Tudo Sobre os Indicados ao Emmy 2021

Arte retangular horizontal de fundo laranja. No canto superior esquerdo, foi adicionado o texto 'tudo sobre os indicados ao'. Abaixo, foi adicionado o texto 'emmy 2021', estilizado para que se veja apenas o contorno das letras. Abaixo, foi adicionado o logo do Persona com a íris do olho em laranja, e ao lado esquerdo, no canto inferior, o troféu do Emmy na cor preta. Do centro da imagem até o extremo direito, foram adicionadas 6 molduras pretas, em 2 fileiras de 3 molduras lado a lado. Primeira fileira: dentro da primeira moldura, foi adicionada a imagem do ator Michael K. Williams, por seu personagem em Lovecraft Country. Na segunda moldura, foi adicionada a imagem de MJ Rodriguez, por sua personagem em Pose. Na terceira moldura, foi adicionada a imagem da cantora Billie Eilish. Segunda fileira: Dentro da primeira moldura, foi adicionada a imagem de Lin-Manuel Miranda, por seu personagem em Hamilton. Na segunda moldura, foi adicionada a imagem das atrizes Maya Erskine e Anna Konkle, por suas personagens na série PEN15. Na terceira moldura, foi adicionada a imagem da atriz Anya Taylor-Joy, por sua personagem em O Gambito da Rainha.
Os destaques do Emmy 2021: Lovecraft Country, Pose, Billie Eilish: The World’s A Little Blurry, Hamilton, Pen15 e O Gambito da Rainha (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Vitor Evangelista)

Preparem a pipoca de microondas e gelem as garrafas de coca-cola, pois o Emmy 2021 está batendo à porta. A 73ª edição dos prêmios da Academia de Televisão acontece no dia 19 de setembro, e no ano em que a pandemia judiou das séries consagradas do Oscar da TV, o Persona traz um conteúdo completo e multifacetado, abrangendo, entre séries de comédia e drama, animações, programas de competição, de variedades, documentários, telefilmes, séries limitadas e antologias, 72 produções que concorrem ao Emmy desse ano.

Lendo esse compilado, você fica por dentro de tudo que está rolando na premiação, sabe em quem apostar (pode ir em Ted Lasso, confia em mim) e ainda descobre quais foram os esnobados e injustiçados da vez. Começando pelo gênero da Comédia, muitas vezes erroneamente tido como o menos importante da seleção, a série da Apple TV+ com o técnico bigodudo sai na frente em todas as corridas que disputa.

A benevolência de Lasso, por outro lado, rivaliza de maneira harmoniosa com a acidez de Hacks, seriado do HBO Max que encontra em Jean Smart um veículo de sagacidade, mau humor e um estudo sobre a mudança da Comédia na TV. Simplesmente imperdível, assim como sua colega de emissora, The Flight Attendant, dramédia misteriosa que tira Kaley Cuoco da vida nerd de The Big Bang Theory, e a coloca dentro de aviões em viagens longas, recheadas de alcóol e até um assassinato.

Na lista mais fraca em anos, Melhor Série de Comédia iluminou a brilhante Pen15 e todo seu humor cringe, mas ainda não o bastante para que as soberbas Anna Konkle e Maya Erskine apareçam na lista principal de atuação. Quem também se sobressai da mediocridade é a sétima temporada de black-ish, sitcom que se mantém firme e forte com o casal protagonista figurando em suas respectivas disputas.

Cobra Kai surpreendeu (e o cheque da Netflix caiu) com a menção na categoria principal, e O Método Kominsky conseguiu ser indicado pela terceira vez. A surpresa, no entanto, ficou com a lembrança de Emily em Paris, na briga que poderia ter indicado obras mais pomposas, como Dickinson (completamente esnobada) ou Zoey e sua Fantástica Playlist (que abocanhou algumas menções técnicas). A ausência de comédias de nome, a exemplo de What We Do in the Shadows, Atlanta, Insecure, Barry e The Marvelous Mrs. Maisel, abriu espaço para que a seleção de 2021 se diferenciasse do esperado.

Reconhecidas somente com suas brilhantes atuações estão o final de Mom, o final de Shrill e o final de Shameless. O começo de Kenan foi agraciado com a menção de seu personagem-título Kenan Thompson, que também aparece como um dos favoritos ao prêmio de Ator Coadjuvante, dessa vez por Saturday Night Live. A corrida masculina, de fato, enxergou uma superlotação do elenco de Ted Lasso, que faz companhia a Thompson e ao brilhante Bowen Yang, na disputa da honraria.

Com Insecure fora do período de elegibilidade, a pontinha de Issa Rae em A Black Lady Sketch Show rendeu à atriz uma indicação como Convidada. A série-filha de black-ish, grown-ish, recebeu a primeira nomeação de sua existência, pela Fotografia da terceira temporada, enquanto Girls5eva, esperando ser lembrada na categoria principal, só ouviu o nome de Meredith Scardino como Melhor Roteiro. Fecham a seleção de Comédia as esquecidas B Positive, The Politician e Made for Love.

Na parte das séries animadas, Big Mouth retorna com a quarta temporada na esperança de sua joia rara Maya Rudolph vencer novamente o Emmy de Performance de Voz, enquanto South Park foi reconhecido, pela primeira vez em sua longa jornada pela TV, pelo episódio especial da pandemia. Outra queridinha da Academia é Love, Death + Robots, que voltou com um ano mais curto, mas igualmente satisfatório.

Quando o assunto são os Documentários e os Programas de Não-Ficção, o Emmy definiu uma regra base: se o filme for indicado ao Oscar, não pode fazer dobradinha aqui. Dito isso, nomes esquecidos na cerimônia que logrou Professor Polvo, como O Dilemas das Redes, As Mortes de Dick Johnson, Bem-vindo à Chechênia e Boys State, agora podem ser agraciados com esse outro troféu dourado. 

Na lista de 2021, marcam presença os filmes musicais Tina, Billie Eilish: The World’s A Little Blurry, David Byrne’s American Utopia e The Bee Gees: How Can You Mend A Broken Heart, além do histórico Tulsa Burning: The 1921 Race Massacre. No formato seriado, Allen contra Farrow fez barulho, Faz de Conta que NY é uma Cidade nos agraciou com afeto e Framing Britney Spears ressoou no mundo real. 

No maior prêmio da noite, 8 dramas batalham pelo reconhecimento sem a sombra de Succession. O suprassumo da quarta temporada de The Crown pode, finalmente, colocar um Emmy de Melhor Série na estante da Netflix. Aliás, o amor pela chegada da Lady Di e da Dama de Ferro emplacou a produção à frente em todas as seis categorias de atuação, além de Roteiro e Direção. Ano passado, Schitt’s Creek provou que é muito possível um único nome clamar todos os troféus do gênero. Será que a criação de Peter Morgan repetirá esse legado?

Na cola da família real, a segunda temporada de The Mandalorian continua o fenômeno nerd, envelopado numa trama de faroeste espacial e ainda conta com a fofura de Grogu, o nome do batismo do nosso filhinho Baby Yoda. O ano 2 da série do Disney+ encheu de nomes as categorias de atuação, além de Roteiro e Direção, mas a ausência de Pedro Pascal em Ator Principal é mais uma vez sentida. Outro nome popular da disputa é The Handmaid’s Tale, que depois de um ano fraco, renasce poderosa.

Com 10 nomeações apenas para o elenco, a quarta temporada trouxe novo ar aos pulmões calejados da trama de June, que sai de Gilead e começa, lentamente, é claro, a tocar o terror. This Is Us, única representante da TV aberta na disputa, bateu ponto, mas sem chance alguma de sair coroada. Bridgerton performou aquém do esperado, e além de aparecer em Série e Direção, iluminou o boa pinta Regé-Jean Page na categoria principal. 

The Boys, por outro lado, surpreendeu com a lembrança em Série e Roteiro, mas que falta faz o nominho de Anthony Starr entre os Melhores Atores de 2021. Quem marca presença lá é o lendário Billy Porter, que busca finalizar seu ciclo em Pose repetindo a vitória do ano inicial. Por falar em Pose, o terceiro ano fez história colocando Mj Rodriguez na briga de Atriz, tornando a querida Blanca Evangelista a primeira pessoa trans indicada em uma categoria de atuação principal.

Para fechar a lista das 8 melhores, temos Lovecraft Country. Criada por Misha Green, a original HBO foi cancelada logo antes do Emmy anunciar suas 18 nomeações. Além de aparecer em disputas principais de Série, Ator, Atriz e Atriz Coadjuvante, a série nomeou o eterno Michael K. Williams como Melhor Ator Coadjuvante, pelo visceral papel de Montrose. O ator, que já deu vida a personagens imortais mas nunca venceu um Emmy, foi encontrado morto no começo do mês, poucos dias antes da cerimônia. Antes de seu falecimento, Williams já era considerado favorito na disputa.

Os Especiais de Euphoria, impedidos de concorrer nas categorias grandes, abocanharam menções no Emmy Criativo (que esse ano acontece em 11 e 12 de setembro). Perry Mason conseguiu emplacar Matthew Rhys e John Lightown, ao passo que Ratched foi reconhecida por seu melhor atributo: a interpretação sobrenatural de Sophie Okonedo. The Umbrella Academy figurou em listas técnicas, In Treatment voltou após o hiato de uma década para dar o reconhecimento para Uzo Aduba em seu primeiro papel como protagonista, e a aparição de 90 segundos de Don Cheadle em Falcão e o Soldado Invernal foi o bastante para a Academia nomeá-lo como Convidado.

No campo dos Especiais de Variedades (Pré-Gravados), temos 3 destaques. Friends: The Reunion, aguardado reencontro do elenco da maior Comédia da TV, indicou Courteney Cox ao Emmy pela primeira vez. Dos 6 amigos, Monica era a única deixada ao relento pela Academia, sem qualquer menção nos dez anos de rodagem da sitcom. Bo Burnham: Inside coroou seu criador em todas as áreas imagináveis, desde o roteiro até as criações sonoras e musicais. 

Hamilton, musical gravado do Disney+, apareceu em tudo onde teve direito: foram reconhecidos o trabalho estonteante de Lin-Manuel Miranda e a entrega feroz de Leslie Odom, Jr., além da verdade impressa por Philippa Soo e o fogo dos olhos e da voz de Renée Elise Goldsberry, o jeito canastrão de Jonathan Groff, o ar despojado de Daveed Diggs e a inocência descomunal de Anthony Ramos. Todos eles, aliás, concorrem nas categorias de Série Limitada ou Antologia ou Telefilme. Hamilton, entretanto, é caracterizado como um Especial de Variedades. 

O ponto dos Telefilmes também cai em uma regra de disputa com o Oscar. Aqui, se a obra foi sequer considerada para nomeação em Cinema, ela automaticamente está fora da disputa da TV. 2021 se provou uma safra fraca para a categoria que premiou o volumoso Má Educação ano passado. Agora, o prêmio ficará entre o romântico O Amor de Sylvie, o sincero Tio Frank, o necessário Robin Roberts Presents: Mahalia, o burocrático Oslo e o bem-aventurado Natal com Dolly Parton.

Sem o nome de Minissérie no título, a disputa de Série Limitada ou Antologia é mais acirrada do Emmy 2021. WandaVision é a campeã de nomeações, mas suas chances de vitória podem ser eclipsadas pelo caráter super-heróico da produção, que lida com pontos importantes de saúde mental, como luto e depressão, ao mesmo tempo em que homenageia a TV como gênero e formato. Tudo isso encapsulado na fórmula Marvel e com o confeito da atuação mirabolante de Kathryn Hahn no papel da vizinha enxerida/vilã formidável.

Campeã dos prêmios de inverno, O Gambito da Rainha alcançou a façanha de ser reconhecida em todas as Guildas e Sindicatos da indústria, mas a estreia lá no fim de 2020 parece distante demais para os louros da Academia, seu passo final antes de encerrar as atividades e depois de vencer o Globo de Ouro, o Critics Choice Awards e o SAG. Outro nome importante do ano é I May Destroy You, que rendeu 4 merecidas nomeações para sua estrela máxima, Michaela Coel, além de lembrar, ainda bem, da performance irretocável de Paapa Essiedu, como Ator Coadjuvante.

The Underground Railroad, estreia de Barry Jenkins na TV, performou abaixo do merecido, lembrado apenas em categorias técnicas, em Série e em Direção. A esnobada de Thuso Mbedu nunca será perdoada, Academia! Enquanto a produção do Amazon Prime Video sofre como a única sem indicações de atuação, Mare of Easttown fecha a lista que batalha pelo disputado prêmio de Série Limitada, entregue à incomparável Watchmen em 2020. Protagonizada por uma faminta por aclamação Kate Winslet, a trama investigativa cresce para além de seu molde detetivesco, dando a seu elenco momentos dignos e que ficarão marcados para suas carreiras: Jean Smart, Evan Peters, Guy Pearce, Angourie Rice e, em especial, Julianne Nicholson, todos arrasam nesse time de estrelas.

Fora da lista principal, se destacam a atuação de Ewan McGregor em Halston e a de Cynthia Erivo em Genius: Aretha. O tato inimitável artístico de Steve McQueen em Small Axe foi completamente ignorado, assim como a destreza de Ethan Hawke, que estrelou, escreveu e produziu The Good Lord Bird, tudo para ser deixado de fora da categoria de Melhor Ator, essa que nomeou o trabalho libertino de Hugh Grant em The Undoing. Protagonista de edições passadas, Fargo ficou limitada à disputas técnicas, e A Maldição da Mansão Bly foi nomeada como uma das melhores edições de som do ano.

Ufa! A lista é gigantesca e o nível de qualidade do conteúdo do Persona é maior ainda. Na extensa e complexa cobertura do Emmy 2021, esse compilado dos indicados à premiação coroa um trabalho de pesquisa e informação, mas não para por aqui. A diversidade na lista do prêmio da Academia deve ser celebrada e espalhada, assim como os incríveis nomeados da edição. Para mergulhar de vez, é só rolar a página e ler o que a Editoria e os Colaboradores destacaram nesta temporada de premiações.

Comédia

Chutou Ted Lasso é gol (Foto: Apple TV+)

Ted Lasso (1ª temporada, Apple TV+) 

Ted Lasso sai da Série B para levar o título da Série A. Perdida no fundo do catálogo da Apple TV+, Ted Lasso começou a ganhar os olhos do público após Jason Sudeikis vencer o Globo de Ouro. A produção sobre um treinador de futebol norte americano que é contratado para treinar um time de futebol inglês, mesmo não sabendo bulhufas, é favorita absoluta para erguer a taça, ou melhor, a estatueta de Melhor Série de Comédia. 

E não é pra menos, Ted Lasso é responsável por algo que há tempos as séries de comédia não faziam: tirar risos fáceis. Com a avalanche de coisas ruins que vivemos desde 2020, a série traz leveza com sua produção coesa, bons atores e narrativa sem apelos. Não é à toa que Ted Lasso recebeu 20 nomeações ao Emmy 2021, e levará muitas delas. Além da estrela Sudeikis, os coadjuvantes dão uma base resistente para o time de Ted Lasso, também garantindo suas indicações e submetendo episódios essenciais para o desenvolvimento das respectivas personagens. O atacante está em posição legal, só basta receber o cruzamento. – Ana Júlia Trevisan


Cena da série Hacks. A cena mostra Deborah e Ava olhando para uma parede de fotos, no corredor de um bar. Deborah é uma mulher branca, loira e idosa, ela veste uma blusa cinza e segura a bolsa bege rente ao corpo. Ava é uma mulher branca, jovem e loira, que está de braços cruzados olhando para a parede de fotos, usando um suéter vermelho.
Jean Smart, duplamente indicada ao Emmy 2021, é show de bola na comédia Hacks (Foto: HBO Max)

Hacks (1ª temporada, HBO Max)

Não fosse um otimista treinador americano de futebol, esse seria o ano de Hacks no Emmy. Protagonizada por uma visceral, amedrontadora e imbatível Jean Smart, a produção do HBO Max narra os percalços tardios na carreira de Deborah Vance (Smart), uma comediante lendária, que após complicações em sua rotina de trabalho em um cassino de Las Vegas, contrata Ava (papel de Hannah Einbinder), uma millennial recém-cancelada, que passa a trabalhar como sua “roteirista”. 

Nenhuma das mulheres quer a presença da outra, mas os dez episódios navegam entre farpas e momentos de reconhecimento e empatia ácida. Hacks vai além do que seu título sugere (alguém que trabalha por razões mercenárias), e nos mostra conflitos geracionais que fogem do comum, até mesmo em um grau de metalinguagem, onde a comédia de punchlines e piadas prontas de Vance bate de frente com a modernidade do humor autodepreciativo e menos “arquitetado” de Ava.

A fanfarra rendeu 14 menções ao Emmy 2021. Smart é a favorita para vencer Atriz, Einbinder concorre em Coadjuvante, assim como Carl Clemons-Hopkins, perfomer não-binário que interpreta o braço direito de Vance, Marcus, e diverte pelo jeito taciturno de se portar em cena. Jane Adams, que vive a melodramática mãe de Ava, apareceu na categoria de Convidada, submetendo o funeral que fecha a temporada. O piloto de Hacks, There Is No Line, ainda disputa em Roteiro (nomeando os criadores Lucia Aniello, Paul W. Downs e Jen Statsky) e em Direção, além da série ser o grande obstáculo que pode separar Ted Lasso e o Emmy de Melhor Comédia. – Vitor Evangelista


Cena da primeira temporada de The Flight Attendant. Cassie (Kaley Cuoco) está olhando nervosamente para trás enquanto caminha da direita para a esquerda com sua amiga, Megan (Rosie Perez). Cassie é caucasiana, loira e tem olhos verdes, enquanto Megan é hispânica, com cabelos e olhos castanhos. Ambas vestem o vestido azul da companhia aérea para a qual trabalham como comissárias. Cassie segura uma bolsa de couro preta no ombro direito enquanto Megan carrega uma no ombro esquerdo. Na frente delas caminha uma terceira comissária, Jada (Yasha Jackson), que é negra e tem o cabelo preto puxado para trás num coque. Não vemos seu rosto, mas ela usa as mesmas roupas de Cassie e Megan, com um crachá pendurado em seu pescoço com um cordão azul.
Kaley Cuoco conquistou sua primeira indicação ao Emmy por sua performance como a paranoica protagonista de The Flight Attendant (Foto: HBO Max)

The Flight Attendant (1ª temporada, HBO Max)

A comédia de Kaley Cuoco decolou ano passado no HBO Max, narrando as desventuras tragicômicas de Cassie Bowden, e rendendo à The Flight Attendant nove indicações no Emmy 2021. A primeira indicação de Cuoco à Melhor Atriz em Comédia vem mais do que merecida, marcando a jornada introspectiva de uma comissária de bordo alcóolatra em meio às intrigas internacionais que se iniciam em In Case of Emergency, episódio submetido pela atriz para a premiação.

