Quando o assunto é Cinema, é difícil encontrar alguém que não tenha alguma memória relacionada a ele. Seja por uma trilha sonora que ganhou um lugar especial em nossos corações ou por um enredo que mudou completamente nossa visão de mundo, a Sétima Arte, assim como todas as outras, tem a incrível habilidade de movimentar as emoções do público. É por esse motivo que não deixamos de apreciar obras cinematográficas e, consequentemente, o Persona não deixa de trazer sua clássica lista dos Melhores Filmes do ano.
Essa conexão entre a Arte e a população é, também, um dos motivos pelo qual Hollywood parou em 2023 com a greve dos roteiristas. Más condições trabalhistas prejudicam qualquer criação, inclusive as do audiovisual, e não é preciso se alongar muito sobre como o aperfeiçoamento da inteligência artificial coloca em risco a integridade das obras. Ver o adiamento de produções tão aguardadas foi dolorido, mas os quatro meses de discussão foram essenciais para que o trabalho daqueles que dão vida a essas histórias fosse mais valorizado.
As obras que não foram afetadas pela greve e chegaram ao público, por outro lado, proporcionaram experiências que há muito o Cinema não vislumbrava. Não há dúvidas de que o contraste entre o mundo cor-de-rosa de Barbie e a mente perturbada de Oppenheimer ficará marcado como um dos principais – e mais divertidos – momentos do ano. O border collie Messi foi, de longe, o dono do espetáculo, e fomos presenteados com a melhor atuação da carreira de Emma Stone até então.
O mundo cinematográfico abre diversas portas, e tanto os membros da nossa Editoria quanto nossos colaboradores não pensam duas vezes antes de adentrá-las. As 55 obras que compõem essa lista falam de tudo um pouco: da denúncia de um genocídio aos encontros e desencontros do amor; das ruas de Recife às geleiras dos Andes; da esperança ao horror.
Ao reservar algumas horas para contemplar uma produção audiovisual, não importa se o fazemos com a intenção de nos educarmos sobre um determinado assunto ou se é apenas com o intuito de nos entreter. Criar essa conexão com o Cinema é, citando Scorsese, “algo que, por alguma razão, permanece”. Assim, no Melhores Filmes de 2023 do Persona, você confere todos os lançamentos que permaneceram em nós. Continue lendo “Os Melhores Filmes de 2023”
O ato de ouvir Música se tornou tão imprescindível que pode até ser confundido com uma banalidade. Banal não no sentido ruim, mas sim de algo tão essencial, que, por assumir uma parcela gigantesca de nossas vidas, à medida que cresce em escala, não consegue acompanhar o tamanho em definição. Chega um momento em que ele se torna apenas… ouvir Música. Para não cair nesse limbo chamado lugar comum, o Persona retorna com sua já tradicional lista de Melhores Discos.
Se 2023 nos reservou um retorno ao início do século graças à Saltburne Todos Menos Você, aqui focamos essencialmente no que foi criado no ano que passou e, assim como os grandes players da indústria, deixamos o TikTok de lado para embarcar no ato arcaico de se ouvir um álbum de cabo a rabo. O resultado foram 93 produtos que embalaram e deram sentido para o ano.
Não podemos negar que foi o ano de Taylor Swift. Mesmo sem um trabalho de inéditas, o pomposo Speak Now (Taylor’s Version), o agora litorâneo na mesma medida que cosmopolita 1989(Taylor’s Version) e os resquícios de insônia de Midnights – claro, aliados a gigantesca The Eras Tour – serviram para ecoar o sucesso estrondoso que ela calcou. Ainda na ditadura loira do pop, sua pupila Sabrina Carpenter apareceu para o mundo também com obras repaginadas: primeiro, enviando os anexos que esqueceu no corpo do e-mail e, no fim do ano, trazendo um pouco de malícia para o Natal.
Quem retornou de forma inédita foi a rival de Carpenter, Olivia Rodrigo. Após a acidez de SOUR, a artista volta a expor seus sentimentos de uma forma nada ortodoxa: arrancando suas entranhas. O sentimentalismo, dessa vez mais bonito, mas igualmente doloroso, está presente no alinhamento estelar das boygenius, ao mesmo tempo que Mitski declamava todo seu amor para as paredes de um galpão vazio.
Ao longo das 93 obras, temas conversam entre si, mas a homogeneidade é proibida. Troye Sivan e Pabllo Vittar querem festejar, mas enquanto um é a efervescência do durante, a outra é o desejo do pós. Os latinos KAROL G e Bad Bunny falam sobre o amanhã de formas diferentes: ela com esperança, ele com incerteza. Letrux abordava o reino animal e Ana Frango Elétrico se transmuta em feline. Marina Sena se viciava na selva de pedra enquanto Chappel Roan se assustava com os prédios. Jão quer ser cada vez mais superlativo, à medida que Post Malone se recolhe em suas origens. Metallica sente a passagem de tempo, diferente de Kylie Minogue, que nem o vê passar.
