Com pai e filho reunidos, a 3ª temporada de The Mandalorian segue O Caminho para o Emmy

Cena da terceira temporada da série The Mandalorian na qual Grogu e Din Djarin estão juntos na nave do Mandaloriano. Grogu está em seus braços, atento a tudo o que está acontecendo, enquanto o mais velho adormece durante a viagem que estão fazendo.
Após dois anos de muita espera, a terceira temporada de The Mandalorian chegou ao Disney+ desafiando a memória dos fãs a relembrarem os acontecimentos anteriores (Foto: Lucasfilm)

Gabriela Bita

Com um começo lento, mas intrigante, e um final explosivo, a terceira temporada de The Mandalorian apresenta força suficiente para, assim como as anteriores, concorrer ao Emmy de 2023. Contando com uma produção visual de tirar o fôlego, os oito novos episódios apresentam um foco diferente — mas muito bem explorado e desenvolvido — do observado anteriormente, o que pode causar um estranhamento inicial para os admiradores da história. Nessa nova fase, continuamos a ser presenteados com a fofura de Grogu e partimos com ele e seu mentor em busca da redenção do Mandaloriano nas minas de seu planeta natal.

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Do interior à metrópole, Marina Sena se arrisca com Vício Inerente

Capa do álbum Vício Inerente. Nela está a cantora Marina Sena sentada ao meio em uma estrutura reflexiva metálica que aparenta ser uma caixa com fundo de uma cidade. Ela está com meias longas pretas sentada acima de suas panturrilhas. Enquanto segura uma concha brilhante em seus ouvidos, seus cabelos longos e pretos aparentam movimento esvoaçante e sua pele clara é iluminada por sua maquiagem. Em seu rosto está marcado uma sombra prateada em seus olhos fechados. Acima à esquerda o símbolo MS que nomeia a artista.
Marina Sena participou do projeto Foundry do YouTube Music em 2021, focado em impulsionar e divulgar artistas no começo da carreira (Foto: Sony Music)

Henrique Marinhos

Em seu segundo álbum, Vício Inerente, Marina Sena apresenta uma evolução em relação ao seu álbum de estreia, De Primeira, que fez tanto barulho no cenário brasileiro em 2021. Com influências de gêneros como reggaeton, drill, trap e funk, a artista experimenta novas sonoridades e se arrisca em texturas eletrônicas, resultado de uma colaboração estreita com seu produtor Iuri Rio Branco, que a acompanha desde o início. Aqui, a cantora apresenta um som mais maduro e coeso, consolidando sua posição no cenário pop nacional.

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Aprendendo com seus acertos, a 2ª temporada de Abbott Elementary ensina a fazer comédia

Cena de Abbott Elementary. Nela vemos a personagem de Quinta Brunson, Janine, uma mulher negra, adulta, de cabelo cacheado. Janine usa uma camiseta branca com um personagem de um notebook, com olhos e braços. Janine está sorrindo e com a mão direita na cintura. Ela está na biblioteca da escola e ao fundo, há um gráfico verde e ao lado, uma foto do Elon Musk, com sua então esposa na época, Grimes, porém, na imagem a foto está cortada.
A carreira da showrunner Quinta Brunson começou quando ela viralizou com uma série de vídeos em seu Instagram enquanto ainda era funcionária de uma loja da Apple (Foto: ABC)

Guilherme Veiga

Se existe uma coisa que é intrínseca à grande parcela de nós, é a escola. Presente em uma parte considerável de nossas vidas, é nela que desenvolvemos a totalidade de quem somos. Dos professores que amamos aos que odiamos, dos amigos que duram para a vida inteira aos que nos despedimos a cada formatura, dos discursos de ‘vocês são a pior sala da escola’ às provas aparentemente impossíveis de ciências para a época; sem dúvidas, aquele ambiente quase que fabril a lá Tempos Modernos, das filas, do hino nacional antes da aula e das decorebas de fórmulas, é um dos grandes responsáveis por nos moldar.

Um ambiente tão factível também é uma faca de dois gumes nas telas. Se, por um lado, a representatividade é quase instantânea – vide os corredores das séries teen da Nickelodeon como ICarly e Victorious ou as aulas da Srta. Morello em Todo Mundo Odeia o Chris -, por outro, é extremamente complicado ir além dessa visão comum de tantos. Porém, é exatamente esse desafio que Abbott Elementary, o novo e já queridinho nome das sitcoms, se propõe.