Por mais que Rosie Perez agregue à trama com sua comissária de bordo mais centrada e sutil, as promessas de sua personagem ficam com a segunda temporada, e seu papel aqui é coadjuvante no sentido mais bruto da palavra, apesar de sua atuação potente no último episódio, Arrivals and Departures. Embora tanto a direção quanto o roteiro do primeiro episódio estejam indicados em suas respectivas categorias, a vitória da diretora Susanna Fogel no DGA abre caminho para sua conquista, enquanto a narrativa trôpega criada por Steve Yockey não conquista à primeira vista.

Nas categorias técnicas, a indicação que chama mais atenção é a de Heather Persons por Montagem em Comédia de Câmera Única, destacando os eventos simultâneos através de split screens ao longo da narrativa. Por mais que a nova investida de Kaley Cuoco tenha sido bem avaliada ao longo de sua exibição, é improvável que seu voo de estreia passe por cima dos favoritos ao prêmio máximo de Comédia. – Gabriel Oliveira F. Arruda


Cena da série Pen15. Vemos duas mulheres adultas andando pelo corredor de uma escola. A da direita é asiática, tem cabelo preto com corte tigelinha, usa uma camisa branca com enchimento para parecer que está musculosa e veste uma calça jeans. A mulher da esquerda é branca, loira com cabelo longo preso num coque, veste uma camiseta listrada e usa uma saia amarela. Ela carrega seu material escolar nas mãos.
A comédia desconfortável protagonizada por Maya Erskine (à esquerda) e Anna Konkle (à direita) recebeu 3 indicações ao Emmy 2021 [Foto: Hulu]
Pen15 (Parte 1 da 2ª temporada, Hulu) 

A série que narra a experiência das comediantes Maya Erskine e Anna Konkle como pré-adolescentes no início dos anos 2000 retornou para uma segunda temporada. Com mais vergonha alheia, estranheza diante das mudanças da puberdade e uma sensibilidade de partir o coração.

Devido à pandemia do coronavírus, a temporada acabou sendo dividida em 2 partes, com 7 episódios cada e 1 especial em animação. A primeira leva de Pen15, lançada em setembro de 2020, conquistou 3 indicações ao Emmy 2021, concorrendo em Melhor Série de Comédia e Melhor Roteiro em Comédia, para Maya Erskine, com o episódio Play. – Caio Machado


Cena de black-ish. Nela estão o casal principal, Dre e Bow, sentados em um sofá. Na esquerda, a mulher é negra e tem o cabelo escuro preso em duas tranças. Ela usa um conjunto de pijamas roxo com estampa branca. A mulher tem as mãos entrelaçadas na frente do corpo, e sorri olhando para o homem à sua direita. Este é negro e veste uma blusa branca com calça jeans e camisa xadrex vermelha por cima. Ele sorri olhando para um jogo de cartas na sua frente.
Será 2021 o ano de sorte de black-ish? (Foto: ABC)

black-ish (7ª temporada, ABC)

Ser indicado ao Emmy uma vez já é bom, mas 24 vezes é melhor ainda. Este foi o caso da sitcom de Kenya Barris que, graças a sua sétima temporada, concorre a Melhor Série de Comédia em 2021. Acompanhado a família Johnson no caótico ano em que ficamos presos em casa, black-ish continua nos fazendo rir da desgraça.

Ambos os protagonistas também estão na luta pelo prêmio. Tracee Ellis Ross e Anthony Anderson, que dão vida ao casal Bow e Dre, foram indicados a Melhor Ator e Melhor Atriz em Série de Comédia. Apesar do seriado ser quase um convidado fixo no evento, vale lembrar que apenas uma vez o Emmy de fato reconheceu o trabalho excepcional da equipe. Sua única vitória foi na categoria de Melhor Penteado Contemporâneo, em 2020, graças a o episódio onde vemos Diane (Marsai Martin) lutando para aceitar seu cabelo Afro. – Mariana Chagas


Cena do seriado Cobra Kai. Ralph Macchio está deitado, do peito à cabeça, em um tapete bege listrado. Ele é um homem de 60 anos, com cabelos curtos pretos, olhos castanhos esverdeados e barba aparada. Ele veste um kimono branco e está com expressão assustada, olhando para algo fino e comprido preso ao chão, do seu lado. O fundo de trás está borrado.
A série derivada de Karatê Kid concorre em quatro categorias, incluindo Melhor Série de Comédia junto com O Método Kominsky e Ted Lasso (Foto: Netflix)

Cobra Kai (3ª temporada, Netflix)

A terceira temporada de Cobra Kai foi de tirar o fôlego. Com um gancho espantoso da segunda fase, Miguel (Xolo Marieña) continua no hospital e Johnny (William Zabka) está vivendo da mesma forma que nos foi apresentado: bebendo demais e com “coragem” o suficiente para enfrentar novas brigas. Além disso, as cenas originais de Karatê Kid entrelaçam com os fatos do presente de maneira impecável desde o primeiro episódio da série. A novidade aqui é entregar fatos ainda desconhecidos do público da saga primitiva, mostrando a vida de John Kreese (Martin Kove) na Guerra do Vietnã. 

O ápice dessa temporada, de um ponto de vista extremamente saudosista, é a visita de Daniel LaRusso (Ralph Macchio) à Okinawa, terra natal de seu sensei Miyagi. Revisitando o passado, o carateca reencontra personagens chaves do segundo filme da trilogia, o que apetece o coração de fãs apaixonados pela trama de 1986. Ainda, o relacionamento com um antigo vilão produz cenas divertidas, daquelas que a gente não sabe se o personagem está sendo irônico ou sincero. O roteiro busca trazer dinamismo à narrativa, equilibrando aspectos motivacionais com situações plausíveis de serem acontecidas na realidade. Porém, muitos personagens são introduzidos no drama de disputas de dojos, sendo ora elementares ora desnecessários para a constituição da história.

Apesar desse desconforto entre os Cobra Kai e Miyagi-Do, o investimento da Netflix em um seriado originalmente produzido pelo YouTube gerou grandes resultados. Em 2018 e 2019, a série derivada de Karatê Kid só havia levado indicações por seu desempenho com dublês. Neste ano, além desta nomeação, também concorre na categoria de Melhor Série de Comédia. Com lutas intensamente bem coreografadas e cortes de cena singulares, a terceira temporada de Cobra Kai é a melhor até o momento. – Júlia Paes de Arruda


De Paris para a categoria principal de Comédia do Emmy (Foto: Netflix)

Emily em Paris (Emily in Paris, 1ª temporada, Netflix) 

O PIX da Netflix caiu na conta da Academia, e não é que nossa viajante Emily foi parar no Emmy. Brincadeira à parte, Emily em Paris é uma das maiores surpresas dessa lista. Concorrendo na categoria de Melhor Série de Comédia, a produção ocupou o espaço que poderia ser de Dickinson ou até mesmo da Zoey e Sua Fantástica Playlist, que só apareceu em nomeações técnicas.

Emily em Paris é uma série ruim? Não! Pelo contrário, é uma série divertida, de rápida maratona e com uma leveza que permite esquecer a rotina. É agradável acompanhar a jovem publicitária Emily trabalhando em Paris e tendo dificuldades com as barreiras idiomáticas e culturais, mas isso não significa que a série tenha os padrões esperados quando pensamos em Emmy. A indicação sendo justa ou não, uma coisa é certa: Emily voltará para Paris de mãos vazias. – Ana Júlia Trevisan


Série que faz chorar é Comédia? (Foto: Netflix)

O Método Kominsky (The Kominsky Method, 3ª temporada, Netflix)

Após três temporadas e 12 indicações ao Emmy, O Método Kominsky chega ao fim com mais drama do que comédia. A série sobre o ator e professor de teatro, já na melhor idade, Sandy Kominsky, trouxe seu protagonista menos egoísta em relação aos anos anteriores e encerrou sua vida nas telas abençoando a premiação mais importante da TV.

O Método Kominsky volta sem seu garoto dos olhos, Alan Arkin, o que torna seu ano final ainda mais emocionante. Se despedir de Norman Newlander, antes do oficial adeus a série, endossou o roteiro da terceira temporada, se apoiando ainda mais nos altos, baixos e medos das velhice. Se nos anos anteriores a grande estrela do Emmy, para Kominsky, era Arkin, em 2021, a participação de Morgan Freeman pode garantir que o nome da série apareça entre os vencedores. – Ana Júlia Trevisan


Cena da série Mom. A cena mostra Bonnie, papel de Allison Janney, de pijamas vermelhos, de pé e fazendo uma careta, com as costas arqueadas. Ela é uma mulher branca, idosa e de cabelos escuros, na altura dos ombros. Ela está parada na sala de casa, em um ambiente iluminado, e atrás dela está um lance de escadas.
Allison Janney venceu 7 Emmys na carreira: 4 por The West Wing, 1 por Master of Sex e 2 por Mom (Foto: CBS)

Mom (8ª temporada, CBS)

A notícia de que a oitava temporada de Mom seria a última não foi tão surpreendente assim. Com o avanço e prestígio das comédias menores e a escassez do formato de sitcom fora da TV aberta, a série, criada por Chuck Lorre, Eddie Gorodetsky e Gemma Baker lá em 2013, chegou a sua conclusão depois de perder uma das protagonistas.

Anna Faris não retornou para o ano 8, tampouco fez falta. Com Bonnie (Allison Janney) assumindo o holofote todo para si, os 18 capítulos conclusivos se encarregaram de emocionar, discutir pontos importantes sobre alcoolismo e a vida sóbria e, é claro, nos matar de rir. No Emmy 2021, Janney compete mais uma vez como Atriz, depois de já vencer a categoria de Coadjuvante por esse mesmo papel em 2014 e 2015. Mom ainda garantiu menções na parte de Montagem e de Direção, ambas creditadas à series finale. – Vitor Evangelista


Cena da série Shrill. Na cena, vemos Aidy Bryant, uma mulher branca e gorda, parada na rua segurando um guarda-chuva de plástico transparente. Ela está com uma expressão feliz, usa uma blusa rosa e um casaco azul. Está de dia.
Aidy Bryant aparece em 2 categorias do Emmy 2021, Melhor Atriz por Shrill e Melhor Atriz Coadjuvante por Saturday Night Live (Foto: Hulu)

Shrill (3ª temporada, Hulu)

Quem esperava uma menção para Hailee Steinfeld (Dickinson), Jane Levy (Zoey’s Extraordinary Playlist) ou até Cristin Milioti (Made for Love) na categoria de Melhor Atriz em Comédia, se surpreendeu com o reconhecimento de Aidy Bryant. Criadora e protagonista de Shrill, Bryant foi indicada pela terceira e última temporada do show original do Hulu.

Disponível no Brasil no catálogo do HBO Max, a série começou a ser transmitida em 2019 e se centra na personagem Annie Easton (Bryant), que quer mudar sua vida sem precisar mudar seu corpo. Leve e curta, Shrill é uma boa pedida para quem quer se manter atualizado na lista do Emmy 2021, mas sem necessariamente tomar muito tempo no processo. – Vitor Evangelista


Cena da série Kenan. A cena mostra Kenan Thompson, um homem adulto, negro e de cabelo curto, sentado em uma bancada de programa de TV, sorrindo, usando terno cinza e segurando uma caneca preta com as duas mãos em cima da mesa.
Kenan Thompson, assim como sua colega de SNL Aidy Bryant, foi agraciado com uma dupla nomeação ao Emmy 2021 (Foto: NBC)

Kenan (1ª temporada, NBC)

Kenan Thompson surgiu com um dos personagens titulares de uma das séries que mais gritam “infância e as tardes da Nickelodeon”. Agora um comediante consagrado e muito bem empenhado em expandir a gama de seu trabalho, Thompson completou 18 anos dentro do Saturday Night Live (recebendo sua quinta nomeação ao Emmy pelo programa de esquetes) e ainda estrelou sua comédia autoral, pela qual também foi reconhecido pela Academia.

A primeira temporada de Kenan foi gravada ao mesmo tempo em que a quadragésima sexta do SNL, então o ator precisava viajar a semana toda, voando de L.A. até N.Y. para que os calendários de gravações fossem cumpridos. Na série da NBC, Thompson vive um pai viúvo que é apresentador de um programa matinal e, como em todo trabalho que faz parte, Kenan Thompson se entrega 110%. Com um ano 2 já confirmado, Kenan dificilmente ganhará o Emmy, mas com certeza atesta o talento de seu frontman. – Vitor Evangelista


Mais um ano Shameless recebe nomeação ao Emmy mas não vai levar (Foto: Showtime)

Shameless (11ª temporada, Showtime) 

William H. Macy, o querido e odiável Frank Gallagher, bateu ponto por mais um ano e levou Shameless à lista de indicados. Já ganhou alguma vez? Não. Vai ganhar? Provavelmente também não. A única certeza? Shameless merecia mais, sempre mereceu mais. Durante suas onze temporadas, a série saiu vitoriosa do Emmy apenas em 2015, com Joan Cusack levando Melhor Atriz Convidada em Série de Comédia, e em 2016 e 2017 por Coordenação de Dublês para um Programa de Variedades ou Série de Comédia. Uma série que ficou por onze temporadas em exibição na Showtime merecia mais!

Shameless é sobre uma família de baixa renda e completamente disfuncional. A mãe é bipolar e abandonou a casa e os filhos, o pai é um alcoólatra dissimulado. Quem mantém a família minimamente nos eixos é Fiona, a irmã mais velha entre os seis filhos. Mas, é aqui que mora em grande porém(!), a atriz Emmy Rossum, intérprete de Fiona Gallagher, deixou o elenco ao fim da nona temporada. Shameless deu de cara com dois obstáculos para sua sobrevivência: a saída de sua protagonista e a pandemia.

A série é uma das mais sinceras da TV estadunidense. Nunca houve um limite, uma linha que a produção não pudesse ultrapassar para mostrar a vida dos Gallaghers entre corridas por empregos e o mundo rodeado de drogas. A décima primeira temporada é marcada por brigas e más notícias, driblando o máximo possível da pandemia, sem deixá-la de fora do roteiro. Shameless em nenhum momento foi uma comédia comum e destaca isso no encerramento de seu ciclo. Ciclo esse que foi finalizado de maneira correta, colocados os pingos nos is mas, ainda, deixando a calorosa sensação de que podíamos assistir aquela família por mais onze temporadas. – Ana Júlia Trevisan


Cena de A Black Lady Sketch Show. Nela estão duas mulheres negras em um ambiente festivo e colorido. A da esquerda usa um vestido apertado rosa. Ela sorri, com uma mão no peito e outra segurando um copo. Seu cabelo é cacheado, volumoso e está preso em um rabo de cavalo baixo. Ao seu lado direito a outra mulher também usa um vestido, mas azul. Seu cabelo cacheado é curto e está preso. Esta também tem um copo em uma mão, enquanto segura uma bolsa preta na outra.
A Black Lady Sketch Show não tem lógica, mas tem graça (Foto: HBO)

A Black Lady Sketch Show (2ª temporada, HBO) 

Eu não tenho medo do coronavírus. Veja, pessoas brancas são a única pandemia para qual nunca teremos vacina”. É assim que começa a segunda temporada de A Black Lady Sketch Show. A fala de Dr. Haddassah, que ganha vida pela própria criadora da série, Robin Thede, define bem o caos que segue os próximos episódios.

Com um humor confuso, mas bizarramente engraçado, o programa conquistou 5 indicações no Emmy 2021. As participações de Issa Rae, como Jess, e Yvette Nicole Brown, como juíza Harper, garantiram o lugar das convidadas na categoria de Melhor Atriz Convidada em Comédia. Depois de comandar um júri todo composto por mulheres negras no hilário episódio But The Tilapias Are Fine Though, Right?, se tem alguém que merece o prêmio é a talentosíssima Nicole Brown. 

O seriado também participa nas categorias Montagem em Programa de Variedades, Roteiro em Programa de Variedades e Melhor Série de Esquetes de Variedades. Já tendo concorrido em 2020, esse pode ser o primeiro ano em que A Black Lady Sketch Show de fato leva a estatueta. – Mariana Chagas


Cena de grown-ish. Nela está uma menina negra, de cabelos cacheados longos com uma parte presa em um coque, sendo abraçada por outras três meninas, duas negras e uma branca, todas usando um moletom amarelo. As meninas sorriem. No fundo é possível ver pessoas espalhadas por um jardim.
grown-ish é o spin-off de black-ish que deu certo (Foto: Freeform)

grown-ish (3ª temporada, Freeform) 

Após black-ish conseguir mais de 20 indicações ao Emmy com todas as suas sete temporadas, agora é a vez de seu spin-off entrar na corrida. grown-ish, protagonizado por Zoey (Yara Shahidi), concorre na categoria de Melhor Fotografia em Série de Câmera Única (Meia-Hora), graças ao trabalho de Mark Doering-Powell no episódio Know Yourself, da terceira temporada.

