O brilho de uma estrela em Estados Unidos Vs Billie Holiday

Cena do filme Estados Unidos Vs Billie Holiday. Na imagem, vemos Billie Holiday, interpretada por Andra Day, em frente a um microfone, com os braços abertos. Ela é uma mulher negra, de cabelos escuros presos em um coque no topo da cabeça, com uma flor branca ao lado esquerdo. Billie veste um vestido preto, luvas brancas compridas, um par de brincos e um colar. Ela está sorrindo e com os olhos fechados.
Com direção de Lee Daniels e roteiro de Suzan Lori-Park, o filme recebeu apenas uma indicação no Oscar 2021, na categoria de Melhor Atriz (Foto: Hulu)

Vitória Silva

O caminho das cinebiografias é um tanto arriscado de se explorar. Eleger uma personalidade para ser a peça central de uma narrativa requer pensar em detalhes minuciosos, em um recorte que vá além de sua brilhante carreira em vida. Vemos isso acontecer em títulos mais recentes, como Bohemian Rhapsody, que conduz a história do Queen sob a perspectiva do grandioso Freddie Mercury, e em Rocketman, que se centra na ascensão e vícios de Elton John. Essa escolha precisa é algo que Estados Unidos Vs Billie Holiday não foi capaz de realizar. 

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Cineclube Persona – Tudo Sobre os Indicados ao Oscar 2021

Imagem retangular com fundo verde. À esquerda vemos quatros molduras. Na parte superior, a primeira moldura é retangular de borda preta e tem a foto de Chadwick Boseman e Viola Davis. A segunda moldura é redonda de borda preta e tem a foto de Riz Ahmed. Já na parte inferior, a terceira moldura é quadrada de borda preta e tem a foto de Emerald Fennell e Carey Mulligan. A última moldura é quadrada de borda preta e tem a foto do ator de Agente Duplo. À direita, na parte superior, lê-se em branco "cineclube", abaixo lê-se em verde "persona". Na parte central lê-se em preto "os indicados ao oscar 2021". Na parte inferior vemos a logo do Persona com a íris do olho colorida de verde.
Alguns destaques do Oscar 2021: as grandiosas presenças de Chadwick Boseman, Viola Davis e Riz Ahmed; as lendárias Emerald Fennell e Carey Mulligan; e o adorável Sergio Chamy na única obra latino-americana da seleção (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Raquel Dutra e Vitor Evangelista)

A 93ª edição do Oscar é única por uma série de motivos. Começando pelos atrasos e realocação da data para dois meses depois do comum, a Academia teve de lidar com cinemas fechados, lançamentos adiados e o primeiro ano desde 2009 sem um filme da Marvel dominando o verão americano. Mas se engana quem pensa que, por conta disso, a lista de indicações seja mais fraca que a de anos anteriores.

Na verdade, a safra de 2020, e dos primeiros meses de 2021, ostenta qualidade, irreverência e debate temas que o cinema estadunidense não colocaria em pauta num ano cheio de diretores consolidados e franquias continuadas. 72 mulheres foram nomeadas ao Oscar 2021. Este ano, duas concorrem em Direção, além de dois filmes dirigidos por mulheres disputarem Melhor Filme.

Quando o assunto é diversidade, nove atores não-brancos pipocaram nas categorias principais, quebrando uma porção de recordes. Steven Yeun é o primeiro de origem asiática, Riz Ahmed é o primeiro mulçumano e com origem paquistanesa, Chadwick Boseman é o primeiro não-branco a receber uma indicação póstuma e Yun-Jung Youn é a primeira sul-coreana nomeada na Academia, só pra citar algumas das barreiras quebradas.

No campo dos Curtas, categorias comumente ignoradas, as narrativas fora do eixo norte-americano se entrelaçam com abordagens e pontiagudas. Os Animados colocam em xeque os limites da liberdade e a dor da saudade, enquanto os Documentários escancaram injustiças sociais e o racismo, assuntos que guiaram a Arte em 2020. Os Curtas Live Action se concentram entre os EUA e o conflito Israel e Palestina, mostrando ao mundo suas ricas produções cinematográficas.

