All Stars 5: dívida atrasada se paga com juros

Shea Couleé garantiu seu merecido lugar no Hall da Fama (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Não tinha outro jeito. Quando Shea Couleé entrou no ateliê, a Coroa, o cetro e o quadro do Hall da Fama já estavam com nome e sobrenome estampados. Quem chegasse na competição depois já não era importante, ou sequer relevante. 5 edições à dentro dessa corrida (quatro, se desconsiderarmos o terrível All Stars 1), o jogo já não tem mais tantas nuances. Ao passo que as nove queens restantes retornavam para a disputa do título e do cheque, Shea não tinha com o que se preocupar. Oito episódios depois, a conta veio.

Muito mais uma manobra de redenção, por vezes autoinfligida, a escolha de RuPaul parece levar em conta o passado e o prestígio em detrimento do agora. Assim, a questão que fica é a seguinte: essa competição virou um acerto de contas ao invés de uma congratulação e reconhecimento por mérito? A resposta definitiva não existe, Shea Couleé não venceu por pena ou migalhas, mas a narrativa dessa 5ª temporada abre margem para discussões mais profundas quanto ao papel da corrida secundária pela coroa. Está na hora do All Stars acabar.

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Dark é um marco temporal

A última temporada da produção alemã se consagra como a melhor original da Netflix (Foto: Netflix)

Vitória Silva 

O começo é o fim….

Um dos primeiros contatos do cinema com viagem no tempo foi na trilogia De Volta Para O Futuro, lançada em 1985, e, com o passar do tempo, novas produções como Efeito Borboleta, Donnie Darko e Vingadores: Ultimato foram surgindo. Essa temática pode ser considerada um dos assuntos mais utilizados em produções de ficção científica.  Apesar das diferentes abordagens, a reviravolta em grande parte das narrativas parece ser sempre a mesma: provocar alterações no passado geram consequências no futuro. E, por muito tempo, pode ter se pensado que essa era uma das únicas maneiras de se criar histórias sobre viagem no tempo, até o surgimento de Dark.

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Pequenos Incêndios metafóricos e necessários Por Toda Parte

Littles Fires Everywhere (no original) é da Hello Sunshine, produtora fundada por Reese Witherspoon, que vem adaptando diversos livros escritos por mulheres, como Big Little Lies (2017) e o filme Garota Exemplar (2014) (Foto: Reprodução)

Jaqueline Neves Bueno 

Uma das coisas que sempre deixa as pessoas com o pé atrás sobre adaptações de livros para o audiovisual é a questão da fidelidade à obra original. Pequenos Incêndios Por Toda Parte, minissérie da Hulu disponível na Amazon Prime, foi fruto do livro da escritora norte-americana Celeste Ng. Filha de imigrantes de Hong Kong, seu livro traz questões sobre a vivência asiática, além de já ter morado no bairro em que a história se desenrola. Ng também escreveu Tudo o que Nunca Contei, que ganhou alguns prêmios, como o Amazon Book of the Year

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Em ano eleitoral, RuPaul’s Drag Race toma partido

The Essence of Beauty (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

A décima segunda temporada do reality de drag queens sofreu um bocado. A começar pela polêmica de Sherry Pie, acusada de assédio, e sua desclassificação do programa, o novo ano enfrentou a pandemia mundial que impediu a gravação com público dos episódios finais. O isolamento se refletiu em soluções inventivas e conferências à distância. Munido de propaganda eleitoral e do hit American, RuPaul Charles coroou Jaida Essence Hall, uma rainha negra e que celebra a cultura de concursos de beleza. Num momento tão crítico dos Estados Unidos, a escolha de Mama Ru evidencia o papel da arte no meio das revoltas e reivindicações: celebrar performers negros e evidenciar seu carisma, singularidade, coragem e talento.

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“Eu Nunca…” ensinou como séries teens devem ser feitas

Maitreyi Ramakrishnan (Devi) teve o primeiro papel da sua carreira como protagonista em uma série da Netflix (Foto: Reprodução)

Natália Santos

Depois das polêmicas com o final da primeira temporada de 13 Reasons Why (2017) e da queda instantânea – e previsível – de Insatiable (2018), a Netflix USA deu uma segurada nas produções teens norte americanas. Nesse cenário fracassado, a empresa de streaming decidiu investir em novas vozes e expandir o território ao apostar em seriados para jovens feitos em outros países. Foi assim que nasceu a espanhola Elite (2018) e a britânica Sex Education (2019) – ambos seguindo a mesma fórmula de sexos e drogas.