Tal cenário só é possível pois a Música e toda sua imensidão atuam como um espaço de diversidade e liberdade, no sentido mais amplo das palavras. E nada mais justo do que celebrá-las no ano de passagem da Padroeira da Liberdade. O Melhores Discos de 2023 é por Rita Lee, que é gente fina na Música e na eternidade.
O último ano foi para a Literatura rico em experimentações. Com obras de gêneros distintos e um movimento de mais espaço para possibilidades, os resultados foram páginas cobertas por amor, descobertas, dores e muito mais do que o sentir pode proporcionar. Assim, chegamos a lista selecionada pela Editoria do Persona, que compõem as escolhas para representar Os Melhores Livros de 2023.
É importante que lembremos que além de propícia para novas ideias, a temporada marcou eventos importantes para a representatividade no meio literário. Em Outubro, tivemos o primeiro indígena eleito como imortal pela Academia Brasileira de Letras (ABL), o autor Ailton Krenak, que assina sucessos como Ideias para Adiar o Fim do Mundo e Futuro Ancestral.
Outro marco foi a presença de autores negros em espaços de reconhecimento. Na Festa Literária de Paraty (Flip) do último ano, o principal nome da programação era o de uma das autoras negras mais faladas do Brasil na atualidade, Conceição Evaristo. Além de discursos essenciais e uma contribuição literária notável, a presença da escritora no evento literário inspira e carrega muito significado.
Muitos centenários também foram comemorados no período, como o de nascimento da autora Wislawa Szymborska, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 1996. Além dela, Eugénio de Andrade (As Mãos e os Frutos), o poeta surrealista Mário Henrique Leiria, o ensaísta Eduardo Lourenço e Mário Cesariny fizeram parte da lista de centenários e foram celebrados.
Entre tantos marcos, fica a esperança de um momento ainda mais doce para o mundo dos livros está por vir. Enquanto isso, você confere a lista dos textos que se destacaram para o Persona no ano de 2023 e aproveita dicas de leitura variadas. Para todas as preferências, fica o gosto de obras plurais e extremamente ricas em cultura, liberdade e a vontade de transformar cada capítulo. Boa leitura!
“(…) Às vezes, me assusta pensar que os problemas cotidianos podem ser para mim um pouco mais terríveis do que para o resto das pessoas.”
— Samanta Schweblin
O que mais assombra é o desconhecido. A aproximação do indivíduo a algo nebuloso, que remete ao comum, mas, de certa forma, possui uma aura em desalinho. Algo no fundo do horizonte, coberto de escuridão e fumaça se faz presente, mesmo que não se possa ver com olhos ainda humanos. O terror e o horror, que nasce não somente de grandes escritores e realizadores do gênero, mas do desenterrar das sensibilidades do inconsciente, e da explicitação do desconhecido não somente enquanto o outro, mas o que não sabemos de nós mesmos. No mês de Outubro de 2023, o Estante do Persona permite se adentrar ao colapso do corpo e do cotidiano pelo grotesco e pela violência, explicitada nas discussões do Mês do Horror, que tomou a Literatura da autora Mariana Enriquez como ponto central de reflexão.
“Há livros escritos para evitar espaços vazios na estante.”
– Carlos Drummond de Andrade
Para poder valorizar cada vez mais a Literatura, parte tão importante e fundamental da cultura do nosso e de qualquer outro país, o Persona começa, agora, a preencher sua própria estante.
O mês de outubro marcou o início do nosso Clube do Livro, formado por membros da Editoria, que tem o intuito de promover a leitura compartilhada e encontros para discussão de alguma obra sugerida. Ao final do mês, o Clube ainda se reúne para montar o Estante do Persona, com um comentário que sintetize as ideias sobre a leitura realizada e uma playlist de músicas que se relacionem com a mesma, além de uma indicação de cada membro sobre algum livro marcante ou que mereça ser compartilhado.
Como primeira leitura, o Clube do Livro teve a honra de poder prestigiar uma das maiores autoras da Literatura brasileira. A Paixão segundo G.H., de Clarice Lispector, é narrado em primeira pessoa pela personagem que tem suas duas iniciais presentes no título da obra. Uma mulher, moradora do Rio de Janeiro, que, ao desempenhar a tarefa de limpar o “quartinho dos fundos” de seu apartamento, mergulha em um fluxo de pensamento contínuo simbolizado por um monólogo de reflexões existencialistas, uma das grandes marcas da escrita da autora.