Passando para os Filmes de Animação, a família e os imprevistos da vida comandam os cinco concorrentes: Shaun, O Carneiro lida com o objeto estranho, Dois Irmãos seca as lágrimas para seguir em frente e A Caminho da Lua viaja pelas fases do luto. O badalado Wolfwalkers discute amizade e o significado de ‘família escolhida’, enquanto o potencial vencedor, Soul, dá o toque da Pixar à crise de meia-idade, tudo regado a jazz e à Tina Fey.

Os Filmes Internacionais de 2021 desafogam o núcleo batido da Europa que normalmente compõe a categoria, dando destaque a um documentário romeno, um filme de bebedeira dinamarquês e um longa de guerra bósnio. Fora da hegemonia branca, Hong Kong alcançou sua primeira indicação em meio ao conflito que trava com a China, atravessando censuras e boicotes. O mesmo é com a Tunísia, que estreia na seleção através do trabalho incansável de uma cineasta, o que criou outro marco: pela primeira vez desde 2011, duas diretoras disputam o troféu. 

Já em Melhor Documentário, o avanço feminino segue do ano passado para cá, e cada um dos 5 filmes tem pelo menos uma mulher creditada à indicação. A categoria denuncia problemas sociais que fogem do eixo europeu-estadunidense, destacando questões ambientais globais em uma ponta, e reconhecendo a única obra latino-americana indicada em outra. No meio, estão as histórias que tocam em temas da Terra do Tio Sam, que dessa vez, têm o tato de minorias, com narrativas negras e femininas, e o protagonismo de pessoas com deficiência, tanto à frente quanto por trás das câmeras.

Abraçando o Cinema de todo o mundo, ou pelo menos começando a fazer isso, a Academia está fazendo valer as mudanças que vem implementando ao longo dos últimos anos. O curta Feeling Through escalou o primeiro ator surdo-cego da história e a ficção O Som do Silêncio tratou de temas que representam a comunidade surda, com direito à escalação de Paul Raci, filho de pais surdos e que luta pela causa há anos, além de um elenco de apoio formado por pessoas surdas.

A Voz Suprema do Blues, o filme que coloca Viola Davis na pele da mãe do blues, indicou Ann Roth, de 89 anos, em Melhor Figurino, no páreo para vencer sua segunda estatueta. No departamento de Cabelo e Maquiagem, o filme nomeou as duas primeiras mulheres negras na história da categoria, Jamika Wilson e Mia Neal. A parte boa? As três são favoritas nas respectivas disputas.

Além disso, o incomparável Chadwick Boseman é o primeiro negro a receber indicação póstuma (e provavelmente será o primeiro a vencer deste modo). Desempatando com Octavia Spencer, Viola Davis quebrou o recorde de indicações para uma atriz negra, apenas quatro, e expressou sua opinião sobre: “Se eu ter quatro indicações em 2021 faz de mim a atriz negra mais indicada da história, isso mostra quão pouco material esteve disponível para os artistas não-brancos.”

Se o assunto é privilégio, Os 7 de Chicago grita alto, mas diz pouco, e é a figurinha carimbada dos americanos sendo honrados por outros americanos. Mank, na mesma moeda, representa a máxima da Terra das Estrelas: é feito por e para homens caucasianos, e de praxe, conta uma embebida história da elite hollywoodiana. O lado bom é que o drama de época foi ignorado em quase tudo, dando espaço para o prêmio acabar em mãos merecedoras.