A sitcom que acompanha a irmã mais velha da família Johnson se passa durante seus quatro anos na faculdade Cal U. Com um grupo de amigos que estão procurando seu lugar no mundo, a série aborda dos maiores aos mais bestas problemas enfrentados pela Geração Z. – Mariana Chagas


Cena da segunda temporada de Zoey e sua Fantástica Playlist. Vemos uma mulher ruiva parada nas escadas de uma pequena arquibancada. Ela olha assustada para as várias pessoas que cantam e dançam ao seu redor. Ela veste um suéter vermelho com estampa de flores brancas por baixo de um paletó rosa. Usa calça jeans, sapatos pretos e carrega uma bolsa pequena no ombro direito.
Os números musicais mais elaborados garantiram à Zoey e sua Fantástica Playlist 5 indicações ao Emmy 2021 (Foto: NBC)

Zoey e sua Fantástica Playlist (Zoey’s Extraordinary Playlist, 2ª temporada, NBC)

Na segunda temporada da queridinha Zoey e sua Fantástica Playlist, a radiante protagonista precisa aprender a lidar com o luto e outros dramas das pessoas de seu convívio. Tudo isso enquanto presencia números musicais ainda maiores e mais criativos graças ao poder que adquiriu no primeiro episódio. 

Mesmo optando por não inserir a pandemia na narrativa deste segundo ano movimentado, a série passou por desafios na produção devido às restrições e sofreu com a baixa audiência, o que resultou em seu cancelamento no início deste ano. Em agosto, foi noticiado que o Roku está em negociação para salvar a série com um filme de encerramento.

No Emmy 2021, Zoey conquistou 5 indicações nas categorias Melhor Coreografia em Programa Roteirizado, Melhor Direção Musical, Melhores Músicas e Letras Originais e Melhor Atriz Convidada em Comédia, para Bernadette Peters. Tomara que a premiação a valorize tanto quanto sua legião de fãs apaixonados. Caio Machado


A Comédia farofa da CBS recebeu duas indicações ao Emmy 2021 (Foto: CBS)

B Positive (1ª temporada, CBS) 

Vamos imaginar a seguinte situação hipotética: você é um terapeuta recém divorciado que descobre que está com falência renal e precisará de um transplante. Sem ter a quem pedir ajuda, você coloca seu nome na fila de transplante – que levará 10 anos – e vai a um casamento. Chegando no salão você encontra um colega do Ensino Médio que era, e continua, toda estabanada, a mesma te oferece o próprio rim. Doideira? Pois é, essa é B Positive.

Concorrendo à Melhor Direção em Série de Comédia, B Positive é mais uma das produções de Chuck Lorre a ser nomeada pela Academia. Mas, a série não teve fôlego para chegar nas categorias de atuação como suas parceiras Mom e O Método Kominsky. Sem comentar a chatice do protagonista, B Positive é uma agradável surpresa graças a seu elenco coadjuvante que é cheio de energia – mesmo alguns estando já na terceira idade. Com 18 episódios, a série pode ser uma boa escolha para relembrar os velhos tempos das longas comédias semanais. – Ana Júlia Trevisan


Quatro mulheres cantando sentadas em um banco de rua. No fundo uma parede que da esquerda até o meio da imagem é de tijolinhos vermelhos bem escuros com argamassa cinza. Do meio até a direita há uma parede de pedras em tons de cinza e branco. A primeira mulher sentada na esquerda é negra, com cabelos pretos e lisos, seus olhos são castanhos, seu nariz reto e ela está com a boca um pouco aberta mostrando seu sorriso. Ela está usando um vestido curto estampado preto, amarelo e branco, com um casaco de couro dourado por cima e botas vermelhas até o joelho. No seu lado está uma mulher branca, de cabelos castanhos, sobrancelhas grossas, nariz grande e sorriso largo. Ela está usando uma blusa branca de gola alta, com listras horizontais marrons, um blazer verde musgo por cima e uma bolsa marrom transversal. Na parte de baixo está com uma calça jeans de lavagem escura, com fiapos na barra, e nos pés está com um tênis branco com uma faixa lateral vermelha.A terceira mulher é branca, tem os cabelos brancos acinzentados bem lisos. Seus olhos são castanhos e seu nariz pequeno. Ela está usando uma camiseta preta por baixo de uma jaqueta jeans escura, uma calça roxa e um tênis preto com sola branca. Por fim, na direita, está uma mulher loira, com olhos azuis, nariz pequeno e maquiagem forte. ela está usando uma jaqueta bege clara, uma calça jeans skinny e um par de botas de bico fino e salto rosa claro
Girls5eva reúne diferentes perspectivas da realidade de mulheres de 40 e poucos anos (Foto: Peacock)

Girls5eva (1ª temporada, Peacock) 

A história do fictício grupo Girls5eva é uma que já conhecemos, uma banda dos anos 90 que bombou por algum tempo e sumiu depois de uma série de músicas que fracassaram nas paradas. A série acompanha as integrantes do grupo 20 anos depois da sua separação, quando cada uma já tomou o seu rumo, mas resolvem retornar ao mundo da fama. Ao tentarem ingressar na cena musical, percebem o quanto tudo mudou e são tomadas pela noção de que não são mais meninas de 20 anos cantando sobre questões de jovens adultas e precisam adaptar suas músicas à nova realidade de suas vidas.

Paula Pell, Renee Elise Goldsberry, Busy Philipps e Sara Bareilles formam o grupo Girls5eva, e a escolha de elenco adiciona um toque especial de nostalgia e realidade para esse show que é repleto de referências. E, além disso, conta com participações incríveis de Andrew Rannells, Stephen Colbert e Tina Fey, que além de interpretar Dolly Parton, também assina a produção da série.  Girls5eva apareceu apenas em uma categoria do Emmy 2021: Melhor Roteiro em Comédia, concorrendo pelo Piloto escrito por Meredith Scardino. – Marcela Zogheib


Imagem da série The Politician. Na imagem, da esquerda para a direita, uma mulher branca, loira, com o cabelo meio preso, usa um sobretudo com uma saia vermelha; à sua frente, segura uma bolsa preta pequena, com as duas mãos. Ao seu lado, uma mulher branca, loira, usa um sobretudo quadriculado laranja e azul escuro, sob uma blusa gola alta preta. Ao meio, um homem branco, loiro, usa um roupão envolto de seu corpo, listrado vermelho e azul. Com a mão direita, segura um microfone preto em frente à sua boca. Por fim, uma mulher negra, com os cabelos pretos presos, usa uma calça preta e blusa bege de gola alta por baixo de um sobretudo cinza. Atrás do homem, vemos uma barraca bege e azul clara, com uma piscina azul clara pequena dentro. Ao fundo, vemos um pedaço de uma esquina da Times Square, em Nova Iorque, com o movimento de carros e pessoas. Nas duas laterais da imagem ainda há cartazes com fundo azul escrito CLIMATE ACTION NOW (“mudança climática agora” em tradução livre) e desenhos do globo terrestre.
É justamente no roupão de elite, usado pelo político do povo, que The Politician passa a mensagem satírica que garante sua indicação nas categorias técnicas do Emmy 2021 (Foto: Netflix)

The Politician (2ª temporada, Netflix) 

Apesar de não ganhar devido destaque na plataforma da Netflix, por mais um ano, The Politician garantiu indicação nas categorias técnicas, de Melhor Figurino Contemporâneo, Melhor Penteado Contemporâneo e Melhor Maquiagem Contemporânea (Não-Prostética), no Emmy 2021. A produção satiriza a política estadunidense e, não só isso, ainda destaca os erros e acertos das diferentes camadas de eleitores e candidatos ambiciosos que constroem a população do país que move o mundo. Como destaque para evidenciar todos esses problemas, Payton Hobart (Ben Platt), um adolescente rico, vive por suas aspirações políticas, e cada temporada acompanha então seus erros e acertos, em diferentes fases da vida, até sua corrida para a cadeira presidencial. 

Mas, com a atuação garantindo indicação apenas em 2020 com Bette Midler que perdeu para outra sátira para a política estadunidense, dessa vez do Saturday Night Live, a produção se destaca na categorias por seus figurinos excêntricos, extravagantes e, principalmente, irônicos por todas as cenas. Podemos sobressair então os episódios indicados, Mudança de Estratégia? e A urna (o primeiro e o sexto da segunda temporada, respectivamente). Neles, podemos ver as personagens não só satirizando as diferentes jogadas políticas, mas também podemos ver o uso correto da maquiagem, figurino e penteado que constroem de maneira ainda mais efetiva a mensagem que o criador satírico, Ryan Murphy, pretende criar. – Larissa Vieira


 Cena da primeira temporada de Made for Love. Hazel (Cristin Milioti) caminha para frente, da direita para a esquerda, na frente de uma paisagem desértica, sobre um céu azul e límpido, usando um vestido verde com mangas até os cotovelos e que expõe suas coxas sujas de terra. Hazel é caucasiana, tem cabelos pretos longos que parecem estar encharcados, e a maquiagem no seu rosto parece estar borrada.
A fuga de Hazel marca o início da narrativa de Made for Love (Foto: HBO Max)

Made for Love (1ª temporada, HBO Max) 

A comédia do HBO Max sobre relacionamentos abusivos e tecnologia conseguiu uma única indicação no Emmy 2021. Made for Love, estrelada por Cristin Milioti, concorre à categoria de Melhor Fotografia em Comédia de Câmera Única (Meia Hora) por seu primeiro episódio, User One, que dá o tom para seu humor ácido e irônico dramatizar a vida de sua protagonista antes e depois do “término”.

Diferenciando as cenas dentro do Hub (uma prisão tecnológica capaz de tomar a forma de qualquer paisagem) e do mundo exterior através do uso inteligente de cor, iluminação e angulação, justificando a indicação de Nathaniel Goodman. Porém, é difícil que a soma dessas qualidades supere a vantagem que O Mandaloriano da Disney+ têm sobre a  categoria, principalmente levando em consideração sua vitória ano passado. – Gabriel Oliveira F. Arruda


Animação

Cena da animação Big Mouth. A cena, desenhada, mostra Jessie, branca e ruiva, sentada em uma cama olhando para Natalie, parda e de cabelos castanhos, que também está sentada em uma cama. Jessie usa blusa verde e Natalie usa blusa vermelha. Está de dia.
A bocona da Netflix continua devorando sua concorrência (Foto: Netflix)

Big Mouth (4ª temporada, Netflix)

Depois de render o primeiro Emmy da carreira de Maya Rudolph, a animação sacana da Netflix retornou para um novo ano. Repleto de traumas e dramas comuns nas rotinas adolescentes, Big Mouth continua expandindo sua impecável narrativa, recheada de personagens consagrados, como os sempre evolutivos protagonistas e os Monstros do Hormônio, e novas caras, em especial Natalie (Josie Totah), menina trans que protagoniza um dos plots mais interessantes do quarto ano. 

No Emmy 2021, Big Mouth concorre em Melhor Programa de Animação, submetendo o episódio The New Me, além de aparecer na lista de Melhor Performance de Voz, onde Maya Rudolph e Connie defendem o cinturão, pelo episódio A Very Special 9/11 Episode. Com a renovação já garantida, só nos resta esperar por mais momentos perfeitos do desenho. – Vitor Evangelista


Cena da série South Park. Na animação, alguns personagens estão reunidos em uma sala de aula, sentados na cadeira de suas carteiras, com uma proteção transparente os isolando. Com exceção do primeiro personagem à esquerda, que é negro, todos os demais são brancos. Todos utilizam máscaras. Ao fundo estão dois posters, um sobre higienizar as mãos, composto na cor amarelo, vermelho e azul, e o outro com uma imagem da galáxia, escrito que matemática é universal. No chão estão desenhadas setas e o espaço delimitado para as carteiras em cor amarela, destacando o isolamento.
South Park: The Pandemic Special está indicado na categoria de Melhor Programa de Animação, e esse é o episódio mais bem avaliado do seriado nos últimos 7 anos (Foto: Comedy Central)

South Park: The Pandemic Special (Episódio Especial, Comedy Central) 

Em setembro de 2020, foi ao ar o primeiro episódio especial de uma das séries mais irreverentes dos últimos 20 anos. Indicado ao Emmy 2021, na categoria Melhor Programa de Animação, South Park: The Pandemic Special traça o cenário caótico que se instaurou no mundo em decorrência do coronavírus.

Diante da pandemia de covid-19, The Pandemic Special satiriza a enxurrada de desinformação propagada por líderes negacionistas. De forma inédita, o episódio tenta lidar com o tema de maneira honesta, principalmente pela fala dos personagens infantis, como Stan Marsh e Eric Cartman, e tenta evocar o humor através dos típicos desvios de caráter dos personagens, mas sem apontar para a ingenuidade de terceiros — algo explorado exaustivamente em episódios anteriores da série.

A pandemia obrigou a TV a se reinventar, e, até mesmo para uma animação conhecida pela irreverência, tratar do tema sem a sinceridade necessária torna-se impossível. No entanto, South Park: The Pandemic Special é um resumo de eventos que ocorreram ao longo de 2020, e sua indicação se dá pela forma de transpor isso à animação. Uma possível vitória seria resultado do tema, e não necessariamente por alguma genialidade do episódio. – Bruno Andrade


Cena do episódio Snow In The Desert da série Love, Death & Robots. Na cena, que se passa em um bar, vemos os dois personagens principais se cumprimentando com um toque de mão. Ao lado esquerdo, vemos o personagem Snow, um homem branco, aparentando cerca de 50 anos, de cabelos brancos curtos e barba branca rala, de costas para a câmera e, do lado direito da imagem, outra personagem, uma mulher aparentando cerca de 30 anos, de cabelos pretos curtos, vestindo um uniforme preto.
Além da indicação pelo episódio Snow In The Desert da segunda temporada, Love, Death & Robots também foi nomeada a Melhor Edição de Som em Série de Comédia ou Drama (Meia Hora) e Animação [Foto: Netflix]
Love, Death + Robots (Volume 2, Netflix) 

Love, Death & Robots tem tudo para virar figurinha carimbada no Emmy: a primeira temporada da série de animação já havia marcado presença na categoria Melhor Programa Curto de Animação, e agora a continuação repete o feito. A sequência da antologia idealizada pelos diretores David Fincher e Tim Miller teve um número menor de episódios, mas que não faltou amores, mortes e robôs.

Mais uma vez, a temporada serve apenas como uma coletânea para as diferentes histórias: mesmo com o tema comum da ‘relação humanidade-tecnologia’ e da sobrevivência humana, os capítulos, completamente independentes uns dos outros, tornam cada play uma experiência diferente. Da ação à fantasia ao suspense, do stop-motion às animações em computação gráfica, a continuação de LD&R tem visual, narrativa e duração para tudo quanto é gosto e estilo. 

Na noite do Creative Arts Emmy de 2019, a estreante produção da Netflix levou o troféu na principal categoria em que foi nomeada. Novamente indicada pelo seu segundo ano na 73° edição da maior premiação da TV, talvez não seja tão arriscado assim cantar vitória antes da hora para Love, Death & Robots. – Vitória Lopes Gomez


Competição

A imagem mostra Symone, uma participante da 13ª temporada de RuPaul’s Drag Race. Ela é uma drag queen negra, e está vestindo uma grande peruca crespa em formato de meio círculo. Ela usa uma faixa branca na cabeça que sobe para a peruca. Seu vestido é branco e preto, com diversas estampas e babados.
A 13ª temporada de RuPaul’s Drag Race está indicada em 11 categorias no Emmy 2021 (Foto: VH1)

RuPaul’s Drag Race (13ª temporada, VH1)

Mais um ano de Emmy, e mais uma temporada de RuPaul’s Drag Race indicada em diversas categorias. A 13ª corrida de RuPaul Charles, esse ano, além de algumas técnicas, vai disputar a estatueta por Melhor Direção em Reality, Melhor Apresentador em Reality ou Programa de Competição, Melhor Reality Não-Estruturado, e Melhor Programa de Competição. 

A vez de Symone, Kandy Muse, Gottmik e Rosé foi intensa e colorida. RuPaul decidiu gravar mesmo durante a pandemia, e reformulou diversos aspectos de seu programa para a segurança da equipe e de suas queens. Nada disso afetou a alma de sua competição, e assistimos o apresentador/apresentadora em seu melhor dos últimos anos; já na produção, a qualidade técnica exuberante de sempre. 

O show já coleciona três vitórias consecutivas na categoria Melhor Programa de Competição, e Charles pode levar para casa sua sexta estatueta, também consecutiva, como Melhor Apresentador. A 13ª temporada tem tudo para honrar o nome do reality na premiação, agora só precisamos aguardar quantos prêmios a Mother levará para casa. – Jho Brunhara


Cena de Legendary. Nela está acontecendo uma apresentação da Casa Tisci. Na frente está uma dos membros vestindo um conjunto com blusa, saia e bota azul claro. Em cima de uma plataforma, a participante está na frente de outros dois membros da casa, onde o da esquerda veste amarelo e a da direta, rosa. O fundo é colorido, com uma tela onde uma imagem de uma boca é cercada por retângulos de vários tons.
It’s Tisci, duh! (Foto: HBO Max)

Legendary (2ª temporada, HBO Max) 

Em sua segunda temporada, Legendary volta ainda mais lendário. Com mudanças na produção depois da saída do público, devido a protocolos de segurança para evitar o contágio da covid-19, o reality retornou mais organizado e divertido do que já era. Com muito shade, vogue e referências a tantas áreas diferentes da cultura pop, o que se destacou foram os figurinos. O estilista Johnny Wujek e sua equipe são responsáveis pelos looks memoráveis que, se conquistaram o Law, você já sabe que foram um arraso. 

