Escrever sobre Dalva de Oliveira é sempre um desafio. Seja pela dificuldade de encontrar, na internet, documentos e dados referentes à Rainha da Voz que de fato enriqueçam um texto, seja pelo medo de ser insuficientemente qualificado para esmiuçar os trabalhos de uma das maiores cantoras que o Brasil já teve, quando o assunto é este, as palavras costumam fugir de modo impiedoso – e até mesmo covarde. Mas a necessidade de memória grita mais alto, e embarcamos agora num desafio que pode ou não dar certo. Independentemente do resultado, entra em cena o reavivamento das lembranças, prelúdio básico para qualquer imortalidade.
São seis horas da tarde. O Zapping Zone começa com aquele gosto de comida de vó no jantar. Os olhos estão compenetrados na TV, aguardando o primeiro episódio da nova série do Disney Channel. A sinestesia é tão grande que quase posso me imaginar no sofá, com o olhar vidrado na vinheta promocional. Infelizmente, já não é 2011 e não tenho mais 11 anos. Porém, a lembrança permanece tão fresca na memória que nem parece que uma década se passou desde a estreia de Austin & Ally.
Aviso de prevenção de gatilho: Giles Corey pode contar com elementos possivelmente prejudiciais aos que sofrem com pensamentos suicidas ou depressão.
Frederico Tapia
Em 2011, Dan Barrett, membro da banda Have A Nice Life, lançou o primeiro e único LP sob o nome Giles Corey. A origem do nome adotado por Barrett é de um fazendeiro com o mesmo nome que viveu no século 17 e foi morto durante os julgamentos das bruxas de Salem. Ao longo dos 56 minutos que constituem o álbum, ele fala abertamente sobre suas lutas internas, principalmente contra a depressão e o suicídio. Ele mesmo afirma em seu perfil no Bandcamp:“Giles Corey são músicas acústicas sobre depressão, suicídio e fantasmas”.
O Começo do Fim do Mundo, em 1982, foi o principal marco do punk rock brasileiro. O festival em São Paulo contou com a participação das primeiras bandas nacionais com foco na contracultura e foi dividido em dois dias, onde grupos como Ratos De Porão e Cólera eram atrações. Porém, logo no segundo dia, a Polícia Militar invadiu o local para queimar documentos relacionados à ditadura. Dessa forma, no fim dos anos 90, com a continuação da tendência punk em 2001 – quase 20 anos depois do evento – o grupo Charlie Brown Jr. lança o seu quarto disco e demonstra que agora, no som nacional, a única coisa a ser queimada é a censura.
O álbum 100% Charlie Brown Jr – Abalando A Sua Fábrica teve importância não só na evolução do conjunto musical, mas também na releitura do punk rock ao modo brasileiro de ser. Com a saída do guitarrista Thiago Castanho, é o primeiro projeto sem a formação original da banda e gravado com todos os instrumentos ao mesmo tempo, no estilo garage rock. Se você acha que o termo “100% Charlie Brown Jr” é uma ironia à separação e possivelmente uma saída do convencional em grupo, você está certo. Afinal, é fato que o vocalista Chorão (Alexandre Magno) era dono de um caráter forte – um tanto quanto rebelde– e queria marcar presença de uma forma específica: Abalando A Sua Fábrica, independente de qual fosse.
Músicos são, geralmente, indivíduos que se alimentam da matéria sonora presente em seu tempo, buscando criar algo totalmente novo; por essa razão, a Música está sempre morrendo e renascendo. Quando tentamos classificá-la, surgem descrições que tendem a separá-la do todo, numa tentativa de evidenciar o que a define como única e distinguível àquela sociedade. Mas como classificar o ruído? Alguns podem chamar de shoegaze, gênero no qual My Bloody Valentine carrega o maior prestígio, e cujo hipnótico Loveless, segundo álbum de estúdio do grupo, completou 30 anos no começo de novembro.
Quando The Weeknd apareceu com o cabelo curto substituindo os seus icônicos dreadlocks, os fãs sabiam que a construção de uma nova identidade visual viria acompanhada de músicas inéditas. Afinal, ao contrário da grande parte dos artistas masculinos, Abel Tesfaye sempre soube compor grandes eras à ladivas pop. Assim, no outono americano, com o lançamento do videoclipe do primeiro single e faixa-título do seu terceiro álbum de estúdio, Starboy (2016), o cantor literalmente assassinou a persona do Beauty Behind The Madness (2015) e deu início ao projeto mais mainstream de sua carreira.
A palavra persona, de origem grega, é usada para designar um papel social, como uma profissão, ou um personagem, no qual o indivíduo passa a interpretar uma realidade que não é a sua. No campo da representação, é possível empregá-la para designar uma máscara. Nesse contexto de transposição de personalidade, somos apresentados a Elisabet e Alma, duas mulheres que se fundem ao longo da trama dirigida por Ingmar Bergman em 1966.
Em 1991, de um pequeno recorte da detalhada obra A Escola de Atenas, do italiano Raphael, nasciam dois gêmeos. Os álbuns Use Your Illusion I e II foram lançados logo após os maiores hits da banda com o Appetite for Destruction de 1987. Atingindo logo o 1º lugar da Billboard, com quase um milhão de vendas no primeiro dia de lançamento, os dois álbuns venderam 18 milhões de cópias no mundo todo e cada álbum recebeu 7 vezes platina pela RIAA.
A melancolia é um estado de morbidez em que a pessoa apresenta abatimento físico e emocional. Esse sentimento tão comum é capaz de afetar qualquer pessoa independente das condições em que esta se encontra. Com o pensamento na escatologia, a trama se aproveita dessa condição emocional abstrata objetificando-a em um gigante planeta azul em rota de colisão com a Terra. A partir dessa premissa, a obra apresenta uma análise comportamental sobre duas irmãs e suas percepções com o fim da vida.
Essa aproximação entre psicologia, morbidez e arte é muito comum na cinematografia do repulsivo diretor dinamarquês Lars Von Trier, que ficou conhecido por suas polêmicas. Seus filmes costumam representar mulheres em estado de vulnerabilidade e inferioridade aos homens, sendo retratado diversas vezes de forma asquerosa o abuso e a violência contra a figura feminina.
Depois de um impetuoso começo na carreira solo, Joe Jonas decidiu tentar outra forma de permanecer nos holofotes da Música. Com o término dos Jonas Brothers ainda recente, ele se uniu com seu amigo de longa data Jack Lawless para formar o DNCE, junto com a guitarrista JinJoo Lee e o tecladista Cole Whittle. Ainda que seu primeiro lançamento tenha sido uma incógnita, somente em 2016 que o quarteto sentiu seu deleite com a chegada de um álbum autointitulado.