A casa dos dois deslocados é a Netflix, que angariando um recorde de 35 indicações, ainda não conseguiu emplacar um vencedor de Melhor Filme. A caminhada começou com o belíssimo Roma em 2019, mas deu tudo errado com a coroação de Green Book. Ano passado, nem História de um Casamento nem O Irlandês tinham fôlego para sequer chegar perto do favoritismo e da qualidade de Parasita. Depois de perder o PGA, o WGA e o DGA, ganhando apenas um controverso SAG de Elenco, Os 7 de Chicago ainda pode surpreender em 25 de abril, mas as chances não são animadoras.

Neste ano, a corrida de Melhor Filme, com apenas oito indicados, fez notar ausências doídas. Apesar da questionável condução diretiva de A Voz Suprema do Blues, o longa merecia ocupar aquela nona vaga. O mesmo vale para o trabalho exacerbado de Spike Lee em Destacamento Blood, ou o cuidado milimétrico que Regina King teve em Uma Noite em Miami…, os dois injustiçados de 2021.

Mas falando de quem devidamente entrou na corrida, vemos três filmes com protagonistas não-brancos (Minari, O Som do Silêncio e Judas e o Messias Negro) e dois comandados e protagonizados por mulheres (Nomadland e Bela Vingança). Completando o alto nível da categoria, Meu Pai lida com a velhice e o cuidado familiar, brindado pela atuação da carreira de Anthony Hopkins, o melhor dos vinte nomeados do ano. 

Em Roteiro Original, Emerald Fennell reina soberana nas chances de vencer por Bela Vingança, marcando a primeira vez que uma cineasta concorre à Direção por sua estreia. Em Adaptado, a protagonista do Oscar 2021 Chloé Zhao divide atenções com Florian Zeller e Christopher Hampton, por Meu Pai, e os nove roteiristas creditados por Borat 2, o vencedor do Sindicato, onde Nomadland estava inelegível.

Falando nas roteiristas favoritas, chegamos ao que há de mais interessante nos indicados a Melhor Direção. Zhao e Fennell são responsáveis por representar uma legião de cineastas que por anos tiveram seus trabalhos ignorados por Hollywood. O sexismo é refletido nas nomeações do Oscar, que em seus 93 anos de existência, se deu ao trabalho de reconhecer um total vergonhoso de sete diretoras e premiar apenas uma.

E se a Academia não tivesse tanto esmero com o ego de seus homens brancos, a categoria de Melhor Direção poderia muito bem ser formada por uma maioria feminina e não-branca. Nomes à altura da companhia de Lee Isaac Chung e da dupla recordista não faltavam, mas pelo menos, a favorita se encontra nessa exata interseção. 

Chloé Zhao é a dona deste ano, desta temporada e deste Oscar. A mulher mais indicada da história da premiação chega na noite do dia 25 de abril invicta e pronta para vencer em tudo o que tem direito, acompanhada de sua corrida impecável, que vai desde os festivais de cinema ao longo de 2020, até às premiações precursoras dos últimos meses.

A diretora, roteirista, montadora e produtora venceu os principais prêmios do Globo de Ouro, Critics Choice Awards, Sindicato dos Produtores e Diretores, BAFTA e nos Festivais de Veneza e Toronto. Só não fez história no SAG porque trabalhou com atores não-treinados, mas no mais, fortaleceu a corrida de Frances McDormand, que também é a primeira atriz indicada por produção e atuação no mesmo ano, pelo mesmo filme.

 Às vésperas de uma data histórica para o Cinema, o Persona se reúne num Cineclube Especial para comentar cada um dos 56 filmes que integram a seleção mais diversa da história do Oscar. Abaixo, estão todos organizados em ordem decrescente pelo número de indicações, e nossa Editoria e colaboradores pontuam seus méritos, as injustiças, chances e nomeações de todas as 23 categorias, condensando nossa cobertura da premiação e alinhando as expectativas para a noite do dia 25 de abril de 2021.