A série do HBO Max ganhou as indicações de Melhor Penteado Contemporâneo em Reality ou Programa de Variedades ou Programa de Não-Ficção e Melhor Maquiagem Contemporânea em Reality ou Programa de Variedades ou Programa de Não-Ficção (Não-Prostética) no Emmy 2021. O episódio Pop Tart, quinto da segunda temporada, representa o reality na corrida pelo prêmio. Ao seu lado, programas fortes como RuPaul’s Drag Race e The Voice disputam pela estatueta, que será entregue no segundo fim de semana de setembro. – Mariana Chagas


Cena da série Queer Eye. Na imagem os apresentadores Bobby, Tan, Antoni, Jonathan e Karamo, estão atravessando uma esquina pela faixa de pedestres, nessa ordem. Bobby é um homem branco de cabelos curtos e barba loira, usa um moletom branco com estampa de respingos de tinta, calça de moletom preta e tênis brancos. À sua direita está Tan, um homem asiático de cabelos cinzas com topete que usa blusa e calça de moletom cinzas e tênis preto. À sua direita está Antoni, um homem branco de cabelos castanhos penteados para trás, usa blusa e calça de moletom pretos e tênis branco. À sua direita está Jonathan, um homem branco de cabelos castanhos lisos e compridos e barba, ele usa moletom cinza, calças pretas e tênis vermelho. À sua direita está Karamo, um homem negro de barba castanha com um boné preto da “LA”, ele usa blusa de moletom preta com jaqueta estampada de preto e cinza, calça preta e tênis branco.
O belíssimo primeiro episódio da nova temporada de Queer Eye traz um pastor homessexual e foi nomeado para Melhor Direção e Edição no Emmy 2021 (Foto: Netflix)

Queer Eye (5ª temporada, Netflix)

Os 5 fabulosos de Queer Eye (Antoni Porowski, Bobby Berk, Karamo Brown, Jonathan Van Ness e Tan France) chegaram na Filadélfia com força para a 5ª temporada do reality. Colecionando 8 estatuetas da Academia, os Fab 5 sobem ao Emmy 2021 indicados para Melhor Elenco, Direção, Apresentadores, Melhor Reality Estruturado, e mais outras 2 categorias. A nova temporada da Netflix veio em uma boa hora – no meio da pandemia de coronavírus – e com mais episódios para aquecer corações aflitos, pois a série sempre consegue lembrar o quão revolucionário, e divertido, é descobrir o amor próprio. 

Logo no primeiro episódio da temporada, A igreja LGBTQ+, Queer Eye conta a história de Noah, um pastor abertamente homossexual, e proporciona um dos momentos mais marcantes da série com a presença de diversos chefes religiosos para apoiá-lo. O episódio concorre nas categorias de Melhor Direção e Edição no Emmy 2021, junto com Tosa e Sonho, segundo da temporada nomeado para Melhor Fotografia

A série segue ampliando seu lindo trabalho em contar histórias, agora com 2 episódios a mais, e encontrando protagonistas mais diversos ainda do que de costume – de pastor homossexual à jovem ativista e DJ solteirão. Antoni, Bobby, Karamo, Jonathan e Tan são uma dose refrescante de vida e provam quanta coragem há em amar tão incondicionalmente que são capazes de mostrar aos outros o quão lindo cada um deles é em seu ser. – Nathália Mendes


Documentário/Programa de Não-Ficção

Cena do filme O Dilema das Redes. A imagem mostra por trás um adolescente loiro sentado em uma cama. Vemos apenas sua cabeça apoiada no travesseiro. À sua frente, alinhados às paredes do quarto, estão diversas imagens suspensas no ar, simulando abas de navegadores de internet.
O Dilema das Redes é o quarto produto da Netflix com mais indicações ao Emmy neste ano (Foto: Netflix)

O Dilema das Redes (The Social Dilemma, Jeff Orlowski) 

Esquecido pelo Oscar no início deste ano, o documentário da Netflix que abalou a internet em seu lançamento foi lembrado pelo Emmy 2021, até mais do que o necessário, inclusive. Acumulando nada menos do que 7 indicações, O Dilema das Redes tem pelo menos a indicação ao BAFTA em seu favor, mas não deve sair do Emmy com mais do que um troféu ou outro. A presença marcada nas categorias técnicas de Documentário ou Não-Ficção, incluindo Fotografia, Direção, Montagem, e Edição de Som, é de certo modo facilitada por todo o contexto narrativo construído dentro do filme para ilustrar os problemas que as redes sociais podem proporcionar para a sociedade.

Estranho mesmo é ver a indicação a Roteiro em Programa de Não-Ficção, considerando que o documentário é do início ao fim acompanhado de uma trama fictícia patética. As composições musicais originais, também indicadas à premiação, dão aquele tom de suspense forçado quase a nível de vídeos de teorias da conspiração do YouTube, mas ao final, Jeff Orlowski parece entender que, apesar dos exageros, essa seria a forma mais eficiente de levar a mensagem a mais pessoas. Não por acaso, a empreitada deu certo: o documentário coroou sua presença no Emmy 2021 com as indicações a Melhor Documentário ou Especial de Não-Ficção, e Direção no mesmo formato. – João Batista Signorelli


Cena de As Mortes de Dick Johnson. Vemos um homem idoso tocando uma flauta. Ele veste terno com uma rosa de papel na lapela. Há várias linhas douradas ao redor de sua cabeça, como se ele fosse uma figura religiosa. Atrás dele, vemos dois braços levantados, mostrando a palma das mãos. O fundo está desfocado, com um brilho de várias cores
O filme emocionante de Kirsten Johnson conseguiu 3 indicações ao Emmy 2021 (Foto: Netflix)

As Mortes de Dick Johnson (Dick Johnson Is Dead, Kirsten Johnson) 

A morte pode ser considerada um grande tabu para a cultura ocidental e é raro ver esse processo natural da vida sendo tratado com tanta franqueza quanto em As Mortes de Dick Johnson. No documentário, a diretora Kirsten Johnson e seu pai, Richard, encenam a morte dele com criatividade e um humor sombrio como forma de lidar com o inevitável. 

É um filme bem peculiar na forma excêntrica como lida com a morte. O impacto que consegue provocar no espectador é gigante graças aos esforços da diretora em captar os momentos de fragilidade dela, do pai e vários outros à sua volta. No Emmy 2021, recebeu 3 indicações nas categorias Melhor Fotografia em Programa de Não-Ficção, Melhor Direção em Documentário/Programa de Não-Ficção e Mérito Excepcional em Documentário. – Caio Machado


Cena do filme Tina. A imagem mostra Tina Turner no palco, fotografada dos joelhos para cima, cantando, com os braços estendidos, na frente de um fundo de luzes redondas amarelas. Tina é uma mulher negra, de cabelos cacheados volumosos loiros, e usa um vestido curto prateado com um cinto de spikes preto na cintura. Ela também usa batom vermelho.
Despedindo-se de sua carreira, Tina Turner conta sua história de forma definitiva no documentário indicado a três categorias no Emmy 2021 (Foto: HBO)

Tina (Idem, Daniel Lindsay e T. J. Martin)

O Grammy não é o suficiente para contemplar o impacto cultural de Tina Turner. No gran finale de seus aclamados mais de 60 anos de carreira, a artista reverencia sua própria trajetória e almeja a maior premiação da TV em Tina, o documentário definitivo sobre carreira que encerra a vida pública de uma das maiores cantoras de todos os tempos. 

Rico em camadas, assim como a Rainha do Rock ‘n’ Roll, o filme da dupla oscarizada Daniel Lindsay e T. J. Martin é o lugar onde os devidos encerramentos de arcos acontecem. Compreendendo a complexidade da artista, Tina toca em feridas, celebra conquistas e marca a memória da lenda viva de sua protagonista, abordando desde aspectos delicados de sua vida até o seu absoluto estrelado.

A magnitude do filme faz jus a obra de vida da artista e alcança em três indicações ao Emmy 2021. Concorrendo a Melhor Direção em Documentário/Programa de Não-Ficção, Melhor Documentário ou Especial de Não-Ficção e Melhor Mixagem de Som em Reality ou Programa de Não-Ficção, Tina é mais do que digno para a despedida de uma estrela como Tina Turner. – Raquel Dutra


 Cena do filme Boys State. A imagem se posiciona de forma diagonal, capturando uma linha de cadeiras onde dois meninos, ao centro, dormem sentados numa cadeira, enquanto os demais ao redor permanecem acordados. Todos eles vestem camisetas brancas com uma estampa do contorno do estado do Texas com o nome do estado escrito em cima, calças jeans e usam credenciais num cordão vermelho envolta do pescoço.
Esquecido pela seleção fraca do Oscar, Boys State foi agraciado com duas indicações ao Emmy 2021 (Foto: Apple TV+)

Boys State (Idem, Amanda McBaine e Jesse Moss)

Coube ao Emmy reconhecer Boys State. Depois de estrear com sucesso no Festival de Sundance de 2020, o filme criou um burburinho digno de Oscar, mas se enfraqueceu ao longo do ano que corou Professor Polvo como o Melhor Documentário. Então, o Oscar da TV, como sempre um pouco mais sensato em suas nomeações, indica o longa de Amanda McBaine e Jesse Moss em duas merecidas categorias: Melhor Documentário ou Especial de Não-Ficção e Melhor Direção em Documentário/Programa de Não-Ficção. 

Na companhia de superproduções sobre estrelas da Música e outros filmes esquecidos pelo Oscar, Boys State se desloca do padrão narrativo da categoria para pensar sobre política e juventude. Sua história se dá a partir de um programa de educação cidadã do Texas organizado pela Legião Americana, entidade formada por veteranos de guerra estadunidenses. Todo ano, os membros da instituição escolhem 1.200 jovens para participar do projeto que cria o Estado dos Meninos, onde eles vivem a experiência de construir um governo do zero.

Entre algumas polêmicas sobre as movimentações dos garotos que têm um vislumbre de poder nas mãos, McBaine e Moss resolveram registrar a edição de 2018 do projeto. E o que o documentário encontra é surpreendentemente esperado, numa direção precisa, que não necessita de nada além da observação para tecer sua narrativa. O filme mistura suas chances aos concorrentes do Emmy 2021, mas a sua mensagem é uma das mais alarmantes: ao visitar o Estado dos Meninos, Boys State nos faz perceber que já vivemos nele. – Raquel Dutra


Cena do filme The Bee Gees: How Can You Mend A Broken Heart. A imagem mostra uma fotografia em preto e branco dos três irmãos Gibb sentados, se olhando, enquanto conversam. Primeiro, à esquerda, está Barry Gibb, uma homem branco, de cabelos lisos na altura do ombro e barba cheia. Ele veste uma camisa branca desabotoada até o peito e está de braços cruzados, olhando para Robin, que está no lado direito. Ele também é um homem branco, tem cabelos curtos lisos e veste uma camiseta clara e colares longos no pescoço, apoia os cotovelos nos joelhos e olha para Barry de volta, conversando com o irmão. No meio, está Maurice Gibb, também um homem branco, de cabelos médios e barba cheia, que veste uma camisa estampada. Ele também olha para a direita, onde está Robin, e está com a mão esquerda na cintura e a mão direita segura a perna esquerda. Na frente do trio, aparece um pedaço de uma mesa, com copos e garrafas de bebidas. Eles estão sentados num sofá preto na frente de uma parede lisa e clara.
No Emmy 2021, o documentário The Bee Gees: How Can You Mend A Broken Heart é um forte concorrente aos prêmios do gênero de Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Montagem, Melhor Edição e Mixagem de Som, e Melhor Documentário/Programa de Não-Ficção (Foto: HBO)

The Bee Gees: How Can You Mend A Broken Heart (Idem, Frank Marshall)

“Como você pode remendar um coração partido?” questionavam-se os Bee Gees em um de seus momentos de sucesso em 1971; questionam-se os fãs de Barry, Maurice e Robin Gibb compreendendo o legado que o grupo deixou em 2021, e questiona o documentário que busca compreender a história e obra do fenômeno musical daquele grupo de irmãos. E o processo não é fácil, The Bee Gees: How Can You Mend a Broken Heart faz questão de avisar. 

A trajetória da banda que despontou 50 anos atrás numa febre comparável a dos Beatles, inicialmente com explosões românticas harmoniosas e depois com a consolidação da era disco, é repleta de altos e baixos, tanto pela perspectiva de jovens artistas em ascensão, quanto pelo olhar da banda como um negócio de família. Assim, o filme de Frank Marshall tem o difícil trabalho de coordenar o grande volume de informação que constrói aqueles 40 anos de idas e vindas dos Bee Gees, mas encontra seu caminho alcançando seis indicações ao Emmy 2021.

Como um dos maiores vendedores de discos de todos os tempos, que passou por diversas mudanças de gêneros, estilos e dinâmicas, o grupo finalmente tem um documentário que prefere compreendê-los antes de qualquer preferência narrativa. O que significa que The Bee Gees: How Can You Mend a Broken Heart tem de realizar alguns sacrifícios, com seu público, mas nada que prejudique aqueles que ainda guardam a banda numa fenda do coração. – Raquel Dutra


 Cena do documentário Tulsa Burning: The 1921 Race Massacre. A imagem mostra a esquina de um prédio de tijolos vermelhos em chamas, visto de cima para baixo. O céu é azul escuro e é tomado por uma fumaça cinza, que surge do fogo que sai de dentro das janelas brancas do prédio.
O documentário de Stanley Nelson que aborda o massacre racista de 1921 na cidade de Tulsa tem míseras três indicações ao Emmy 2021, e nenhuma delas é na categoria principal (Foto: History Channel)

Tulsa Burning: The 1921 Race Massacre (Idem, Stanley Nelson)

Em 1921, na cidade de Tulsa, estado de Oklahoma, Estados Unidos, o distrito de Greenwood, na época uma das comunidades negras mais prósperas do país, foi invadido e destruído por um grupo de supremacistas brancos. O ataque se estendeu por 18 horas, intervalo de tempo que os racistas levaram para saquear e incendiar mais de mil casas e estabelecimentos comerciais, desabrigar cerca de 10 mil pessoas e assassinar 300.

Visto como um dos capítulos mais violentos da longa e terrível história que os Estados Unidos carregam sobre as suas relações raciais, o Massacre de Tulsa é quase inexistente na memória coletiva do país. Em 2019, então, às vésperas do marco de um século daquele banho de sangue racista, Watchmen trouxe a questão à tona ao se transformar em uma das produções mais celebradas da maior premiação da TV. E em 2021, depois dos 100 anos do massacre de Tulsa, Tulsa Burning: The 1921 Race Massacre documenta horror daquele maio de 1921. 

Como resposta, a indústria cultural norte-americana parece finalmente ter um vislumbre de compreensão da sua responsabilidade em pautar e reverberar discussões relevantes, depois do levante contra o racismo que os Estados Unidos viu no ano passado. Mas ainda não completamente, já que o reconhecimento que a Academia de TV guardou para o documentário do já premiado Stanley Nelson se reservou à três indicações ao Emmy 2021 (Melhor Roteiro, Melhor Edição de Som e Melhor Composição Musical em Programa de Não-Ficção), e nenhuma delas é na categoria principal. – Raquel Dutra


Cena do filme American Utopia. Vemos sete pessoas, homens e mulheres, num palco azul vazio com uma cortina no fundo. Todos vestem ternos do mesmo tom de azul. As três pessoas à frente estão com os braços e pernas inclinados, como se estivessem surfando. Atrás dos três, os outros quatro tocam seus respectivos instrumentos.
O registro do show do ex-vocalista do Talking Heads conquistou 6 indicações ao Emmy 2021 (Foto: HBO)

David Byrne’s American Utopia (Idem, Spike Lee) 

Em 1984, David Byrne ainda era vocalista do Talking Heads. Além dos sucessos, como Psycho Killer e Once In a Lifetime, a banda também ficou marcada pelo icônico Stop Making Sense, filme-concerto dirigido por Jonathan Demme. 

Em 2020, o Talking Heads já não está mais na ativa. Mas David Byrne retornou para liderar outro show, American Utopia, com outra banda, um terno adequado para seu tamanho e sob direção de Spike Lee. 

Mesmo depois de quase quarenta anos, David Byrne continua com muita energia e entrega uma apresentação emocionante e cheia de vida. Recebeu 6 indicações ao Emmy 2021, com destaque para Melhor Direção Musical e Melhor Especial de Variedades (Pré-Gravado). – Caio Machado


Foto de Billie Eilish. A menina é branca e tem o cabelo preto na altura do ombro, com a parte superior verde. Ela usa uma camisa preta larga com as pontas da manga laranja e uma grande estampa branca no centro. A menina está cantando, segurando um microfone à sua frente. O ambiente é escuro, com uma iluminação azul por cima de Billie.
Billie não esconde nada em seu documentário indicado ao Emmy 2021 (Foto: Apple TV+)

Billie Eilish: The World’s A Little Blurry (Idem, R. J. Cutler)  

Entre um namoro falho, uma primeira apresentação no Coachella e a criação de um Álbum do Ano, o mundo de Billie Eilish estava um pouco embaçado. A Artista Revelação no Grammy de 2020 nos leva para dentro de sua casa no intimista documentário dirigido por R.J. Cutler, que acompanha a ascensão repentina da jovem. 

Indicado ao Emmy, o filme concorre em quatro categorias: Melhor Montagem em Programa de Não-Ficção, Melhor Direção Musical, Melhor Edição de Som em Reality ou Programa de Não-Ficção (Única ou Múltiplas Câmeras) e Melhor Mixagem de Som em Reality ou Programa de Não-Ficção (Única ou Múltiplas Câmeras). Lançado no início de 2021, Billie Eilish: The World’s A Little Blurry é mais um sucesso da cantora. – Mariana Chagas


Imagem retangular horizontal, cena do documentário Bem-vindo a Chechénia. A imagem mostra três pessoas brancas sentadas em um avião, lado a lado. Mal conseguimos ver a pessoa mais próxima da janela; a do meio, um homem, cobre seu rosto com a mão; o homem no assento no corredor olha para cima.
Bem-vindo a Chechênia recebeu uma indicação em Mérito Excepcional em Documentário (Foto: Public Square Films)

Bem-vindo a Chechênia (Welcome To Chechnya, David France)

Sempre nos perguntamos como sociedades assistiram genocídios acontecerem ao longo da História do mundo e não fizeram de tudo para impedir que continuassem. A comunidade LGBTQIA+ da Chechênia também não tem a resposta. Quando esse pequeno fragmento de texto foi escrito, e, agora, enquanto está sendo lido, chechenos que não se encaixam na cisheteronormatividade enfrentaram e enfrentam tortura física e psicológica em campos de concentração. Tortura, essa, que, em muitos casos, leva à morte, seja por decorrência da gravidade das agressões, ou em casos de suicídio, a única opção que encontram para fugir da dor. 

