Interrompemos a Programação: a mensagem nem sempre é entregue mastigada

Cena do filme Interrompemos a Programação. Na imagem, o protagonista Sebastian, um homem branco loiro de olhos azuis, usa boné azul marinho, camiseta marrom e camisa cinza escura por cima. Ele aponta uma arma para uma câmera Sony de estúdio antiga. O fundo é um set de filmagem azul, preparado para o ano novo.
Bartosz Bielenia, o astro de Corpus Christi, protagoniza como o jovem polonês Sebastian em todo o seu paradoxo emocional (Foto: Netflix)

Nathália Mendes

O apocalipse na entrada dos anos 2000, com aviões caindo do céu e sistemas de computação zerando à meia noite, não é estranho para os millennials. O mesmo drama-fim-do-mundo, somado a terrorismo, compõe a trama nada revolucionária de Interrompemos a Programação. O filme de Jakub Piatek se passa dentro de um canal de televisão na Polônia durante o bug do milênio, e numa rápida sucessão de acontecimentos, anda por um labirinto de confusão e referências polonesas. Com um protagonista disfuncional e uma fotografia lindíssima, o diferencial do longa mora na frustração dos espectadores, deixados, propositalmente, com mais perguntas do que respostas.

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Faz de Conta que NY é uma Cidade é um passeio caloroso por uma das cidades mais famosas do mundo

Cena da série Faz de Conta que Nova York é uma Cidade exibe uma mulher idosa parada em meio à uma maquete da cidade de Nova York. Ela tem cabelo comprido, ondulado e poucas rugas no rosto. Usa um óculos redondo e veste uma camisa branca com paletó de cor escura.
A série dirigida por Martin Scorsese recebeu 1 indicação ao Emmy 2021 (Foto: Netflix)

Caio Machado

Provocar discussões e causar polêmicas tornou-se algo fácil com a popularização das redes sociais. Na maioria dos casos, os dois ingredientes necessários para tanto são falta de noção e uma grande quantidade de desrespeito. Encontrar alguém disposto a dialogar de forma educada tem se tornado cada vez mais raro. Fran Lebowitz, protagonista da minissérie documental Faz de Conta que NY é uma Cidade, mostra que ainda existem pessoas capazes de questionar valores e crenças sem serem ofensivas. 

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Não há montanha alta o suficiente para a grandeza de Pose

O final de Pose foi dividido em duas partes e a Series Finale foi indicada em Roteiro e Direção em Drama no Emmy 2021, além de outras categorias técnicas da premiação (Foto: FX)

Nathália Mendes

Live. Werk. Pose. Essas três palavras falam por si só. Sozinhas elas ganham vida, invadem os ouvidos na voz inesquecível de Pray Tell, se entranham no coração e acendem uma luz que ilumina e aquece cada parte do corpo, dos fios de cabelo aos dedões do pé. Nada mais é capaz de explicar uma série como Pose, porque ela não foi feita para ser descrita, mas para ser sentida. 

Coube à Blanca Evangelista (Mj Rodríguez) e sua família performar uma história real e sofrida de forma belíssima por 3 temporadas – uma década no tempo da trama. Até seu último episódio, a narrativa manteve o equilíbrio entre a tragédia da epidemia de AIDS dos anos 90, e o relato mais puro e belo da comunidade queer dentro dos ballrooms de Nova York. Assim, Pose contou a história da vida de pessoas que a sociedade não quer enxergar, de seus amores à suas dores, e por isso é tão forte e arrebatadora.