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Os Melhores Filmes de 2020

Arte retangular de fundo verde. Ao lado esquerdo, foi adicionada uma colagem com 8 personagens dos filmes que estão na legenda. Na mesma ordem, esses são: Fern (Frances McDormand), Emicida, Joe (Jamie Foxx), Canário Negro (Jurnee Smollett), Norman (Chadwick Boseman), Autumn (Sidney Flanigan), David (Alan Kim) e Tutar (Maria Bakalova). Ao lado direito, foi adicionado o texto OS MELHORES FILMES DE 2020, em verde, dentro de um retângulo de cor preta. No canto inferior direito foi adicionado o logo do Persona, com a íris do olho na cor verde.
Destaques de 2020 no Cinema: Nomadland; AmarElo; Soul; Aves de Rapina; Destacamento Blood; Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre; Minari e Borat 2 (Foto: Reprodução)

2020 foi um ano extremamente atípico, mas isso já é de conhecimento geral. Todos sabemos que os cinemas fecharam e o conteúdo passou do presencial para o ambiente virtual. Nessa virada de mesa, quem se beneficiou foi a Netflix, citada à exaustão nas seleções abaixo. Outros gigantes de streaming, como a Amazon, a Apple e a Disney também tiraram uma casquinha do cenário pandêmico.

As indicações ao Oscar 2021 foram anunciadas e, com a Netflix angariando 35 nomeações, o futuro não pode andar para trás. Daqui em diante, o digital terá a força que os grandes estúdios sempre temeram. E, falando em Oscar, as regras para um filme (ou curta, ou documentário, ou o que quer que seja Hamilton) entrar na lista de Melhores do Ano foram um pouco mais puxadas.

De cara, qualquer produção que fez parte da temporada de premiações anterior não entra aqui. Com lançamento nacional em 2020, Joias Brutas, 1917, Retrato de uma Jovem em Chamas e Parasita não puderam passar de menções honrosas, impedidos de integrar qualquer ranking. Isso por conta do péssimo mercado de distribuição nacional, que atrasa o que pode para lucrar com o buzz dos prêmios.

Ainda considerando o careca dourado e seu prazo de elegibilidade maior, a lista do Persona abarca lançamentos entre primeiro de janeiro de 2020 e vinte e oito de fevereiro de 2021, a mesma janela delimitada para algo concorrer ao Oscar desse ano, que acontece no fim de abril, dois meses atrasado pela pandemia. E vale a data de lançamento tanto no país de origem como no Brasil, desde que obedeça à regra anterior de ter ficado de fora dos prêmios passados.

Sempre inclusiva e multifacetada, a lista da Editoria e dos colaboradores do Persona tem de tudo. Lançamentos pré-pandêmicos, filmes da Netflix, obras apresentadas na 44ª Mostra Internacional de São Paulo (que rendeu cobertura com direito a entrevistas) e produções normalmente escanteadas num ano comum e cheio de blockbusters no Cinema. O texto sobre Os Melhores Filmes de 2020 atrasou para abraçar lançamentos da temporada, mas finalmente chegou. Sente-se confortavelmente para embarcar numa viagem cheia de detalhes, nuances e vozes diferenciadas no Cinema do ano mais terrível para todos nós.

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Cineclube Persona – Os Vencedores do Globo de Ouro 2021

 Uma imagem amarela, com molduras pretas de quadro. Uma com a foto de Daniel levy, homem negro apontando para a camera; outra com a roterista Chloe, sorrindo. Embaixo, as fotos são de Emma, segurando o próprio rosto, e Sacha Baron, ao lado de Isla Fisher. No canto superior direito está escrito “cinemaclube persona”, de branco. Logo embaixo, há o desenho de uma estatueta e está escrito “globo de ouro”, ambos em preto. Por último, no canto inferior direito, há o logo do Persona.
Os destaques do Globo de Ouro 2021 foram Nomadland e a estonteante Chloé Zhao, o trabalho primoroso de Sacha Baron Cohen em Borat 2, Daniel Kaluuya pegando fogo em Judas e o Messias Negro e a avalanche The Crown (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Vitor Evangelista)