Bem-vindo a Chechênia, indicado ao Emmy 2021 em Mérito Excepcional em Documentário, denuncia um Estado cruel, comandado pelo ditador genocida Ramzan Kadyrov, apoiado por Vladimir Putin, e nos mostra as forças daqueles que tentam fugir ou salvar os que agonizam em medo e sofrimento. Os meios que o diretor David France utiliza para construir a técnica de seu longa parecem perder a importância aqui, diante de tamanha gravidade e urgência da situação. Pessoas estão morrendo. Em pleno século 21, estão sendo torturadas e morrendo em campos de concentração, desde 2017, apenas por serem quem elas são. Esse é um filme que seus relatos sobressaem a produção, sobressaem festivais e premiações, e marcam diretamente a parte da história infeliz e horrorosa da humanidade. – Jho Brunhara


A imagem é uma foto de Mia Farrow e Woody Allen sentados segurando seus filhos, Dylan e Ronan, no colo. Mia é uma mulher branca, de cabelos loiros e compridos, ela veste uma camisa rosa de mangas compridas e está com Ronan em seu colo, quando ele ainda era bebê. Ronan é um bebê branco, ele veste uma roupa branca. Woody é um homem branco, de cabelos castanhos, ele veste uma camisa xadrez e óculos de grau, e está com Dylan sentada em seu colo. Dylan é uma menina branca, de cabelos loiros cacheados, ela veste uma blusa listrada de mangas compridas e um macacão jeans.
Não demorou muito para Woody Allen se posicionar repudiando o documentário que é quase uma investigação contra ele (Foto: HBO)

Allen contra Farrow (Allen v. Farrow, Minissérie Documental, HBO) 

Que Woody Allen é um homem repugnante já não é novidade para muita gente. Mas a minissérie documental Allen contra Farrow faz questão de compilar anos e anos de sofrimento de toda uma família, em consequência do abuso sexual sofrido por Dylan Farrow e causado por ele próprio, que também é seu pai adotivo. Dividida em 4 episódios, a produção da HBO explora os traumas vividos pela escritora, que finalmente teve a chance de usar sua voz para derrubar a máscara do aparente indefeso nova-iorquino.

A obra dirigida por Kirby Dick e Amy Ziering cutuca todas as feridas do aclamado cineasta, culminando em um processo praticamente condenatório pela série de evidências e depoimentos que reúne, deixando apenas de mostrar o lado do acusado (mas não por falta de tentativas). E, passando por cima das críticas de Allen, a série conseguiu 7 indicações no Emmy 2021, incluindo Melhor Série Documental ou de Não-Ficção, em que tem grandes chances de sair vitoriosa. Os criadores ainda se garantiram em Melhor Direção em Documentário/Programa de Não-Ficção e Roteiro em Programa de Não-Ficção. Ver Allen contra Farrow ganhar uma estatueta seria não apenas um grande passo para a merecida queda de Woody Allen, como também um respiro de alívio necessário para Dylan. – Vitória Silva


A imagem é uma cena de Faz de Conta que NY é uma Cidade. Nela, Martin Scorsese e Fran Lebowitz estão atrás de uma porta, com seus rostos posicionados em um vão em formato ovalado. Martin Scorsese é um senhor branco, de cabelos grisalhos; e Fran Lebowitz é uma senhora branca, de cabelos castanhos e curtos, ela usa óculos de grau.
Scorsese não conseguiu ficar de fora nem do Oscar da Televisão (Foto: Netflix)

Faz de Conta que NY é uma Cidade (Pretend It’s A City, Minissérie Documental, Netflix) 

Faz de Conta que NY é uma Cidade é um passeio pela Grande Maçã estadunidense, por meio dos comentários da escritora Fran Lebowitz e sob o olhar de seu amigo de longa data Martin Scorsese. A minissérie documental da Netflix se apoia na visão da protagonista, que divide uma relação de anos com a cidade que nunca dorme e compartilha suas opiniões fortes em conversas de bar com o aclamado diretor, que também carrega um histórico de produções ambientadas na cidade. 

A produção garantiu uma indicação no Emmy 2021, em Melhor Série Documental ou de Não-Ficção, disputando com o peso pesado de Allen contra Farrow e os nomes American Masters, City So Real e Secrets of the Whales. Lebowitz e Scorsese ainda entraram na conta como produtores executivos, além de nos entreterem muito bem em meio ao faladeiro da escritora com a risada simpática do diretor ao fundo. – Vitória Silva


A imagem mostra um protesto a favor da liberdade da cantora Britney Spears, que está judicialmente dependente de seu pai em uma conservadoria. A foto é uma cena do documentário Framing Britney Spears, e mostra diversas pessoas na calçada de uma rua com cartazes pedindo a liberdade da cantora.
Framing Britney Spears recebeu duas indicações ao Emmy 2021 (Foto: Globoplay)

Framing Britney Spears: A Vida de Uma Estrela (Framing Britney Spears, Globoplay)

Framing Britney Spears: A Vida de Uma Estrela, documentário que ganhou as manchetes ao lado do movimento #FreeBritney, é um grande dossiê da vida da artista, seus acertos, erros, sua relação pública problemática com a família, e, principalmente, a perseguição midiática que a aterrorizou e a afetou para sempre. Indicado ao Emmy 2021 nas categorias Melhor Montagem em Programa de Não-Ficção e Melhor Documentário ou Especial de Não-Ficção, a produção do The New York Times, além de um grande pedido de desculpas, também ajudou a denunciar para o mundo o que estava se passando na família Spears. 

Em agosto, o pai de Britney Spears cedeu, pela primeira vez, à posição de tutor na conservadoria da cantora. Jamie Spears demonstrou interesse em deixar a função e permitir que outra pessoa assuma seu lugar. Seja por consequência da pressão pública que o documentário gerou ou não, preferimos acreditar que sim. Por enquanto, Framing Britney Spears lidera as chances de vitória na categoria de Melhor Documentário, mas a melhor conquista sempre será a chance de Britney retomar sua liberdade. – Jho Brunhara


Drama

Cena da série Pose. A cena mostra 4 mulheres negras, em pé e sorrindo, uma ao lado da outra, usando roupas chiques. Á direita, está Angel, de vestido branco; Elektra, de roupa verde; Lulu, de roupa preta; e Blanca, usando vestido com estampa de oncinha.
Se o mundo fosse justo, Pose venceria o Emmy de Melhor Série de Drama (Foto: FX)

Pose (3ª temporada, FX)

Pose, a lendária série com o maior elenco trans e negro da TV, chegou ao fim em sua terceira temporada. Exibida pelo FX, a produção se despediu com o gracejo costumeiro da trama da família Evangelista, ao mesmo tempo em que pontuou importantes discussões sociais e históricas que a comunidade trans viveu nos anos oitenta e noventa. O estrondo do ano três, menos interessado em expor feridas dolorosas que o passado, rendeu à Pose uma avalanche de indicações ao Emmy 2021.

Além de figurar em categorias técnicas que dizem respeito a Maquiagem, Figurino, e um Especial em Reality que discute a relevância de Pose, a obra apareceu em Série de Drama, em Ator (pela terceira vez para Billy Porter) e em Atriz, para Mj Rodriguez (que se tornou a primeira pessoa trans indicada a um Emmy de atuação principal). Steven Canals apareceu na lista de Direção pela Series Finale, episódio agraciado com uma menção em Roteiro, que abarcou todas as mentes que tiraram Pose do papel e marcaram-na na História.

Se os Evangelista de Nova York vão conseguir desbancar a azeda família real de The Crown, só o dia dezenove de setembro dirá, mas a relevância e a importância de Pose, por si só, já valem mais que qualquer troféu dourado. Mas que bom seria ver alguém em cima do palco, agradecendo a existência e a possibilidade de ter criado algo tão genuíno e tocante quanto essas três temporadas. É uma pena, porém, que Dominique Jackson e Indya Moore tenham sido esnobadas, para no lugar delas o Emmy encher a categoria de Atriz Coadjuvante com performances aquém e que só entraram pelo lobby massivo da série da Rainha e daquele bando de aias. – Vitor Evangelista


Cena da série The Crown. A imagem mostra a família real britânica da série posando para uma fotografia de Natal numa sala. Ao centro, existe um sofá verde claro, onde estão sentadas a Princesa Margaret, a Rainha Elizabeth, e a Rainha-Mãe, interpretadas por Helena Bonham-Carter, Olivia Colman e Marion Bailey, respectivamente. No lado esquerdo do sofá, Princesa Margaret,uma mulher branca de cabelos castanhos, usa um vestido preto e vermelho de mangas longas, batom e brincos vermelhos. Ao centro, Rainha Elizabeth, está sentada com as mãos sobre os joelhos e usa um vestido de mangas longas dourado e cabelos castanhos claros presos. Ao lado direito, a Rainha-Mãe também usa um vestido dourado, com as mãos sobre o colo, e está sentada levemente inclinada para o lado esquerdo. Todas elas sorriem para a câmera. Na frente das três, no chão, existe uma fila de crianças, que também posam para a foto sorrindo. Atrás do sofá, de pé, existem mais pessoas, das quais se destacam: o Príncipe Phillip, personagem de Tobias Menzies, um homem branco de cabelos loiros, que entrelaça as mãos e sorri levemente para a câmera; o Príncipe Charles, ao centro, de pé, atrás do sofá, vestindo um terno preto encarando a câmera com timidez; e Princesa Diana, também atrás do sofá, do lado esquerdo da imagem, que usa um vestido preto e posa para foto sem sorrir.
Disparando na frente em todas as categorias que concorre, The Crown só empata com The Mandalorian no número de indicações ao Emmy 2021 (Foto: Netflix)

The Crown (4ª temporada, Netflix)

A Netflix nunca esteve tão perto de vencer o Emmy de Melhor Série como está em 2021. Sempre antes ofuscada pela glória da HBO ou ficando atrás da simpatia do Amazon Prime Video, os anos pandêmicos foram produtivos para a gigante do streaming, que gravou o quarto ano de sua maior produção entre agosto de 2019 e março de 2020. Assim, The Crown sai na frente de todos os outros serviços cujos cursos de produção foram prejudicados com o seu melhor ano – até o momento -, explorando os mais atraentes aspectos da história da realeza britânica.

Por si só, o encanto da 4ª temporada de The Crown era irresistível, e ela sabia bem disso. Então, ambiciosa que só, a série eleva para além tudo o que já apresentou nos anos anteriores: roteiros repletos de camadas, direção precisa, elenco de excelência, riqueza visual e intertextual…  Cada elemento que colocou a superprodução da Netflix e sua ficcionalizada família real nas telas do mundo todo alcance seu auge. A Rainha inabalável (Olivia Colman) está repleta de hesitações; o Príncipe (Josh O’Connor) se transforma em monstro; o monstro (Tobias Menzies) se transforma em Príncipe; a Princesa (Helena Bonham Carter) se mostra muito maior que seus mais elevados e profanos títulos; a Dama de Ferro (Gillian Anderson) sofre seus derretimentos; e Lady Di (Emma Corrin) abala todo sistema da realeza com apenas um sorriso.

O fenômeno da quarta temporada no Emmy 2021 é gigantesco: todo o elenco principal está indicado em suas respectivas categorias, a equipe de roteiro é reconhecida e a direção uníssona da série é aclamada, cada um em seus devidos episódios. Mesmo os novatos dentre as seis categorias de atuação são os favoritos, junto da pressão da avalanche de Anderson, do efeito do retorno de Claire Foy e Charles Dance e do impacto do Oscar para a personagem de Emerald Fennell. Como a série mais indicada da noite, que aparece em todas as categorias principais de seu gênero, The Crown vai clamar na noite do dia 19 de setembro: Deus salve a Rainha. – Raquel Dutra


Cena da primeira temporada de Lovecraft Country. Montrose (Michael K. Williams) está de braços abertos, sorrindo dentro de um clube de drag queens. Montrose é negro e tem cabelos curtos, usando uma camisa social vermelha com a gola aberta e calças brancas presas por um cinto preto. Na frente e atrás dele, drag queens usando uma variedade de roupas que vão desde camisas sociais até vestidos elaborados. Montrose está com a cabeça apontada para cima e virada levemente para a direita, num sorriso profundo de olhos fechados. A cena toda está iluminada com luzes vermelhas do clube, e podemos ver mesas com lâmpadas atrás das personagens.
Montrose Freeman, interpretado supremamente por Michael K. Williams, encarna todas as melhores qualidades de Lovecraft Country e suas personagens complexas (Foto: HBO)

Lovecraft Country (1ª temporada, HBO) 

Após a HBO ter criminalmente escolhido não renovar o drama de terror e ficção científica Lovecraft Country para um segundo ano, a obra de Misha Green, adaptada do livro de Matt Ruff, tomou nova vida quando foi nomeada a 18 categorias do Emmy 2021. Mesmo que a ciclo da série termine aqui, seu legado se concretiza na vitória ao ser indicada junto das maiores produções do ano, superando as dificuldades que o gênero de terror enfrenta para ser reconhecido, à começar pelo roteiro de Green, indicada pelo episódio Sundown, que magistralmente insere seus personagens em um mundo estranho e deturpado antes por racismo do que por monstros.

Apesar de ter ficado de fora da categoria de Direção, foi bom ver seus intérpretes sendo reconhecidos de maneira geral: além de Jurnee Smollett e Jonathan Majors (ambos indicados pela primeira vez), que competem nas principais por darem vida ao par de Leti e Tic em sua jornada pelo desconhecido, Aunjanue Ellis compete por Atriz Coadjuvante graças à sua performance altamente introspectiva como Hippolyta no episódio I Am., além de Courtney B. Vance, indicado como Ator Convidado por seu trabalho em Whitey’s on the Moon. Porém, Lovecraft Country infelizmente se despede com uma tragédia: a morte do ator Michael K. Williams, indicado pela quarta vez como Ator Coadjuvante (única das categorias de atuação que nunca foi vencida por um negro) por sua interpretação transformativa de Montrose Freeman e uma vida não só de traumas e arrependimentos, mas também esperança. O ator recebe sua última indicação por sua performance no episódio Rewind 1921, que recria o Massacre de Tulsa em toda a sua monstruosidade e faz com que Montrose encare fantasmas de seu passado.

Mesmo com tantas indicações, tanto nas categorias principais quanto nas técnicas, fica a dúvida: será que a produção pode, de surpresa, abocanhar os maiores prêmios da noite, incluindo a cobiçada estatueta de Melhor Série de Drama? Não parece provável, dada a competição forte da já premiada The Crown na categoria. Porém, se tem uma lição que tiramos de Lovecraft Country, é que as coisas mais estranhas tendem a acontecer quando menos se espera – e quando mais se precisa. – Gabriel Oliveira F. Arruda


Cena da segunda temporada de O Mandaloriano. O mandaloriano Din Djarin se ajoelha ao lado do alienígena Grogu em uma caverna gélida onde sua nave caiu. Din usa uma armadura futurista prateada, com um visor de vidro preto em forma de “T” no capacete redondo. No seu ombro direito há a gravura de uma criatura com um chifre no nariz, semelhante a um rinoceronte. Din apoia o braço esquerdo no joelho esquerdo levantado, enquanto o direito está no chão. Podemos ver partes de tecido preto nos seus antebraços e joelhos, e as partes metálicas da armadura já estão começando a congelar. Grogu é um alienígena verde diminuto, do tamanho do braço de Din, com uma cabeça achatada e orelhas alongadas, ele tem olhos inteiramente negros e usa uma peça de roupa parda que vai até dos pés a cabeça, dobrada no pescoço. Saindo das mangas dessa peça, vemos uma pequena mão com três dedos. Grogu olha para Din, à sua esquerda, erguendo sua cabeça. Atrás deles, a nave de Din, danificada pela queda no chão de neve da caverna. A nave é prateada, com alguns padrões amarelos em sua lateral e rasgos em sua estrutura. Atrás dela, uma parede de gelo de azul profundo. Do teto partido da caverna vem uma iluminação fria.
O segundo ano das aventuras do Mandaloriano pela galáxia conquistou mais de vinte indicações no Emmy 2021 (Foto: Disney+)

The Mandalorian (2ª temporada, Disney+)

Liderando o número de indicações com 24 nomeações tanto nas categorias técnicas quanto nas principais, a segunda temporada de O Mandaloriano certamente voltou às telas do Disney+ com toda a pompa que uma série de Star Wars merece. Porém, assim como em 2020, é improvável que o hype por trás da série de Jon Favreau impulsione a produção a concorrer com os pesos pesados da categoria de Drama.

Por mais que sua trama desajeitada pule de planeta em planeta em busca de sentido, é difícil negar as chances que o seriado têm de passar o rodo nas categorias de Fotografia, Trilha Sonora, Efeitos Especiais, entre outras (que ela mesmo conquistou no ano anterior). Timothy Olyphant e Carl Weathers, indicados como atores convidados por seus papéis nos capítulos 9 (O Xerife) e 12 (O Cerco), respectivamente, talvez encontrem sua chance entre The Crown e Lovecraft Country, e o Moff Gideon de Giancarlo Esposito (indicado pelo último capítulo da temporada, O Resgate) não é um dos nomes mais improváveis na categoria de Ator Coadjuvante.

Dito isso, ainda é difícil ver alguma chance da produção levando as estatuetas de Direção (Capítulo 9: O Xerife) ou Roteiro (Capítulo 13: A Jedi e Capítulo 16: O Resgate) para casa, dada a forte competição e a própria qualidade dos episódios. Mesmo com uma campanha forte por parte de seu streaming, O Mandaloriano simplesmente não é uma concorrente séria ao prêmio de Melhor Drama. – Gabriel Oliveira F. Arruda


Cena da série The Handmaid’s Tale. A cena mostra Mckenna Grace, uma jovem branca com roupas verdes de Esposa, falando com June, uma loira, branca, aia, de vermelho e manchada de sangue no pescoço. June é carregada por outras aias, vestidas de vermelho e com a touca branca na cabeça.
Bendito seja o fruto: The Handmaid’s Tale voltou a ser boa! (Foto: Hulu)

O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale, 4ª temporada, Hulu/Paramount+)

The Handmaid’s Tale vive uma jornada de altos e baixos na TV. O ano inicial venceu o Emmy de Drama (até hoje a única produção de streaming a conseguir o feito), o segundo e o terceiro decepcionaram e a quarta temporada retomou o fogaréu que os votantes da Academia aparentemente amam.

