William H. Macy é o único ator de Shameless nomeado no Emmy 2021 (Foto: Showtime)
Ana Júlia Trevisan
“Não vamos mais contar o que rolou semana passada” “Acabou”, “Não vai rolar”, “É um insulto”: dessa maneira se encerra o ciclo de onze anos da série que recepcionava com um atrativo recap e finalizava seus episódios com uma cena pós-créditos nível Marvel. Shameless é uma comédia com todos os modos de um bom drama. A produção gira em torno dos Gallagher: uma família disfuncional de seis irmãos, onde a mãe tem bipolaridade e abandonou o lar e o pai é um bêbado, drogado e negligente. Assim como grandes séries vide The Office e Skins, Shameless é um remake americano da série britânica de mesmo nome.
Indicada a Melhor Série de Comédia, Hacks vai bater na trave da primorosa Ted Lasso (Foto: HBO Max)
Ana Júlia Trevisan
Deborah Vance é uma comediante de quase 70 anos, pioneira do gênero no stand-upe com shows intocáveis em um grande cassino nas noites de Las Vegas. Suas piadas beiram a autodepreciação, escancarando o machismo e a misoginia por trás da comédia. Ava Daniels é uma jovem, roteirista, recém-cancelada e desempregada. Os sonhos de Ava em Los Angeles vão por água abaixo após um tweet de teor homofóbico envolvendo o filho de um senador. Já Deborah tem seu show fixo em um cassino de Las Vegas finalizado, contra sua vontade, após 2500 apresentações.
Indicada em três categorias no Emmy 2021, Pen15, do Hulu, está disponível no Brasil no Paramount+ (Foto: Hulu)
Vitória Lopes Gomez
Antes mesmo da internet implicar com os ‘cringes’, Pen15 já abusava da vergonha alheia. Na série escrita e estrelada pelas atrizes Maya Erskine e Anna Konkle, as duas mulheres voltam à pior fase da vida, a pré-adolescência, para reviverem todos os terrores, estranhezas e também os prazeres de se ter 13 anos. Só tem um pequeno detalhe: as intérpretes das adolescentes, na verdade, já estão na casa dos 30.
Indicado ao Emmy 2021, o retorno menos esperado de todos os tempos: senhoras e senhores, Girls5eva (Foto: Peacock)
Marcela Zogheib
Spice Girls, TLC, Destiny’s Child, o que não faltava nos anos 90 eram girlbandspara a gente admirar e sonhar com um reencontro. A série Girls5eva traz essa realidade para o grupo fictício de mesmo nome e conta a história dos dias atuais de quatro mulheres que um dia fizeram muito sucesso com seu grupo musical, mas hoje vivem realidades bem diferentes.
A série documental da HBO concorre em 7 categorias no Emmy 2021 (Foto: HBO)
Vitória Silva
No dia 18 de agosto de 1992, o cineasta Woody Allen convocou uma coletiva de imprensa no saguão do The Plaza Hotel, em Nova York, para confirmar que estava tendo um romance com a jovem Soon-Yi Previn. Para quem esse nome possa soar desconhecido, a coreana é a filha adotiva da atriz Mia Farrow, que também era namorada de Allen até o ocorrido. Esse fator quase transposto de uma novela de Walcyr Carrasco foi apenas o estopim de uma batalha que perdura anos, e é retratada na série documental Allen contra Farrow.
O terceiro ano do spin-off de black-ish ganha sua primeira indicação ao Emmy em 2021 (Foto: Freeform)
Mariana Chagas
Sair da casa dos pais não é fácil. Apesar de muitos jovens crescerem sonhando com a tão desejada liberdade, ela vem com obstáculos que nos fazem ter vontade de correr de volta para nossa cidade natal constantemente. A verdade é que não importa o quanto planejamos e tentamos manter uma estabilidade, em algum momento tudo desmorona. E é nesse momento de muita confusão que a irmã mais velha dos Johnson se encontra.
Zoey cresceu sendo mimada pelo pai, obedecida pelos caçulas e popular na escola. Acompanhamos a personagem de Yara Shahidi durante as temporadas iniciais de black-ishsendo um grande destaque da história. Passando de uma adolescente dramática para uma jovem mais dramática ainda, quando entra na faculdade a menina tem um brusco choque de realidade.
