coleção de franquias. Dessa vez, é hora de analisar a segunda temporada de Drag Race Holland, uma das primas europeias do show. Setembro de 2021, mês de encerramento desse ciclo, foi histórico para a comunidade trans, que assistiu a duas mulheres serem coroadas como as Próximas Super Estrelas Drags. Kylie bradou vitória na América, enquanto a Holanda foi o lugar do triunfo de Vanessa Van Cartier.
Vinte e um anos atrás, Bronco Henry morreu. Estamos em 1925 e Phil (Benedict Cumberbatch), seu aprendiz, amigo e muito provavelmente amante, ainda não superou essa perda. Sua maneira de lidar com o luto é se tornando um completo babaca, abusivo com o irmão mais jovem e tóxico com seus funcionários do rancho em Montana. Sob a direção sempre alerta e nada ociosa de Jane Campion, a Netflix constrói no íntegro Ataque dos Cães um drama acrônico, atemporal.
De cara, não tem como mentir: escrever sobre RuPaul’s Drag Race é uma tarefa e tanto. Afinal, são horas e horas de episódios extensos, sem contar o Untuckede seus bastidores, os programas de recapitulação (oficiais e não-oficiais) e, é claro, a internet. As drag queens presentes nas temporadas são pessoas de verdade, tem dramas, conquistas e presença forte no mundo real, sempre expandindo a narrativa do programa para além dos televisores. 2021 se empanturrou da Corrida das Loucas e, depois de viajar da Espanha à Oceania, Mama Ru olha para as segundas chances dentro da América, no sensacional All Stars 6.
Outubro é o mês mais amado pelo Persona. Cheios do espírito macabro do Halloween, agitamos nossas produções com o Mês do Horror e cobrimos com afinco a 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Como comentar sobre tudo isso ainda é pouco, nós também demos vida ao Clube do Livro e as indicações da Estante do Persona. Para fechar nosso mês favorito com chave de ouro, chegamos para comentar as novidades da TV e do Cinema no Cineclube de Outubro.
Foram 31 dias recheados de lançamentos esperados. Começando com sequências do Terror para honrar o mês, Halloween Kills: O Terror Continua tenta dar sentido para as matanças de Michael Myers, mas garante a continuação da franquia graças aos atos horrendos do protagonista. Quem também voltou pela Paramount+ foi Atividade Paranormal 7, com traços da história original e inovando sua narrativa. Já a aposta da Netflix, Tem Alguém Na Sua Casa, degringolou como mais uma trama conhecida de jovens tentando descobrir a identidade do assassino.
Ainda para os amantes do gênero slasher, o remake de Slumber Party Massacreacabou com os problemas do filme original e expandiu com irreverência a sua trama clássica dos anos 80. Com o mesmo sucesso, American Horror Story: Double Feature gastou tempo dividindo a décima temporada em duas histórias distintas, e foi destaque ao conquistar a aprovação total da crítica na primeira delas.
Enquanto isso, o Amazon Prime Video investiu mais na antologia de terror Welcome to the Blumhouse e trouxe ao mundo O Bingo Macabro e A Mansão, que deixaram os sustos de lado para trabalhar a relação entre a trama e seus personagens. Outro longa entre os lançamentos é Madres, Mães de Ninguém, com sua narrativa dramática e inspirada em fatos reais. O longa de Ryan Zagoga captura os horrores dos imigrantes mexicanos recém-chegados aos Estados Unidos, por isso merecia um desenvolvimento como drama dedicado.
Sucessos da Netflix, Você e Maid, também partilham dessa pegada dos terrores da realidade com protagonistas femininas arrebatadoras. A terceira temporada de Você amadureceu seus conflitos e mostrou como psicopatas brincam de casinha, enquanto a estreia de Maid causou exaustão emocional pela sua trama complexa que fala de pobreza, trauma e agressão.
Outras queridinhas da plataforma tudum que lançaram novas temporadas foram Sintonia e On My Block. Coproduzida pelo KondZilla, Sintonia segue na sua caminhada em mostrar como o poder funciona dentro das favelas brasileiras. Por outro lado, o quarteto do subúrbio de Los Angeles se despediu com fraqueza, pois a última temporada de On My Block empobreceu os desfechos de seus personagens.
Para os fãs de Round 6, My Name é a nova produção sul-coreana de grande destaque. Além da performance de Han So-hee como protagonista, a narrativa equilibrou ação e sensibilidade estando entre uma organização criminosa e a polícia. Os Muitos Santos de Newark também trabalhou a temática de organizações poderosas ao contar a vida de Tony Soprano antes de ser chefe da máfia italiana. No entanto, nenhuma das produções acima fez tanto sucesso quanto a primeira temporada de Only Murders in the Building na mistura perfeita de um elenco brilhante, humor e mistério.
