60 anos depois, a grande celebração de Dalva de Oliveira merece sobrevivência

Capa do álbum Dalva de Oliveira. Fotografia quadrada, com fundo azul claro. No canto superior esquerdo, observamos o clássico símbolo da gravadora Odeon, formado por um retângulo vertical preto, duas figuras circulares, uma branca e uma vermelha, além da própria palavra Odeon. No canto superior direito, em um retângulo horizontal igualmente preto, lemos Integral Sound em letras brancas. Abaixo do símbolo da Odeon, lemos os nomes das 12 faixas do disco, todos em letras pretas. Sob essa lista, lemos Dalva de Oliveira em letras roxas. Ao lado desses escritos, observamos a cantora Dalva de Oliveira. Ela é uma mulher de sorriso marcante, com a boca aberta, usa batom avermelhado, brincos e colar dourados, está de cabelo castanho e vestido estampado.
Há 60 anos, Dalva de Oliveira lançava um de seus álbuns mais conhecidos de todos os tempos (Foto: Francisco Pereira/Odeon/EMI Records Brasil)

Eduardo Rota Hilário

Escrever sobre Dalva de Oliveira é sempre um desafio. Seja pela dificuldade de encontrar, na internet, documentos e dados referentes à Rainha da Voz que de fato enriqueçam um texto, seja pelo medo de ser insuficientemente qualificado para esmiuçar os trabalhos de uma das maiores cantoras que o Brasil já teve, quando o assunto é este, as palavras costumam fugir de modo impiedoso – e até mesmo covarde. Mas a necessidade de memória grita mais alto, e embarcamos agora num desafio que pode ou não dar certo. Independentemente do resultado, entra em cena o reavivamento das lembranças, prelúdio básico para qualquer imortalidade.

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Um bilhão de hits traçam os 10 anos de Austin & Ally

Cena do seriado Austin & Ally. Da esquerda para a direita, estão os atores Calum Worthy, Ross Lynch, Laura Marano e Raini Rodriguez. Eles estão dentro de um escritório, com três quadros pendurados ao fundo. Uma porta cinza escuro com vidro e persiana. Calum é um homem ruivo. Ele veste uma camisa branca estampada e uma jaqueta azul clara. Ele está de lado, olhando para Ross, e passando a mão do amigo com a mão direita. Ross é um homem de cabelo loiro claro liso. Ele veste uma camisa verde militar e uma calça estampada estilo militar, com cinto preto. Ele está sorrindo, olhando para Calum, o abraçando com a mão direita. Ao seu lado, mais abaixo, está Laura. Ela é uma mulher de cabelos ondulados castanhos com luzes loiras. Ela veste uma blusa vermelha com bolinhas esverdeadas na parte superior e 3 pulseiras de fitas pretas. Ela sorri de olhos fechados e está abraçando Ross, com os braços ao redor do pescoço dele. Atrás de Ally, está Raini. Ela é uma mulher de cabelos pretos cacheados compridos. Ela veste uma regata azul e, por baixo, uma regata verde e usa pulseiras coloridas no braço esquerdo. Ela está sorrindo de olhos fechados e engloba Austin e Ally em um abraço. 
“Esse amor nunca vai desaparecer/Nós somos infinitos” (Foto: Disney)

Júlia Paes de Arruda

São seis horas da tarde. O Zapping Zone começa com aquele gosto de comida de vó no jantar. Os olhos estão compenetrados na TV, aguardando o primeiro episódio da nova série do Disney Channel. A sinestesia é tão grande que quase posso me imaginar no sofá, com o olhar vidrado na vinheta promocional. Infelizmente, já não é 2011 e não tenho mais 11 anos. Porém, a lembrança permanece tão fresca na memória que nem parece que uma década se passou desde a estreia de Austin & Ally.

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Giles Corey: 10 anos de uma visita pelos cantos mais sombrios de uma mente desesperada

Aviso de prevenção de gatilho: Giles Corey pode contar com elementos possivelmente prejudiciais aos que sofrem com pensamentos suicidas ou depressão.

