A cinematografia nos conecta em Umma

Produzido por Sam Raimi, o filme está disponível no catálogo do HBO Max e foi recebido por críticas negativas e baixas avaliações (Foto: Stage 6 Films)

Victoria Silveira

Amanda (Sandra Oh) e Chris (Fivel Stewart) são mãe e filha em Umma. As duas vivem reclusas em uma propriedade sem energia elétrica e acesso a aparelhos eletrônicos , dedicando-se à produção de mel vendido com o nome de Chrissy’s Honey Bees. Por um lado, Amanda abdica da estabilidade profissional como contadora para cuidar da filha e assumir papel de educadora, além de administrar a pequena empresa; por outro, é dominada por traumas passados e sobe fortalezas físicas e emocionais – das quais Chris não é só parte integrante, mas a principal – contra o mundo. 

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O que aconteceu com o brilho da Garota Radiante?

Cena do filme A Garota Radiante. A atriz francesa Rebecca Marder aparece no centro da imagem, e é uma jovem de pele clara, cabelos castanhos e olhos claros; ela usa uma blusa marrom e um casaco azul. Atrás da atriz, existe um caminho de árvores desfocadas.
Irène queria uma coisa: brilhar nos palcos dos teatros (Foto: Pandora Filmes)

Laura Hirata-Vale

Em um tom alegre e cheio de espírito, A Garota Radiante (2021) retrata a história de Irène (Rebecca Marder), uma adolescente apaixonada por Teatro. Dirigido e roteirizado por Sandrine Kiberlain, o longa francês é ambientado no ano de 1942 e mostra como é a vida de uma família judia, expondo, pouco a pouco, as proibições e os impedimentos impostos pelo nazismo. O filme é leve, divertido, mas traz em seus detalhes e entrelinhas o terror da época, que assusta, de uma forma ou de outra, o espectador, alertando-o do que pode estar por vir. 

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As Hostilidades: na América que ninguém vê, a opressão dissolve almas

Cena do filme As Hostilidades. Na imagem há um homem de capuz. O homem e o chão em que ele pisa estão escondidos pelo escuro, ao fundo, o céu do entardecer tem cores rosa e laranja com poucas nuvens aparentes.
Produção mexicana, As Hostilidades fez parte da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo na categoria Competição Novos Diretores (Foto: Centro De Capacitación Cinematográfica A.C.)

Jamily Rigonatto 

Quanto terreno fértil a criminalidade pode encontrar nas partes do mundo ignoradas pela preocupação social? Em temos reais e muito pessoais, As Hostilidades documenta isso em lentes trêmulas. Dirigido por M. Sebastian Molina, o filme mostra as mudanças da cidade de Santa Lúcia, no México, após a violência se tornar protagonista em um espaço aparentemente vazio, mas cheio de memórias e feridas. 

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Há 5 anos, Vingadores: Guerra Infinita se tornava clássico em um estalar de dedos

Vingadores: Guerra infinita celebrou os 10 anos de Marvel Studios e iniciou a conclusão da saga (Foto: Marvel Studios)

Davi Marcelgo 

Aqui é a nave Estadista de refugiados asgardianos. Estamos sob ataque. Repito: estamos sob ataque. Os motores morreram, o suporte de vida está falhando. Solicitando ajuda de qualquer nave próxima. Estamos a 22 pontos de salto de Asgard. Os tripulantes são famílias asgardianas. Há poucos soldados aqui. Esta não é uma nave de guerra. Repito: esta não é uma nave de guerra”. Afastada da trilha épica ou das costumeiras músicas oitentistas hiper-animadas, a abertura de Vingadores: Guerra Infinita (2018) pede por socorro. Mal sabíamos que, depois de 2h30 de exibição, nós é que iríamos implorar por socorro.

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Há 20 anos, Spike Lee e Edward Norton contavam A Última Noite de um homem em Nova York

Monty quase foi interpretado por Tobey Maguire, que, apesar de ter recusado o papel para estrelar Homem-Aranha, acabou sendo um dos produtores do longa (Foto: Touchstone Pictures/The Walt Disney Company)

Nathan Nunes

Nos vinte anos que separam os dias atuais da estreia de A Última Noite (25th Hour) nos cinemas brasileiros, em 23 de Maio de 2003, talvez nenhuma cena tenha marcado tanto quanto o monólogo que Edward Norton (Glass Onion) recita em frente ao espelho de um banheiro, no qual reflete sobre como odeia tudo e todos em sua cidade. Esse momento não estava presente no roteiro inicial de David Benioff, mas sim em seu livro homônimo, objeto da adaptação. O diretor Spike Lee (Infiltrado na Klan) encorajou o futuro showrunner de Game of Thrones a colocá-lo de volta nos planos, além de tê-lo filmado a contragosto da Disney, que o queria fora do corte final. 

