Status positivo: Perlimps se emancipa em viagem sensorial

Cena do filme animado Perlimps. A cena mostra uma raposa e um urso crianças no escuro. A raposa laranja segura uma lanterna em direção ao seu rosto, enquanto o urso branco e preto tem luzes saindo de seus olhos, iluminando sua frente.
Exibido no Festival de Cinema de Animação de Annecy, Perlimps integra a Mostra Brasil e marca o retorno de Alê Abreu à Mostra de SP, em sua 46ª edição (Foto: Vitrine Filmes)

Vitor Evangelista

Na floresta colorida que preenche com entusiasmo a tela de Perlimps, uma das animações mais aguardadas da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, dois agentes secretos duelam por um bem em comum. Do Reino do Sol, Claé (Lorenzo Tarantelli) é uma raposa que insiste em se identificar como lobo, enquanto Bruô (Giulia Benite), nascida no Reino da Lua, representa uma miscelânia selvagem, assumindo a forma de um urso com rabo de leão. À primeira vista inimigos, os bichinhos entendem que apenas com a união será possível derrotar o inimigo invisível.

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O Estranho Caso de Jacky Caillou tropeça ao tentar espetacularizar o comum

Cena do filme O Estranho Caso de Jacky Caillou. Da esquerda para a direita na imagem, Loïc segura uma ovelha para Gisèle e Jacky Caillou cuidarem. A fotografia captura os três por inteiro. Loïc é um menino branco de cabelos e olhos claros, ele veste um colete azul sobre uma camiseta amarela e uma calça jeans. A ovelha tem a pelagem curta. Gisèle é uma mulher branca de cabelos e olhos claros, ela veste uma manta vermelha. Jacky é um homem branco de cabelos e olhos claros, ele veste uma jaqueta azul e uma calça cinza. Ao fundo, o cenário é um celeiro durante o dia.
O Estranho Caso de Jacky Caillou foi disponibilizado gratuitamente na plataforma do Sesc Digital durante a 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, como parte da seção Competição Novos Diretores (Foto: Best Friend Forever)

Nathalia Tetzner

Jacky Caillou é o protagonista ingênuo e pouco convincente do primeiro longa-metragem do diretor Lucas Delangle, O Estranho Caso de Jacky Caillou. Ambientado nos Alpes, a obra participa da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo na seção Competição Novos Diretores e, anteriormente, foi exibido no Festival de Cannes 2022. O filme francês, parte do rol nada seleto de títulos que se iniciam com “O Estranho Caso”, baseia a sua narrativa no poder de cura popular e na explicação do fantástico pela natureza, fato que o afasta do extraordinário e somente o aproxima do comum. 

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Deus e o Diabo na Terra do Sol: Uma câmera na mão, uma ideia na cabeça e o Cinema Brasileiro nas costas

Cena do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol. Nela temos o personagem de Corisco. Com roupas típicas de cangaceiro, ele ergue uma espingarda para o céu, enquanto range os dentes. Ele está em um terreno descampado com uma vegetação rasteira ao fundo. A imagem é em preto e branco.
Em caráter de Apresentação Especial, o primeiro embate entre o Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro é revisitado na 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Copacabana Filmes)

Guilherme Veiga

Falar em Cinema Brasileiro é naturalmente evocar Glauber Rocha. E é inevitável falar sobre Glauber Rocha sem lembrar de Deus e o Diabo na Terra do Sol. Isto está longe de ser uma máxima unicamente brasileira, pelo contrário: indo de Martin Scorsese, adentrando em Godard, passando por Bong Joon-Ho e chegando em Quentin Tarantino; todos exaltam a importância do cineasta e do Cinema Novo para a Sétima Arte, às vezes, mais do que nós mesmos. Após a restauração do longa no Festival de Cannes deste ano, a obra retorna ao seu país de origem, na Apresentação Especial da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

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Um Homem: dores e masculinidade em pauta

Cena do filme Um Homem. No centro da imagem, temos o ator Dylan Felipe Ramirez olhando sua reflexão em um espelho. Dylan é um jovem pardo, de cabelos pretos escuros, tatuagens perto das orelhas e olhos castanhos. Ele está vestindo uma jaqueta azul escura com detalhes em branco, em cima de uma camiseta também azul escura. O espelho é revestido de madeira marrom, provavelmente embutido a um guarda roupa da mesma cor. O cenário é uma parede esverdeada e desgastada. A cena acontece durante o dia.
Um Homem é um dos participantes da 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo na Competição Novos Diretores (Foto: Cercamon)

