Destaques de Abril de 2022: Heartstopper, o fim de Ozark, Medida Provisória e a 14ª temporada de RuPaul’s Drag Race (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan)
Se o mês passado esquentou as telonas com a versão em couro e tesão do Batman de Robert Pattinson, Abril foi marcado pelo verdadeiro estopim de múltiplos lançamentos imperdíveis. Mas, antes de destrinchar o amor perfeito de Heartstopper, as tragédias de Ozark, a potência de Medida Provisória e a resiliência de RuPaul’s Drag Race, é hora de nos despedirmos do Blue Sky Studios, propriedade adquirida pela Disney no ano passado e agora oficialmente extinto. Responsável por sucessos que iam de Rio à Era do Gelo, os animadores da empresa atingiram a jugular do público quando, no tchau, recompensaram o esquilo Scrat com a sonhada noz que movimentou uma saga de filmes jurássicos e gélidos.
No Brasil, C’mon C’mon teve sua estreia nos cinemas em 10 de fevereiro de 2022 (Foto: A24)
Larissa Silva
“Como você imagina o futuro?”. Essa é a pergunta feita emC’mon C’mon ou Sempre em Frente, no título nacional, lançado em 2021 pela já consagrada produtora A24. No entanto, é o passado e a construção da memória que parecem permear o desenvolvimento da trama. O novo longa de Mike Mills dá continuidade à sua assinatura cinematográfica de teor sentimental, poético e autobiográfico. Enquanto filmes como Toda Forma de Amor e Mulheres do Século 20 são inspirados, respectivamente, nas figuras paterna e materna do diretor e roteirista, C’mon C’mon nasce de sua experiência cuidando do próprio filho.
“Às vezes passamos a vida procurando por alguém que sempre esteve ao nosso lado” (Foto: Marvel Studios)
“Eu sou Groot” – Groot
Júlia Caroline Fonte
A última década foi bem polêmica para a indústria cinematográfica, o boom dos filmes de heróis gerou vários conflitos entre os cinéfilos mais conservadores e os amantes da cultura pop. Os super-heróis foram os responsáveis por lotar as salas de cinema no mundo todo, principalmente devido às grandes mudanças nos Estúdios Marvel. Foi nessa década que heroínas e personagens não convencionais conquistaram seu lugar, como aconteceu com o grupo de deslocados conhecidos como Guardiões da Galáxia, que completa 5 anos de seu segundo filme.
É muito difícil imaginar o que seria do Cinema, especialmente o gênero de fantasia blockbuster, quase sempre pautado em emoção e espetáculo, sem O Senhor dos Anéis. A trilogia de adaptações comandadas por Peter Jackson e produzidas pela New Line Cinema foi um dos maiores gambitos da história da Sétima Arte, custando quase 300 milhões de dólares e 8 anos de produção, criando uma nova cultura de turismo na Nova Zelândia e assomando juntos dezessete estatuetas no Oscar. Baseados no épico de J.R.R. Tolkien, – por muito dado como inadaptável – os filmes deram nova vida à fantasia e inspiraram uma geração de cineastas a desafiarem os limites técnicos de suas obras.
Vermelho e boy bands invadiram a sua tela? Esse é Red: Crescer é uma Fera (Foto: Pixar Animation Studios)
Thuani Barbosa
Se você está procurando algo fofo e divertido, mas que tenha sua pitada de realidade e lição de vida, Red: Crescer é uma Fera é o filme certo. Mantendo uma estética focada nos anos 2000, a era dos tamagotchis e boy bands, a animação esbanja fofura, musicalidade e tradição. Lançado em março de 2022, o longa animado faz parte do conjunto de produções da Pixar com a Disney, assim como Luca, Soul e Viva: A Vida é uma Festa.
Dirigida por Joss Whedon, a épica reunião dos heróis da Marvel Studios completa 10 anos em 2022 (Foto: Marvel Studios)
Nathan Sampaio
Há 10 anos, os filmes de super-heróis eram muito nichados, em um período em que apenas fãs de quadrinhos, crianças e alguns poucos curiosos se interessavam por essas adaptações. Poucos eram os longas que furavam a bolha, como Superman – O Filme (1978), Batman (1989) e Homem-Aranha (2002).Porém, tudo mudou em abril de 2012, pois Os Vingadores (The Avengers)chegava aos cinemas mundiais, representando o que seria o princípio de uma era.