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Halston tem pressa demais

Cena da série Halston. Ewan McGregor, um homem branco, ruivo, de paletó e gravata vermelha está posicionado no centro, da cintura para cima. Atrás, também podemos ver várias reproduções de Ewan, todos usando a mesma roupa.
“Halston today. Halston tomorrow. Halston forever.”; a biografia do estilista garantiu 5 indicações ao Emmy 2021 (Foto: Netflix)

Caroline Campos

Extravagante, icônico e controverso. A descrição pode ser facilmente aplicada a Ryan Murphy e suas criações, mas não há ninguém que contemple mais intensamente os três adjetivos do que o protagonista de sua nova minissérie: Halston. O rosto esquecido da moda americana, dono de um legado perdido e uma existência dramática, é tudo, menos comum. Halston chegou de mansinho no catálogo da Netflix – muito diferente do estardalhaço que o estilista fez no cenário frenético dos anos 70 – e, protagonizada por Ewan McGregor, voltou novamente os holofotes para a vida autodestrutiva daquele que revolucionou a forma como o mundo olhava para o estilo estadunidense.

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Expectativas superadas e clima caótico de romance na segunda temporada de Eu Nunca…

Foto. Devi está à esquerda, Eleanor ao centro e Fabiola à direita. Eleanor está abraçando as duas pela cabeça lateralmente então as três estão próximas. Há uma mesa vermelha na frente delas. Todas as três estão sorrindo e com semblante de felicidade. Devi está usando uma jaqueta jeans de lavagem clara e está com o cabelo solto e ondulado. Ela está com o cotovelo direito apoiado na mesa. Eleanor está com uma blusa preta por baixo e uma blusa colorida por cima, de manga comprida, ela é solta no corpo e possui estampas do tipo persa em tons avermelhados e com detalhes em branco. Seu cabelo é castanho escuro liso na altura dos ombros e usa uma franja. Fabiola usa uma camiseta gola careca de manga curta listrada azul marinho com listras menores em azul claro e escuro, rosa queimado, amarelo claro e vermelho. Seu cabelo está solto. Ela está com as mãos cruzadas e apoiadas na mesa. Elas estão em um espaço aberto e o dia está ensolarado. Ao fundo, há algumas janelas brancas e foscas. No chão, bem atrás delas, há um canteiro com arbustos num verde bem vivo e o sol bate neles. 
As melhores amigas estão de volta com mais tretas e muito amor envolvido (Foto: Netflix)

Maria Vitória Bertotti 

Um triângulo amoroso; uma nova colega de classe também indiana; traumas à tona e hormônios à flor da pele. Com a trama ainda mais recheada de representatividade e situações comuns da adolescência, a segunda temporada de Eu Nunca… está disponível desde 15 de julho na Netflix para arrasar o coração dos amantes da série e dividir opiniões sobre quem Devi Vishwakumar (Maitreyi Ramakrishnan) deve escolher como namorado antes de se mudar para a Índia. 

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As Mortes de Dick Johnson: o Cinema ressuscita

Fotografia em paisagem com fundo preto. Ao centro está Dick Johnson, o protagonista do documentário As Mortes de Dick Johnson. Dick é um homem branco de 86 anos, com cabelos castanhos na parte superior da cabeça e brancos nas laterais. Ele veste uma camisa azul bebê e uma jaqueta marrom acinzentada. Ele olha para câmera e sorri, segurando as mãos da diretora e filha, Kirsten Johnson, que o abraça por trás. Kirsten é uma mulher branca de cabelos na altura do ombro e castanhos. Ela abraça o pai à frente, de olhos fechados e cabeça inclinada sobre o ombro do pai. Ela veste um vestido de mangas compridas, com estampas floridas em vermelho e azul.
Indicado ao Emmy 2021, o documentário original da Netflix, As Mortes de Dick Johnson, é uma carta de amor da diretora Kirsten Johnson ao pai, Dick (Foto: Netflix)

Ayra Mori

2020 foi um ano frutífero para os retratos a respeito da velhice. Vimos desde o drama da relação conturbada entre pai e filha no premiado Meu Pai (The Father) ao representante brasileiro a tentar indicação no Oscar 2021, Babenco – Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou. E entre os destaques da temporada, o indicado a três categorias no Emmy 2021, As Mortes de Dick Johnson (Dick Johnson Is Dead), não passou em branco.