Nós damos valor demais ao Globo de Ouro. Esse ano, o grupo votante lamenta a morte de seu antigo presidente, Lorenzo Soria, ao mesmo tempo que enfrenta acusações de fraude e uma investigação que revelou o óbvio: a Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA) não tem diversidade alguma. Reportagens no Los Angeles Times e no The New York Times estouraram poucos dias antes da 78ª edição do prêmio. Além de descobrirem que a HFPA não tem membros negros, foi escancarado um lobby poderosíssimo ao redor de Emily em Paris, uma das questionáveis indicadas ao Globo de Série de Comédia ou Musical.

É de suma importância relembrar que o GG não é prévia do Oscar de maneira nenhuma. Em questões de marketing e campanha, uma vitória no Globo alavanca sua visibilidade, mas o corpo votante da Academia é composto por mais de 7 mil membros, todos trabalhadores da indústria. A HFPA, por outro lado, é formada por 87 jornalistas, residentes de Los Angeles e que não têm ligação com o Oscar

Todavia, o que acontece é o Globo de Ouro tentando ditar tendências na temporada. Às vezes, as coisas dão ‘certo’: Green Book e Bohemian Rhapsody começaram ganhando aqui e percorreram solenes seu caminho até as estatuetas douradas e carecas. Ano passado, o amor por 1917 e por Sam Mendes caiu por terra quando Parasita e Bong Joon-ho saíram com os louros.

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As Melhores Séries de 2020

A imagem é uma arte com fundo laranja. No canto superior direito, há um retângulo com fundo preto e escrito na cor laranja a frase "AS MELHORES SÉRIES DE 2020". No canto inferior direito, há o logo do Persona, que é o desenho de um olho aberto, no qual a íris possui a cor laranja e no lugar da pupila há um botão de "play" na cor preta. No canto esquerdo, há personagens de algumas séries organizados em duas fileiras. Na fileira superior, da esquerda para a direita, estão: a personagem Lúcia do seriado Amor e Sorte, interpretada por Fernanda Torres, que é uma mulher branca de cabelos castanhos escuros na altura dos ombros, Fernanda está sorrindo e veste uma blusa cinza; a personagem Marianne da série Normal People, interpretada por Daisy Edgar-Jones, que é uma mulher branca de cabelos castanhos claros compridos e franja, Daisy está com o olhar voltado para a direita; a personagem Hilda da série Hilda, que é um desenho animado de uma menina branca com cabelos longos e azuis, Hilda veste um cachecol amarelo e uma blusa vermelha de manga compridas, ela está sorrindo e com as mãos apoiadas na cintura; e o personagem David Rose da série Schitt's Creek, interpretado por Daniel Levy, que é um homem branco de cabelos castanhos escuros em formato de topete, Daniel está com uma feição assustada e veste um suéter cinza e preto. Na fileira inferior, da esquerda para a direita, estão: a personagem Devi Vishwakumar da série Eu Nunca..., interpretada por Maitreyi Ramakrishnan, que é uma jovem de traços indianos e cabelo preto comprido, Maitreyi está com o rosto virado para a esquerda e com um leve sorriso, ela veste uma regata listrada, um colar e um casaco laranja; a personagem Beth Harmon da série O Gambito da Rainha, interpretada pela atriz Anya Taylor-Joy, que é uma mulher branca com cabelos ruivos curtos e franja, Anya está com o olhar voltado para a direita, veste um casaco cinza e segura um jornal em suas mãos; a personagem princesa Margaret da série The Crown, interpretada por Helena Bonham Carter, que é uma mulher branca com cabelos castanhos escuros presos em um coque alto, Helena está com um olhar sério e usa uma coroa em sua cabeça, um colar em seu pescoço e um vestido rosa e branco; e a personagem Arabella Essiedu da série I May Destroy You, interpretada por Michaela Coel, que é uma mulher negra com cabelos rosa em tom pastel na altura dos ombros, Michaela está com um olhar sério para a frente, ela veste uma camiseta cinza e um casaco branco e vermelho.
Os destaques de 2020: Amor e Sorte, Normal People, Hilda, Schitt’s Creek, Eu Nunca, O Gambito da Rainha, The Crown e I May Destroy You (Foto: Reprodução)