Apesar de não ter sido selecionado para concorrer ao Oscar, Belle é um testamento ao poder da animação como meio (Foto: Studio Chizu)
Gabriel Oliveira F. Arruda
Por mais que seja tentador reduzir o mais recente filme do cineasta Mamoru Hosoda à uma reinterpretação moderna de A Bela e a Fera, esse simples elevator pitch não faz jus à complexidade temática e emocional da nova animação do Studio Chizu. Belle(Ryû to sobakasu no hime, no original em japonês) passa bem longe de ser uma “versão anime” do clássico francês e, ao invés disso, se utiliza da familiaridade de suas dinâmicas para contar sua própria história de amor transformativo na era das redes sociais e realidades virtuais, num semi-musical de escopo glorioso e, ao mesmo tempo, íntimo.
De santa imaculada à iconografia sexual, Benedetta é a falsa heroína do drama controverso de Paul Verhoeven, que após sua estreia mundial em Cannes 2021 inflamou protestos pela crítica conservadora (Foto: SBS Productions)
Ayra Mori
Intocável, a figura da freira se tornou fonte de lascivas fantasias. Cobertas pelo mistério do tecido negro de seus hábitos, enclausuradas pela solidez das paredes de pedra e tomadas pela devoção santificada por Jesus, desde a origem da Igreja Católica como organização, a silhueta inconfundível das noivas de Cristo corporificou-se, do espírito à carne, contra o olhar. Desse olhar reprimido emergiu uma miríade de representações cuja maior tentação se debruça no magnetismo feminino oculto dentro de um convento. No retorno de Paul Verhoeven em Cannes 2021, o drama semi-biográfico Benedetta tateia o subgênero, revelando, por trás do protagonismo progressivo das mulheres enquadradas em cena, um agressivo observador – masculino.
Entre os dias 31 de março e 10 de abril, o Persona acompanhou o 27º Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de abertura: Raquel Dutra)
Está aberta a temporada de festivais na cobertura do Persona. Entre os dias 31 de março e 10 de abril, a realização do 27º Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade inaugurou o ano para as nossas aventuras cinematográficas. Depois de um 2021 marcado pelo Cinema das mulheres, da cidade maravilhosa, das experimentações e fantasias, 2022 se inicia com a única coisa da qual não podemos fugir: a realidade.
Mas na verdade, o espectro contemplado pelo maior festival de documentários do mundo era muito desejado para integrar o horizonte das nossas experiências. Dessa vez, o anseio se tornou possível graças ao formato de realização do É Tudo Verdade, que aconteceu de forma totalmente gratuita e híbrida, sendo presencialmente nos cinemas das capitais de São Paulo e Rio de Janeiro, e virtualmente através da plataforma de streaming do festival e das dos parceiros Itaú Cultural Play e Sesc Digital.
A seleção é tão vasta quanto o tema que a define: 70 filmes, que entre curtas, médias e longas-metragens, se dividiram nas mostras competitivas e nas demais categorias de exibição (Foco Latino-Americano, Sessões Especiais, O Estado das Coisas, Clássicos É Tudo Verdade). Trazendo o Cinema documental realizado em mais de 30 países, o alcance do É Tudo Verdade é reconhecido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, de forma a classificar diretamente os filmes vencedores dos prêmios dos júris nas Competições Brasileiras e Internacionais de Longas/Médias e de Curtas Metragens para apreciação ao Oscar do ano que vem.
À distância, o Persona selecionou 25 títulos a fim de compreender a seleção de 2022, que elegeu como os homenageados da vez Ana Carolina e Ugo Giorgetti, dois dos nomes mais importantes do Cinema de não-ficção brasileiro. As obras de abertura propuseram uma reflexão sobre o passado, presente e futuro da Sétima Arte, enquanto o encerramento do festival ficou na responsabilidade de um dos premiados pelo público e pelo júri da edição mais recente do Festival de Sundance.
A curadoria do Persona conferiu todos eles, além das obras vencedoras e demais títulos que chamaram a atenção de Bruno Andrade, Enrico Souto, Raquel Dutra e Vitor Evangelista. O resultado dessa aventura você pode conferir abaixo, e em meio a experiências milagrosas, figuras históricas, lutas urgentes e muitas reflexões filosóficas, vale o aviso: não se esqueça que é tudo verdade.
Destaques de Março de 2022: Bridgerton, o Oscar de Drive My Car, Batman e Red: Crescer é uma Fera (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan)
Da ficção da Pixaraos documentários da Netflix, da comédia de Taika Waititi ao drama de Ryûsuke Hamaguchi, fomos presenteados com produções nacionais e internacionais para os amantes da Sétima Arte em Março de 2022. Tudo isso regado com a cobertura do caótico Oscar e muitas outras movimentações nas premiações de Cinema. Teve de tudo, mas não se estresse a ponto do panda vermelho se libertar! Entre a cozinha de Sebastian Stan, a caverna de Robert Pattinson e os aposentos nobres de Jonathan Bailey, o Cineclube de Março esmiuça a TV e o Cinema do Mês da Mulher.