Lançado em 2011, Elo é o quarto disco da cantora Maria Rita (Foto: Vicente de Paulo)
Ana Júlia Trevisan
Partir para outro trabalho após uma grandiosa, desafiadora e bem sucedida turnê pode ser uma tarefa dificílima, e Maria Rita sabe muito bem disso. O fim do Samba Meu assombrava as noites de sono da cantora mesmo antes do show de encerramento acontecer. A saída para o problema seriam seis meses de merecidas férias, mas, retomando, estamos falando de MR, rata de palco, e por mais doloroso que o desligamento com o projeto anterior fosse, até os menos céticos desconfiavam que ela aguentaria esse período sem produção.
Há 20 anos, Harry Potter recebia a sonhada carta de Hogwarts (Foto: Warner Bros.)
Gabriel Gatti
Foi durante uma noite tempestuosa que Harry Potter ouviu de Rúbeo Hagrid a frase: “Você é um bruxo, Harry”. A cena marcante do filme Harry Potter e a Pedra Filosofal, lançado há 20 anos, abriu espaço para uma saga de oito longas registrando a história do bruxo órfão que luta contra o vil Lorde Voldemort. Como protagonista da trama, o jovem foi muito bem caracterizado de acordo com as descrições apresentadas por J. K. Rowling no livro homônimo de 1997 que baseou o filme, como um garoto de 11 anos, magro, de cabelos pretos, olhos claros, óculos redondos e uma misteriosa cicatriz em formato de raio na testa.
Capa de 30, o quarto álbum da cantora inglesa Adele Laurie Blue Adkins (Foto: XL Recordings)
Vinícius Santos
“Muito bem, então, estou pronta.”– assim Adele termina a primeira música do seu novo álbum, 30. Acontece que, além dela, ninguém mais estava preparado para o que viria por aí. Lançado no dia 19 de novembro de 2021, este é o quarto CD da carreira da cantora britânica desde sua estreia em 2008 com o 19.Aclamado pelos críticos, Adele contou à Vogue, em outubro, que a obra era sua maneira de explicar seu divórcio ao filho e estava muito perto de seu coração, dizendo que ela “não estava desistindo deste”.
Na segunda edição da Estante do Persona, o Clube do Livro discutiu a obra Jamais o fogo nunca, da escritora chilena Diamela Eltit (Foto: Reprodução/Arte: Vitória Vulcano/Texto de Abertura: Bruno Andrade)
“Imaginava o Paraíso tendo uma biblioteca por modelo.”
– Jorge Luis Borges
Mais um mês de 2021 chega ao fim, e, como de costume, junto dele as coberturas mensais do Persona. Para iniciar os nossos registros de novembro, damos sequência a uma novidade que nasceu quase nos últimos momentos do ano: o Estante do Persona.
Em outubro, criamos o nosso Clube do Livro, formado por membros da Editoria, que tem o intuito de promover a leitura compartilhada e encontros para discussão de obras escolhidas através de sugestões. Ao final do mês, o Clube reúne-se para montar uma lista de indicações literárias e preencher a sua Estante aqui no site, além de criar uma playlist com canções que remetem à obra em questão.
Assim, em novembro realizamos a segunda leitura do Clube do Livro: Jamais o fogo nunca (2007), da chilena Diamela Eltit, que, no fim do mês, recebeu o prêmio da Feira Internacional do Livro de Guadalajara (FIL). O livro é narrado por uma mulher, cujo principal dado biográfico é ter sido sobrevivente da Ditadura chilena, vivendo, mesmo após o fim do regime, sob o aspecto claustrofóbico da clandestinidade.
Os últimos dias ainda marcaram a entrega do Prêmio Jabuti, o mais importante da Literatura brasileira. No mês que traz o Dia da Consciência Negra, a premiação consagrou Jeferson Tenório, concedendo a ele o troféu na categoria Romance Literário — um dos mais prestigiosos da premiação — pelo excelente O Avesso da Pele. A obra, publicada pela Companhia das Letras, aborda questões de racismo através dos olhos de um jovem negro ao reimaginar a vida do pai, um professor morto devido à violência policial. O romance desbancou Solução de Dois Estados, de Michel Laub, visto como um dos favoritos ao prêmio.