No gênero de Ação, o grandioso 007 – Sem Tempo Para Morrer era o mais esperado. Depois dos 15 anos de Daniel Craig e seu James Bond, a aposentadoria chegou em um filme empolgante, emotivo e explosivo que fez jus à saga. Duna também deu o que falar com Zendaya, Timothée Chalamet e Oscar Isaac no elenco. Baseado no livro homônimo de Frank Herbert, o longa exibiu a disputa de poder no universo intergalático à altura da obra. E como não poderia faltar a parceria Marvel e Sony, Venom: Tempo de Carnificina foi um recorde nas bilheterias brasileiras. Com Tom Hardy protagonizando o segundo filme ao lado de seu amigo alienígena, Venom 2 ficou entre ser engraçado e superficial.
As expectativas foram grandes na TV para a segunda temporada do premiado Ted Lasso. Seus episódios mais longos investiram ainda mais nos seus personagens, conseguindo marcar outros 3 pontos e ter um segundo volume ainda mais fenomenal. Quem também encantou foi a sitcom Pretty Smart e sua vibe Disney Channel em 2010, contando com a protagonização de Emily Osment – a nossa Lily de Hannah Montana. Com a mesma expectativa, The Walking Dead acendeu a chama da saudade no coração dos fãs de zumbis na primeira parte da sua temporada final.
Caminhando na contramão, a animação Injustiça: Deuses Entre Nósnão foi digna dos Maiores Heróis da Terra da DC Comics. No Showtime, The L Word: Generation Q retoma The L Word depois de dez anos mas também segue presa ao passado, e mesmo com sua satisfatória repaginada, não retrata a vida da comunidade LGBTQIA+ nos dias de hoje.
E falando de vida real, Diana: O Musical estreou na Netflix mostrando o carisma e inteligência de Lady Di, mas esqueceu do drama necessário para falar de uma das maiores figuras do século XX. Já a coprodução entre Brasil e EUA do HBO Max, O Hóspede Americano, veio com um gosto amargo para contar a Expedição Científica Rondon-Roosevelt. Dando mais ênfase ao lado yankee, a minissérie lembrou a perda dos registros históricos brasileiros no incêndio do Museu Nacional de 2018.
Tentando alegrar nosso espírito, What We Do in the Shadows volta com qualidade para a sua terceira temporada cheia de humor, terror e vampiros malucos. No entanto, se nos confortamos com a comédia da FX, Cenas de um Casamento veio para quebrar de vez nossos corações. Terminando ao som de Chico Buarque, a produção original da HBO é uma obra-prima que mostra um casamento fracassado da forma mais complexa possível.
Enfim, todos esses lançamentos não aliviam a perda de Gilberto Braga para a TV brasileira no mês de outubro. De Escrava Isaura à Babilônia, o talento do escritor deixou um leque de novelas e memórias nas pessoas de todo o país. Uma dedicatória ao legado do dramaturgo e muito mais sobre o que rolou no Cinema e na TV você confere no Cineclube de Outubro de 2021, sob a curadoria da Editoria do Persona e de seus Colaboradores. E deixamos aqui a pergunta mais importante que permeia a memória de um noveleiro digno: Quem matou Odete Roitman?
O conceito de virgindade é cultural, mas se tem uma coisa que o épico bíblico Eternos faz é deflorar o Marvel Studios. Recheado de barreiras quebradas, a aventura comandada pelas mãos de ouro de Chloé Zhao não apenas ruma as investidas do Universo Cinematográfico para longe do sanduíche dos Vingadores, como também vai de encontro a uma leitura muito mais interessante desses heróis em roupas de látex. Ainda por cima com mais de dez anos de histórias nas costas e a exaustão da fórmula pipoca das narrativas.
O mês de outubro foi o mais agitado de 2021 aqui no Persona. Iniciado com o especial para o Mês do Horror e intermediado pela cobertura intensa da 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, os últimos 31 dias também viram o nascimento do nosso Clube do Livro, que aqui no site se materializou na Estante do Persona, nosso novo quadro mensal literário. Entre todas essas atividades, não deixamos de acompanhar o mundo da Música, e agora, chegamos para comentar tudo o que rolou no décimo mês do ano no Nota Musical.
Tudo começou com um misterioso número 30 surgindo nas principais cidades do mundo. Como um bat-sinal, Adele criou um momento no início de outubro para a divulgação de seu retorno, que acontece depois de seis silenciosos anos que sucederam seu último disco, 25. Agora, seremos apresentados aos 30 da artista, e o singleEasy On Mefoi mestre em nos introduzir ao novo estágio da vida de Adele, que encontrará seu lugar no mundo em forma de disco no próximo dia 19 de novembro.