Com 10 indicações só para seus atores, a série retorna ao Emmy como uma verdadeira ameaça ao reinado supremo de The Crown. Dessa vez, a trama finalmente tira June de Gilead e prepara as aias e as Tias para o iminente combate que, com fé, acontecerá no quinto e último ano. Elisabeth Moss retorna a corrida de Atriz, enquanto Ann Dowd, Yvonne Strahovski e Samira Wiley aparecem em Atriz Coadjuvante, ao lado da novata Madeline Brewer.

Em Ator Coadjuvante, Bradley Whitford dá as boas-vindas aos fresquinhos O-T Fagbenle e Max Minghella. Na categoria de Atriz Convidada, Alexis Bledel está na companhia da jovem Mckenna Grace, de apenas 15 anos. The Handmaid’s Tale emplacou nomeações em Direção (The Wilderness) e em Roteiro (Home), provando que, com a quantidade certa de faísca e boa vontade, até a mais morte das produções relevantes do momento pode voltar a vida. – Vitor Evangelista


Cena da série Bridgerton. Regé-Jean Page, um homem negro de barba e cabelos ralos, está à direita da foto, do pescoço para cima. Com a cabeça inclinada, ele olha em direção à mulher que está em seu colo, mas de costas na imagem. Ela é branca e tem cabelos castanhos claros, e está com o braço ao redor do pescoço de Regé.
Será que Anthony conseguirá assumir o posto deixado por Simon na segunda temporada? (Foto: Netflix)

Bridgerton (1ª temporada, Netflix) 

Todo mundo sabia que Bridgerton era extremamente esperada no catálogo da Netflix. Agora, o sucesso estrondoso da série logo nas primeiras semanas, que se tornou a mais assistida da história da plataforma, foi novidade. Pouco menos de um ano depois, a família com um abecedário de filhos protagonizou outra surpresa: foram 12 indicações no Emmy 2021. 

Nas categorias técnicas, Bridgerton emplacou o que se é esperado de uma trama de época, com indicações em Figurino, Design de Produção e Cabelo e Maquiagem. Julie Anne Robinson, por sua vez, agarrou sua vaga em Melhor Direção em Drama pelo piloto da temporada, Diamante raro, que nos introduz à fértil família Bridgerton e às fofocas deliciosas de Lady Whistledown. Por falar nela, a verdadeira rainha da série, Julie Andrews espalhou tanto boato que garantiu um espacinho na categoria de Melhor Performance em Voz. 

Mas foi ler o nome da produção em Melhor Série de Drama e Melhor Ator em Drama que tirou suspiros dos que acompanham a maior premiação da TV. Claro que, no fim das contas, a realeza de The Crown não vai deixar sobrar estatueta nenhuma, mas os amantes da série podem ser felizes por enquanto. Curiosamente, o único indicado em atuação não carrega o sobrenome Bridgerton no nome: responsável pelo sucesso supremo da produção, o Duque de Hastings de Regé-Jean Page esbanjou talento suficiente para marcar seu nome no Emmy. Premiado ou não, o Duque não vai ser apagado tão fácil do imaginário popular. – Caroline Campos


Cena da segunda temporada de The Boys. Ao centro da imagem, em frente a uma bandeira dos Estados Unidos e a uma arquibancada lotada de gente aplaudindo e sorrindo, vemos as personagens Tempesta e Capitão Pátria, vestindo seus uniformes de herói, se beijando.
Se a estreia de The Boys só foi lembrada em uma categoria técnica no Emmy 2020, o segundo ano da série recebeu cinco indicações nesta 73ª edição (Foto: Amazon Prime Video)

The Boys (2ª temporada, Amazon Prime Video) 

Mais frenética, violenta e política, a segunda temporada de The Boys tascou indicações nas principais categorias do Emmy 2021. Na continuação da série original do Amazon Prime Video, os absurdos gráficos se conciliaram à narrativa central e ao desenvolvimentos dos personagens – Kimiko, Frenchie e Rainha Maeve ganharam alguns minutos a mais, Billy Bruto reencontrou seu cachorro, Capitão Pátria ficou mais sádico a cada episódio. 

Entre tantos heróis vilões e mocinhos anti-heróis, sobrou tempo para trazer a ficção para perto demais, com as críticas sociais mais presentes do que no já magnífico e provocador primeiro ano. Do seu jeitinho satírico e sarcástico, a segunda temporada abordou xenofobia, manipulação midiática, alienação pelas redes sociais, o reaparecimento de grupos neonazistas e, claro, não esqueceu do cerne da premissa, os absurdos e consequências do capitalismo. 

The Boys é de explodir a cabeça e, além de marcar presença nas grandiosas Melhor Série de Drama e Melhor Roteiro em Drama, ainda tascou indicações em Melhores Efeitos Visuais em uma Temporada ou Telefilme e em outras categorias técnicas. Infelizmente, na noite principal do Emmy, a segunda temporada seria zebra. Ou quem sabe? A série bem sabe como fazer um plot twist. – Vitória Lopes Gomez


Cena da série This Is Us. A cena mostra os irmãos Randall (à esquerda) e Kevin (à direita), sentados na entrada da casa, se olhando. Randall é negro, usa camisa escura e calça jeans; Kevin é branco, e usa um blazer escuro, com as mãos colocadas no bolso da calça. Está de dia, e a porta no meio deles é marrom escuro, com o número 321 em cor metálica dourada.
O penúltimo ano de This Is Us continua desvendando o passado, presente e futuro da família Pearson (Foto: NBC)

This Is Us (5ª temporada, NBC)

Se mantendo como a única representante originária da TV aberta na corrida de Drama do Emmy, a quinta temporada de This Is Us continua incrível, mas o prestígio da Academia parece ter se esvaído um pouco. Sterling K. Brown, que venceu pelo ano um, retorna para sua quinta nomeação pelo papel de Randall Pearson. Ele submeteu um dos episódios iniciais da leva, que ressoam na alma do personagem, completamente focado em entender suas raízes e conhecer sua mãe biológica.

Quem também está na lista dos atores nomeados é Chris Sullivan. Na categoria de Coadjuvante em que havia aparecido apenas uma vez antes, ele escolheu o episódio onde espera o nascimento de sua filha, do lado de fora do hospital por conta dos protocolos sanitários de combate à pandemia. A questão do coronavírus, diga-se de passagem, foi muito bem incrementada na narrativa da NBC, se integrando facilmente às tramas cotidianas da família. Phylicia Rashad, a atriz que interpreta a mãe de Beth, foi lembrada como Convidada, e submeteu o capítulo em que se torna um farol de segurança para a neta queer. This Is Us ainda apareceu em listas de Maquiagem e Trilha, além de figurar em Melhor Série de Drama, com chances quase nulas de vencer. – Vitor Evangelista


Cena da série Euphoria. Na imagem há o rosto da protagonista Rue. Ela é uma mulher negra de pele clara com cabelos castanhos cacheados bagunçados, está com o pescoço virado para o lado, os olhos arregalados e atentos e sua expressão é conturbada. O fundo é um embaçado de luzes amarelas.
O sofrimento rasgante de Rue sob as lentes de Marcell Rév o levam ao Emmy pelo Especial de Euphoria – Parte 1 (Foto: HBO)

Euphoria – Parte 1: Rue (Episódio Especial de Euphoria, HBO)

Euphoria terminou sua primeira – e fantástica – temporada com um xeque-mate: a cena da recaída de Rue em que finalmente a música All For Us ganha a voz de Zendaya. Mas antes de retomar a melancólica e autodestrutiva história dos jovens da série, o diretor e roteirista Sam Levinson dá mais uma hora inteira para a dor de Rue na primeira parte do Especial de Euphoria. Se a estatueta de Zendaya já mostrou sua atuação espetacular, o episódio Trouble Don’t Last Always veio para mais e foi indicado à Melhor Fotografia para Série de Câmera Única (Uma Hora), com o retrato minucioso de Marcell Rév para o Emmy 2021.

Numa lanchonete qualquer em plena noite de Natal, Rue e Ali (Colman Domingo) têm uma longa e complexa conversa sobre vício, vida e morte, e família. Depois da protagonista ser abandonada por seu amor Jules, teve uma recaída – mesmo que negue. Mas, como tudo em Euphoria, o episódio transcende a própria trama para perguntar ao mundo se a consciência humana suporta o caos da existência. A arte criada na Parte 1 do Especial deixa qualquer um preso na dimensão de Euphoria. Marcell Rév foi capaz de transmitir o sofrimento profundo apenas pela sua câmera, e isso foi tão incrível quanto insuportável de assistir sem levar grande parte da dor, não é atoa que o Emmy o espera. – Nathália Mendes


Cena da série Euphoria. Na imagem há o rosto da personagem Jules. Ela é uma mulher branca de cabelos loiros e olhos azuis. Sua expressão mostra medo, confusão e tristeza. O fundo da imagem é uma parede bege desfocada.
Hunter Schafer criou uma personagem complexa com pedaços de si mesma (Foto: HBO)

Euphoria – Parte 2: Jules (Episódio Especial de Euphoria, HBO)

Toda a genialidade do Especial de Euphoria mora na arte de falar tanto em cenas tão estáticas. Se isso já aconteceu na longa conversa de Rue (Zendaya) e Ali (Colman Domingo) na primeira parte, o segundo episódio veio para desenhar o que é uma obra estética e emocionalmente perfeita. Dessa vez, o protagonismo de Jules (Hunter Schafer) leva duas indicações ao Emmy 2021 com Fuck Anyone Who’s Not A Sea Blob, e narra, pela primeira vez, a história sob seus olhos. Como parte da terapia de Jules, o episódio é uma peça solo, quase como se tentasse contar a um estranho quantos sentimentos borbulham no peito de uma adolescente trans que havia deixado uma namorada viciada.

As indicações da Academia vieram nas categorias de Melhor Figurino e Maquiagem Contemporânea, o que é interessante para um episódio que celebra a nudez de Jules e a faz questionar a imagem feminina que possuía. Ela entra vestida apenas com as suas memórias e o peso da culpa, e como uma lagarta entrando em seu casulo, repensa sua própria construção de mulher trans. A Parte 2 do Especial de Euphoria consegue mostrar uma personagem emocionalmente complexa que transcende a série e a própria Hunter, tudo isso visto apenas pelo reflexo dos olhos azuis de Jules. – Nathália Mendes


 Cena da primeira temporada de Perry Mason. Perry (Matthew Rhys) está em uma viela da Los Angeles dos anos 30, olhando para sua direita, na direção da câmera, com o corpo virado para a direita. Perry é caucasiano, com o cabelo escondido pelo chapéu de aba amarronzado e velho que usa. Ele usa uma jaqueta batida de botões por cima de uma camisa social amarelada com uma gravata preta desbotada. Seus braços estão sobrados na altura da cintura, segurando algo em ambas as mãos. Um automóvel velho e enferrujado está estacionado um pouco atrás dele, na rua estreita iluminada pelo luar. No final da viela, um vulto se aproxima sem ele perceber, desfocado, com as mãos nos bolsos das calças.
O drama noir de Perry Mason não pareceu ter conquistado os sentimentos dos votantes (Foto: HBO)

Perry Mason (1ª temporada, HBO) 

A nova versão de Perry Mason, famoso advogado da literatura americana, puxa para um lado mais sombrio que prévias adaptações televisivas, mas ainda se apoia nos mesmos arquétipos para contar sua história de investigação e luta por justiça. Isso reflete no seu número modesto de indicações, que prestigiam os aspectos mais óbvios de sua produção, em detrimento de alguns que poderiam ser melhor apreciados.

Matthew Rhys, indicado pela quarta vez à estatueta de Melhor Ator em Drama, encarna a pele do advogado titular com toda a amargura que esperamos ver de um detetive noir deprimido se agarrando ao último caso, e sua transformação em defensor dos inocentes no último episódio da temporada (Capítulo Oito) emociona, mas não inspira. Já John Lithgow, indicado a Melhor Ator Coadjuvante em Drama, trabalha bem com o mentor idoso de Mason e, por mais que seu papel termine mais cedo do que o esperado, sua participação no Capítulo Quatro marca a série enormemente.

Foi decepcionante não ver a releitura de Della Street feita por Juliet Rylance sendo reconhecida, já que a importância para a resolução do caso e seu papel na narrativa seja inestimável. Já nas categorias técnicas, a primeira temporada da produção da HBO tem mais chances de ganhar em Melhor Fotografia em Drama de Câmera Única (Uma Hora) e Design de Produção, por seus ângulos contrastantes e sua recriação meticulosa de uma Los Angeles no meio da Grande Depressão. – Gabriel Oliveira F. Arruda


Cena da série Ratched. A cena mostra Sophie Okonedo, uma mulher negra, olhando para baixo com expressão distante. Ela usa roupas com estampa de xadrez marrom.
Muitos anos depois de American Horror Story: Asylum, Sarah Paulson e Ryan Murphy se reencontram nos corredores de um hospital (Foto: Netflix)

Ratched (1ª temporada, Netflix) 

Ratched nunca se propôs a ser nada além de uma divertida releitura da origem da enfermeira que rendeu um Oscar para Louise Fletcher em 1976. A primeira temporada dessa satírica reinvenção sádica de Mildred Ratched surpreendeu com nomeações importantes no Globo de Ouro, mas o fiasco e a erupção da HFPA pareceu amedrontar qualquer chance das indicações se repetirem com a Academia.

Sem Sarah Paulson ou Cynthia Nixon aparecendo em listas onde não mereciam estar, o Emmy honrou, além de menções aos pomposos figurinos, maquiagem e penteados, a melhor parte de Ratched: a selvagem performance de Sophie Okonedo, que vive Charlotte, uma paciente com múltiplas personalidades. Sua escolha de consideração com o episódio The Dance, onde a mulher explode depois de sua breve recuperação, deveria-lhe render o cobiçado troféu dourado.

Infelizmente, o histórico da categoria de Melhor Atriz Convidada em Drama aponta um favoritismo injusto para com a carreira das artistas indicadas, ao invés da avaliação dos trabalhos atuais. Em um ecossistema habitado por aias e por uma aparição relâmpago da antiga Rainha de The Crown, Okonedo se apequena. Uma pena, considerando que Ratched passa de monótona para insuportável e termina como enfadonha, o mínimo a se fazer seria recompensar a única parcela verdadeiramente positiva dessa bagunça colorida da Netflix, certo? – Vitor Evangelista


A imagem é uma cena da série In Treatment. Nela, Uzo Aduba, que interpreta a Dra. Brooke Taylor, está sentada em uma poltrona laranja em seu consultório. Uzo é uma mulher negra, de cabelos lisos, pretos e curtos; ela veste uma blusa branca, com um terno e saia verde-marinho, e também usa um par de brincos com uma pedra grande.
A quarta temporada de In Treatment é também um reboot da série, que antes tinha Gabriel Byrne no papel principal (Foto: HBO)

In Treatment (4ª temporada, HBO)

A série In Treatment rendeu apenas uma indicação no Emmy 2021, mas ela já é mais do que simbólica. Uzo Aduba concorre por Melhor Atriz em Drama, uma das maiores categorias da premiação, e conseguiu esse feito interpretando a primeira protagonista de sua carreira, Dra. Brooke Taylor, que se encontra com questões da própria atriz ao passar por um estágio de luto ao longo da temporada. Uzo perdeu sua mãe para o câncer no ano passado, 3 meses após discursar em sua vitória no Emmy 2020 por seu papel como Shirley Chisholm em Mrs. America.

Junto a essa conquista, somam-se outras duas por seu icônico papel como Crazy Eyes em Orange is the New Black, que a consagrou como a única atriz a vencer em Drama e Comédia pela mesma personagem. Mesmo precisando superar o batalhão de Emma Corrin, por The Crown, ou a força de Mj Rodriguez, por Pose, a indicação de Uzo em uma categoria de peso como essa é apenas mais um registro da sua potência como atriz. – Vitória Silva


Cena da segunda temporada de The Umbrella Academy. A cena se passa em um salão de cabeleireiro, com cortinas amarelas e plantas penduradas, mesas, cadeiras, produtos de beleza e vasos ao fundo. Em um primeiro plano, vemos, da esquerda para a direita, os personagens Klaus, um homem branco, de cabelos castanhos na altura do ombro, barba e bigode, aparentando ter cerca de 30 anos, vestindo uma camiseta preta e uma calça, descalço; Allison, uma mulher negra, de cabelos castanhos longos, aparentando ter cerca de 30 anos, usando um vestido listrado e salto alto; e Vanya, interpretada pelo ator Elliot Page, é na série uma mulher branca, de cabelos castanhos lisos e longos, aparentando ter cerca de 30 anos, vestindo uma jaqueta azul, calça preta e sapatos marrons; fazendo poses ao dançarem.
Com a segunda temporada indicada quatro vezes ao Emmy 2021, The Umbrella Academy estreou sua participação na premiação em 2019, com a primeira nomeada em duas categorias técnicas (Foto: Netflix)

The Umbrella Academy (2ª temporada, Netflix)

Dispersos pelo tempo, os irmãos Hargreeves tascaram logo quatro indicações no Emmy Criativo de 2021. Se os entes queridos, mas distantes dependeram de um conflito em comum para se reconectarem, a ameaça do apocalipse ainda não foi resolvida e é motivo o suficiente para mais uma reunião familiar na segunda temporada de The Umbrella Academy. De novo, cabe a Cinco (Aidan Gallagher) juntar os irmãos. 

