Depois de Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) ter apagado a memória da existência de Peter Parker (Tom Holland), em Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, e Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) ter libertado a cidade de Westview de sua manipulação, em WandaVision, ambos se encontraram para uma batalha intensa que atravessou universos. Em maio de 2022, foi lançado Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, um filme com muita ação e adrenalina, como é de se esperar de uma produção Marvel. A obra, porém, deixa a desejar, quebrando as expectativas de fãs que estavam ansiosos por esse momento.
Desde sua estreia como cineasta em 1995, o cineasta Michael Bay tem a ação junto a uma certa dose de niilismo como grandes marcas do seu trabalho. Premiado diretor de comerciais e videoclipes, Bay funde o apelo visual e a iconografia americana de seu predecessor Tony Scott, com o niilismo e antipatia de seu sucessor Zack Snyder, em filmes de ação saturados e apelativos que pouco se importam de fato com seus personagens. Talvez seja por isso que o americano se encontrou nos robôs da franquia Transformers,literais dispositivos de ação e frases de efeito, que a cada filme tinham mais tempo de tela e davam menos valor à vida humana.
Poucos nomes são tão aclamados dentro do Cinema atual como o do diretor Robert Eggers. Seu primeiro filme, A Bruxa, foi um interessante sleeper hit, isto é, aquele caso onde o sucesso é construído no boca a boca. Tendo também revelado ao mundo a excepcional atriz Anya Taylor-Joy, o debute de Eggers fez em bilheteria o equivalente a dez vezes do seu orçamento de modestos quatro milhões de dólares, colocando-o no mapa e deixando altíssimas expectativas para o seu próximo projeto. Felizmente, ele superou todas elas com O Farol, onde já trabalhou com atores mais conhecidos como Willem Dafoe e Robert Pattinson. Notório pela fotografia em preto e branco e aspecto 4×3, o segundo longa do cineasta foi mais um sucesso de crítica, mas nem tanto de público.
Agora, três anos depois de seu último lançamento, Eggers retornou às telas com O Homem do Norte (The Northman), de uma forma que não poderia ser melhor e mais significativa. Eggers, discípulo de uma geração de diretores independentes catapultada pela produtora queridinha dos cinéfilos A24, chega em seu épico viking ostentando um orçamento de noventa milhões de dólares, do qual ele se apropria para contar uma história nos mesmos moldes do Cinema autoral dessa mesma geração. Em outras palavras, o filme, que é sobre vingança, é também uma vingança ao sistema atual de produção dos grandes estúdios de Hollywood.
Dois jovens cowboys em um trabalho de verão nas montanhas, e nenhum dos dois poderia imaginar o quão alterado seriam seus destinos. O Segredo de Brokeback Mountain é o tipo de filme que surpreende o espectador a cada vez assistida, seja nas paisagens montanhosas que emanam a sensação de vastidão e plenitude, na singularidade de seus personagens, na interpretação impecável do elenco ou na explosão de emoções que chocam o peito de qualquer um.
O cenário é uma floresta gelada da Noruega. Pai e filha, de no máximo 6 anos, avistam um cervo durante a caçada. A arma na mão do pai se volta do animal à pequena Thelma, que nunca chega a notar a movimentação. Ele continua firme ali, arma em riste apontada para a menina, até o cervo se dispersar. Dos poucos, mas longos minutos, o filme corta para outra cena e uma Thelma crescida está enfrentando seus primeiros dias na faculdade. É assim que Thelma se inicia: ensurdecedora, impactante e misteriosa, a obra de Joachim Trier exagera para preparar o terreno para o que vem a seguir.
Com o pé afundado no acelerador, o criativo Edgar Wright apresenta um passeio de motor que destaca-se entre as obras do gênero. Em Ritmo de Fuga, em inglês Baby Driver, realmente foge do estereótipo de outros feitos cinematográficos que envolvem crimes e carros em alta velocidade. Lançado em 2017, o primeiro filme realizado nos EUA pelo diretor tem a ambientação dos assaltos em Atlanta e resulta na combinação do romance com perseguições de carro, além de nos presentear com uma caracterização visual de tirar o fôlego.
Oito longos tentáculos presos no aquário de um medonho porão: o polvo nunca foi uma figura tão imponente quanto em A Criada (2017), filme sul-coreano assinado por Park Chan-Wook. Inspirado no romance Na Ponta dos Dedos,da escritora Sarah Waters, o longa traz o protagonismo lésbico da Era Vitoriana britânica para o contexto da Coreia ocupada por japoneses. Erótico e poético, o espectador perde o fôlego com as cenas menos sensuais enquanto se esquiva das leituras fetichizadas, acompanhadas por xilogravuras lascivas como O Sonho da Mulher do Pescador, em que a forma feminina é sexualmente devorada por dois moluscos marinhos.
Quando, em meados da década de 1950, a produtora de Cinema japonesa Shochiku (fundada em 1895) reuniu seus jovens diretores e roteiristas, como Nagisa Oshima (O Império dos Sentidos), Yoshishige Yoshida (Eros + Massacre) e Masahiro Shinoda (Duplo Suicídio em Amijima), e deu-lhes a missão de reavivar o interesse do público nos filmes da empresa, mal poderia imaginar que a sua empreitada comercial abriria uma caixa de Pandora. A Nouvelle Vague Japonesa (ou Nūberu bāgu)foi um movimento orgânico de cineastas dentro e fora do sistema de estúdios, entre os anos 50 e 70. E de europeu só teve o nome mesmo.
Uma renomada companhia de dança alemã guarda um segredo: suas dançarinas são parte de um coven. Suas coreografias, rituais. E sua mais nova aluna, seria ela uma presa fácil? Ou uma bruxa em ascensão? Suspiria: A Dança do Medo é uma contemplação às bruxas contemporâneas através de um Terror psicológico, folke gore.
Muito mudou entre os anos 80 e agora, mas a figura masculina erotizada continua engajante como nunca
Vitor Evangelista
Não há nada que um homem goste mais do que agradar e impressionar outro homem. Seja numa relação romântica ou apenas na amizade, a Arte explorou, desde o Batalhão Sagrado de Tebas até os garotos bobos de amor de Heartstopper, que eles compartilham esse fascínio, um senso de deslumbramento que os coloca no centro do universo. Quando foi lançado em 1986, o romance entre Maverick e Charlie em Top Gun: Ases Indomáveis era, à primeira vista, o único ponto de tensão no filme. Mas o produto final mostrou um subtexto extra.