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The Politician: uma satira perspicaz aos costumes estadunidenses

Imagem da série The Politician. Na figura há uma escultura de um busto de um homem, em madeira marrom clara. Sob um fundo branco, ainda há 2 correntes de aço segurando a escultura.
As caracterizações satirizadas dos personagens foram o que garantiu mais um ano de indicação para The Politician no Emmy 2021 (Foto: Netflix)

Isabela Cristina Barbosa de Oliveira e Larissa Vieira

Apesar de nunca ter dado a devida atenção, em setembro de 2019 a Netflix estreou uma de suas originais mais satíricas possíveis: The Politician. Debutando com sua primeira produção no streaming, Ryan Murphy trouxe a sua principal e brilhante característica: a habilidade articular um humor ácido a fim de fazer críticas aos costumes estadunidenses. Mas, além do renomado produtor, Ben Platt, o sucesso dos teatros, também estava à frente da comédia dramática como o grande protagonista, fazendo então com que as expectativas da produção fossem lá em cima.

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Os 5 anos de Stranger Things confirmam um novo marco da cultura pop

“É melhor correrem, ela é nossa amiga e é doida!”
— Dustin Henderson

A imagem é um plano geral fechado em 4 garotos no centro, ela tem cores fortes e vibrantes. Os 4 estão parados em cima de bicicletas dos anos 80 em uma estrada asfaltada que corta um grande terreno verde com cercas de madeira e arame para delimitá-lo, do lado direito da pista tem uma placa quadrada e pequena, com cores meio roxo escuro e escrito em branco “Welcome to Hawkings” e a esquerda há um poste de madeira com fios que levam a outro poste mais adiante. Ao fundo da imagem há uma pequena floresta com árvores mais escuras. O céu na parte de baixo está em degradê, da esquerda para a direita: amarelo, laranja, vermelho e azul. Acima, há um mar de grandes nuvens de tempestade que parecem estar vindo do fundo e se aproximando dos garotos, mais para o fundo e pra esquerda as nuvens estão vermelho vivo e mais para a direita e próxima ao meio, há um raio branco. Em um pedaço ao fundo à direita as nuvens estão em preto e com um pouco de azul, com um raio azul saindo por entre as nuvens, as nuvens mais próximas da tela estão em preto e um pouco vermelho. Acima das nuvens, há um pouco de nuvens em tons mais claros de vermelho e é possível ver fragmentos de algumas pernas em tons escuros meio escondidas. Os garotos, que devem ter por volta de 11 anos, estão na frente da imagem, parados com as bicicletas apontando para o fundo da imagem; são da esquerda para a direita: Lucas, um garoto negro, magro, de cabeo crespo curto, está com os dois pés no chão, em pé e fora do banco da bicicleta, ele usa uma calça bege clara, um tênis cinza, uma blusa vermelho escuro com duas listras brancas nas mangas e uma mochila cinza nas costas. Em seguida vem Dustin, que está sentado no banco da bicicleta, mas com o pé esquerdo no chão e o direito no pedal, ele é um garoto branco, de cabelo castanho cacheado um pouco curto, ele é levemente mais gordo que os amigos; ele usa um boné azul e branco com aba vermelha, uma jaqueta de moletom azul médio, calça jeans mais azulada, tênis branco e mochila bege. Depois temos Mike, que está em pé e não encosta no banco da bicicleta, ele é o mais alto de todos, tem cabelo preto e não muito curtos, ele é branco e magro, ele usa uma calça vermelha escuro, um tênis branco com um risco preto, uma blusa de manga branca com listras vermelhas um pouco finas espaçadas, e ele usa uma mochila com a parte mais pra trás e as alças verdes, com a frente branca e um bolso preto mais a frente. E Por último temos Will, o menor de todos, ele está sentado no banco da bicicleta com o pé direito apoiado no chão e o esquerdo no pedal; ele é branco, magro, com cabelo loiro escuro em formato tigelinha, ele usa uma calça jeans levemente mais larga, ele usa uma camisa xadrez em tons de azul, e uma mochila escura.
Amigos não mentem (Foto: Netflix)