O único problema é que, partindo de onde a primeira temporada terminou, cada um dos seis foi parar em um lugar diferente – ou melhor, em um tempo diferente. Agora que os poderes, a dinâmica familiar e a infância conturbada já foram explorados, a continuação foca nos personagens individualmente. As diferentes personalidades, as situações em que se metem e o companheirismo entre os irmãos rendem uma temporada mais leve, dinâmica e ainda mais divertida, que pode levar The Umbrella Academy ao palco quatro vezes na primeira noite do maior evento da TV. – Vitória Lopes Gomez


Cena da série Falcão e o Soldado Invernal. A cena mostra Rhodes, personagem de Don Cheadle, olhando para algo em um close-up. Ele é um homem idoso, negro e com cabelos raspados rente à cabeça. Ele usa um terno meio uniforme militar, com medalhas no peito, além de camisa branca e gravata escura.
Falcão e Soldado Invernal indicados ao Emmy? Que nada! A Academia escolheu o Máquina de Combate para disputar o troféu (Foto: Disney+)

O Falcão e o Soldado Invernal (The Falcon and the Winter Soldier, 1ª temporada, Disney+)

Nem Don Cheadle acreditou em sua 11ª indicação ao Emmy. Tomando menos de dois minutos do tempo de tela do primeiro episódio de Falcão e o Soldado Invernal, o ator que vive James Rhodes desde Homem de Ferro 2 fez o suficiente para conquistar a atenção e o respeito da Academia como um dos Melhores Atores Convidados em Drama de 2021.

Uma indicação nessa disputa era esperada, mas do outro lado e com Julia Louis-Dreyfus e sua cretina Val. O status de Dreyfus, uma das maiores vencedoras do Emmy da história, acabou eclipsado pela armadura do Máquina de Combate que, embora aqui faça uma pontinha de luxo, logo ganhará uma série do Disney+ para chamar de sua: Armor Wars.

As aventuras de Sam (Anthony Mackie) e Bucky (Sebastian Stan) ficaram restritas apenas a essa menção principal, enquanto o fuzuê de Wanda e Visão se sagrou uma das produções mais lembradas do ano. Indicada para mais 4 Emmys técnicos, a história de Falcão e o Soldado Invernal segue os eventos cataclísmicos de Vingadores: Ultimato, colocando os dois parceiros do Capitão América em salas de terapia e campos de batalha, tudo para decidir, de uma vez por todas, quem carregará o legado de Steve Rogers. – Vitor Evangelista


Especial de Variedades

A imagem é uma cena do especial Friends: The Reunion. Nela, estão sentados em um sofá em frente a uma fonte de água, da esquerda para direita: Jennifer Aniston, Courteney Cox, Matthew Perry e Lisa Kudrow. David Schwimmer e Matt LeBlanc estão sentados em duas poltronas ao lado direito do sofá. Em frente ao sofá, há uma mesa de centro, com um vaso com flores, três canecas amarelas e uma placa escrito Reserved em cima.
Entre os 6 amigos, Lisa Kudrow e Jennifer Aniston foram as únicas que conquistaram uma estatueta pela série (Foto: HBO Max)

Friends: The Reunion (Ben Winston, HBO Max)

É claro que o reencontro do grupo de amigos mais queridos da Televisão não iria ficar de fora do Emmy 2021. A produção do HBO Max gravada já em tempos pandêmicos garantiu 4 indicações na premiação, em Melhor Especial de Variedades (Pré-Gravado), Melhor Design de Produção em Especial de Variedades, Melhor Direção em Especial de Variedades e Melhor Design de Iluminação/Direção de Iluminação para Especial de Variedades. E ainda fez justiça por Courteney Cox, que era a única dos Friends que ainda não tinha sido concedida a honraria de concorrer à estatueta. 

Friends: The Reunion contou não só como a primeira reunião televisionada dos intérpretes de Rachel, Joey, Ross, Chandler, Phoebe e Monica após 17 anos, mas também como a realização dos fãs de uma das maiores séries de conforto dos últimos tempos. A recriação dos cenários, retorno de antigos personagens e a releitura das cenas foram a combinação perfeita de aquilo que nem sabíamos que era exatamente o que precisávamos.

Além de concretizar que Ross e Rachel tinham sim dado um tempo, nos deu a certeza de que, a partir de agora, não há mais o que esperar: Friends definitivamente acabou. Mesmo com a emocionante reunião, Friends: The Reunion não tem muitas chances de desbancar a grandiosidade de Hamilton ou do também musical, mas em estilo home office, Bo Burnham: Inside. Ainda sim, ver os 6 amigos serem lembrados na premiação é o toque final de uma longa espera. – Vitória Silva


Cena do especial Bo Burnham: Inside. A foto mostra uma silhueta de Bo Burnham inclinado para a direita e com um microfone em mãos. Ele se encontra em um quarto com alguns objetos espalhados como um teclado,um suporte de microfone, um banquinho, e um notebook. O quarto é inteiramente banhado por uma projeção de um céu azul com estrelas.
Legenda: Todos os olhos em Bo Burnham no Emmy 2021 (Foto: Netflix)

Bo Burnham: Inside (Bo Burnham, Netflix) 

O indescritível especial de comédia que não se parece em nada com um especial de comédia (talvez porque não seja) lançado pela Netflix mais cedo neste ano, dá outro sentido à expressão one-man show. Todas as seis indicações são atribuídas unicamente a Bo Burnham, com exceção de Melhor Especial de Variedades (Pré-Gravado), compartilhada com o produtor Josh Senior. A concorrência na categoria é grande: Burnham compete com Dave Chappelle, David Byrne, Friends, e Hamilton. Ainda assim, ele tem grandes chances de sair recordista da cerimônia, caso se equipare ou supere a barreira de 4 prêmios entregues a uma mesma pessoa em um mesmo ano, feito conquistado apenas 3 vezes na história da premiação. 

Gravado ao longo de 2020 por Burnham no quarto de seu quintal, Inside foi reconhecido também nas categorias de Direção, Montagem, e Roteiro em Especial de Variedades, provando o quão grande um projeto aparentemente pequeno pode se tornar. A coroação do Especial vem com suas duas indicações às categorias gerais de Direção Musical e Canção e Letra Originais para Comedy. Com seus múltiplos talentos reconhecidos, Bo Burnham tem todas as razões para brilhar no Emmy 2021. – João Batista Signorelli


Quatro homens com vestes coloniais dançando e rindo. Suas roupas são inteiramente beges, com exceção do casaco azul marinho. Da esquerda para a direita, o primeiro homem é negro de pele clara, seu cabelo é crespo e comprido e está preso em um rabo de cavalo, ele tem uma barba cheia e está sorrindo com o corpo virado para a direita e ele está segurando um copo transparente nas mãos. Ao seu lado está um homem negro de pele mais escura, seu cabelo é curto e crespo, ele está usando um faixa preta. Seu corpo está virado para a frente e tem um cantil em sua mão esquerda. Do lado deste, um pouco atrás, está um homem latino de pele morena, seu cabelo preto está preso em um rabo de cavalo e ele está com a mão esquerda para o alto. Por fim temos um homem porto-riquenho, com cabelo preto preso também em um rabo de cavalo, sua pele é clara, seus olhos escuros e ele tem um cavanhaque.
Daveed Diggs, Anthony Ramos e Lin-Manuel Miranda estão todos indicados em categorias do Emmy 2021 por suas atuações (Foto: Disney+)

Hamilton (Thomas Kail, Disney+) 

A história do órfão nascido no Caribe que se tornou um dos principais pai-fundadores dos Estados Unidos já conquistou a todos desde seu nascimento. No seu ano de estreia na Broadway, o musical escrito por Lin-Manuel Miranda ganhou 11 dos 16 Tonys pelos quais foi indicado, incluindo Melhor Musical e Melhor Trilha Sonora. Além disso, venceu um Grammy de Melhor Álbum de Teatro Musical e foi votado pela audiência no site da Broadway como Melhor Novo Musical do ano de 2016.

Em 2020, Hamilton finalmente teve seu tão esperado lançamento em filme, conquistando diversas indicações no Emmy desse ano. Ao começar pelos prêmios de atuação, o musical está concorrendo a 5 nas categorias de coadjuvante com Daveed Diggs como Marquis de Lafayette e Thomas Jefferson, Jonathan Groff como Rei George, Anthony Ramos como John Laurens e Phillip Hamilton, Phillipa Soo como Eliza Hamilton e Renée Elise Goldsberry por seu papel como Angelica Schuyler. E a 2 na categoria principal, para Lin-Manuel Miranda (Alexander Hamilton) e Leslie Odom, Jr. (Aaron Burr). Além desses, Thomas Kail também está concorrendo a Melhor Direção em Série Limitada ou Antologia ou Telefilme. Nas categorias técnicas, Hamilton também está muito presente, com 5 indicações incluindo Edição e Mixagem de Som. – Marcela Zogheib


Telefilme

Oslo é a aposta da HBO para manter o título de Melhor Telefilme (Foto: HBO)

Oslo (Idem, Bartlett Sher) 

Dirigido por Bartlett Sher e adaptado de uma peça teatral,  Oslo conta sobre a reunião entre líderes de Israel e da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), em 1993, na capital da Noruega para negociar os Acordos de Paz de Oslo. Sem grandes discussões, o filme foca mais nas aparências do acontecimento do que no contexto histórico em si.

Correndo a duas categorias no Emmy 2021, a que chama mais atenção, sem dúvidas, é a nomeação em Melhor Telefilme. Competindo ao lado de Sylvie’s Love e Uncle Frank, ambas produções da Amazon Prime Video, as chances da estatueta ir para Oslo não são as mais animadoras, mas o longa não está fora do páreo da disputa no antepenúltimo domingo de setembro. – Ana Júlia Trevisan


Cena do filme Natal com Dolly Parton. A cena mostra a personagem de Christine Baranski, uma mulher branca e idosa, usando terninho cinza e olhando para um anjo iluminado. O anjo é Dolly Parton, uma idosa branca, loira e usando roupas angelicais.
Com Dolly Parton, o Natal não é só em dezembro (Foto: Netflix)

Natal com Dolly Parton (Dolly Parton’s Christmas on the Square, Debbie Allen)

Dolly Parton já virou figurinha esperada na lista de indicações do Emmy. Acumulando 4 nomeações (três em apenas quatro anos), o ícone country celebrou o reconhecimento de seu mais novo filme em parceria com a Netflix: Natal com Dolly Parton.

Dirigido e coreografado por Debbie Allen, e protagonizado pela própria Dolly ao lado de uma ranzinza Christine Baranski, o longa concorre nas categorias de Melhor Telefilme e Melhor Coreografia em Programa Roteirizado. É improvável que a rival de Jolene suba ao palco, mas apenas sua presença na lista dos melhores da TV já é um presente e tanto. – Vitor Evangelista


Poster do filme Robin Roberts Presents: Mahalia. A foto mostra Mahalia cantando. Ela é interpretada por Danielle Brooks, uma mulher negra, gorda, que usa roupa azul e colar de brilhantes. Ela canta de olhos fechados, boca aberta e segurando o microfone com força
De Orange is the New Black para as igrejas de Mahalia: Danielle Brooks é a grande estrela do telefilme (Foto: Lifetime)

Robin Roberts Presents: Mahalia (Idem, Kenny Leon)

Depois de trazer a vida de Kamiyah Mobley para as telinhas em Stolen By My Mother: The Kamiyah Mobley Story, a apresentadora Robin Roberts prossegue em sua cruzada de contar a história de mulheres negras com Robin Roberts Presents: Mahalia. O longa, original do canal Lifetime, é baseado na vida da lendária cantora gospel Mahalia Jackson, que ainda tomou parte no movimento dos direitos civis.

Protagonizado por uma inspiradíssima (e recém-saída da prisão de Litchfield) Danielle Brooks, a produção concorre como Melhor Telefilme no Emmy 2021, ao lado de nomes como Oslo e Tio Frank. Dirigido por Kenny Leon, que também atua na obra, essa cinebiografia de Mahalia é o azarão da corrida. – Vitor Evangelista


Cena do filme O Amor de Sylvie. A foto mostra uma mulher e um homem jovens e negros, em pé de frente um para o outro com os corpos próximos e com as mãos juntas, no meio de uma rua à noite com vários carros estacionados próximos da calçada. Eles vestem roupas da década de 50.
O filme evoca os romances clássicos de Hollywood (Foto: Amazon Prime Video)

O Amor de Sylvie (Sylvie’s Love, Eugene Ashe) 

Belo e delicado, o romance estrelado por Tessa Thompson e Nnamdi Asomugha e segundo longa do diretor Eugene Ashe é um dos favoritos a levar a estatueta de Melhor Telefilme, liderando as apostas da categoria. A provável premiação seria o único reconhecimento que o filme conseguiria receber no Emmy 2021, já que não foi indicado em nenhuma outra categoria. 

A fotografia em 16mm, que atribui ao filme uma atmosfera nostálgica, e a direção de arte, que com muitas cores marca a passagem de tempo entre as décadas de 50 e 60, renderiam facilmente ao longa algumas indicações às categorias técnicas, não fossem essas unificadas a outros formatos como Série Limitada ou programas narrativos em geral. Escondido dentre tantos indicados em tantas categorias, O Amor de Sylvie é uma pequena pérola que merece ser reconhecida. – João Batista Signorelli


Cena do filme Tio Frank. Na imagem, sentados ao redor de uma mesa de café da manhã posta, em uma sala de estar de uma casa, vemos, do lado esquerdo, Betty, uma mulher branca, de cabelos ruivos curtos e enrolados, aparentando ter cerca de 15 anos, vestindo uma blusa listrada de gola alta; Wally, um homem muçulmano, de cabelos e barba pretos, aparentando ter cerca de 40 anos, vestindo uma camiseta polo preta; e, do lado direito, Frank, um homem branco, de cabelos e bigode loiros, aparentando ter cerca de 40 anos, vestindo um casaco cinza listrado
Legenda: Uncle Frank, fielmente traduzido para Tio Frank, é uma das duas produções do Amaon Prime Video a ser indicada como Melhor Telefilme no Emmy 2021 (Foto: Amazon Studios)

Tio Frank (Uncle Frank, Alan Ball)

Em mais de um ano de cinemas fechados e lançamentos pensados para o streaming, a categoria de Melhor Telefilme se viu em um ano próspero. Tio Frank, que estreou no Festival de Sundance de 2020 e logo foi adquirido pela Amazon Studios, foi um dos que marcou presença nos indicados do Emmy 2021, na modalidade dos longas destinados à TV. 

No filme, a história de Frank (Paul Bettany) é contada através das palavras de sua sobrinha, Betty (Sophia Lillis), que se muda de uma cidadezinha interiorana e conservadora para Nova Iorque e, por lá, descobre que o tio preferido é gay. Inspirado na vida real do diretor e roteirista ganhador do Oscar Alan Ball, Tio Frank se aprofunda à medida que o protagonista retorna às suas origens e, em um comovente drama sobre repressão, aceitação e pertencimento, enfatiza como o passado pode afetar o presente. – Vitória Lopes Gomez


Série Limitada ou Antologia

E foi assim que a Marvel chegou ao Oscar da TV (Foto: Disney+)

WandaVision (Idem, Disney+)

O clamor do Emmy 2020 por The Mandalorian fez brilhar os olhos da Marvel. Já arquitetando sua chegada à TV, o estúdio investiu pesado numa produção que pudesse alcançar as honrarias máximas do meio, assim como fez no Oscar 2019 ao conquistar a maior premiação do Cinema com a beleza, impacto e relevância de Pantera Negra. Então, o ponto de partida escolhido para tal feito foi justamente o da personagem mais interessante dentre os mais diversos super-heróis existentes no universo. Através de uma história que parte da dimensão psicológica poderosa da Feiticeira Escarlate, a Marvel atingiu todos os seus objetivos com WandaVision.

Para tanto, a série apostou numa concepção especial. A partir da nova, cômica e dramática vida de Wanda (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany) como um casal normal no subúrbio de Nova Jersey, a série encontra o gancho perfeito para homenagear a própria Televisão e ir além de apresentar mais uma história sobre heróis da Marvel. Adotando diferentes formatos em seus episódios, a produção avança de década em década fazendo referência à famosas sitcoms da TV norte-americana, numa construção que se relaciona intimamente com a trama interna de WandaVision. Em um daqueles estalos geniais que devem ter surgido na sala de roteiro, a série cria no plano físico o poder de manipulação da realidade de Wanda, que tentando seguir em frente em meio ao luto, se apega às suas memórias de infância em Sokovia, quando seu passatempo favorito era – adivinha?! – assistir os seriados americanos.

O conjunto da obra, que pede muito da atuação de Olsen e Bettany em todos os nove episódios, que deve muito aos encantos de Kathryn Hahn, e que conta muito com a direção de Matt Shakman e com os roteiros de Chuck Hayward, Jac Schaeffer e Laura Donney, abocanhou indicações em seis categorias principais no Emmy 2021. Entretanto, o trio de indicados a Melhor Roteiro em Série Limitada ou Antologia ou Telefilme pode prejudicar o favoritismo da série e dividir os votos. Através de todo o resto (Melhor Série Limitada ou Antologia e Melhor Direção, Melhor Ator, Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante do gênero), porém, WandaVision inicia uma era de sucesso certeiro para a Marvel na TV. – Raquel Dutra


A imagem é uma cena da série O Gambito da Rainha. Nela, a atriz Anya Taylor-Joy, que interpreta Beth Harmon, está sentada ao lado de uma cama, com sua cabeça apoiada na mão direita, olhando para um tabuleiro com peças de xadrez em cima da cama. Ela é uma mulher branca, de cabelos ruivos acima dos ombros, e é possível ver que ela veste um casaco marrom escuro
Com 18 indicações, O Gambito da Rainha é uma das grandes apostas em Melhor Série Limitada ou Antologia (Foto: Netflix)

O Gambito da Rainha (The Queen’s Gambit, Netflix) 

Quem diria que Anya Taylor-Joy jogando xadrez seria uma das grandes apostas da Netflix no Emmy 2021. Ao lado de WandaVision, O Gambito da Rainha domina as indicações, somando 18 delas. Uma das séries queridinhas de 2020, e que também se tornou uma das mais assistidas da plataformapra lá de superestimada, diga-se de passagem – retrata a ascensão e a queda da enxadrista Beth Harmon.