Capa do disco Giles Corey. A imagem é uma pintura em preto e branco, de uma pessoa, vestindo um terno com um pedaço de pano cobrindo a cabeça e o escrito Giles Corey na parte central da imagem.
Capa do disco Giles Corey (Foto: The Flenser)

Frederico Tapia

Em 2011, Dan Barrett, membro da banda Have A Nice Life, lançou o primeiro e único LP sob o nome Giles Corey. A origem do nome adotado por Barrett é de um fazendeiro com o mesmo nome que viveu no século 17 e foi morto durante os julgamentos das bruxas de Salem. Ao longo dos 56 minutos que constituem o álbum, ele fala abertamente sobre suas lutas internas, principalmente contra a depressão e o suicídio. Ele mesmo afirma em seu perfil no Bandcamp: Giles Corey são músicas acústicas sobre depressão, suicídio e fantasmas”.

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Ser 100% Charlie Brown Jr é permanecer Abalando A Sua Fábrica, mesmo após 20 anos

Capa do disco 100% Charlie Brown Jr - Abalando A Sua Fábrica. Na parte superior está escrito “100% Charlie Brown Jr” com letras estilo de rua vermelhas. Ao lado direito superior existe uma pequena frase escrita “Abalando A Sua Fábrica” com letras distorcidas e fundo preto. Ao lado da frase, tem o desenho preto de uma fábrica sendo destruída por uma bola de destruição. No centro tem uma imagem com fundo predominante vermelho e amarelo. A imagem é a caricatura dos integrantes da banda. Da esquerda para a direita, está desenhado um homem branco de cabelos loiros e jaqueta azul. Ao lado dele, está desenhado um homem branco de chapéu vermelho e blusa marrom. Ao lado dele, está desenhado um homem branco com chapéu roxo que tampa os olhos e veste blusa marrom. Ao lado dele, está desenhado um homem branco de cabelos castanhos e blusa alaranjada.
Depois do disco Nadando com os Tubarões, a banda Charlie Brown Jr. lançou seu quarto álbum, sendo esse o primeiro sem participações de convidados externos (Foto: EMI/Charlie Brown Jr.)

Leticia Stradiotto

O Começo do Fim do Mundo, em 1982, foi o principal marco do punk rock brasileiro. O festival em São Paulo contou com a participação das primeiras bandas nacionais com foco na contracultura e foi dividido em dois dias, onde grupos como Ratos De Porão e Cólera eram atrações. Porém, logo no segundo dia, a Polícia Militar invadiu o local para queimar documentos relacionados à ditadura. Dessa forma, no fim dos anos 90, com a continuação da tendência punk em 2001 – quase 20 anos depois do evento – o grupo Charlie Brown Jr. lança o seu quarto disco e demonstra que agora, no som nacional, a única coisa a ser queimada é a censura.

O álbum 100% Charlie Brown Jr – Abalando A Sua Fábrica teve importância não só na evolução do conjunto musical, mas também na releitura do punk rock ao modo brasileiro de ser. Com a saída do guitarrista Thiago Castanho, é o primeiro projeto sem a formação original da banda e gravado com todos os instrumentos ao mesmo tempo, no estilo garage rock. Se você acha que o termo “100% Charlie Brown Jr” é uma ironia à separação e possivelmente uma saída do convencional em grupo, você está certo. Afinal, é fato que o vocalista Chorão (Alexandre Magno) era dono de um caráter forte – um tanto quanto rebelde – e queria marcar presença de uma forma específica: Abalando A Sua Fábrica, independente de qual fosse.

