O documentário recém-lançado da Netflix, O Dilema das Redes,dirigido por Jeff Orlowski, se inicia com um questionamento a todos os personagens dessa história. “Qual é o problema?” parece ser a pergunta que guia os entrevistados e, embora todos apontem os erros com certa facilidade, não conseguem manter a mesma assertividade quando tentam apontar a solução do problema.
“Os seus olhos tinham um precipício. E ele estava quase a cair olhos adentro, no precipício infinito escavado para dentro de si mesmo. Um menino carregado de ausências e silêncios.”
Vanessa Marques
O luso-angolano Valter Hugo Mãe é um dos romancistas mais prestigiados da atualidade. José Saramago, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, referiu-se ao autor como um tsunami linguístico. De fato, a escrita de Mãe explora com maestria toda a potencialidade e beleza da língua portuguesa. OFilho de Mil Homens, publicado em 2011, é uma prosa poética dividida em vinte contos que se entrelaçam numa história comum. O enredo perpassa numa vila litorânea fictícia, de modo que o romance emana um tom enlevo de locus amoenus (do latim: “lugar ameno”). Nela, o pescador Crisóstomo, a enjeitada Isaura, o órfão Camilo e o delicado Antonino engatam suas trajetórias pessoais com lirismo e introspecção.
Não falta conceito para a era Chromatica e para Lady Gaga. Lançada em fevereiro de 2020, a primeira faixa divulgada do novo álbum da cantora foi Stupid Love, na qual os fãs foram convidados a entrarem em um mundo criado pela Mother Monster. O clipe, entretanto, falhou na hora de entregar a ideia. O excesso de chroma key e os looks toscos comprometeram o conteúdo do vídeo. Com Rain On Me não foi muito diferente: a parceria com Ariana Grande resultou em um hit aclamado pelos fãs, porém deixou a desejar ao focar demasiadamente na coreografia e não pensar na construção de uma narrativa. No entanto, o mesmo erro não ocorreu no curta-metragem de 911. Dirigido por Tarsem Singh (Dublê de Anjo, 2006), o vídeo traz história, figurinos bem produzidos e muito conceito.
Originalmente lançada pelo YouTube, Cobra Kai traz novamente as atuações de Ralph Maccio e William Zabka revivendo os clássicos papéis de Daniel Larusso e Johnny Lawrence, respectivamente. No entanto a empresa decidiu não continuar com produções que sejam originais e roteirizadas. Devido às interrupções das gravações, a Netflix viu uma possibilidade de compra dos direitos da produção, passando a disponibilizar a série e financiar sua terceira temporada, que será lançada em 2021.
Com um enredo nostálgico e igualmente irreverente, o seriado colocará o espectador mais fiel ao primeiro filme em contato com novas abordagens sobre uma rivalidade que dura 34 anos. Da mesma maneira, a condução dos episódios proporcionará ao público mais jovem a possibilidade de aprender com um clássico dos anos 1980 através de duas temporadas nada convencionais. Em outras palavras, a trama nada mais é do que um “clichê inovador”.
Após cinco anos desde seu lançamento, Skam deixa seu legado inovando não só a cultura do entretenimento para jovens, mas também propondo reflexões acerca da vida e experiências sociais. Inicialmente, quando comparada a famosa série Skins, Skam surpreendeu seus espectadores logo de início, pois trata-se muito mais do que só um drama adolescente qualquer. Ela fala sobre temas muito discutido atualmente, como ansiedade, depressão, sexualidade, estupro, religião, feminismo, uso de drogas, racismo, crimes virtuais, imigração, explorando muito bem cada um deles.
Com tantos filmes live-actions sendo produzidos, finalmente chegou a vez de Mulan. Claro que essas produções sempre estão sujeitas a dar certo, como A Bela e a Fera e a dar errado, como O Rei Leão. Afinal, dependendo da animação, é impossível trazer alguns elementos para o mundo real sem parecer estranho. Sem contar que as expectativas sempre são altas, porque o público espera uma adaptação fiel ao material original. Nesse caso, podemos incluir filmes que se originaram de livros também. Bem, se você espera que Mulan seja igual a animação de 1998, pode se decepcionar.
Pense em uma praia deserta. É fim de tarde e você está com os pés na areia, ouve o barulho do mar, sente a brisa do vento bater no rosto e, quando percebe, está totalmente imerso em uma calmaria. É essa a sensação de ouvir Cool Tape Vol. 3 (CTV3), o novo álbum de Jaden Smith. Com vocais totalmente encantadores, o cantor inovou e entregou um trabalho leve, calmo e que, assim como na foto de capa, floresce uma sensação incrível em quem o escuta.
Boa Noite Punpun, escrito pelo mangaká Inio Asano, foi meu retorno aos mangás físicos, e liberou um gosto que até pouco tempo estava enterrado em mim — o de ler gibis. Dessa vez, um com uma história adulta e temas complexos e profundos, do gênero Slice Of Life, que também descobri ser um dos meus gêneros favoritos. O Volume Um acompanha Punpun Punyama, que, com onze anos, vive o começo de uma adolescência conturbada e solitária.
A crença de que a Terra era quadrada caminhava lado a lado com a ciência em épocas passadas e, junto consigo, diversas teorias do que existia do outro lado eclodiram. Quem criou uma passagem um tanto quanto maluca foi Dante Alighieri em seu livro A Divina Comédia, que se baseava na ideia de que o inferno possuía níveis para cada pecado capital. Mas não é apenas nesse período que sua obra é utilizada como fonte de inspiração. Em Se7en – Os Sete Crimes Capitais, David Fincher esculpe seu antagonista mais diabólico para contrastar com seu caráter messiânico, quase saído do Purgatório.
Quase Uma Rockstar chegou a Netflix no finalzinho de agosto, e já está fazendo barulho na plataforma de streaming. O filme é baseado no livro All Together Now, escrito por Matthew Quick, o mesmo autor de O Lado Bom da Vida. O longa tem direção de Brett Haley, diretor de Por Lugares incríveis. A mais nova produção cinematográfica tem estilo adolescente mas, não pense que se trata de romance platônico, líderes de torcida ou qualquer outro clichê do cinema americano teen. Aqui a história é outra: a adaptação de Quase Uma Rockstar mistura drama e amadurecimento, com doses de humor e romance.