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As férias de verão sem fim de Miley Cyrus terminaram cedo demais

Capa do álbum Endless Summer Vacation. Na imagem, Miley Cyrus se pendura com as duas mãos apoiadas em uma barra suspensa por correntes. Ela é uma mulher branca de olhos claros. Seu cabelo está dividido entre mechas loiras e escuras, Cyrus veste um traje de banho com cortes laterais, um salto alto e um óculos de sol, todos na mesma cor: preto. Ao fundo, um degradê entre os tons de azul toma conta da paisagem.
Após o sucesso estrondoso do lead single Flowers, Miley Cyrus lançou e esqueceu o seu oitavo álbum de estúdio (Foto: Brianna Capozzi)

Nathalia Tetzner

Vestindo a carapuça, ou melhor, o manto dourado que encobre as divas do pop traídas, Miley Cyrus começou 2023 colocando o pé na porta da casa em que o ex-marido a traiu com 14 mulheres e com a passagem comprada para uma férias de verão sem fim. Acontece que ambos se provaram uma ilusão: as estatísticas foram inventadas pelos fãs, devotados em trazer Cyrus de volta ao topo, e a tão sonhada celebração de uma das vozes mais potentes da geração com o disco Endless Summer Vacation chegou ao fim antes mesmo de começar, se tornando apenas uma daquelas noites quentes em que o frio parece dominar o psicológico.

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Há 5 anos, Vingadores: Guerra Infinita se tornava clássico em um estalar de dedos

Vingadores: Guerra infinita celebrou os 10 anos de Marvel Studios e iniciou a conclusão da saga (Foto: Marvel Studios)

Davi Marcelgo 

Aqui é a nave Estadista de refugiados asgardianos. Estamos sob ataque. Repito: estamos sob ataque. Os motores morreram, o suporte de vida está falhando. Solicitando ajuda de qualquer nave próxima. Estamos a 22 pontos de salto de Asgard. Os tripulantes são famílias asgardianas. Há poucos soldados aqui. Esta não é uma nave de guerra. Repito: esta não é uma nave de guerra”. Afastada da trilha épica ou das costumeiras músicas oitentistas hiper-animadas, a abertura de Vingadores: Guerra Infinita (2018) pede por socorro. Mal sabíamos que, depois de 2h30 de exibição, nós é que iríamos implorar por socorro.

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Há 20 anos, Spike Lee e Edward Norton contavam A Última Noite de um homem em Nova York

Monty quase foi interpretado por Tobey Maguire, que, apesar de ter recusado o papel para estrelar Homem-Aranha, acabou sendo um dos produtores do longa (Foto: Touchstone Pictures/The Walt Disney Company)

Nathan Nunes

Nos vinte anos que separam os dias atuais da estreia de A Última Noite (25th Hour) nos cinemas brasileiros, em 23 de Maio de 2003, talvez nenhuma cena tenha marcado tanto quanto o monólogo que Edward Norton (Glass Onion) recita em frente ao espelho de um banheiro, no qual reflete sobre como odeia tudo e todos em sua cidade. Esse momento não estava presente no roteiro inicial de David Benioff, mas sim em seu livro homônimo, objeto da adaptação. O diretor Spike Lee (Infiltrado na Klan) encorajou o futuro showrunner de Game of Thrones a colocá-lo de volta nos planos, além de tê-lo filmado a contragosto da Disney, que o queria fora do corte final. 

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Em The Last of Us, nós continuamos pela família

Cena da primeira temporada de The Last of Us. Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey) estão no alto de um edifício em ruínas, olhando na direção da câmera para o nascer do Sol. Joel, à esquerda da tela, é um homem latino de meia idade, com cabelos curtos e barba preta, já com vários fios grisalhos. Ele usa uma jaqueta verde clara por cima de uma camisa cinzenta. Podemos ver as alças de uma mochila passando por seus ombros, além de uma alça transversal que vai de seu ombro esquerdo até sua cintura. Joel segura essa alça com sua mão esquerda, deixando exposto um relógio analógico preso em seu pulso. Ellie, à direita da tela, é uma menina caucasiana de cabelos negros presos em um rabo de cavalo. Ela usa uma jaqueta encapuzada aberta por cima de uma camiseta cinza-clara. Em seu ombro esquerdo, já uma lanterna tubular presa na alça de sua mochila, apontada para frente. A câmera os captura da cintura para cima, e atrás deles podemos ver edifícios arruinados, tomados por vegetação e caindo aos pedaços, e uma massa de água ainda mais ao fundo do horizonte.
“Não pode ser em vão” (Foto: HBO)