Na categoria Livro do Ano, quem ficou com o Jabuti foi Sagatrissuinorana, livro infantojuvenil de João Luiz Guimarães e Nelson Cruz, publicado pela editora independente ÔZé. O enredo adapta a história clássica dos Três Porquinhos em uma linguagem que lembra Grande Sertão: Veredas, do mineiro João Guimarães Rosa, e gera um conto para falar sobre as tragédias que ocorreram em Mariana e Brumadinho, ambos desastres ocasionados pelo rompimento de Barragens em Minas Gerais.
Em Não Ficção, o livro-reportagem A República das Milícias, do jornalista Bruno Paes Manso, foi laureado na categoria Biografia, Documentário e Reportagem. A obra traça um paralelo entre a ascensão das milícias no Rio de Janeiro e a consolidação da família Bolsonaro na política, fazendo um recorte temporal que vai dos anos 1960 — com o surgimento dos esquadrões da morte no Rio — até o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, em 2018.
Na categoria Ciências, a bióloga Natalia Pasternak e o jornalista Carlos Orsi saíram vitoriosos com o livroCiência no cotidiano: Viva a razão. Abaixo a ignorância!, obra de divulgação científica que, entre outros temas, aborda e desmistifica a falácia de que vacinas causam autismo. A Personalidade Literária de 2021 — honraria entregue desde a criação da premiação — foi Ignácio de Loyola Brandão, escritor araraquarense cinco vezes vencedor do Prêmio Jabuti, e autor de obras de destaque, como Zero (1974) e Não Verás País Nenhum (1981). Em janeiro deste ano, Brandão recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Unesp.
E se você procura por mais indicações literárias está no lugar certo. Além de acompanhar o ambiente literário neste mês de novembro, a Editoria do Persona também selecionou algumas outras obras para acompanhar Diamela Eltit e Jamais o fogo nunca na segunda edição do Estante do Persona. Tudo isso você pode conferir logo abaixo.
A autora comenta sobre as inspirações para seu livro mais recente, Pequena Coreografia do Adeus, parte da parceria do Persona com a Cia das Letras
O Persona entrevista, pela primeira vez, um nome da Literatura depois de diversas conversas com cineastas do Brasil e do mundo (Foto: Companhia das Letras/Arte: Jho Brunhara)
Caroline Campos
Fiz essa entrevista ainda em julho, há longos cinco meses – que mais parecem cinco anos. Cercada pelos horrores da pandemia e a esperança da vacina, encontrei na leitura de Pequena coreografia do adeus uma forma de desabrochar velhos traumas e olhar para dentro de mim com o mesmo carinho que era capaz de olhar para Júlia, protagonista dessa criação de Aline Bei. Não esperava encontrar o que encontrei – palavras flutuando pelas páginas como pensamentos perdidos, te convidando a preencher esses espaços com sua própria e pesada bagagem.
E quem diria que a artista por trás de um dos maiores lançamentos literários de 2021 não só elogiaria minha emocionada resenha como também toparia fazer parte de mais uma edição do Persona Entrevista. Em uma conversa no fim da tarde de uma terça-feira, Aline me contou sobre a infância com a leitura, a rotina movimentada pós-lançamento e as várias faces de suas protagonistas femininas. Com alguns meses angustiantes de atraso (2021 não foi fácil para ninguém), você pode conferir esse bate-papo especial para conhecer melhor a figura por trás dessa dança tão (des)amorosa.
A volta da banda após 7 anos separados é uma carta de amor à memória de Tom Parker, que segue tratando seu câncer cerebral inoperável (Foto: Universal Group Music)
Nathália Mendes
Você se lembra do exato momento em que ouviu a primeira música do artista que mais amou em toda a sua vida? Eu tinha 11 anos quando isso aconteceu ao conhecer Glad You Came. Por todos esses anos meu coração esteve quentinho por ter a The Wanted comigo, até mesmo após os anos de hiato da banda, e pude, enfim, presenciar o retorno com o lançamento do Most Wanted: The Greatest Hits.