E nada mais simbólico do que estrear essa publicação especial num mês com acontecimentos tão marcantes para o meio literário. Além de no dia 29 de outubro ser celebrado o Dia Nacional do Livro, as semanas anteriores também foram marcadas por grandes eventos. No dia 7, ocorreu a cerimônia de entrega do Nobel de Literatura 2021, que foi concedido ao autor Abdulrazak Gurnah. Nascido na ilha de Zanzibar, atual Tanzânia, em 1948, o escritor é especialista em Literatura pós-colonial e na temática de refugiados, colecionando em sua carreira títulos como Paradisee Afterlives.
Mais ao final do mês, no dia 20, foi realizada a entrega do Prêmio Camões, para a moçambicana Paulina Chiziane. Tão simbólica quanto a vitória de Gurnah, Chiziane é a primeira mulher a publicar um romance em Moçambique,Balada de Amor ao Vento, em que o fez depois da independência. Com a figura da mulher moçambicana e africana no centro de sua escrita, a autora dedica-se a explorar os problemas enfrentados pela mesma no meio social, e tem como uma de suas obras de maior prestígio Niketche: Uma História de Poligamia, em que uma mulher decide conhecer as outras esposas de seu marido.
No clima desse mês repleto de grandes feitos na Literatura, você confere as indicações do Clube do Livro na primeira edição do Estante do Persona.
A 93ª edição do Oscar é única por uma série de motivos. Começando pelos atrasos e realocação da data para dois meses depois do comum, a Academia teve de lidar com cinemas fechados, lançamentos adiados e o primeiro ano desde 2009 sem um filme da Marvel dominando o verão americano. Mas se engana quem pensa que, por conta disso, a lista de indicações seja mais fraca que a de anos anteriores.
Na verdade, a safra de 2020, e dos primeiros meses de 2021, ostenta qualidade, irreverência e debate temas que o cinema estadunidense não colocaria em pauta num ano cheio de diretores consolidados e franquias continuadas. 72 mulheres foram nomeadas ao Oscar 2021. Este ano, duas concorrem em Direção, além de dois filmes dirigidos por mulheres disputarem Melhor Filme.
Quando o assunto é diversidade, nove atores não-brancos pipocaram nas categorias principais, quebrando uma porção de recordes. Steven Yeun é o primeiro de origem asiática, Riz Ahmed é o primeiro mulçumano e com origem paquistanesa, Chadwick Boseman é o primeiro não-branco a receber uma indicação póstuma e Yun-Jung Youn é a primeira sul-coreana nomeada na Academia, só pra citar algumas das barreiras quebradas.
No campo dos Curtas, categorias comumente ignoradas, as narrativas fora do eixo norte-americano se entrelaçam com abordagens e pontiagudas. Os Animados colocam em xeque os limites da liberdade e a dor da saudade, enquanto os Documentários escancaram injustiças sociais e o racismo, assuntos que guiaram a Arte em 2020. Os Curtas Live Action se concentram entre os EUA e o conflito Israel e Palestina, mostrando ao mundo suas ricas produções cinematográficas.
Passando para os Filmes de Animação, a família e os imprevistos da vida comandam os cinco concorrentes: Shaun, O Carneiro lida com o objeto estranho, Dois Irmãos seca as lágrimas para seguir em frente e A Caminho da Lua viaja pelas fases do luto. O badalado Wolfwalkers discute amizade e o significado de ‘família escolhida’, enquanto o potencial vencedor, Soul, dá o toque da Pixar à crise de meia-idade, tudo regado a jazze à Tina Fey.
Os Filmes Internacionais de 2021 desafogam o núcleo batido da Europa que normalmente compõe a categoria, dando destaque a um documentário romeno, um filme de bebedeira dinamarquês e um longa de guerra bósnio. Fora da hegemonia branca, Hong Kong alcançou sua primeira indicação em meio ao conflito que trava com a China, atravessando censuras e boicotes. O mesmo é com a Tunísia, que estreia na seleção através do trabalho incansável de uma cineasta, o que criou outro marco: pela primeira vez desde 2011, duas diretoras disputam o troféu.
Abraçando o Cinema de todo o mundo, ou pelo menos começando a fazer isso, a Academia está fazendo valer as mudanças que vem implementando ao longo dos últimos anos. O curta Feeling Through escalou o primeiro ator surdo-cego da história e a ficção O Som do Silêncio tratou de temas que representam a comunidade surda, com direito à escalação de Paul Raci, filho de pais surdos e que luta pela causa há anos, além de um elenco de apoio formado por pessoas surdas.
A Voz Suprema do Blues, o filme que coloca Viola Davis na pele da mãe do blues, indicou Ann Roth, de 89 anos, em Melhor Figurino, no páreo para vencer sua segunda estatueta. No departamento de Cabelo e Maquiagem, o filme nomeou as duas primeiras mulheres negras na história da categoria, Jamika Wilson e Mia Neal. A parte boa? As três são favoritas nas respectivas disputas.