Nathan Nunes

A premissa de Um Homem , que participa da Competição Novos Diretores da 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, é simples. Carlos (Dylan Felipe Ramiréz) quer comemorar o Natal junto de sua família, da qual ele é separado por viver em um abrigo para jovens no centro de Bogotá, na Colômbia. O problema é que cada um dos três integrantes está em um lugar diferente: sua mãe está distante e sua irmã trabalha como prostituta para pagar uma dívida que nem mesmo o jovem tem condições de quitar. Assim, acompanhamos o protagonista em seu dia a dia de angústia e sofrimento, forçado a se enquadrar em um perfil de masculinidade com o qual ele claramente não se identifica. 

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Flux Gourmet é um delicioso banquete difícil de digerir

Cena do filme Flux Gourmet. Nela, vemos os três integrantes que compõem o coletivo artístico-culinário. Ao centro temos o personagem Billy interpretado por Asa Butterfield, um jovem branco de cabelos pretos com uma grande franja. Ele usa uma jaqueta jeans, camiseta vinho e calça jeans. Sua cabeça está arqueada e sua boca levemente aberta. Mais atrás, dos lados direito e esquerdo, temos duas mulheres, a da direita, loira e a da esquerda, de cabelo castanho cor de mel. As duas estão de costas, fazem movimentos com as mãos na altura do rosto e vestem uma espécie de vestido fúnebre na cor preta. Ao fundo, há uma parede que reflete uma luz azul.
O filme chega em terras brasileiras através da seção Perspectiva Internacional da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Bankside Films)

Guilherme Veiga 

Cozinhar, definitivamente, é uma Arte. Mesmo não estando inclusa entre as sete, a gastronomia sabe emular todas as sensações que as outras conseguem, às vezes de forma mais impactante e convincente que as demais. Seja pelo conforto e ternura de uma comida feita pela mãe, seja pela explosão sensorial do prato principal feito em um restaurante três estrelas Michelin ou até mesmo pela agonia que é experimentar algum ingrediente exótico. São essas experiências que Flux Gourmet, co-produção entre Reino Unido, Estados Unidos e Hungria, em cartaz na Perspectiva Internacional da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, e que estreou no Festival de Berlim, busca instigar.

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Magdala: os últimos dias de Maria Madalena foram monótonos e sensíveis

Cena do filme Magdala. Da esquerda para a direita na imagem: Jesus Cristo, um homem branco de cabelos escuros e Maria Madalena, uma mulher negra de cabelos escuros. A fotografia capta os dois somente a partir do pescoço, no entanto, é notável que ambos estão desnudos. Jesus e Madalena se olham enquanto encostam as faces. O cenário é a natureza verde.
Magdala foi disponibilizado gratuitamente na plataforma do Sesc Digital durante a 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, como parte da seção Perspectiva Internacional (Foto: Best Friend Forever)

Nathalia Tetzner

Pecadora e santa. Prostituta e apóstola dos apóstolos. São inumeráveis os adjetivos antagonistas que constroem a imagem sagrada de Maria Madalena, a principal devota de Jesus Cristo. Atordoado pelo devaneio sobre os seus últimos dias de vida, o diretor francês Damien Manivel coloca em perspectiva a personalidade mais misteriosa e discutível do Novo Testamento no filme Magdala, participante da seção Perspectiva Internacional na 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e, previamente, exibido na seção L’ACID do Festival de Cannes 2022.

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O fantasma da gentrificação assombra Distopia

Cena do documentário Distopia. A foto é uma captura de um dos trechos do filme Distopia. Quatro prédios amarelos — parte do conjunto habitacional do bairro do Aleixo — estão sendo demolidos. O prédio da direita cai em meio a fumaça, abaixo se encontram outras habitações e um terreno verde.
O documentário chega à Perspectiva Internacional da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo carregando o prêmio HBO Portugal para Melhor Filme da Competição Portuguesa no DocLisboa International Film Festival 2021 (Foto: Bando a Parte)

Enzo Caramori

Se a vida real, capturada em seu fluxo, for passível de ser ficcionalizada para ser compreendida, o documentário português Distopia (2021) é um filme de terror que desde seu início já desmascara os seus monstros. Representando Portugal no repertório da Perspectiva Internacional da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o filme introduz o fantasma da gentrificação como o motor dos desterramentos e demolições que atravessam a cidade do Porto, em um retrato de treze anos da vida dos bairros de Bacelo, Aleixo e Fontainhas. Dirigido por Tiago Afonso, a forma documental encontra sua força ao direcionar a câmera tanto aos sujeitos atravessados por essa desterritorialização quanto aos espaços e ruínas, o que constitui uma espécie de anti-documento nessa condição de filmar o que está na iminência de não mais existir.