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Racionais MC’s: o legado das ruas em um documentário

Fotografia retangular com o fundo branco. No centro estão os quatro membros do grupo Racionais Mc´s. Da esquerda para a direita tem-se Edi Rock, KL Jay, Mano Brown e Ice Blue. Todos usam calças, camisetas e jaquetas brancas, exceto Kl Jay que usa calça e camiseta preta. Os quatro homens são negros de estatura mediana, olham fixamente para frente com expressões sérias.
A valorização de uma estética única entre o grupo funciona como uma forte ferramenta no incentivo da autoestima da população negra (Foto: Jef Delgado)

Julie Anne Alves

Com mais de trinta anos de estrada, premiações internacionais e canções que salvaram gerações, o grupo de rap Racionais MC’s  foi contemplado com o documentário Racionais: Das Ruas de São Paulo pro Mundo, disponibilizado pela Netflix. Dirigido por Juliana Vicente, o longa estreou na plataforma em Novembro de 2022 como um dos mais acessados mundialmente, e conta, em pouco menos de duas horas, a história do quarteto a partir do olhar dos membros e de quem os acompanha ao longo dos anos. 

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Entre sustos e risos, M3GAN brinca com a reinvenção do ‘terrir’

Cena do filme M3GAN. Na cena, do lado direito, de perfil, há a atriz Violet Mcgraw, branca e com cabelos longos castanhos escuros. Ela veste uma blusa com estampa de flores. No centro esquerda, está sentada a boneca M3GAN. Branca e com cabelos loiros, ela veste um vestido sobretudo bege com um laço azul, amarelo e vermelho na gola. O sobretudo tem mangas curtas. A robô usa camisa de manga longa listrada cinza e bege abaixo do sobretudo. Na direita, de perfil, está a atriz Allison Williams, uma mulher branca com cabelos longos castanhos e que veste uma blusa de manga longa cinza. O fundo da foto é iluminado, com cortinas e almofadas variadas
Mais de 300 mil pessoas foram rir e se assustar nos cinemas nacionais com M3GAN, filme da Blumhouse que mistura diversos gêneros cinematográficos (Foto: Universal Pictures)

Felipe Nunes

Quem nunca teve medo de uma boneca durante a infância que atire a primeira pedra. Por meio de lendas, séries e filmes, a vertente do terror associada aos brinquedos ficou enraizada no imaginário coletivo popular cultural. O fruto disso foram as célebres sequências envolvendo bonecos sobrenaturais, como a franquia de Chucky e a de Annabelle. Se, no passado, estas obras foram as responsáveis por aterrorizar as crianças, agora, o brinquedo da vez – robô, na verdade – é M3GAN – uma boneca androide que é tão maldosa quanto seus antecessores, mas que, pela primeira vez, não é alvo da possessão de nenhum espírito maligno e sim da própria tecnologia da qual foi criada.

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Holy Spider cai em sua própria teia

cena do filme Holy Spider. Mulher caído ao chão com apenas sua mão e tronco à mostra no take do filme, foco central em sua mão derrubada - tudo acima de um tapete estampado
“Cada homem encontrará o que deseja evitar” Imam Ali – Nahj Al-Balagha – Sermão 149. (Foto: MUBI)

Mariana Pinheiro

Estarei de volta quando você acordar“, diz uma mulher ao seu filho horas antes de ser brutalmente assassinada enquanto trabalhava. Ela arrumou-se e o beijou pela última vez sem saber o que aconteceria em mais uma noite nas ruas. Essa é a primeira cena de Holy Spider, a qual elucida tudo o que o filme pretende contar durante sua exibição. Nela, uma prostituta iraniana caminha pela cidade de Mashhad enfrentando olhares mal-intencionados e buscando refúgio em drogas para escapar da realidade assombrosa a qual é condenada a viver. 