Há 60 anos, Dalva de Oliveira lançava um de seus álbuns mais conhecidos de todos os tempos (Foto: Francisco Pereira/Odeon/EMI Records Brasil)
Eduardo Rota Hilário
Escrever sobre Dalva de Oliveira é sempre um desafio. Seja pela dificuldade de encontrar, na internet, documentos e dados referentes à Rainha da Voz que de fato enriqueçam um texto, seja pelo medo de ser insuficientemente qualificado para esmiuçar os trabalhos de uma das maiores cantoras que o Brasil já teve, quando o assunto é este, as palavras costumam fugir de modo impiedoso – e até mesmo covarde. Mas a necessidade de memória grita mais alto, e embarcamos agora num desafio que pode ou não dar certo. Independentemente do resultado, entra em cena o reavivamento das lembranças, prelúdio básico para qualquer imortalidade.
As precursoras do feminejo das patroas em seu último trabalho juntas (Foto: Som Livre)
Giovana Guarizo
Na tarde do dia 5 de novembro, o Brasil foi surpreendido por um plantão da Globo, o qual anunciava um acidente aéreo envolvendo a cantora Marília Mendonça. Até então, foi informado pela emissora, através de informações dadas pela assessoria da artista, que ela e outras quatro pessoas estariam bem. Entretanto, era tudo incerto, pois não haviam informações confiáveis que comprovassem tal afirmação. Após algumas horas de muito trabalho por parte da equipe de bombeiros, veio a notícia que ninguém queria receber: o falecimento da cantora Marília Mendonça, aos 26 anos de idade.
Com 165 páginas, A Paixão segundo G.H. foi a primeira leitura do Clube do Livro do Persona (Foto: Reprodução/Arte: Jho Brunhara)
Vitória Silva
Nascida em 1920, Clarice Lispector é um dos nomes intocáveis da nossa Literatura. A ucraniana, batizada como Haya Pinkhasovna Lispector, chegou ao Brasil aos dois meses de idade, com seus pais de origem judaica que fugiram do país devido à perseguição durante a Guerra Civil Russa. Inicialmente residente em Maceió, em sua infância e pré-adolescência, a autora passou por Recife e pelo Rio de Janeiro, e, por onde trilhava seu caminho, carregava consigo sua paixão pelos livros.
Após ingressar na Faculdade Nacional de Direito, em 1941, trabalhou como redatora da Agência Nacional e, posteriormente, do jornal A Noite, dando seus primeiros passos no universo da escrita. Não demorou muito para que mergulhasse de vez nele, e publicou seu primeiro romance em 1944, com o títuloPerto do Coração Selvagem. A obra estreante retrata uma perspectiva sobre o período da adolescência e, logo de cara, fez com que Clarice abrisse novos horizontes na Literatura nacional.
Quebrando todo e qualquer paradigma literário da época, Lispector abandona noções de ordem cronológica e funde um lirismo único a sua forma de representar ações e emoções humanas, traços que se tornaram mais do que característicos de toda a sua carreira. Não à toa, a produção foi agraciada pelo Prêmio Graça Aranha, e, mais tarde, a autora colecionaria outros títulos de referência, comoLaços de Família (1960) e A Hora da Estrela (1977), em que este último ainda ganhou uma adaptação para as telonas, em 1985.
O aguardado quinto álbum solo de Ed Sheeran saiu no final do mês de outubro (Foto: Asylum Records UK/Warner Music UK)
Heloísa Ançanello e Júlia Paes de Arruda
Amadurecer pode trazer consigo um sentimento de nostalgia. Relembrar, de bom agrado, os velhos tempos e se deliciar com os novos caminhos que tem pela frente. É nessa atmosfera que Ed Sheeran apresenta = (Equals), com um doce sabor que não víamos desde seu último lançamento solo, em 2017. Ainda que o britânico permaneça na sua zona de conforto com o pop comercial, o álbumse destaca por sua qualidade em cada nota e ritmo, tornando-o um dos melhores e mais vulneráveis trabalhos que o cantor já nos apresentou.