Os 15 filmes do Festival do Rio 2021

Arte em fundo azul-escuro. Ao lado esquerdo, lê-se em branco: os 15 filmes do festival do rio 2021. No canto inferior esquerdo, está o olho do Persona, com a íris azul. Do lado direto, estão 3 vezes o logo do Festival, em forma do Corcovado, com cenas de 3 filmes: Slalom, DNA e Verão de 85.
Entre os destaques das duas semanas do Festival do Rio, estão Slalom – Até o Limite, DNA e Verão de 85 (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Caroline Campos)

Quando o assunto é Festival, o Persona, em conjunto, clama por um único evento: o dia do Cineclube. E claro, se for em terras cariocas, a empolgação é maior ainda. Depois de 15 dias e 15 filmes, chega ao fim o Festival do Rio 2021, que com uma seleção variada de obras singulares, uniu todas as tribos e agradou até o mais cri-cri dos cinéfilos de plantão.

Da Dinamarca à Costa do Marfim, de indicados ao Oscar até esnobados injustos, um pouquinho do que há de melhor na produção cinematográfica mundial veio visitar remotamente a Cidade Maravilhosa e garantir, diariamente, um descanso fora das amarras das nossas próprias narrativas. Pela plataforma do Telecine, cada filme era disponibilizado por 24 horas e 24 horas apenas, ou seja, chegara o momento de planejar a maratona.

Figurinhas já batidas integraram o catálogo do Festival. Uma nova exibição de Druk – Mais uma Rodada é sempre bem-vinda e o atual vencedor da categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2021 foi o felizardo responsável por iniciar a jornada com muito álcool e uma boa dose de Mads Mikkelsen (ou seria o contrário?). E os donos de estatuetas douradas não pararam por aí: o ácido Bela Vingança, que garantiu o prêmio em Roteiro Original para Emerald Fennell, arrancou exclamações e conquistou uma vaga entre as 15 obras. Excepcionais, sim. Mas, às vezes, poderia ter sido mais produtivo ceder espaço às produções não tão comentadas nos últimos meses.

Pincelando temas dolorosos e desconfortáveis da melhor forma que o Cinema consegue fazer, não faltou sensibilidade para discutir o que de mais horrendo a sociedade já produziu e encarar nossos demônios como espécie humana. Quo Vadis, Aida? e Caros Camaradas! miram no histórico, Slalom – Até o Limite e Ainda Há Tempo desenham o atual. Das mais variadas formas, esta edição do Festival do Rio coloca o espectador frente a frente com o espelho e exige reflexão; exige autoconsciência.

É óbvio que, no meio de tudo isso, sobra espaço para o cômico, o lúdico e até para o fantástico. No entanto, não se engane – como toda forma de expressão, o Cinema é um produto de seu tempo, dialogando com seu tempo e, muitas vezes, questionando na mesma medida. Por baixo do prédio ficcional de Edifício Gagarine ou das histórias arrebatadoras de Noite de Reis, há sempre uma lente que foca no que somos ou no que deveríamos ser.

Depois de uma cobertura completa da leva de filmes 2021, a Editoria do Persona embaralha os papéis e comenta obra por obra, loucura por loucura, apresentada na fresquíssima edição do Festival do Rio. Para quem já está com saudades das narrativas diárias, os textos abaixo revivem parte do caos latente proporcionado durante esses últimos 15 dias pelo maior festival de Cinema da América Latina.

Continue lendo “Os 15 filmes do Festival do Rio 2021”

O debate importante criado com o filme Better Days

Aviso: esse texto pode conter gatilhos de suicídio e bullying

Cena do filme Better Days. Na imagem vemos os atores da esquerda para direita Jackson Yee, um homem jovem amarelo e Zhou Dongyu, uma mulher jovem amarela. Jackson veste uma blusa amarela xadrex e está com o rosto machucado. Ele possui cabelo preto liso e está preso em um rabo de cavalo. Zhou veste um casaco cinza claro e possui cabelo curto preto liso. Eles estão em cima de uma moto e Zhou apoia a cabeça no ombro de Jackson. O fundo da imagem é uma ponte e há vários pretos desfocados.
Better Days concorre no Oscar 2021 na categoria de Melhor Filme Internacional (Foto: Shooting Picture)

Ana Beatriz Rodrigues

A escola dificilmente é um lugar tranquilo. A pressão e a preocupação são sentimentos que cercam os jovens durante o Ensino Médio. Além disso, o bullying ainda é presente e muitas pessoas ainda sofrem com isso. Better Days (少年的你) retrata esse momento e as consequência desses atos. O longa é uma adaptação de Li Yuan, Wing-sum Lam e Xu Yimeng do livro Young and Beautiful, de Jiu Yuexi, e ainda explora a questão do vestibular chinês e a violência das ruas. Com essa história, a produção de Derek Tsang repreenta Hong Kong no Oscar 2021, junto com o curta documentário Do Not Split, por mais que a premiação tenha sido boicotada na região

Continue lendo “O debate importante criado com o filme Better Days”