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30 anos de Loveless, o ruído total de My Bloody Valentine

Capa do álbum Loveless do grupo My Bloody valentine. Na imagem, há o captador de uma guitarra coberto por uma camada nebulosa de cor rosa. Toda a imagem possui um filtro de cor rosa. Na parte inferior esquerda, está escrito my bloody valentine também em fonte de cor rosa.
Loveless, segundo álbum de My Bloody Valentine, completou 30 anos em 4 de novembro de 2021 (Foto: MBV Records/Domino Recording)

Bruno Andrade

Músicos são, geralmente, indivíduos que se alimentam da matéria sonora presente em seu tempo, buscando criar algo totalmente novo; por essa razão, a Música está sempre morrendo e renascendo. Quando tentamos classificá-la, surgem descrições que tendem a separá-la do todo, numa tentativa de evidenciar o que a define como única e distinguível àquela sociedade. Mas como classificar o ruído? Alguns podem chamar de shoegaze, gênero no qual My Bloody Valentine carrega o maior prestígio, e cujo hipnótico Loveless, segundo álbum de estúdio do grupo, completou 30 anos no começo de novembro.

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Starboy: há 5 anos, The Weeknd se consagrava como uma potência do pop

Capa do álbum Starboy de The Weeknd. O cantor de pele negra e cabelo curto está em uma pose agachada, ele veste uma jaqueta de couro e um colar de cruz enquanto é iluminado por uma luz neon de tom azul em frente a um fundo vermelho. Na parte superior da imagem, o nome do álbum, Starboy, é escrito em fonte amarela.
A revelação da capa de Starboy causou um alvoroço pela mudança brusca na identidade visual de The Weeknd (Foto: Nabil Elderkin)

Nathalia Tetzner

Quando The Weeknd apareceu com o cabelo curto substituindo os seus icônicos dreadlocks, os fãs sabiam que a construção de uma nova identidade visual viria acompanhada de músicas inéditas. Afinal, ao contrário da grande parte dos artistas masculinos, Abel Tesfaye sempre soube compor grandes eras à la divas pop. Assim, no outono americano, com o lançamento do videoclipe do primeiro single e faixa-título do seu terceiro álbum de estúdio, Starboy (2016), o cantor literalmente assassinou a persona do Beauty Behind The Madness (2015) e deu início ao projeto mais mainstream de sua carreira.

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Persona: 55 anos da obra-prima de Ingmar Bergman

Cena do filme Persona apresenta uma imagem em branco e preto de um menino de costas com a mão direita erguida sobre a foto de uma mulher branca, que toma conta de todo o plano.
Vanguardista, Ingmar Bergman inicia sua obra com sobreposições de imagens (Foto: AB Svensk Filmindustri)

Gabriel Gatti

A palavra persona, de origem grega, é usada para designar um papel social, como uma profissão, ou um personagem, no qual o indivíduo passa a interpretar uma realidade que não é a sua. No campo da representação, é possível empregá-la para designar uma máscara. Nesse contexto de transposição de personalidade, somos apresentados a Elisabet e Alma, duas mulheres que se fundem ao longo da trama dirigida por Ingmar Bergman em 1966.

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30 anos dos gêmeos do Guns N’ Roses: Use Your Illusion I e II

Com um fundo preto, temos o texto “You can Use Your Illusion let it take you where it may” em duas cores: metade em amarelo e vermelho e metade em azul e roxo. No centro, uma criança em preto e branco escrevendo em um livro em cima das suas pernas cruzadas.
Arte feita com as cores dos dois álbuns e a imagem do menino que se encontra no quadro “A Escola de Atenas”, abaixo da estátua de Atena à direita da obra (Foto: Three-Beat Designs)

Luize de Paula

Em 1991, de um pequeno recorte da detalhada obra A Escola de Atenas, do italiano Raphael, nasciam dois gêmeos. Os álbuns Use Your Illusion I e II foram lançados logo após os maiores hits da banda com o Appetite for Destruction de 1987. Atingindo logo o 1º lugar da Billboard, com quase um milhão de vendas no primeiro dia de lançamento, os dois álbuns venderam 18 milhões de cópias no mundo todo e cada álbum recebeu 7 vezes platina pela RIAA.