A pandemia, que descarrilou a indústria do entretenimento, fez um estrago estrondoso no cinema. A TV, entretanto, conseguiu segurar as barras e teve até a premiação do Emmy meio virtual, meio presencial, mas inteiramente inovadora. Lá, Schitt’s Creek fez história: a única série a vencer todas as 7 categorias principais de comédia. Junto do hit canadense, Zendaya venceu Melhor Atriz em Drama, se tornando a ganhadora mais jovem da categoria. No campo das minisséries, narrativas fortes com enfoque em figuras femininas ditaram o tom. Teve a heroica avalanche de Watchmen, a comovente Nada Ortodoxa e a avidez de Mrs. America.

Fora dos prêmios, O Gambito da Rainha se tornou a minissérie mais assistida da história da Netflix. A série da enxadrista Beth Harmon, papel taciturno de Anya Taylor-Joy, é parte do panteão de 2020. O streaming muito se beneficiou das pessoas estarem trancadas em casa: os números de acesso e visualizações estouraram a boca do balão. Dark se encerrou com a maestria que prometeu, e The Crown finalmente nos mostrou a Lady Di. Na HBO, Michaela Coel retornou mais poderosa que o de costume com I May Destroy You, um soco no estômago empacotado em 12 episódios quase autobiográficos, discutindo o valor do consentimento e as consequências do abuso. 

Steve McQueen encontrou na Amazon o lar para sua poderosa Small Axe, antologia de filmes que lidam com racismo e luta por direitos, obras de vital importância nesse momento político em que vivemos. O sucesso foi tanto que uma porção de sindicatos da crítica está premiando Small Axe como Melhor Filme de 2020 (vai entender). Aqui no Brasil, a Rede Globo mostrou serviço produzindo, à distância, a antologia Amor e Sorte e o especial Plantão Covid, parte da fantástica Sob Pressão. Com todo esse parâmetro em mente, a Editoria do Persona se reuniu com nossos colaboradores para elencar o que de melhor a televisão nos ofereceu em 2020. 

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Happiest Season é um presente de Natal adiantado

Na imagem, todo o núcleo familiar reunido para uma foto, com as protagonistas no centro.
Happiest Season, lançado no final novembro, estreou diretamente na plataforma streaming da Hulu (Foto: Reprodução)

Vitória Lopes Gomez

Dezembro chegou e a época mais bonita do ano pede as suas tradições. É a hora de tirar a árvore da caixa, desembrulhar os enfeites, comprar o chocotone e escolher a comédia romântica natalina da vez. Mas nada melhor que um Natal atípico para deixar algumas tradições de lado: chega dos romances heterossexuais repetidos. Happiest Season, a primeira produção do gênero com um casal lésbico protagonista, chegou para mostrar que é mais do que possível unir a representatividade aos clichês natalinos que amamos.

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RESUMÃO: Séries indicadas ao Emmy 2020

A pandemia de coronavírus, que paralisou gravações e embaralhou a janela de lançamentos no cinema, não foi páreo para o Emmy 2020. A 72ª edição da cerimônia que premia o melhor do ‘horário nobre’ da TV vai acontecer virtualmente. Com apresentação de Jimmy Kimmel, os atores, atrizes, diretores e roteiristas participarão da festa à distância, dando seus discursos e agradecimentos do conforto de casa.