Júlia Caroline Fonte

Poucas obras audiovisuais conseguem se consagrar como um marco do entretenimento, mas Stranger Things é uma delas. A série poderia facilmente ter saído direto dos anos 80 e se destacado como um clássico da época, e por mais que não pareça, ela completa em 2021 apenas 5 anos desde que torcemos muito para Joyce ter Will de volta em seus braços. E é também curioso que seu aniversário de meia década seja no auge dos conflitos das gerações, causando, antes mesmo de seu encerramento, nostalgia em qualquer pessoa que tenha uma alma cringe.

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Love, Death & Robots: nada coeso, obrigatoriamente inovador, quase sempre divertido

Cena do episódio Atendimento automático ao cliente de Love, Death & Robots. Na imagem, uma animação, a frente de uma porta de vidro que revela um quintal com árvores, flores coloridas e palmeiras, uma mulher branca de meia idade, de cabelos curtos e brancos, blusa branca listrada e calça branca abre espacate no chão e aponta uma espingarda. Ao lado direito dela, vemos um cachorro pequeno e de pelos brancos.
Dois anos depois da aclamada estreia de Love, Death & Robots e das vitórias no Emmy 2019, a segunda temporada chegou em 2021 e foi novamente indicada em Melhor Programa Curto de Animação (Foto: Netflix)

Vitória Lopes Gomez

A sonhada adaptação da revista em quadrinhos Heavy Metal proposta pelos diretores David Fincher (Seven, Mank) e Tim Miller (Deadpool) ficou na gaveta por anos até a Netflix topar o desafio. No streaming, os dois se juntaram a Jennifer Miller e Joshua Donen (Mindhunter, House of Cards) na produção e a ideia virou Love, Death & Robots, inédita e inovadora na farofa de conteúdos originais da plataforma. O sucesso e a aprovação dos curtas metragens animados garantiram a continuação: mais curta, a segunda temporada da série volta para mais amores, mortes e robôs.

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Atypical se despede em grande estilo

Cena da série Atypical. Imagem estática. Os quatro personagens estão em um aquário observando os pinguins. No lado esquerdo está Elsa, interpretada por Jennifer Jason Leigh. Ela é uma mulher branca de cabelos loiros presos em um rabo de cavalo. Utiliza uma blusa marrom clara e calças pretas. Está sentada no chão. Ao lado de Elsa está Doug, personagem de Michael Rapaport. Ele é um homem branco de cabelos loiros grisalho. Veste uma blusa de manga comprida cinza e calça jeans azul escuro. Está sentado no chão. A frente de Doug está Sam, interpretado por Keir Gilchrist. Ele é um homem branco de cabelos pretos. Utiliza uma camiseta verde e calça cinza. Tem um headphone em volta de seu pescoço. Está sentado no chão. Do lado de Sam, no canto direito da imagem está Casey, personagem de Brigitte Lundy-Paine. É uma pessoa branca de cabelos castanhos claro e curto na altura do rosto. Veste uma camiseta amarela, e um casaco esportivo azul e branco por cima, está de short preto. Está sentade no chão.
A família Gardner reunida no aquário de Connecticut, onde Sam adotou a pinguim Stumpy (Foto: Netflix)

Andreza Santos

Mais uma grande série da Netflix chega ao fim, e dessa vez a comédia Atypical se despede das telinhas com muita emoção e ternura. Desde 2017, acompanhamos a história de Sam Gardner (Keir Gilchrist, de United States of Tara), um garoto autista com uma família muito amável que cuida dele e o apoia a todo custo. Nas três primeiras temporadas, vimos a forma como Sam vê a vida, o seu amor por pinguins e a evolução de seu espectro através das sessões de terapia com a Dra. Julia (Amy Okuda, de How To Get Away With Murder), sua ouvinte fiel por quem ele sente um amor platônico no início da série.

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