Gabriel Oliveira F. Arruda e Nathália Mendes

Ecoando sua celebrada minissérie Chernobyl, Craig Mazin nos inicia em The Last of Us com um prólogo: em um talk show dos anos 1960, acompanhamos um biólogo carismático (John Hannah) que avisa tanto o entrevistador (Josh Brener) quanto a plateia que o verdadeiro perigo para a extinção da raça humana não são vírus ou bactérias, mas os fungos. Quando questionado sobre o que aconteceria no evento destes organismos evoluírem para nos infectar, ele responde com um simples “Nós perderíamos”. E, pelas próximas nove semanas, fomos convidados a imaginar como seria um mundo onde é justamente isso o que aconteceu: nós perdemos.

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E o Grammy vai para…Daisy Jones & The Six!

Aviso: o seguinte texto discursa sobre temas que podem se tornar gatilhos para algumas pessoas que sofrem/sofreram com dependência química e violência sexual.

Fotografia da série Daisy Jones & The Six. Na foto, os personagens Billy Dunne e Daisy Jones estão centralizados. Da esquerda para a direita, temos Daisy. Ela é ruiva, tem cabelos longos e cacheados nas pontas, usa um brinco redondo e roupas brancas com transparência. Ela está de olhos fechados. Ao seu lado, Billy possui cabelos castanhos e ondulados na altura dos ombros, usa uma jaqueta marrom e uma camisa branca. Ele olha para o horizonte. O cenário atrás dos dois é de um céu azul límpido, e a luz amarelada do pôr do sol os ilumina.
Entre brigas, farpas e composições, Billy e Daisy nos hipnotizaram com a famosa fórmula enemies to lovers (Foto: Amazon Prime Video)

Clara Sganzerla e Letícia Stradiotto

Separe sua calça boca de sino, seu óculos escuro, uma blusa com a estampa mais divertida do seu armário e entre na atmosfera dos anos 70 com a banda mais incrível que, até então, não existia. A nova série do Amazon Prime Video, baseada no livro de mesmo nome da autora Taylor Jenkins Reid, nos apresenta, com muito drama, romance e emoção, a ascensão e queda do grupo mais polêmico e amado do Reidverso. Antes de mergulhar na Los Angeles regada a drogas, sexo e rock n’ roll, não esqueça seus fones de ouvido e prepare-se para se apaixonar, chorar e voltar no tempo com Daisy Jones & The Six

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Os curtas brasileiros do 28º Festival É Tudo Verdade

Na 28ª edição do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade, o Persona acompanhou os filmes da Competição Brasileira de Curtas-Metragens (Foto: Hans Gunter Flieg/Acervo Instituto Moreira Salles/É Tudo Verdade/Arte: Ana Clara Abbate/Texto de abertura: Bruno Andrade)

Entre os dias 13 e 23 de abril, o Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade voltou totalmente às salas presenciais dos cinemas espalhados em São Paulo e Rio de Janeiro. Com exibições gratuitas no Centro Cultural São Paulo, Cine Marquise, Cinemateca Brasileira, Sesc 24 de Maio e IMS Paulista, o festival teve também Sessões Especiais virtuais, exibindo nas plataformas de streaming Itaú Cultural Play e Sesc Digital sete dos nove filmes da Competição Brasileira de Curtas-Metragens e dois longas da Mostra Foco Latino-Americano (Beleza Silenciosa, de Jasmín Mara Lópeza, e Hot Club de Montevideo, de Maximiliano Contenti).

Com 72 títulos de 34 países, o festival – fundado em 1996 por Amir Labaki – homenageou dois grandes cineastas na sua 28ª edição: Humberto Mauro (1897–1983), “um dos inventores do Brasil cinematográfico”, que “impõe-se quando o próprio país e logo seu Cinema enfrentam nova reconstrução”, exibindo dez de seus filmes e dois documentários; e Jean-Luc Godard (1930–2022), com a apresentação dos oito episódios da sua série documental História(s) do Cinema (1987-1998), considerada a obra-prima da última parte de sua carreira, cujo conteúdo foi constantemente retrabalhado pelo autor e cuja produção durou cerca de dez anos.

