Em Vulture Prince, Arooj Aftab nos ensina a lidar com a dor

Centralizada está a cantora, com um microfone em sua mão direita, na parte esquerda da imagem. Seus olhos estão apontando para o canto inferior direito, a parte do rosto dela que está na parte esquerda da imagem não é reconhecível. No canto superior esquerdo está escrito “Arooj Aftab” com “Vulture Prince” logo abaixo.
Vulture Prince, o terceiro álbum da carreira de Aftab, a vê retornar a suas raízes e lidar com a dor da perda de pessoas importantes (Foto: New Amsterdam Records)

Frederico Tapia

Nascida em 1985 na cidade de Riyadh, na Arábia Saudita, mas criada em Lahore, no atual Paquistão, e atualmente radicada em Nova York, nos Estados Unidos, Arooj Aftab começou a ser conhecida durante os anos 2000 com rendições de músicas de outros artistas, como por exemplo Hallelujah, de Leonard Cohen. Ela se formou no Berklee College of Music em Produção Musical, Engenharia de Som e Composição de Jazz após se mudar para os EUA em 2005. Em 2021, ela lançou seu terceiro álbum de estúdio, Vulture Prince, e conquistou duas indicações ao Grammy 2022, tornando-se a primeira mulher paquistanesa a ser indicada à premiação estadunidense. Uma das indicações é como Artista Revelação, uma das principais categorias do prêmio, e a outra como Melhor Performance de Música Global por Mohabbat.

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Os 15 filmes do Festival do Rio 2021

Arte em fundo azul-escuro. Ao lado esquerdo, lê-se em branco: os 15 filmes do festival do rio 2021. No canto inferior esquerdo, está o olho do Persona, com a íris azul. Do lado direto, estão 3 vezes o logo do Festival, em forma do Corcovado, com cenas de 3 filmes: Slalom, DNA e Verão de 85.
Entre os destaques das duas semanas do Festival do Rio, estão Slalom – Até o Limite, DNA e Verão de 85 (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Caroline Campos)

Quando o assunto é Festival, o Persona, em conjunto, clama por um único evento: o dia do Cineclube. E claro, se for em terras cariocas, a empolgação é maior ainda. Depois de 15 dias e 15 filmes, chega ao fim o Festival do Rio 2021, que com uma seleção variada de obras singulares, uniu todas as tribos e agradou até o mais cri-cri dos cinéfilos de plantão.

Da Dinamarca à Costa do Marfim, de indicados ao Oscar até esnobados injustos, um pouquinho do que há de melhor na produção cinematográfica mundial veio visitar remotamente a Cidade Maravilhosa e garantir, diariamente, um descanso fora das amarras das nossas próprias narrativas. Pela plataforma do Telecine, cada filme era disponibilizado por 24 horas e 24 horas apenas, ou seja, chegara o momento de planejar a maratona.

Figurinhas já batidas integraram o catálogo do Festival. Uma nova exibição de Druk – Mais uma Rodada é sempre bem-vinda e o atual vencedor da categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2021 foi o felizardo responsável por iniciar a jornada com muito álcool e uma boa dose de Mads Mikkelsen (ou seria o contrário?). E os donos de estatuetas douradas não pararam por aí: o ácido Bela Vingança, que garantiu o prêmio em Roteiro Original para Emerald Fennell, arrancou exclamações e conquistou uma vaga entre as 15 obras. Excepcionais, sim. Mas, às vezes, poderia ter sido mais produtivo ceder espaço às produções não tão comentadas nos últimos meses.

Pincelando temas dolorosos e desconfortáveis da melhor forma que o Cinema consegue fazer, não faltou sensibilidade para discutir o que de mais horrendo a sociedade já produziu e encarar nossos demônios como espécie humana. Quo Vadis, Aida? e Caros Camaradas! miram no histórico, Slalom – Até o Limite e Ainda Há Tempo desenham o atual. Das mais variadas formas, esta edição do Festival do Rio coloca o espectador frente a frente com o espelho e exige reflexão; exige autoconsciência.

É óbvio que, no meio de tudo isso, sobra espaço para o cômico, o lúdico e até para o fantástico. No entanto, não se engane – como toda forma de expressão, o Cinema é um produto de seu tempo, dialogando com seu tempo e, muitas vezes, questionando na mesma medida. Por baixo do prédio ficcional de Edifício Gagarine ou das histórias arrebatadoras de Noite de Reis, há sempre uma lente que foca no que somos ou no que deveríamos ser.

Depois de uma cobertura completa da leva de filmes 2021, a Editoria do Persona embaralha os papéis e comenta obra por obra, loucura por loucura, apresentada na fresquíssima edição do Festival do Rio. Para quem já está com saudades das narrativas diárias, os textos abaixo revivem parte do caos latente proporcionado durante esses últimos 15 dias pelo maior festival de Cinema da América Latina.

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Quem pode ser uma Candidata Perfeita?

Foto do filme A Candidata Perfeita. Nela está Mila Al Zahrani, atriz marrom usando hijab prert. A mulher está olhando para a esquerda cm uma expressão preocupada. Na sua mão está uma chave e uma parte da porta de um carro. O fundo é um céu azul.
A Candidata Perfeita presenteia o 13° dia do Festival do Rio com sua honestidade (Foto: Razor Film)

Mariana Chagas

O que faz de alguém uma candidata perfeita? A pergunta não é feita em nenhum momento durante os 101 minutos do longa, mas mesmo assim é respondida. Na reta final do Festival do Rio de 2021, o filme dirigido por Haifaa Al-Mansour não precisa de muitas reviravoltas ou ação para discutir política e feminismo no contexto conversador em que se passa. 

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