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Melancolia: 10 anos de colisão emocional

Cena do filme Melancolia em que há uma mulher vestida de noiva à esquerda, uma criança de terno preto no centro e uma mulher de vestido cinza à direita. Os três estão em um gramado e ao fundo há uma mansão.
Melancolia aborda em sua narrativa a objetificação das emoções (Foto: Zentropa Entertainments)

Gabriel Gatti

A melancolia é um estado de morbidez em que a pessoa apresenta abatimento físico e emocional. Esse sentimento tão comum é capaz de afetar qualquer pessoa independente das condições em que esta se encontra. Com o pensamento na escatologia, a trama se aproveita dessa condição emocional abstrata objetificando-a em um gigante planeta azul em rota de colisão com a Terra. A partir dessa premissa, a obra apresenta uma análise comportamental sobre duas irmãs e suas percepções com o fim da vida.

Essa aproximação entre psicologia, morbidez e arte é muito comum na cinematografia do repulsivo diretor dinamarquês Lars Von Trier, que ficou conhecido por suas polêmicas. Seus filmes costumam representar mulheres em estado de vulnerabilidade e inferioridade aos homens, sendo retratado diversas vezes de forma asquerosa o abuso e a violência contra a figura feminina.

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Nós comeremos bolo em frente ao mar para comemorar os 5 anos de DNCE

Capa do álbum DNCE. Os integrantes estão em uma sala amadeirada, com uma lareira antiga em cinza e tapete claro. Joe está mais próximo da câmera, sentado numa poltrona marrom com um acolchoado verde claro. Ele é branco, de cabelos curtos pretos com barba e bigode curtos. Ele veste uma camisa de manga longa e uma calça preta e está descalço, sentado com a perna esquerda cruzada. Ele segura uma xícara com pires brancos e está olhando para a câmera. Ao seu lado, está uma mesa pequena, redonda e alta com um prato com frutas. Em sua frente, está uma mesa de centro branca pequena, com alguns pratos com comida. Apoiada na lareira, está JinJoo Lee, mulher sul-coreana de cabelos pretos e rosas pretos em um coque. Ela veste um body preto sensual e botas pretas até metade da coxa. Seus pés estão apoiados numa pequena escada de madeira. Junto à lareira, estão três porta retratos pequenos e um quadrado grande de uma pintura antiga, com DNCE escrita em tinta verde fluorescente. Na ponta esquerda da lareira, há ainda um castiçal com 5 velas acesas. Atrás de JinJoo, está uma mulher mais velha, com roupas de faxineira pretas e brancas, limpando uma estante alta de livros. A mulher é branca, com a mão esquerda segura um espanador limpando uma prateleira e a mão direita está apoiada na cintura. Ela olha com indignação para JinJoo. Ao lado de JinJoo, mais abaixo, está Cole Whittle, sentado numa poltrona marrom com um acolchoado verde claro. Ele é branco e grita eufórico com um livro laranja aberto na mão direita. Ele veste uma camisa aberta preta estampada, meias azuis escuras até a canela com três listras vermelhas e uma bota preta. Ele está com a perna direita cruzada sob a outra. Apoiado na cadeira de Cole, está Jack Lawless. Ele é branco, de cabelos castanhos claros compridos até o ombro. Ele veste uma camisa preta com detalhes em branco e uma calça preta. Ele segura uma xícara branca com a mão direita e sua perna direita está levemente dobrada. Ao seu lado, está uma mesa pequena e baixa, com um telefone antigo e um vaso com flor vermelha.
“Coloque seus pés acima das mãos e D-N-C-E” (Foto: Republic Records)

Júlia Paes de Arruda

Depois de um impetuoso começo na carreira solo, Joe Jonas decidiu tentar outra forma de permanecer nos holofotes da Música. Com o término dos Jonas Brothers ainda recente, ele se uniu com seu amigo de longa data Jack Lawless para formar o DNCE, junto com a guitarrista JinJoo Lee e o tecladista Cole Whittle. Ainda que seu primeiro lançamento tenha sido uma incógnita, somente em 2016 que o quarteto sentiu seu deleite com a chegada de um álbum autointitulado. 

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