O alcance do É Tudo Verdade, o maior festival de Documentários do mundo, é reconhecido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que classifica diretamente os filmes vencedores dos prêmios dos júris nas Competições Brasileiras e Internacionais de Longas/Médias e de Curtas-Metragens para apreciação ao Oscar do próximo ano. Longe das sessões presenciais, o Persona assistiu à distância os curtas-metragens brasileiros disponíveis no streaming. Dos sete filmes da Competição Brasileira de Curtas exibidos remotamente, quatro tiveram sua estreia mundial no É Tudo Verdade, que também expôs, apenas presencialmente, Ferro’s Bar (Menção Honrosa na categoria), dirigido por Aline A. Assis, Fernanda Elias, Nayla Guerra e Rita Quadros, e O Materialismo Histórico da Flecha Contra o Relógio, de Carlos Adriano.

Mãri hi – A Árvore do Sonho, de Morzaniel Ɨramari, além de ter sua estreia mundial no É Tudo Verdade, foi o grande vencedor da Competição Brasileira de Curtas-Metragens, recebendo também o Prêmio Mistika. Produzido em parceria da ARUAC Filmes com a Hutukara Associação Yanomami, o curta do cineasta yanomami aborda o conhecimento de seu povo sobre os sonhos, com a participação e narração da liderança indígena e xamã, Davi Kopenawa. “A luta yanomami vai continuar até o fim”, disse Ɨramari.

Abaixo, você fica com a curadoria do Persona feita por Bruno Andrade, Enzo Caramori, Guilherme Veiga, Jamily Rigonatto, Nathalia Tetzner e Vitória Gomez, que deixam suas impressões sobre Os curtas brasileiros do 28º Festival É Tudo Verdade.

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Estante do Persona – Março de 2023

Imergindo na subjetividade, o Clube do Livro de Março conheceu a franqueza de Aurora Venturini em As Primas (Foto: Fósforo/Arte: Aryadne Xavier/Texto de Abertura: Jamily Rigonatto)

“Mas tudo passa neste mundo imundo. Por isso não faz sentido se afligir demais por nada nem ninguém. Às vezes penso que somos um sonho ou um pesadelo realizado dia após dia que a qualquer momento não será mais, que não aparecerá mais no telão da alma para nos atormentar.”

– Aurora Venturini

Aprofundando os laços familiares, o Clube do Livro do Persona escolheu os ares argentinos para guiar os ventos no terceiro mês do ano. Sob as linhas de uma protagonista de personalidade forte, as páginas de As Primas, de Aurora Venturini, encaminharam uma leitura curiosa e repulsivamente divertida. Definida como uma espécie de autobiografia, a obra é narrada por Yuna, uma mulher com deficiência vivendo rodeada de um contexto trágico em que a violência e a vulnerabilidade social abraçam mulheres e seus laços sanguíneos. 

Com características únicas, o livro não performa o mais politicamente correto dos textos. Sob os pensamentos, julgamentos e o nojo voraz carregados pela personagem principal, somos afundados em uma narrativa sem filtros na qual o incomum ganha forma em linhas curvas e manchas de tinta. O movimento atípico se reflete na construção de uma escrita que considera a pontuação secundária e dá holofotes à sinceridade liberta. 

Em 160 páginas, Yuna detalha as figuras de sua família e os eventos assombrados que a perseguem enquanto registra tudo em cor e sombra através de suas pinturas. Sob as pinceladas, aborto, prostituição, morte e abuso ganham retratações ácidas. Entre a mãe, a irmã Betina, a tia Nenê e as primas Carina e Petra, o grotesco e o desatino remontam um viés peculiar da vivência de vítimas da opressão oferecida pelo destino. 

O romance é o primeiro e único das mais de 40 publicações de Aurora e marca sua estreia no universo literário da América Latina. Em um deslumbramento brutal, o escrito consagrou a literata aos 85 anos com o prêmio Nueva Novela em 2007. No Brasil, a obra ganhou a primeira versão em setembro de 2022 pela Editora Fósforo e foi traduzida por Mariana Sanchez. 

Em tons insólitos, As Primas causou um rebuliço comicamente miserável. Para não perder o costume, os membros da nossa editoria não falham em dar opções aos que querem adentrar relações similarmente complicadas, mas também contemplam os interessados em conhecer outras das infinitas possibilidades oferecidas pela Literatura. Por isso, o Estante do Persona de Março deixa suas primorosas indicações para estampar o cinza outonal.

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