A sétima temporada de black-ish chega com tudo nas indicações do Emmy 2021 (Foto: ABC)
Mariana Chagas
Representatividade importa. Mesmo hoje sendo uma obviedade, tal fato só me foi percebido quando entendi que existia um motivo pelo qual eu, meu irmão e meu pai passávamos tanto tempo assistindo Todo Mundo Odeia O Chris. É claro que a gente ria das falas absurdas da Senhorita Morello, afinal também já tivemos de lidar com professoras racistas em nossas vidas.
No mundo das sitcoms, Chris Rock é apenas um dos nomes que criou comédia evidenciando situações ridiculamente absurdas que a população negra sofre diariamente. Um Maluco no Pedaço (1990) e Eu, a Patroa e as Crianças (2001), também fizeram história. Alguns anos mais tarde, no outono americano de 2014, estreou black-ish. A família composta por Dre, Bow, Zoey, Junior, Jack, Diane, Ruby e Pops é grande, mas muito unida pelas dificuldades que passam, sendo os únicos negros em um bairro branco de classe média alta.
Sutilmente se despedindo da TV, Mom recebeu 3 indicações ao Emmy 2021 (Foto: CBS)
Vitor Evangelista
A era das grandes comédias da Televisão aberta está chegando ao fim. Enquanto os anos 2000 geraram longas produções, que facilmente alcançaram a lendária marca dos cem capítulos, as décadas de dez e vinte cumpriram a solene tarefa de findar essas jornadas. Quando o assunto é sitcom estadunidense, pode ter certeza que Chuck Lorre está no meio, e com Mom a história não é diferente. Dando adeus após 8 temporadas, a série guiada pelo encanto de Allison Janney enfim acabou.
As caracterizações satirizadas dos personagens foram o que garantiu mais um ano de indicação para The Politician no Emmy 2021 (Foto: Netflix)
Isabela Cristina Barbosa de Oliveira e Larissa Vieira
Apesar de nunca ter dado a devida atenção, em setembro de 2019 a Netflix estreou uma de suas originais mais satíricas possíveis: The Politician. Debutando com sua primeira produção no streaming, Ryan Murphy trouxe a sua principal e brilhante característica: a habilidade articular um humor ácido a fim de fazer críticas aos costumes estadunidenses. Mas, além do renomado produtor, Ben Platt, o sucesso dos teatros, também estava à frente da comédia dramática como o grande protagonista, fazendo então com que as expectativas da produção fossem lá em cima.
Os episódios especiais de Euphoria encontraram seu lugar no Emmy 2021, e a Parte 1: Rue foi indicada na categoria de Melhor Fotografia para Série de Câmera Única (Uma Hora) [Foto: HBO]Raquel Dutra
O termo que significa um estado transcendental de alegria é usado para nomear uma obra que existe no nível mais profundo das dores de uma juventude autodestrutiva para nos avisar sobre algo: desde seu início, aclamado e conturbado lá em 2019, Euphoria não quer saber de nada além do radical ao construir seu caminho na companhia de jovens que lidam com muitas, muitas, mas muitas questões. A máxima se consolidou ao fim visceral daqueles 8 primeiros episódios que colocaram o drama adolescente da HBO numa evidência maior que qualquer nicho. Ali, nossas protagonistas, responsáveis por engatilhar o desenrolar dos arcos da narrativa e toda sinceridade e todos problemas que os acompanham, se encontravam num lugar perfeito de completa ausência de resolução.
A complexidade que o diretor e roteirista Sam Levinson criou ao fim do primeiro ano de Euphoria só seria compreendida mais tarde, quando os ganchos de 2019 ameaçavam se perder no meio da fenda temporal aberta pela pandemia de covid-19. Então, o criador correu para os transformar em dois episódios especiais, dedicados exclusivamente ao centro da história – Rue (Zendaya) e Jules (Hunter Schafer) -, e quando Part 1: Rue foi ao ar em dezembro de 2020, o poder da narrativa se mostraria ainda maior. Sob o título de Trouble Don’t Last Always, aconteceu o primeiro contato da produção com o mundo depois de sua estreia, e também o primeiro encontro do apreciador da série com a profundidade emocional daquela que foi o fio narrativo de tudo o que Euphoria nos apresentou.