Além disso, o incomparável Chadwick Boseman é o primeiro negro a receber indicação póstuma (e provavelmente será o primeiro a vencer deste modo). Desempatando com Octavia Spencer, Viola Davis quebrou o recorde de indicações para uma atriz negra, apenas quatro, e expressou sua opinião sobre: “Se eu ter quatro indicações em 2021 faz de mim a atriz negra mais indicada da história, isso mostra quão pouco material esteve disponível para os artistas não-brancos.”
Se o assunto é privilégio, Os 7 de Chicago grita alto, mas diz pouco, e é a figurinha carimbada dos americanos sendo honrados por outros americanos. Mank, na mesma moeda, representa a máxima da Terra das Estrelas: é feito por e para homens caucasianos, e de praxe, conta uma embebida história da elite hollywoodiana. O lado bom é que o drama de época foi ignorado em quase tudo, dando espaço para o prêmio acabar em mãos merecedoras.
A casa dos dois deslocados é a Netflix, que angariando um recorde de 35 indicações, ainda não conseguiu emplacar um vencedor de Melhor Filme. A caminhada começou com o belíssimo Roma em 2019, mas deu tudo errado com a coroação de Green Book. Ano passado, nem História de um Casamento nem O Irlandês tinham fôlego para sequer chegar perto do favoritismo e da qualidade de Parasita. Depois de perder o PGA, o WGA e o DGA, ganhando apenas um controverso SAG de Elenco, Os 7 de Chicago ainda pode surpreender em 25 de abril, mas as chances não são animadoras.
Neste ano, a corrida de Melhor Filme, com apenas oito indicados, fez notar ausências doídas. Apesar da questionável condução diretiva de A Voz Suprema do Blues, o longa merecia ocupar aquela nona vaga. O mesmo vale para o trabalho exacerbado de Spike Lee em Destacamento Blood, ou o cuidado milimétrico que Regina King teve em Uma Noite em Miami…, os dois injustiçados de 2021.
Mas falando de quem devidamente entrou na corrida, vemos três filmes com protagonistas não-brancos (Minari, O Som do Silêncio e Judas e o Messias Negro) e dois comandados e protagonizados por mulheres (Nomadland e Bela Vingança). Completando o alto nível da categoria, Meu Pai lida com a velhice e o cuidado familiar, brindado pela atuação da carreira de Anthony Hopkins, o melhor dos vinte nomeados do ano.
Em Roteiro Original, Emerald Fennell reina soberana nas chances de vencer por Bela Vingança, marcando a primeira vez que uma cineasta concorre à Direção por sua estreia. Em Adaptado, a protagonista do Oscar 2021 Chloé Zhao divide atenções com Florian Zeller e Christopher Hampton, por Meu Pai, e os nove roteiristas creditados por Borat 2, o vencedor do Sindicato, onde Nomadland estava inelegível.
Falando nas roteiristas favoritas, chegamos ao que há de mais interessante nos indicados a Melhor Direção. Zhao e Fennell são responsáveis por representar uma legião de cineastas que por anos tiveram seus trabalhos ignorados por Hollywood. O sexismo é refletido nas nomeações do Oscar, que em seus 93 anos de existência, se deu ao trabalho de reconhecer um total vergonhoso de sete diretoras e premiar apenas uma.
E se a Academia não tivesse tanto esmero com o ego de seus homens brancos, a categoria de Melhor Direção poderia muito bem ser formada por uma maioria feminina e não-branca. Nomes à altura da companhia de Lee Isaac Chung e da dupla recordista não faltavam, mas pelo menos, a favorita se encontra nessa exata interseção.
Chloé Zhao é a dona deste ano, desta temporada e deste Oscar. A mulher mais indicada da história da premiação chega na noite do dia 25 de abril invicta e pronta para vencer em tudo o que tem direito, acompanhada de sua corrida impecável, que vai desde os festivais de cinema ao longo de 2020, até às premiações precursoras dos últimos meses.
A diretora, roteirista, montadora e produtora venceu os principais prêmios do Globo de Ouro, Critics Choice Awards, Sindicato dos Produtores e Diretores, BAFTA e nos Festivais de Veneza e Toronto. Só não fez história no SAG porque trabalhou com atores não-treinados, mas no mais, fortaleceu a corrida de Frances McDormand, que também é a primeira atriz indicada por produção e atuação no mesmo ano, pelo mesmo filme.
Às vésperas de uma data histórica para o Cinema, o Persona se reúne num Cineclube Especial para comentar cada um dos 56 filmes que integram a seleção mais diversa da história do Oscar. Abaixo, estão todos organizados em ordem decrescente pelo número de indicações, e nossa Editoria e colaboradores pontuam seus méritos, as injustiças, chances e nomeações de todas as 23 categorias, condensando nossa cobertura da premiação e alinhando as expectativas para a noite do dia 25 de abril de 2021.