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A inquietação é necessária na segunda temporada de Pose

Mulher posando em preto e branco com Pose escrito
A série retornou às terças-feiras do FX em junho, mês do Orgulho LGBT (Divulgação)

Leonardo Teixeira

O segundo ano de Pose começa com uma viagem. Conhecemos a Hart Island, uma ilha real que abriga o maior cemitério de indigentes dos EUA. Durante o auge da epidemia de AIDS/HIV, vítimas do vírus cujas famílias não podiam arcar com um sepultamento “convencional” acabavam ali. Os corpos dessas pessoas em específico eram enterrados em uma cova coletiva, separada das demais, “para que os outros corpos não fossem infectados”, afirmou uma autoridade da época.

É esse o cenário da nova fase do show produzido por Ryan Murphy, Brad Falchuk e Steve Canals se inicia. Um cenário de descaso, violência e desinformação. Mas a esperança é o mote da temporada, que triunfa mais uma vez ao dar nome e endereço para pessoas que lutam diariamente para serem enxergadas.

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Euphoria e o retrato de uma juventude autodestrutiva

Sexo, drogas e muita maquiagem (Foto: Reprodução)

Egberto Santana Nunes

O rótulo de drama teen foi só fachada para Euphoria, série da HBO que teve seu último episódio transmitido no domingo (04). O subgênero fez o marketing e chamou atenção de um Conselho de pais dos EUA, que pediram pelo cancelamento da produção, antes mesmo de sua estreia. O motivo? “Conteúdo adulto extremamente gráfico – sexo, violência, profanação e uso de drogas – aos adolescentes e pré-adolescentes” e de acordo com o grupo, o programa estava comercializando “internacionalmente esse conteúdo para crianças”. E de fato, tem muito disso, mas também tem muito mais.

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Após uma década, a guerra dos tronos chega ao seu fim

 

Daenerys Targaryen antes de atacar King’s Landing (Foto: Reprodução)

Rafaela Martuscelli

Atenção, este texto contém spoilers! Leia por sua conta e risco!

A última temporada de Game Of Thrones tem tudo o que as outras tiveram: diálogos marcantes, guerras, mortes, drama. Então por que tanta decepção por grande parte dos fãs com o final da série? Tá aí algo que não é de hoje, essa insatisfação do público que assiste e a acompanha desde o início.

Desde que fora anunciado a redução da quantidade de episódios da sétima e oitava temporada, já vimos uma onda de reclamações. Será que uma história do porte dessa série conseguiria se resolver em apenas mais 13 episódios? E tivemos a resposta: não.

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All Stars 4: grandes estrelas e polêmicas ainda maiores

Da esquerda para a direita: Trinity The Tuck, Monique Heart, Gia Gunn, Jasmine Masters, Naomi Smalls, Latrice Royale, Valentina, Monet X Change, Manila Luzon e Farrah Moan (Divulgação)

Eduarda Motta

Estreando no canal Logo em fevereiro de 2009, o programa RuPaul’s Drag Race surgiu na televisão americana com uma competição entre drag queens, cujo objetivo era mostrar o talento, personalidade, carisma e humor de cada participante que concorria pelo título de próxima superestrela drag dos Estados Unidos. O sucesso e singularidade do show lhe renderam 11 temporadas, além do spin-off All Stars, que chegou à sua quarta edição no ano passado.
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A Maldição da Residência Hill rompe com as amarras do terror comum

O novo drama de suspense e terror da Netflix foi inspirado por Lost, revelou o criador Mike Flanagan (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Maquiada como uma produção de terror e fantasmas, A Maldição da Residência Hill usa de artifícios do gênero para tratar de uma relação familiar conturbada e extremamente relacionável ao mundo fora das telas. Transitando entre o passado e o presente dos moradores da Hill House, a produção de Mike Flanagan trabalha com alegorias e cria a melhor série original do ano da gigante de streaming.
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