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Os curtas brasileiros do 28º Festival É Tudo Verdade

Na 28ª edição do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade, o Persona acompanhou os filmes da Competição Brasileira de Curtas-Metragens (Foto: Hans Gunter Flieg/Acervo Instituto Moreira Salles/É Tudo Verdade/Arte: Ana Clara Abbate/Texto de abertura: Bruno Andrade)

Entre os dias 13 e 23 de abril, o Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade voltou totalmente às salas presenciais dos cinemas espalhados em São Paulo e Rio de Janeiro. Com exibições gratuitas no Centro Cultural São Paulo, Cine Marquise, Cinemateca Brasileira, Sesc 24 de Maio e IMS Paulista, o festival teve também Sessões Especiais virtuais, exibindo nas plataformas de streaming Itaú Cultural Play e Sesc Digital sete dos nove filmes da Competição Brasileira de Curtas-Metragens e dois longas da Mostra Foco Latino-Americano (Beleza Silenciosa, de Jasmín Mara Lópeza, e Hot Club de Montevideo, de Maximiliano Contenti).

Com 72 títulos de 34 países, o festival – fundado em 1996 por Amir Labaki – homenageou dois grandes cineastas na sua 28ª edição: Humberto Mauro (1897–1983), “um dos inventores do Brasil cinematográfico”, que “impõe-se quando o próprio país e logo seu Cinema enfrentam nova reconstrução”, exibindo dez de seus filmes e dois documentários; e Jean-Luc Godard (1930–2022), com a apresentação dos oito episódios da sua série documental História(s) do Cinema (1987-1998), considerada a obra-prima da última parte de sua carreira, cujo conteúdo foi constantemente retrabalhado pelo autor e cuja produção durou cerca de dez anos.

O alcance do É Tudo Verdade, o maior festival de Documentários do mundo, é reconhecido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que classifica diretamente os filmes vencedores dos prêmios dos júris nas Competições Brasileiras e Internacionais de Longas/Médias e de Curtas-Metragens para apreciação ao Oscar do próximo ano. Longe das sessões presenciais, o Persona assistiu à distância os curtas-metragens brasileiros disponíveis no streaming. Dos sete filmes da Competição Brasileira de Curtas exibidos remotamente, quatro tiveram sua estreia mundial no É Tudo Verdade, que também expôs, apenas presencialmente, Ferro’s Bar (Menção Honrosa na categoria), dirigido por Aline A. Assis, Fernanda Elias, Nayla Guerra e Rita Quadros, e O Materialismo Histórico da Flecha Contra o Relógio, de Carlos Adriano.

Mãri hi – A Árvore do Sonho, de Morzaniel Ɨramari, além de ter sua estreia mundial no É Tudo Verdade, foi o grande vencedor da Competição Brasileira de Curtas-Metragens, recebendo também o Prêmio Mistika. Produzido em parceria da ARUAC Filmes com a Hutukara Associação Yanomami, o curta do cineasta yanomami aborda o conhecimento de seu povo sobre os sonhos, com a participação e narração da liderança indígena e xamã, Davi Kopenawa. “A luta yanomami vai continuar até o fim”, disse Ɨramari.

Abaixo, você fica com a curadoria do Persona feita por Bruno Andrade, Enzo Caramori, Guilherme Veiga, Jamily Rigonatto, Nathalia Tetzner e Vitória Gomez, que deixam suas impressões sobre Os curtas brasileiros do 28º Festival É Tudo Verdade.

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Todos somos Criaturas do Senhor

Criaturas do Senhor estreou no Festival de Cannes em 2022 e chegou nos cinemas brasileiros em abril, seis meses após o lançamento global (Foto: A24)

Vitória Gomez

A Irlanda tem sido palco de produções interessantes e diversas. Longe dos conflitos amistosos e de uma bela ambientação folclórica, ou até da sensibilidade tocante de uma tal menina silenciosa, a ilha também abriga as Criaturas do Senhor e seus lados sombrios e humanos. Na obra, produzida pela oscarizada A24, a decisão de uma mãe entre proteger seu filho ou deixá-lo aceitar as consequências de suas próprias ações norteiam um dilema sem volta, capaz de alterar a trajetória da cidade inteira e de um patriarcado atemporal.

Estrelado pelos indicados ao Oscar Emily Watson e Paul Mescal, o filme demora a mostrar a que veio. Brian (Mescal) retorna ao lar, uma ilha não nomeada da Irlanda, depois de anos morando na Austrália. Sua partida é um mistério e seu retorno, mais ainda. Mesmo assim, o homem, na casa dos seus vinte e tantos anos, é bem recebido pela irmã Erin (Toni O’Rourke) e principalmente pela mãe, Aileen (Watson). O menino de ouro da mulher, porém, não é bem como ela o vê e, ao longo dos 100 minutos, se revela.

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