Num ano tão conturbado política e socialmente, com as pessoas presas no isolamento social, a TV foi mais importante que nunca. Além, é claro, de entreter sua audiência, as produções que disputam a estatueta dourada têm muito a dizer. E, enquanto o Oscar estipula regras e diretrizes para a inclusão de diversidade, o Emmy 2020 estabeleceu um recorde de artistas negros indicados. Fator que reafirma a maior receptibilidade da TV para com histórias ímpares e das ditas minorias. Tudo está longe do ideal, nem precisamos dizer, mas o futuro parece promissor.

É interessante de sublinhar que a cerimônia do Emmy que acontece no domingo, 20 de setembro, representa apenas uma parcela dos prêmios entregues. Existe, também, o chamado Emmy Criativo (Creative Arts Emmys), que dá atenção às categorias técnicas, como figurino, direção de arte e direção de elenco. Excepcionalmente, por conta da pandemia, o Creative Arts aconteceu ao longo da semana, e os indicados todos gravaram com antecedência discursos de agradecimento. Num ano comum e livre do coronavírus, a premiação secundária acontece na semana anterior à principal, mas não é televisionada. Além das técnicas, o Creative premia as categorias de Atuação Convidadas.

 

A Editoria do Persona se reuniu para criar essa postagem especial e inédita, reunindo numa lista o resumo das principais indicadas da noite. Contando com informações suculentas das séries, minisséries e telefilmes, mas com a qualidade clássica do site. Aliás, as obras com textos individuais estão assinaladas com os devidos links.

Agora só nos resta esperar a cerimônia começar e, enquanto isso, relembrar tudo do Emmy 2020 junto com o Persona.

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Normal People retrata o amor através da distância e do tempo

Com personagens muito fáceis de se identificar, a obra explora as incertezas do mundo jovem-adulto (Foto: Reprodução)

Isabella Siqueira

Algumas histórias apelam para fantasias impossíveis, enquanto outras buscam as emoções presentes na normalidade. Normal People, minissérie do streaming Hulu em parceria com o canal britânico BBC, encanta justamente por falar de um romance digno de pessoas reais. Indicada ao Emmy desse ano, a história é uma adaptação do best-seller da autora irlandesa Sally Rooney. O livro é mencionado como fenômeno literário da década pelo jornal The Guardian, e a adaptação para a TV não fica atrás no quesito qualidade.

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Mrs. America é a lembrança de que ainda vivemos no passado

Um dos grandes nomes indicados ao Emmy deste ano, a produção revive um cotidiano patriarcal muito similar aos dias atuais (Foto: Reprodução)

Vitória Silva

O quanto uma sociedade consegue evoluir em 50 anos?

Há 50 anos, o telefone celular ainda era algo em desenvolvimento. Não existia wi-fi, nem conexão bluetooth. Hoje, temos praticamente um aparelho ou aplicativo para realizar cada função do nosso dia-a-dia. O homem vai ao espaço quase como quem viaja para a Europa. Nós conseguimos até imprimir comida

Pensar no cotidiano de 50 anos atrás é pensar num passado distante e totalmente fora da nossa realidade. Uma sociedade tão retrógrada e nem um pouco próxima da modernidade que temos hoje em dia. Isso, se a humanidade fosse capaz de se desenvolver no mesmo passo que os aparelhos tecnológicos. E Mrs. America surge para comprovar essa afirmação. 

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Palm Springs e seu reflexo do looping no isolamento

O nome do filme é em referência ao lugar onde a história se passa, Palm Springs na Califórnia (Foto: Reprodução)

Ana Beatriz Diogo Rodrigues 

A rotina da quarentena é extremamente cansativa por mais que não precisemos mais sair de casa. Acordar e fazer as mesmas atividades todos os dias se tornou um ciclo desagradável e nunca achar uma saída para esse cotidiano é ainda mais preocupante. Mesmo gravado em cenário pré-pandêmico, o filme Palm Springs se relaciona com essa atual realidade. Os protagonistas vivem um looping temporal da mesma maneira que nosso isolamento é repetitivo.

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