Entre os méritos da produção, além de aumentar o gosto popular pelo xadrez, estão suas indicações em categorias principais no Oscar da Televisão. Anya garantiu sua nomeação em Melhor Atriz em Série Limitada ou Antologia ou Telefilme, enquanto Thomas Brodie-Sangster e Moses Ingram disputam, respectivamente, em Ator e Atriz Coadjuvante. Apesar do apelo dos nomes, dificilmente eles vão ser páreos para o furacão de Mare of Easttown ou a potência de I May Destroy You, e o mesmo permanece para a categoria principal de Melhor Série Limitada ou Antologia. 

O Gambito da Rainha vale mais pela atuação de Anya Taylor-Joy do que qualquer outra coisa, somada à parceria com Marielle Heller e Bill Camp, que foram tristemente esnobados na premiação. Mas até mesmo as emocionantes partidas de xadrez são apagadas ao lado das concorrentes, que conseguem fazer de gato e sapato a produção que repete a fórmula batida de sempre de que o melhor retrato para uma mulher no fundo do poço é uma cena dela desarrumada e fumando um cigarro. – Vitória Silva


Cena da série I May Destroy You. Foto tirada durante a noite, em uma rua badalada com luzes neon, em Londres. Nela, Arabella (Michaela Coel), uma mulher negra e careca, aparece vestida com uma extravagante fantasia de morcego, da cor preta. A fantasia é composta por um vestido de couro, uma tiara com um par de chifres de antílope e asas de morcego. Michaela olha atentamente para a câmera e atrás podemos perceber a sua amiga, Terry (Weruche Opia), também negra mas com longos cabelos cacheados, parada em pé, segurando uma bolsa e um casaco
Michaela Coel escreveu, dirigiu, produziu e protagonizou a minissérie que trata sobre o episódio de violência sexual que vivenciou na época em que estava escrevendo Chewing Gun (Foto: HBO)

I May Destroy You (Idem, HBO) 

Depois de ter sido agraciada com o título de melhor série do ano pela Revista TIME, I May Destroy tinha tudo para brilhar no Globo de Ouro se não fosse a decisão debochada da Hollywood Foreign Press Association (HFPA) em deixá-la de fora – enquanto a criticada Emily In Paris recebia uma nomeação. Dylan O’Brien, astro de Hollywood, demonstrou sua indignação no Twitter ao chamar a premiação de “risível” e dizer que “nós não merecíamos” Michaela Coel (a gente te entende, Dylan!). 

Apesar do infortúnio, logo os refrescos chegaram e, em abril, a produção britânica levou quatro troféus pelo British Academy Television Awards (BAFTA). Agora, é um dos grandes nomes para o Emmy 2021, no qual foi indicada a 9 categorias – incluindo a surpreendente nomeação de Paapa Essiedu, que interpreta Kwame, em Melhor Ator Coadjuvante.  

Em um cenário justo, I May Destroy You tem altas chances de levar as indicações em direção e roteiro, e também deve ser peso-pesado para a favorita O Gambito da Rainha na categoria de Melhor Série Limitada ou Antologia. Nessa disputa, Anya Taylor-Joy que nos perdoe, mas tudo o que queremos ver é Michaela Coel com estatuetas transbordando até os braços. Leia mais aqui. – Gabriela Reimberg


Concorrendo a sete categorias na noite principal do Emmy 2021, Mare of Easttown é a melhor minissérie do ano (Foto: HBO)

Mare of Easttown (Idem, HBO) 

Derrubem a torre, o cavalo, o bispo e todos os peões, a toda poderosa Melhor Série Limitada de 2021 chegou. Seu nome? Mare of Easttown. Se me permitem dizer um palavrão, Mare é f*da. Ao mesmo tempo que é difícil encontrar uma palavra para defini-la, todos adjetivos do dicionário parecem fazer sentido para a aposta praticamente certeira da HBO

Exibida aos domingos, Kate Winslet, produção original HBO: tudo colaborava à favor de Mare of Easttown ser gigante. E ela foi. Trazendo a trama de uma detetive local que lida com uma série de assassinatos brutais em uma pequena cidade da Pensilvânia, a protagonista vê sua vida pessoal e sua família desmoronar momento após momento. Mare é uma minissérie viciante, impossível de largar antes de terminar os sete episódios. – Ana Júlia Trevisan


O Emmy também erra: uma das melhores séries do ano não obteve o mérito que merecia na maior premiação da TV (Foto: Amazon Prime Video)

The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade (The Underground Railroad, Amazon Prime Video) 

A recepção de The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade na Academia de TV nos prova uma coisa: o Emmy também erra. Na seleção da maior premiação da televisão, sempre elogiada pelo esmero e relevância das produções que se dedica a reconhecer, uma das melhores séries do ano não obteve a atenção que merecia. É fato que no âmbito das Séries Limitadas ou Antologias a disputa é de gente grande, mas se tem algo capaz e digno de ter o seu espaço ao lado de produções gigantes como Mare of Easttown e WandaVision, e de se sobressair diante do favoritismo enjoativo de O Gambito da Rainha, esse algo é The Underground Railroad.

Mencionada nas indicações de 4 pontuais categorias (Melhor Série Limitada e Melhor Direção, Melhor Composição Musical e Melhor Fotografia dentro do gênero), a estreia magnânima de Barry Jenkins na TV se baseia em uma história real dos tempos pré-Guerra Civil nos Estados Unidos, versando sobre identidade e liberdade em plena escravidão através do protagonismo e genial de Cora Randall (Thuso Mbedu). A obra-prima de The Underground Railroad é repleta de beleza e violência, fugindo de uma narrativa monotemática para compreender a vastidão de seus personagens, através das interpretações brilhantes de Joel Edgerton, William Jackson Harper, Aaron Pierre e Sheila Atim.

O esquecimento desse elenco de ouro encabeçado pela estreia inacreditável de tão brilhante da joia encontrada por Barry Jenkins é o que mais dói na seleção do Emmy 2021. Em contrapartida, a única produção indicada a Melhor Série Limitada que não concorre nas categorias de atuação tem a habilidade técnica de seu diretor nomeada em todas as outras esferas da obra. E dos clássicos de James Baldwin à contemporaneidade de Colson Whitebread, o audiovisual de Barry Jenkins faz o importante e belíssimo trabalho de multiplicar o alcance da obra literária de autores negros, colocando-as das telas de Cinema e – agora – de TV pelo mundo. E muito além de indicações e prêmios, esse é o caminho mais significativo e relevante que a Arte pode trilhar. – Raquel Dutra


A imagem é uma cena da série Halston. Nela, Ewan McGregor, que interpreta Roy Halston, está sentado ao telefone. Ele é um homem branco, de cabelos castanhos claros no formato de um topete, e veste uma blusa preta de mangas compridas. Ao fundo, é possível ver desenhos de roupas presos em um quadro, ao lado de rolos de tecido
Com roteiro de Sharr White e Ryan Murphy, a minissérie concorre em 5 categorias na premiação (Foto: Netflix)

Halston (Idem, Netflix) 

A produção que retrata a vida do estilista Roy Halston Frowick também marcou presença no Emmy 2021. Mais um dos nomes acumulados pela Netflix, a minissérie de 5 episódios retrata os vícios e extravagâncias da vida dessa personalidade hoje esquecida pelo mundo da moda, e aqui brilhantemente interpretada por Ewan McGregor, que se garantiu em Melhor Ator em Série Limitada ou Antologia ou Telefilme. Mas ele tem a difícil tarefa de passar pela aclamação de Paul Bettany em WandaVision, ou pela perversidade de Hugh Grant em The Undoing

Não fosse o roteiro fraco e que rodopia por diversas vezes, Halston nos daria uma dobradinha de Ryan Murphy na edição deste ano, que já está disputando Melhor Roteiro em Drama pela aclamada Pose. No entanto, as outras nomeações da série foram apenas para categorias técnicas, e que ficam de fora da premiação principal: Melhor Design de Produção em Programa de Narrativa de Época ou Fantasia (Uma Hora ou Mais), Melhor Figurino de Época, Melhor Maquiagem de Época e/ou de Personagem (Não-Prostética) e Melhor Supervisão Musical. – Vitória Silva


Cena da minissérie The Undoing. A cena mostra Hugh Grant, branco e de smoking, e Nicole Kidman, branca e ruiva, de vestido branco e preto, de pé, em uma festa chique. Está de dia e ela segura uma taça de champanhe.
Não deixem Paddington assistir The Undoing: tanto Kidman quanto Grant interpretaram vilões da saga cinematográfica do ursinho (Foto: HBO)

The Undoing (Idem, HBO) 

Que Nicole Kidman está à vontade pulando de uma minissérie para outra, não há como negar. Desde sua volta por cima na derradeira e impecável temporada 1 de Big Little Lies, a australiana tem escalado de papel aclamado para papel aclamado. The Undoing, lançada no fim de 2020, pode parecer ter dado um breque na jornada da atriz, mas sua ausência na categoria de Atriz se dá muito mais ao fato do frescor de outras Séries Limitadas.

Não que o ioiô de The Undoing deveria lhe indicar ao lado de titãs como Kate Winslet e Michaela Coel. Seu trabalho na criação de, mais uma vez, David E. Kelley nunca encontra um tom autossuficiente, relegando a vencedora do Oscar apenas a reagir a qualquer careta que seu parceiro Hugh Grant faz em cena. O britânico retorna a categoria de Melhor Ator 2 anos depois de A Very English Scandal, seu Jonathan Fraser parece ter de se preocupar apenas com um andróide da Marvel.

A trama de assassinato e investigação de The Undoing recebe a mão da diretora Susanna Bier, que guia a meia dúzia de capítulos com destreza e parcimônia, nada preocupada em tirar coelhos da cartola. Os esnobes de grandes coadjuvantes, como Donald Sutherland e Noma Dumezweni, apenas reafirmam a necessidade da Academia de criar uma categoria separada para as performances de Telefilme (ou apenas desconsiderar um teatro filmado). Se Grant ganhar, ele segue o legado de Mark Ruffalo, vencedor do ano passado, que carregava a única indicação principal de sua série da HBO. – Vitor Evangelista


Cena da série Fargo. Na foto, Chris Rock está sentado, olhando para cima. Ele é um homem negro, possui cabelo e bigode levemente grisalhos, e veste uma blusa preta com uma camisa branca de listras pretas. Ao fundo, desfocados, estão alguns abajures
Indicada ao Emmy 2021, a 4ª temporada de Fargo traz pela primeira vez um protagonista negro (Foto: FX)

Fargo (4ª temporada, FX) 

Chris Rock protagonizando algo fora da comédia pode soar estranho, a menos que estejamos falando de Fargo. Na 4ª temporada do seriado, a briga de duas gangues — os Fadda e os Cannon — se constrói no cenário pitoresco de um Estados Unidos rachado, durante os anos 1950. Mesmo sendo a primeira temporada protagonizada por um ator negro, a série, que já foi indicada 55 vezes ao Emmy, emplacou indicações somente em categorias técnicas, e isso, de certo modo, até faz sentido.

Embora com um elenco impecável — que vai de Jason Schwartzman a Jessie Buckley —, a 4ª temporada de Fargo não alcança as expectativas que as temporadas anteriores criaram. A trama se desenrola bem, mas foca em coisas comuns, algo estranho em uma série que sempre focou nas esquisitices de seus personagens, igualmente esquisitos. Essas estranhezas são evocadas em algumas cenas, como na causa de algumas mortes ou no detetive corrupto que sofre de transtorno obsessivo-compulsivo, mas não englobam toda a temporada. Os vilões parecem caricaturas de gângsteres do cinema, e não soam eloquentes como nas temporadas passadas. 

Outro aspecto do roteiro que parece ter sido deixado de lado foi seu primor pelo mistério. Na adaptação do clássico de 1996, dos Irmãos Coen, o mistério sempre foi imposto como a sombra que evoca o cômico. Porém, na quarta temporada da série, o criador Noah Hawley parece querer guiar os telespectadores, ao invés de deixar aberto a interpretações. Embora menos interessante que as três temporadas anteriores, a 4ª temporada de Fargo ainda é mais interessante que muita coisa, principalmente pelo seu senso estilístico. Talvez por isso, mesmo em uma temporada inferior às demais, a série ainda conseguiu emplacar indicações técnicas no Emmy 2021. – Bruno Andrade


Cena do filme Mangrove, parte da antologia Small Axe. A cena mostra um homem negro, vestindo blusa jeans, em pé no tribunal. Atrás dele, estão sentadas uma porção de pessoas, todas negras, olhando para frente.
Small Axe morreu na praia (Foto: BBC)

Small Axe (Antologia dirigida por Steve McQueen, BBC)

O ambicioso projeto televisivo de um cineasta vencedor do Oscar já chama atenção por si só. Quando esse projeto atende pelo nome de Small Axe, uma antologia de 5 filmes interligados pela temática racial e a luta pelos direitos civis no Reino Unido no século XX, a coisa aumenta de escala.

Acontece que a obra de Steve McQueen, inflada no começo do ano, venceu Globos de Ouro e prêmios de “Melhor Filme de 2020”, o que acabou enfraquecendo a campanha da BBC em parceria com o Amazon Prime Video para o Emmy. Afinal, se você faz campanha em Cinema, como diabos quer ser reconhecido pela Academia da TV? 

Quem esperava nomeações em Melhor Série Limitada ou Antologia, Direção e Roteiro para McQueen e atuações coadjuvantes (John Boyega, Letitia Wright), teve que se contentar com uma única indicação. Melhor Fotografia em Série Limitada ou Antologia ou Telefilme, pelo filme Mangrove, foi a única lembrança do machadinho no Emmy. – Vitor Evangelista


Cena da minissérie The Good Lord Bird. A cena mostra o personagem principal, interpretado por Ethan Hawke, sentado em uma cadeira, com uma espada na mão esquerda. Ele usa chapéu escuro, tem uma barba gigante e cinza e não tem uma aparência limpa
Não foi dessa vez, Ethan (Foto: Showtime)

The Good Lord Bird (Idem, Showtime)

O que fazer quando um lendário ator de Cinema migra para a TV e, além de estrear uma minissérie aclamada, ainda escreve o roteiro e é creditado como produtor? Para o Emmy, a resposta é simples: ignorar completamente seu trabalho. Na manhã das nomeações, talvez a maior surpresa negativa tenha sido a omissão do nome de Ethan Hawke em categorias que já era quase certa a sua vitória.

Em The Good Lord Bird, programa original do Showtime que narra a jornada do abolicionista John Brown, Hawke brilha em todos os campos em que trabalha. É terrível a decisão da Academia de simplesmente deixá-lo de lado, ainda mais depois de suas lembranças no Globo de Ouro e no Sindicato dos Atores. No fim, a Série Limitada foi reconhecida em apenas uma corrida, a de Melhor Design de Título. – Vitor Evangelista


Cena da série Genius: Aretha. A cena mostra a cantora, vivida por Cynthia Erivo, olhando para a frente, frente a uma parede de tijolos laranjas. Ela é negra, tem cabelo curto e veste uma blusa com estampa laranja e verde. Está de dia
É o ano de Aretha Franklin e eu não poderia estar mais feliz (Foto: Nat Geo)

Genius: Aretha (3ª temporada, National Geographic)

Uma das únicas antologias representadas no Emmy 2021, Genius conseguiu emplacar mais um protagonista na lista de atuação principal. Depois de indicar Geoffrey Rush como Albert Einstein e Antonio Banderas como Pablo Picasso, chegou a vez de Cynthia Erivo ser reconhecida por sua Aretha Franklin.

A atriz, que recentemente deu vida à Harriet Tubman em Harriet (conseguindo uma nomeação dupla ao Oscar), dessa vez interpreta a Rainha do Soul na terceira temporada do seriado original do National Geographic. 2021 parece ser o ano de Aretha, visto que a cinebiografia Respect, protagonizada por Jennifer Hudson, chegou aos cinemas no último mês.

Sendo a única Melhor Atriz com o show fora da disputa principal, Erivo é a zebra da categoria, mas como talento dela em jogo, nunca se sabe qual nome será chamado na noite de domingo. Genius: Aretha ainda concorre nas categorias de Coreografia e Mixagem de Som. – Vitor Evangelista


Cena de The Haunting of Bly Manor. Nela estão duas mulheres se segurando, com o rosto encostado. A da direita é magra, branca e loira, com o cabelo preso em um rabo de cavalo. Vestindo um sobretudo roxo, ela segura o rosto da mulher a sua frente. Essa, na esquerda da imagem, usa calça jeans e jaqueta marrom. Ela é branca, magra e tem cabelo castanho escuro ondulado na altura do ombro. No fundo há troncos de árvores e plantas
A mistura perfeita entre o romance e o terror resulta na linda segunda temporada de The Haunting (Foto: Netflix)

A Maldição da Mansão Bly (The Haunting of Bly Manor, Netflix) 

Quando The Haunting estreou em 2018, sua temporada inicial sobre a Residência Hill conquistou o público com um terror que te faz chorar mais do que levar susto. A espera pela continuação foi grande, mas A Maldição da Mansão Bly, ainda bem, não decepcionou. Com romance e medo nas doses certas, o seriado agora concorre ao Emmy 2021.

Com o sétimo episódio, The Two Faces – Part 2, a produção de Mike Flanagan, infelizmente, apenas compete em uma categoria: Melhor Edição de Som em Série Limitada ou Antologia ou Telefilme ou Especial. A equipe por trás da trilha sonora conta com Trevor Gates, que trabalhou na edição de som em Nós e Corra!, entre outros profissionais.

Com potencial para muito mais indicações, a minissérie estar na competição já é de grande feito, visando a falta de campanha da sua distribuidora, a Netflix. Agora é sentar e esperar para ver se Bly Manor vai levar a melhor ao enfrentar obras fortes como a queridinha O Gambito da Rainha. – Mariana Chagas

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