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Persona Entrevista: Anita Rocha da Silveira

Diretora de Medusa relembra o processo de produção do filme e comenta sobre a experiência no Festival de Cannes

Arte retangular horizontal de fundo vermelho. No lado esquerdo, foi adicionado o texto "PERSONA ENTREVISTA" na vertical, repetidas vezes. No centro, foi adicionada uma foto em preto e branco da diretora Anita Rocha da Silveira. No lado direito, foi adicionada uma imagem do poster de seu filme, Medusa, e acima, foi adicionado seu nome, "anita rocha da silveira".
Finalizando os trabalhos de cobertura da 45ª Mostra de Cinema em São Paulo, o Persona Entrevista recebe Anita Rocha da Silveira, diretora de Medusa (Foto: Reprodução/Arte: Jho Brunhara)

Caroline Campos e Vitor Evangelista

Em formato híbrido, a 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo possibilitou oportunidades de ouro para a equipe do Persona. Entre cabines de imprensa de filmes com sonho de reconhecimento no Oscar e um esperado encontro presencial dos membros da Editoria, tivemos a oportunidade de não apenas conferir a vibração descomunal de Medusa, como também de entrevistar sua realizadora, a majestosa diretora Anita Rocha da Silveira.

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Persona Entrevista: Jonas Bak

O diretor de Madeira e Água conta como foi filmar em dois continentes e ter a própria mãe como protagonista

Arte retangular horizontal de fundo vermelho. No lado esquerdo, foi adicionado o texto "PERSONA ENTREVISTA" na vertical, repetidas vezes. No centro, foi adicionada uma foto em preto e branco do diretor Jonas Bak. No lado direito, foi adicionada uma imagem do poster de seu filme, Madeira e Água, e acima, foi adicionado seu nome, "jonas bak".
Jonas Bak é o segundo entrevistado pelo Persona na cobertura da 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo  (Foto: Jonas Bak/Arte: Jho Brunhara)

João Batista Signorelli

Entre filmes premiados em Cannes e pré-candidatos ao Oscar, a 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo trouxe uma grande amostra do Cinema mundial em 2021. Em meio a tantos lançamentos badalados que ainda vão dar muito o que falar, também surgiram muitas pérolas escondidas que também foram dignas de atenção, e Madeira e Água certamente é uma delas. Contando a história de uma mãe que busca se encontrar com seu filho distante, o diretor alemão Jonas Bak levou seu filme de Berlim para festivais no mundo todo, e vem agora ao Persona Entrevista contar como foi a produção de seu primeiro longa-metragem. 

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Persona Entrevista: César Cabral

Diretor de Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente conta de seu trabalho com a obra do cartunista Angeli, e explica porque o punk permanece relevante até hoje

Arte do Persona Entrevista com César Cabral. À esquerda, o nome do quadro está na vertical em quatro linhas, duas brancas e pretas. No centro, há uma fotografia recortada em preto e branco de César, um homem branco que tem por volta de 50 anos, que usa uma camisa social preta. À direita, há o poster do filme Bob Cuspe - Nós Não Gostamos de Gente, e, em cima, o nome do diretor em preto.
O Persona entrevista César Cabral, diretor da premiada animação em stop-motion Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente (Foto: Vitrine Filmes/Arte: Jho Brunhara)

João Batista Signorelli

Raro exemplar de longa-metragem realizado com a técnica de stop-motion no Brasil, Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente foi um dos grandes destaques da 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, chegando ao Brasil já com um prêmio em mãos, da Mostra Contraponto do Festival de Cinema de Animação Annecy. O Persona assistiu ao filme, e com muito prazer retoma o quadro de entrevistas para conversar com o diretor César Cabral, que também é sócio-fundador da Coala Filmes, produtora paulistana focada em produzir animações em stop-motion. 

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