Enquanto Adele ressurgia com os seus números, Ed Sheeran retornava com os seus sinais. Como anunciado pelas variáveis e constantes de Bad Habits e Shivers, o novo disco do cara mais legal do pop chegou para continuar sua concepção musical pautada na matemática. Agora, +, × e ÷ tem a companhia de =, e para o bem ou para o mal, a música de Ed é assumidamente definida pelo símbolo de igual.
Por outro lado, as sábias operações musicais de Lady Gaga e Tony Bennett decidiram apostar tudo num jazz que coloca o amor à venda. Da mesma forma, Hans Zimmer, por sua vez, concluiu na trilha do novo 007 que não temos tempo para morrer, The War on Drugs percebeu que precisa de um novo lugar no indie rock, e Brandi Carlile criou sua aclamada música country a partir de dias silenciosos.
Há também os que buscam a maior abstração possível. É assim com Coldplay e seu novo disco Music of the Spheres, que inventa de buscar outras formas de vida e de expressão distanciando-se do que nos conecta uns aos outros aqui na Terra. Mas nem tudo está perdido: as viagens atmosféricas de outubro funcionam sob a condução de Felipe de Oliveira, Tirzah e Black Country, New Road. Quem quiser acompanhar as belezas descobertas pelos artistas em ascensão, pode conferir os discos Terra Vista da Lua e Colourgrade e o singleChaos Space Marine.
Se alguns embarcam em direção ao exterior, outros mergulham no interior. Na MPB, essa foi a direção de Caetano Veloso em Meu Coco, e de Ney Matogrosso em Nu Com a Minha Música. No rock, o movimento nos entrega o melhor de Sam Fender em seu segundo disco, Seventeen Goin Under. No pop, foi a tática de importantes estreias: lá, FINNEAS descobriu um otimismo agridoce e PinkPantheress resolveu mandar tudo pro inferno.
É da dimensão íntima que outros grandes nomes trazem grandes coletâneas. Silva comemorou seus dez anos de carreira com De Lá Até Aqui; Megan Thee Stallion presenteia seus fãs com Something for Thee Hotties;Elton John traz sua música de quarentena em The Lockdown Sessions; Nick Cave & The Bad Seeds desenterram alguns tesouros em B-Sides & Rarities (Part II); e Madonna disponibiliza sua experiência ao vivo de Madame X nas plataformas de streaming.
Assim, outubro também foi um mês de retornos. Primeiro, The Wanted movimentou a internet com seu comeback anunciado através de Rule The World, primeiro lançamento da banda desde sua separação em 2014. Depois, Agnes chega para o revival da era disco em seu quinto álbum, Magic Still Exists, que finaliza um hiato de quase dez anos. Já Tears For Fears viveu um intervalo um pouco maior, mas agora o jejum iniciado em 2004 está encerrado com The Tipping Point, faixa-título do novo álbum da dupla britânica, cujo lançamento está previsto para o início de 2022.
Fora do país, o nome segue sendo o de Anitta, que esse mês, apareceu junto de Saweetie em Faking Love. Mas desta vez, a Girl From Rio não representou o Brasil sozinha na música internacional. Nas tabelas, A QUEDA de Gloria Groove significou ascensão, e a drag brasileira estreou na parada global da Billboard. O mesmo sucesso e apreço não pode ser encontrado na colaboração entre Jesy Nelson e Nicki Minaj, já que o lançamento de Boyz veio encharcado de polêmicas da líder Barbz nas redes sociais, e episódios de blackfishing por parte da ex-Little Mix.
Ainda bem que a Música pode contar com a honestidade de Phoebe Bridgers, que usou That Funny Feeling para levantar sua voz em oposição à legislação antiaborto mais restritiva dos Estados Unidos que avança no Texas. O cover da artista esteve no radar mensal do indie, que também tem novidades preciosas no novo disco de Lana Del Rey e nas canções de Mitski e Michael Kiwanuka.
Por fim, outubro ainda trouxe um belo descarte de Ariana Grande, novos contornos para a Conan Gray, clipes de Troye Sivan, Kacey Musgraves e Olivia Rodrigo, e o encontro gigante de The Weeknd com Swedish House Mafia. Foi um mês e tanto, mas o Persona nunca deixa de se atentar às novidades e decepções que a Arte nos oferece. Na décima edição do Nota Musical, nossa Editoria e nossos colaboradores se reúnem para vasculhar os CDs, EPs, músicas e clipes que ecoaram por aí em Outubro de 2021.
Dividido entre a Competição Novos Diretores e a Mostra Brasil, o documentário Transversais é um dos filmes imperdíveis da frutífera seleção da 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Coletando depoimentos e a vivência de 5 pessoas residentes do Ceará que tem contato com as vivências trans, a produção escrita e dirigida por Émerson Maranhão dá protagonismo à comunidade que é constantemente ignorada pela Arte.